segunda-feira, 29 de março de 2010


Curitiba comemora 317 anos


O aterro sanitário do Caximba vai deixar de receber lixo vindo de Curitiba e de mais 15 municípios da Região Metropolitana a partir de 2009. A prefeitura da capital estuda, junto com as outras cidades que utilizam o local, áreas alternativas e tecnologias para a construção de um novo aterro.

O Caximba começou a funcionar em 1989 e atualmente recebe por dia cerca de 2,5 mil toneladas de resíduos. Desde 1999, o local apresenta sinais de saturação. Mas a falta de consenso entre as prefeituras da Grande Curitiba impediu a construção de um novo aterro, e o atual foi ampliado várias vezes para suportar o volume de lixo recebido.

O cuidado vai além

Para uma dona de casa, a preocupação com o lixo que causa mau cheiro e ocupa espaço acaba quando o caminhão recolhe o que ela deixou no container da calçada. Mas, para o meio ambiente, o problema persiste por um longo tempo. Começa na coleta, passa pela separação e pelo tratamento até o destino final: o aterro, onde outros processos ainda acontecem.

Segundo a professora de Química da UTFPR Josmaria Lopes de Morais, os resíduos urbanos em um aterro precisam de tratamento adequado para não agredir o meio ambiente. Primeiro, o chão deve ser protegido para que o chorume – parte líquida liberada na decomposição – não penetre no solo e não chegue até as águas subterrâneas. O líquido escorre diariamente do aterro, onde é tratado e, depois de limpo, lançado na natureza.

Além dos líquidos, os gases resultantes da degeneração do lixo também pedem cuidados, pois parte deles é tóxica e polui o ar. Alguns, inclusive, são altamente explosivos. “Um dos problemas da Caximba é que tanto o chorume quanto os gases não são bem tratados e de qualquer forma são jogados na natureza”, afirma Josmaria. “O ideal é que o chorume fique o mais limpo possível para então ser depositado na água”, completa.

Um consórcio formado pelas 16 prefeituras interessadas no novo aterro sanitário, lideradas por Curitiba deve abrir licitação para a empresa que vai tratar o lixo a partir de 2009. Uma das propostas do consórcio é a melhoria da tecnologia para a ‘limpeza’dos resíduos. Muitos desses serão reaproveitados ou reciclados, inclusive os gases, que podem servir como combustível (biogás) para as máquinas que operam no local. Para isso, o aterro deve ter uma estação de tratamento que separa os gases corrosivos – como o dióxido de enxofre – dos úteis, como o metano.

Um projeto semelhante foi implantado em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. As alternativas para o tratamento dos resíduos foram tão reconhecidas que, em conseqüência, o município do Grande Rio foi o primeiro do mundo a receber os Créditos de Carbono – benefício financeiro que é pago em troca de melhorias no meio ambiente.

Muitos projetos, pouca prática

A saturação do aterro da Caximba não é resultado apenas do crescimento populacional. O aumento do poder aquisitivo em grandes cidades, como Curitiba, alavanca o consumo e também a produção de lixo. Além disso, grande parte do que é coletado pela Prefeitura não tem o destino adequado. O aterro sanitário recebe resíduos que poderiam ser reaproveitados ou reciclados, como papéis, plásticos e lixo eletrônico (como peças de computador).

A solução mais recomendável ainda é a reciclagem e o reaproveitamento. Vidros, alumínio e alguns tipos de plástico podem ganhar nova forma e voltar a ser funcionais. Materiais orgânicos não contaminados por resíduos tóxicos são fonte de compostagem (adubo). Peças de computador, por sua vez, podem ser reaproveitadas para a montagem de novas máquinas. Além de diminuir o impacto ambiental, essas medidas também reduzem os custos com tratamento e transporte de lixo, que são muito altos.

A engenheira química Fabiana Dian Ferreira trabalha em uma empresa que realiza consultoria e pesquisas para tratamento e destinação de resíduos industriais. Ela afirma que as indústrias sempre procuram reduzir custos nessa área. Por isso, buscam alternativas de reaproveitamento do lixo. “Em alguns casos, o resíduo de uma indústria pode ser matéria-prima para outra”, diz.


Conscientização popular

Curitiba foi uma das primeiras cidades a realizar a coleta seletiva – lixo reciclável separado do orgânico. Mas a seleção não depende da Prefeitura ou do caminhão de coleta, e sim de cada pessoa ao jogar algo na lixeira. A jornalista Myrian Del Vecchio diz que a participação da mídia como incentivadora da população também é muito importante. A Família Folha, por exemplo, foi uma propaganda muito divulgada nos meios de comunicação do início da década de 90 e mobilizou principalmente as crianças nas escolas, que levavam para os pais a tarefa de separar o lixo orgânico do reciclável.

O professor de Química da UFPR Patrício Zamora afirma que no Brasil cientistas formulam vários projetos para acabar com a grande quantidade de resíduos. Mas a falta de iniciativa e conscientização da sociedade e das indústrias, além das verbas escassas do governo, impede que novas tecnologias sejam implantadas e facilitem a redução de resíduos em aterros e lixões. “Cada um deve refletir sobre o que veste e usa e se isso pode ou não agredir a natureza quando for descartado. É importante educar a população”.

