quinta-feira, 28 de outubro de 2010


O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, prometeu vetar a Lei da Homofobia, caso ela seja aprovada pelo Congresso.

Segundo Serra, o projeto, como foi aprovado na Câmara, pode tornar um crime "semelhante ao racismo" a pregação de pastores evangélicos contra a prática homossexual.

Ele prometeu o veto depois de ser inquirido sobre o assunto por um pastor presente à 50ª Convenção Anual das Igrejas Assembleias de Deus do Paraná. A proposta, aprovada na Câmara, ainda não foi votada no Senado.

"Uma coisa é grupos de extermínio, praticando violência contra homossexuais, como já ocorreu em São Paulo. Outra coisa é o projeto como está, que passa a perseguir as igrejas que combatem a prática homossexual", afirmou.

Ele disse que, eleito, não terá dificuldades de fazer a maioria no Congresso, "sem barganhas" para evitar a aprovação da lei.

Se Serra assumir o governo e vetar o PL 122/06, que justificativa vai dar no veto? Valores "da família" (conceito tipicamente judaico-cristão, estranho para quem não é fiel às igrejas e ofensivo à laicidade)? Leis de Deus (uma ofensa extrema ao Estado laico)? Indecência (manifestando assim um preconceito pessoal)? Choque cultural (logo num país dito um lugar de paz e respeito entre as culturas e etnias)?

homossexualismo

Num momento em que a cultura ainda não existia e que o ser humano era coletor e nômade, antes da terceira glaciação, a nossa espécie era regida pela mesma lei que as demais espécies animais, a seleção natural. Os indivíduos mais fortes e mais adaptáveis sobrevivem, enquanto os mais fracos e menos adaptáveis transformam-se em alimento para animais maiores.

Tanto indivíduos machos quanto fêmeas eram então completamente bissexuais, pois não havia diferenças anatômicas tão marcantes em relação aos sexos e também a busca constante de alimentos e a fuga de animais carnívoros limitavam bastante as oportunidades de acasalamento.

Estes indivíduos evidentemente ainda não haviam estabelecido um vínculo causal entre a cópula e a reprodução, ou seja, a razão pela qual as fêmeas engravidavam e davam a luz era tão vaga para eles quanto a razão do sol nascer aparecer e desaparecer no horizonte todos os dias. Num momento em que o sexo estava desvinculado da reprodução não havia qualquer sanção moral a qualquer modalidade sexual, até porque a moral ainda não havia sido inventada.

A caverna civilizou o homem, como teria afirmado Platão no seu livro A República ao descrever o “mito da caverna”. Foi no interior destas cavernas, ao redor das fogueiras primitivas, que o ser humano desenvolveu tanto a linguagem oral quanto a expressão artística e, como subproduto destas, surgiu também a religião.

Para explicar os fenômenos físicos que ocorriam ao seu redor, como raios e trovões, nevascas e grandes tempestades, para fornecer algum tipo de segurança interior em relação ás intempéries e às feras e também para homenagear a mulher que gera a vida e a alimenta foi que surgiu a deusa Geia. Deusa da fertilidade, com as características femininas hipertrofiadas perenemente grávida e muitas vezes com a mão sobre o ventre para demonstrar que existe vida dentro de si, esta “Vênus da fecundidade” foi uma representação quase universal entre os povos que viveram sob o modo de produção primitivo: os homens das cavernas a talharam na pedra e no osso, os aborígines da África e da Oceania utilizaram-se dos mais diversos materiais como a madeira, o marfim, a argila e o cauim e os nossos indígenas, desde a Ilha de Marajó até Sete Povos das Missões igualmente a representavam.

O principal enigma ligado á mulher continuou a ser a reprodução. O homem se sentia ao mesmo tempo inferiorizado e impotente diante daquele ser misterioso que todos os meses sangra, mas não morre, que tem filhos e os alimenta com o leite que o seu próprio corpo produz... Como não há exclusividade das relações heterossexuais e nem tampouco monogamia não havia ainda como detectar neste momento um vínculo causal entre o sexo e a reprodução, não havendo como estabelecer a participação do homem neste evento.

Como único ser capaz de gerar a vida a mulher era divina. Os clãs primitivos viveram sob um esquema matriarcal, não patriarcal, porque o único vínculo co-sanguíneo que podia ser estabelecido era entre os filhos e filhas de uma mesma mulher.

Quando o clima do planeta voltou a esquentar e as geleiras recuaram as comunidades humanas deixaram as cavernas. O homem entrara na caverna um animal como os outros, mudo, inábil e nu e dela saía tendo desenvolvido a fala, a arte e a religião, os primeiros vínculos familiares...

Nas primeiras vilas o universo masculino e o feminino se separaram súbita e drasticamente: o homem dedicou-se à caça e ao cuidado com os rebanhos (o que implicava em que ele estivesse constantemente fora de casa) e a mulher, responsável pela vida e a fertilidade, dedicou-se à agricultura.

A separação prolongada entre os sexos foi que levou o homem a deduzir da sua participação na concepção, já que percebeu que as mulheres que não tinham relações sexuais com homens não engravidavam. Podemos deduzir também que os longos períodos de isolamento entre homens e mulheres tenham engendrado também, neste momento, uma maior freqüência nas relações homossexuais.

A “vingança” masculina logo se fez sentir. Quando surgem as primeiras cidades, na Idade dos Metais, a deusa mãe primitiva é substituída pelos deuses masculinos e o homem – agora consciente do papel que desempenha na concepção – submete a mulher ao seu jugo, criando as uniões estáveis entre um homem e uma ou mais mulheres.

O clã patriarcal é um fenômeno evidentemente urbano pois longe dos antigos rituais, ligados à agricultura e à fertilidade do solo, a mulher vai aos poucos perdendo o seu papel de destaque. A deusa Geia vai sendo esquecida.

Não por acaso os ídolos masculinos são feitos em metal (normalmente o bronze): forjar metais é uma atividade evidentemente masculina. Até mesmo a feitura dos ídolos excluirá, de agora em diante, a mulher.

O homem já constrói casas já fabrica objetos de metal e já desenvolveu estrutura social. Neste momento, lá pelo ano 5.000 a.C. , em algum lugar do Oriente Médio, ele desenvolve a escrita e, com ela, as leis e os códigos de conduta (inclusive sexual).
O fato de que o único texto antigo a falar sobre a homossexualidade seja a Bíblia não significa que ela não existisse entre as antigas civilizações orientais Pelo contrário, quando a Bíblia condena a homossexualidade e até mesmo o travesti o que ela faz é afirmar sua existência, ou seja, não há necessidade de condenar algo que não existe ou que não seja praticado com uma certa freqüência.

A condenação à homossexualidade por parte dos antigos judeus se insere num contexto mais amplo que é o da sedimentação da sociedade patriarcal, em substituição à matriarcal, e da garantia da linhagem masculina, para garantir a propriedade/posse da terra.

Se as práticas sexuais não fossem reguladas como garantir a legitimidade dos herdeiros? Ou seja, se continuasse a existir grande permissividade sexual dentro do grupo como seria possível garantir qual macho havia fecundado determinada fêmea?

Embora as práticas homossexuais sejam estéreis, não levando à concepção, geram um precedente de permissividade, indesejável neste momento. Além disso, tendo sido recém descoberto o papel do homem na concepção, ocorre uma “sacralização do pênis/esperma”.

Também a masturbação passa a ser condenada pois ela implica no “desperdício” do sêmen potencialmente fecundo...Neste sentido, os judeus introduzem a circuncisão: sem o prepúcio torna-se muito mais difícil o exercício da masturbação, além de tornar a glande menos sensível diminuindo o prazer sexual.

Radicalizações desta postura judaica levaram outros povos antigos, como os japoneses por exemplo, a personificarem o falo na figura do “deus da fecundidade”. Ainda hoje o pênis é sagrado para o xintoísmo e todos os anos jovens viris carregam um imenso membro, em procissão, pelas ruas de Tóquio e das principais cidades japonesas, em homenagem a este deus.

Na Índia é comum, ainda nos dias de hoje, que os homossexuais sejam castrados, passando a constituir uma casta separada das demais Estes eunucos cumprem funções mágicas e rituais dentre as quais estão abençoar os casamentos e realizar danças rituais em honra aos antigos deuses. Ninguém pensaria em lançar uma maldição ou uma sanção moral em relação aos mesmos pois, em tendo sido retirada a genitália masculina, não há desonra alguma em copular com outros homens, ou até prostituir-se. Como vemos, a “honra” em algumas sociedades antigas reside mais na genitália do que no caráter do indivíduo.