Início e fim do chorume

O chorume não é um resíduo que se desenvolve apenas nos lixões ou aterros sanitários. Ele começa dentro de casa. A professora Josmaria explica que os restos de comida, depois de três dias, exalam mau cheiro e depositam no fundo dos sacos plásticos um líquido esverdeado. Esse é o chorume. Com o tempo, a cor do líquido fica mais escura, às vezes preta ou marrom. O odor também é o início da decomposição dos resíduos em gases, como o enxofre, conhecido por emitir cheiro de ovo podre.

No aterro, além da proteção para o chorume não penetrar no solo, os resíduos recebem todo um sistema de escoagem dos líquidos e gases. Encanamentos levam o chorume até a estação de tratamento e de lá chega para a natureza. Apesar do fechamento do Caximba, o líquido deve continuar a escorrer durante 20, 25 ou até 50 anos. Por isso, o tratamento do local ainda precisam continuar por algum tempo.

Sacolas oxi-biodegradáveis: solução ou problema?
Material se decompõe em menos tempo, mas precisa de luz e calor intensos

Não é segredo para ninguém que as sacolas plásticas prejudicam o meio ambiente. Não somente por seu tempo de decomposição – ela demora até 450 anos para se degradar – mas também porque quando usada para armazenar o lixo, não permite que resíduos biodegradáveis, como restos de comida, se decomponham mais rápido.

Na tentativa de amenizar o problema, o Paraná aprovou uma lei, em julho do ano passado, que obriga os supermercados do Estado a reduzir o impacto causado pelos utensílios. Grandes redes como Condor, Festval e Mufatto optaram pelo uso das sacolas oxi-biodegradáveis, cujo processo de degradação é mais rápido, um período aproximado de 18 meses após seu descarte.

O que poucos sabem é que isso só acontece em condições de luz e temperatura específicas e, mesmo assim, alguns especialistas questionam se o material realmente chega a ser decomposto, já que ele, ao contrário do que seu nome diz, não é biodegradável.

“O material oxi-biodegradável contém um aditivo que, na presença direta de luz e calor acima de 40°C entra em funcionamento, degradando o plástico. Em Curitiba quando você vê 40°C?”, indaga a professora de Química Orgânica da UFPR Sônia Zawadzki.

Ela explica que é a reação fotoquímica que promove a degradação e não os seres vivos, por isso é errado dizer que as sacolas são biodegradáveis. “Várias pesquisas feitas por empresas ou centros de pesquisa misturam plástico convencional com amido, que é biodegradável, mas o plástico continua não sendo biodegradável. O microorganismo come o amido, mas o plástico continua lá”, aponta.

Controvérsias

Para o secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, as sacolas oxi-biodegradáveis só trazem benefícios ao meio ambiente. “Estamos trabalhando para tornar obrigatório o uso das sacolas oxi-biodegradáveis para armazenamento do lixo”, afirma Rodrigues.

Segundo o site Reusable Bags, que é inteiramente dedicado a iniciativas que diminuam o uso deste tipo de material, estima-se que são consumidas de 500 bilhões a um trilhão de sacolas plásticas por ano pelo mundo. Enquanto se decompõe, o plástico pode liberar fragmentos que contaminam o solo e a água.

O mesmo acontece com os sacos feitos com substâncias oxi-biodegradáveis. No processo de degradação são liberados metais pesados com níquel, cobalto e manganês. Além disso, gases que estão diretamente ligados ao efeito estufa, como o CO2 e o metano, também são emitidos.

Enquanto não sabe os reais benefícios das sacolas oxi-biodegradáveis, Dona Dulce Nery, de 77 anos, optou pela sacola de feira, que sempre a acompanha ao mercado. “Prefiro usar sempre a minha sacolinha de pano. Para quê pegar as de plástico, se vou usá-las só por 15 minutos?”, questiona.

Já a funcionária pública Élide Cristina Crema adotou outra estratégia para reduzir o consumo de sacos plásticos. Em vez de usar as que o supermercado oferece, pede para que a atendente coloque as mercadorias em caixas de papelão. “Pelo menos estou contribuindo um pouquinho”, diz. “Se cada um encontrar uma maneira de diminuir ou acabar com o uso de saquinhos plásticos, com certeza as coisas vão melhorar”.


Tempo médio de decomposição dos resíduos

Papel - 3 meses

Palito de fósforo - 6 meses

Ponta de cigarro - 1 a 2 anos

Chiclete - 5 anos

Lata - 10 anos

Garrafa de plástico - mais de 100 anos

Latinha de cerveja - 200 anos

Tecido - de 100 a 400 anos

Fralda descartável - 600 anos

Vidro - mais de 4.000 anos

Fonte: Natural Limp – Empresa de elaboração de projetos de reciclagem.



Plásticos oxi-biodegradáveis são normalmente testados segundo a ASTM D6954-04 - Guia Padrão de Exposição e Testes de Plásticos - que degradam no meio ambiente por combinação de Oxidação e Biodegradação.

Os testes de acordo com a ASTM D6954-04 informam à indústria e aos consumidores o que eles precisam saber - se o plástico é

(a) degradável

(b) biodegradável e

(c) não eco-tóxico.

Por: Gerald Scott, Professor Emeritus of Polymer Science at Aston University, UK; chairman of the BSI Committee on Biodegradability of Plastics; and chairman of the Scientific Advisory Board of the Oxo-biodegradable Plastics Association
Fonte: http://www.packagingtoday.co.uk:80/story.asp?sectioncode=42&storycode=60706&c=3

Outras informações sobre o assunto:
http://www.rapra.net/consultancy/biodegradable-plastic.asp

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