A intervenção “cirúrgica” na genitália, quer seja na circuncisão judaica ou na castração hindu, adquire caráter sagrado. É a circuncisão que lembra aos judeus a sua aliança com Deus e que se transforma em sinal exterior de que se pertence ao povo escolhido. Ao mesmo tempo, é a ablação da genitália que permite ao hindu o ingresso numa nova casta, independentemente da sua casta de origem, muito mais permissiva e que se localiza numa zona de transição entre o universo masculino e o feminino.

Postura semelhante à dos hindus, sem o inconveniente da castração, existiu entre os povos da América pré-colombiana. Tanto os Sioux quanto vários povos das Américas Central e do Sul atribuíam poderes mágicos e divinatórios aos “invertidos” os quais, em algumas das antigas civilizações, estavam até autorizados a usar roupas do sexo oposto.

Na Mesopotâmia, ao contrário do que acontecia em Israel, parece que havia bastante liberdade para a expressão da homossexualidade, ainda que pela via da prostituição:

Os documentos que nos chegam do antigo Egito demonstram que a homossexualidade já existia entre eles: “A prática do amor entre pessoas do mesmo gênero, porém, é muito mais antiga que a própria Bíblia. Há documentos egípcios de 500 anos antes de Abraão, que revelam práticas homossexuais não somente entre os homens, mas também entre Deuses Horus e Seth”

Além disso, a negação da conduta sexual dos egípcios, contida em Levítico 18, 3, nos faz crer que devesse mesmo haver a livre expressão das potencialidades sexuais, até porque os egípcios não estiveram alheios à norma áurea do direito positivo, que sempre se estabeleceu tacitamente, de que “tudo o que não é proibido é permitido”.

Os egípcios, tanto homens como mulheres, eram extremamente erotizados: usavam maquiagem, ungüentos perfumados, roupas insinuantes (por vezes transparentes ou com os seios nus), perucas e adornos. Sua preocupação com a sedução e a boa aparência não se restringia à vida cotidiana: a fim de que não chegassem à outra vida desfigurados, havia cartuchos especiais para proteção do pênis da múmia, o escroto dos homens e os seios das mulheres eram recheados com tecidos (múmias reais) ou palha e areia para aparentarem naturalidade, conforme deixou registrado Heródoto, historiador grego que visitou o vale do Nilo na época da decadência do império egípcio.

Ao contrário da proibição judaica, o pênis era bastante manipulado, tanto por homens como por mulheres, como aparece em várias pinturas murais.

a civilização grega se preocupava muito mais com a qualidade dos envolvimentos do que com a natureza dos mesmos, ou seja, que condenáveis eram certas práticas, como a prostituição, e não o fato de serem desenvolvidas por homens ou mulheres.

A conduta padrão era que os relacionamentos afetivos/sexuais se desenvolvessem entre um cidadão livre mais experiente e jovens livres ainda imberbes, chamados efebos, ou então escravos de qualquer idade. O cidadão livre mais experiente era chamado de erastes (aquele que ama) e o jovem efebo ou o escravo era chamado de eromeno (aquele que é amado).

A civilização grega conferiu á homossexualidade masculina 3 estatutos, variando da época e do local: em Creta (civilização minóica) a homossexualidade era um rito de passagem, uma etapa necessária entre a infância e a idade adulta; em Atenas havia um estatuto social favorável na medida em que o ato sexual com indivíduos de sexo oposto só se dava para atender á necessidade da procriação, ficando o amor e o prazer para os indivíduos do mesmo sexo e, finalmente, em Esparta, era claramente estimulada, para favorecer a criação de vínculos afetivos e companheirismo no seio do exército, ao qual o cidadão pertencia dos 7 aos 35 anos de idade.

A forma mais comum de relações homossexuais entre homens na Grécia Antiga era a "paiderastia". Era uma relação entre um homem mais velho e um adolescente; em Atenas este indivíduo mais velho era chamado de erastes, e sua função era a de educar, proteger, amar e agir como um exemplo para seu amado - chamado de eromenos, cuja recompensa para seu amante estaria em sua beleza, juventude e potencial.

Protocolos sociais complexos existiam para proteger os jovens da vergonha associada com o ato de ser penetrado sexualmente. O eromenos devia respeitar e honrar o erastes, porém não desejá-lo sexualmente. Embora ser cortejado por um homem mais velho fosse praticamente um rito de passagem para os rapazes, um jovem que fosse visto reciprocando o desejo erótico de seu erastes poderia sofrer um considerável estigma social.

A sociedade e a lei ateniense permitiam a prostituição masculina, mas proibiam seus praticantes de ocupar cargos públicos, pois acreditava-se que se um homem vendesse seu corpo, não hesitaria em vender os interesses da cidade. As relações sexuais entre homens da mesma idade eram consideradas antinaturais, pois significava que um dos homens adotava a posição passiva, traindo assim a masculinidade que dele requeria o papel de cidadão ativo.

De acordo com este ponto de vista, qualquer atividade sexual onde um homem penetrasse um inferior social seu era tida como normal; como "inferiores sociais" poderiam estar incluídos mulheres, jovens rapazes, estrangeiros, prostitutas ou escravos; e ser penetrado, especialmente por um inferior social, era considerado potencialmente vergonhoso.

Quanto à homossexualidade feminina é bastante conhecida a origem do termo “lésbica”: a poetisa Safos e sua “corte” que estava instalada na Ilha de Lesbos.
A mulher grega passava a vida reclusa no gineceu tecendo ou fiando; pouco contato tinha com os homens, pouco saía às ruas e o único contato com o marido é quando este a visitava para aumentar a prole... A homossexualidade feminina era então a norma não o desvio. Neste contexto, Safo causou comentários porque era uma mulher poeta numa época em que a imensa maioria das mulheres era analfabeta, e porque usufruía um relativo poder político, devido à sua alta estirpe, numa época em que a mulher não era considerada cidadã.

No universo cultural romano, marcado pelo pragmatismo e a grandiosidade, as relações entre os sexos tenderam a ser mais harmônicas e mais democráticas.

Numa longa fase da história, que vai do séc. I ao V, Roma era o mundo...Toda a bacia do Mediterrâneo pertencia ao Império Romano, do atual Marrocos à Palestina e desta até Portugal e às ilhas Britânicas. Neste imenso império, que congregava povos, raças e culturas tão diferentes entre si, a norma era o cosmopolitismo e a tolerância.

“Roma não esperou a helenização para mostrar indulgência em relação a uma certa forma de amor masculino. O monumento mais antigo que se conservou das letras latinas, o teatro de Plauto, imediatamente anterior à gregomania, está repleto de alusões homófilas de um sabor bastante nativo. No calendário do Estado romano chamado os Fastos de Preneste, o dia 25 de abril é a festa dos prostitutos masculinos, que segue-se imediatamente à festa das cortesãs, e Plauto fala-nos desses prostitutos que esperavam os clientes na Rua da Toscana.”(VEYNE)

A sociedade romana conferiu, ao contrário da grega, papel de destaque á mulher, inclusive a prostituta.

Parte desta complacência, que chegou por vezes à admiração, deve-se á própria fundação mitológica da cidade de Roma:

“Roma deveu sua fundação a uma loba; as moedas ou as esculturas rivalizam em reiterar esse símbolo nacional: a imagem insólita do animal selvagem amamentando Rômulo e Remo. Contudo, desde a Antiguidade, os historiadores se preocuparam em racionalizar esse mito, descobrindo por trás dele uma realidade muito mais trivial: os recém-nascidos abandonados não foram salvos pelo leite de uma loba compadecida, mas pela caridade de uma mulher batizada Lupa (loba) pelos pastores com os quais ela se prostituía, um apelido que, segundo os antigos, assimilava a obscenidade proverbial, o odor e a rapacidade do animal aos das prostitutas.” (SALLES)

Se no início da República romana as possibilidades femininas eram quase tão reduzidas quanto na sociedade grega, aos poucos, com a ampliação do Império, a situação se modificou drasticamente. A mulher foi, pouco a pouco, adquirindo status de cidadã: ela passou a herdar, a divorciar-se, a exigir seus direitos perante o fórum:

“Contudo, com a emancipação geral das mulheres no final da República e a helenização dos costumes romanos, certos homens políticos adquirem o hábito de aparecer em público acompanhados por belas cortesãs.[...]Com a liberação dos costumes femininos já não é possível distinguir pela aparência as beldades “irregulares” das esposas legítimas. A partir dos séculos II e I a.C., numerosas esposas romanas passaram a adotar vestimentas excêntricas, ruge e jóias vistosas, originalmente apanágio das prostitutas. [...]no ano 19 d.C., Vistília, mulher do pró-cônsul da Gália narborense, reivindica diante dos edis a liberdade de fazer comércio de seu próprio corpo, atitude que não agrada ao imperador...”(SALLES)

Enquanto subsistiu a ordem e a “pax” romana o sexo gozou de relativa liberdade, sendo regulado apenas pelos princípios éticos e morais dos romanos:

“...Artemídoros distingue as “relações conforme a norma” (são suas palavras): com a esposa, com uma amante, com “o escravo, homem ou mulher”(...) e aquelas que são contrárias à natureza: o bestialismo, a necrofilia e as uniões com as divindades. [...]um pederasta não era um monstro, era simplesmente um libertino, movido pelo instinto universal do prazer. O horror sagrado ao pederasta não existia.”(VEYNE )

Com as pregações de Pedro e principalmente de Paulo, e a fusão do judaísmo com o estoicismo grego o panorama começa a mudar...

“Saulo de Tarso, um judeu que se converteu ao cristianismo e que adotou o nome de Paulo de Tarso, é o único apóstolo que se refere ao tema "homossexualidade", mas de modo nada explícito. Alguns autores recentes especulam que Paulo de Tarso (ou Saulo) era homossexual, mas escondia sua orientação sexual e vivia em conflito entre seus desejos e a sua fé judia. Apesar da afirmação não poder ser comprovada, é uma interessante teoria para se explicar a exacerbada hostilidade de Paulo com relação aos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, o qual reagia de forma muito exagerada e que revelava, implicitamente, algum medo interior. É ponto pacífico entre terapeutas que a maioria das pessoas que condenam a homossexualidade de forma radical possuem um medo insconsciente de serem elas próprias homossexuais e diante do ato de condenação procurarem disfarçar esta tendência ou orientação sexual.”

Em contrapartida, viveu na época final do Império, São Sebastião, belo centurião romano, considerado desde sempre o santo padroeiro dos homossexuais:

“Os homossexuais veneram são Sebastião como protetor desde a idade Média. Na biografia do santo, consta que era o soldado preferido do Imperador Diocleciano, considerado pelos historiadores como um dos imperadores mais homossexuais de Roma. O motivo do martírio do santo, segundo alguns autores, teria sido sua recusa em continuar manter relações sexuais com Diocleciano, depois da conversão ao cristianismo.”

domingo, 24 de outubro de 2010


A MADONA NEGRA

É a Mãe Terra, o Princípio Feminino, nossa Mãe Primordial, símbolo de Sabedoria e integração e resolução dos opostos.

Como perpetuação das poderosas deusas da antiguidade,ela volta com as características sagradas de Maria - a Virgem. Metaforicamente Virgem, mas não no sentido do Patriarcado, porque não pertence a nenhum homem e sim a todos os homens. Doadora de vida, dela provêm os homens como frutos da terra e à ela todos retornam, à Mãe Natureza, à Deusa Mãe.

Dela é o Espírito Santo - parte feminina de Deus, fogo sagrado que provem do centro da terra. Fazendo macroscópicamente o percurso do fogo serpentino da Kundalini, ele atravessa o corpo da terra, saindo transmutado no Espirito Santo.

A história da Madona Negra possui a qualidade dos mistérios profundos. Contem portanto um segredo herético que não pode ser revelado através da escrita e sim só transmitido pela tradição oral, privilégio dos iniciados. Do que pode ser revelado pela escrita, temos o registro histórico que nos remete aos cultos da Mãe Terra, da Grande Mãe - a Deusa.

"A escuridão precede a luz e ela é me" (inscriço no altar da Catedral de Salerno).
A primeira sabedoria era escura e feminina, útero eterno que na tradição religiosa Africana do Candomblé é representada pelo poder ancestral feminino Iyá-mi-Osorongá (minha mãe Osorongá).
Este útero eterno, matéria informe, o ventre da terra, é simbolizado pelo igbá - a cabaça que é a totalidade, o conteúdo e o continente. A cabaça contem um pássaro - Atioró, que representa simultaneamente o poder de gestação e o elemento procriado. Iyá-mi é a senhora dos filhos pássaros e é tão poderosa que seu nome não pode ser pronunciado sob pena de destruição destes mesmos filhos. A ambivalência de seu poder aparece no mito que conta que quando chegaram ao mundo as Iyá-mi-Eleyé, as mulheres pássaros fundadoras do mundo, distribuíram-se sobre sete árvores representando os sete tipos de atividades diferentes. Sobre três destas árvores elas trabalharam para o bem, sobre as outras três trabalharam para o mal, e sobre a sétima elas trabalharam tanto para o bem quanto para o mal. Nossa Grande Mãe Iyá-mi a Sustentadora do Mundo contém também em si a Mãe Terrível, mas é primordialmente um símbolo integrador, capaz de aplicar seu poder na resolução de todos os opostos.

Rainha excelsa deste poder feminino ancestral, reina ainda nos dias de hoje, principalmente no Brasil e na Africa, OXUM, a mais eminente das Iyás em um culto vivo às grandes mães. Orixá de todas as águas, rios, cascatas, córregos e inclusive do mar (em país Yorubá), Oxum é a genitora por excelência e ao mesmo tempo mãe ancestral Suprema, ligada à procriação e também patrona da gravidez. Protege os fetos e vela por eles após o parto até enquanto não tiverem armazenado um conhecimento que lhes permita falar. "A cura das crianças lhe pertence e Oxum não deve ser inimiga de ninguém" - texto Yorubá. Oxum é representada em algumas narrações como um peixe mítico, pois os peixes são considerados seus filhos. As escamas do corpo de Oxum, como peixe mítico, simbolizam estes filhos. Da mesma forma que os peixes, os pássaros a personificam. Estes são representados pelas penas. "Seu corpo de peixe ou de enorme pássaro mítico está coberto de escamas ou de penas, pedaços do corpo materno, capazes de separar-se, símbolo de fecundidade e procriação" - Juana Elbein dos Santos.

Nas religiões egípcias e gregas a alma é representada pelo pássaro que sempre acompanhou as Deusas Mães e que acompanha a Madona Negra como o Espírito Santo acompanha Maria.

As mais antigas manifestações do culto à Mãe Terra datam da Pré-história. Uma das manifestações que chegou até nós é uma pequena figura: "La Polichinelle". Ela foi trazida à luz por um trabalhador perto das cavernas de Grimaldi. Seu perfil mostra nádegas, seios e barriga bem protuberantes. A justificadamente famosa Venus de Sespugne (Pirineus, França) tem nas costas linhas verticais que lembram penas de cauda de pássaro. Em Ur encontramos outro arcaico registro de culto à Deusa Mãe, uma pequena estatueta na qual ela era representada com seu filho divino, ambos com cabeça de cobra.

Ela aparece na Suméria como a popularíssima Inanna de dupla personalidade: de manhã é uma valorosa "Senhora das Batalhas", deusa dos heróis, e de noite torna-se a deusa da fertilidade, dos prazeres do amor. Fertiliza os graõs da terra e o homem. Não pertence a um só homem, mas a vários. Suas sacerdotisas são as "prostitutas sagradas" que, tais quais as virgens que não pertencem a nenhum homem, elas também no pertencem metaforicamente a nenhum por pertencerem a todos. Têm um ventre múltiplo que é de todos os homens, pois delas é o ventre da deusa Inanna - a Mãe Terra, na qual elas se transformam. O culto a Inanna tinha no ato sexual sua prática principal porque restabelecia a androginia original através da prostituição sagrada.

Vemos a Mãe Terra ser adorada como Isthar na Babilônia e posteriormente como Ísis no Egito e como Astarte entre os hebreus. Na Frígia ela aparece como Cibele (a Diana dos 9 fogos, indicativo de fertilidade).

Como deusa grega recebe o nome de Rea, Gea ou Demeter, sempre densa, profunda, misteriosa e escura. Suas equivalentes romanas são Tellus, Ceres e Maia.

Ainda no Egito a Mãe Terra aparece como Neith, a mais velha e a mais sábia das deusas. Protetora dos mortos e da guerra, estava à frente das artes úteis. Ela é o céu noturno que se arqueia sobre a terra formando com suas maõs e pés as portas da Vida e da Morte. Andrógino primogênito é uma virgem que se fertilizava a si mesma, trazendo a vida que produzia todos os mundos.

A Mãe Terra deusa celta é Annis (ou Anu) e seu culto alcança a Europa.

Porém, onde mais se desenvolveu o culto à Mãe Terra (nossa Madona Negra) foi na cultura cretense-egéia, onde a Deusa Mãe era originariamente venerada em grutas e cujos sacerdotes eram mulheres. Ela é a Lady of the Beasts, das montanhas e dos pássaros. As serpentes e os animais do mundo inferior e os selvagens eram sagrados para ela e a pomba estava na sua coroa como o Espírito Santo está na de Maria. É a mãe animal com os seios sempre a descoberto e que, como uma cabra, porca ou vaca amamenta o menino Zeus. Como indicam as vestes de peles e as roupas das sacerdotisas sempre com os seios a descoberto, o seu culto data da Idade da Pedra. No centro do grande culto à fertilidade em Creta está o touro, o duplo machado (ou labris), o Minotauro e o labirinto.

O touro é o instrumento masculino que fecunda e ao mesmo tempo é a vítima da fecundidade, como atesta o seu sacrifício que ainda hoje encontramos nas touradas.

A deusa de Creta - Demeter dos gregos - é a senhora do mundo inferior, das profundezas da terra e da morte. Seu ventre terreno é o ventre da morte, como também é o centro da fertilidade de onde a vida emana. Entrar no Labirinto significa entrar neste ventre para encontrar a morte e de onde, tal qual o graõ de trigo, sai-se gloriosamente renascido.

Com o começão da Era Cristã declina o culto das divindades de todos os Olimpos. O culto à Mãe-Terra sofre este mesmo declínio e passa a ser clandestino. Chegam até nós somente os ecos de alguns cultos como os mistérios de Eleusis no qual se cultuavam Demeter e Perséfone. Artemisia, em Éfeso, continua por um bom tempo reinando inabalável. Nem mesmo o Apóstolo Paulo conseguiu impedir seu culto. Ela era também Diana, a Hécate do mundo romano, a deusa da madeira e do ramo dourado, sendo este um traço característico dela e das Madonas Negras, que foram muitas vezes encontradas em árvores.

As três grandes deusas do Leste, Isis, Cibele e Diana dos Éfesos, que eram representadas como negras, se estabeleceram no Ocidente antes da romanização.

No mundo celta a adoração das três deusas (Deae Matres) e da deusa égua Epona floresce entre os druidas e continua sob o domínio romano.

No litoral mediterrâneo desde Antibes, Barcelona, até a região da Galícia, desenvolveu-se o culto às três deusas e hoje em dia é onde vamos encontrar a maior concentraço de Madonas Negras.

Em geral, é de consenso que as primeiras imagens da Madona Negra e seu divino filho seriam representações de Isis e Horus. Nos últimos séculos do domínio de Roma, o Ocidente acolhia Isis e Cibele ( que chegou a ser no século III a deidade máxima de Lyon, capital das 3 Gálias) como grandes deusas universais. Em Paris, por esta época reinava Isis, até ser substituida cristmente por Santa Genoveva, sua atual patrona.

Os merogínios adoravam a Cibele como a Diana dos Nove Fogos (da fertilidade). Em 679, Dagoberto II o Santo Merogínio, estabeleceu o culto a "Aquela que hoje recebe o nome de Nossa Senhora e que é a nossa Isis Eterna". Seu nome como Madona Negra era Nossa Senhora da Luz.

Até o século IV percebe-se uma religiosidade baseada na Grande Mãe Universal e suas características suaves de amor, perdão e acolhimento. A igreja cristã, estabelecida a partir de Constantino, porém, privilegia e exige de seus seguidores uma fé cega que enfatiza a masculinidade desafiante e rígida dos seus mártires. As qualidades sublimes e sutís do feminino são renegadas e um período de obscurantismo e clandestinidade se abate sobre o culto das matriarcas Deusas, doadoras de vida, prazer e felicidade. O Patriarcado passa a exercer sua face mórbida e cruel.

O princípio feminino esboça um movimento emergente no Renascimento Gótico. Na França surge no século XII uma ordem religiosa e de cavalaria cercada de mistérios: a Ordem do Prioato de Nossa Senhora do Sion, que interessa-se apaixonadamente pelo culto às Deusas Mães, agora já na figura cristianizada da Madona Negra. A mais importante contribuição histórica do Priorato foi um notável antecedente em batalhar pela igualdade de direitos da mulher.

Porém as Madonas Negras só tornam-se fortemente presentes a partir dos Cruzados. Especialmente os templários que traziam para suas pátrias estatuetas de virgens negras, que eram tidas como exóticas representações pagãs. A grande festa dos Templários era Pentecostes, dia do Espírito Santo, e como vimos, a Pomba pertence à Mãe Terra como o Espírito Santo pertence a Maria.

Pentecostes era também a grande festa Arturiana do Graal, objeto de busca sagrada que aparece por esta época.

Os Templários passaram à história como os guardiões do Graal. O Santo Graal protegia a terra, a nutria e concedia-lhe fertilidade, poderes similares aos da Mãe Terra e da Madona Negra.

O princípio feminino se revela no Graal, como também o culto à corte do Amor praticado pelos Trovadores através da inteira dedicação à Dama.

O século XIV entretanto marca o fim desse reflorescimento do feminino, com as primeiras fogueiras acesas pela Inquisição, que arderam 500 anos. Esta grande fogueira queima e difama os Templários e encabeça a "caça às bruxas", numa tentativa de eliminar o princípio feminino de prazer, liberdade e bonança da Mãe Terra.

As piras das bruxas só se extinguiram na Era da Razão. Apesar de aparentmente não corresponderem ao ideal da Era da Razão, as pequenas Madonas Negras aparecem como um símbolo de uma Força Formidável, mais antiga e poderosa do que a de um Rei ou Papa.

Elas são uma fonte de vida elementar e incontrolável como a Liberdade. Possuidoras de um espírito e sabedoria própria, não se submetiam a nenhuma organizaço ou lei nacionalista. A volta da parte feminina de Deus levanta o entusiasmo popular e a humanidade experiência diretamente o sagrado pelas aparições da Virgem de Lourdes e La Salete no século XIX, entre outras.

Paralelamente a estes fenômenos religiosos da aparição da Virgem (no século XX Fátima), surge um fenômeno sociológico que assombrou o mundo. A revoluço sexual, a emancipação das mulheres por meio da igualdade de direitos e deveres e o controle da natalidade. Vimos que no culto de Inanna, a prostituição sagrada era o ato que restabelecia a androginia original. Este culto volta no século XII trazendo Madalena como a "prostituta arrependida". Posteriormente, ela é Santa Maria a Egípcia e são veneradas como Madonas Negras.
Esta necessidade de conciliar sexualidade e religião, como nos primórdios do culto à Deusa Mãe Terra, podemos hipotetizar que torna-se o maior legado das Madonas Negras e lhes outorga o poder de integrar opostos. O seu regresso ao primeiro plano da consciência coletiva vem assegurar a queda da rigidez patriarcal.

Olhando com tolerância a busca do prazer pela vida, da alegria e do cultivo das sutís qualidades femininas, burla as hipócritas leis masculinas. Politicamente está a favor da Liberdade dos povos e de sua dignidade. Sua função mais importante é poder juntar a Justiça com a Misericórdia, qualidades pelas quais as Madonas Negras são veneradas pela humanidade.

Tal e qual o Espírito Santo, a parte feminina de Deus é a consoladora dos Aflitos e aparece misteriosamente onde há mais sofrimento do povo e necessidade de amparo, como atestam estas aparições:

Destinada a ser a patrona de seu povo, aparece no século XI Nossa Senhora da Floresta Negra, onde hoje há a Abadia Einsiedeln.

Nossa Senhora Subterrânea surge também por esta época em um antigo recinto sagrado dos druidas, em Chartres.

A Madona Negra de Montserrat foi descoberta entre pedras, por pastores em Barcelona, e a Madona Negra de Prates, dos Pirineus, é descoberta como Artemis em uma árvore.

A Senhora de Guadalupe, a Madona Negra de todas as Espanhas, inclusive do México, é encontrada por um vaqueiro depois de ter passado 600 anos enterrada em um ataúde de ferro.

A Virgem de Copacabana, patrona da Bolívia, é encontrada por pescadores, após serem eles salvos milagrosamente de uma tormenta no lago Titicaca.

No Brasil, em 1717 um pescador acha no rio Paraíba em São Paulo, a Madona Negra Nossa Senhora Aparecida, padroeira de todo o Brasil e venerada hoje na cidade que leva seu nome. É uma pequena e esplendorosa figura feminina preta que se apoia numa lua crescente. Conta a lenda que, ao ser descoberta, esta pequenina estátua torna-se extremamente pesada, impedindo que o pescador a levasse daquele lugar onde foi feita inicialmente uma pequena guarita para ela. Hoje lá existe uma cidade-santuário com basílicas, inúmeras igrejas e toda uma infra-estrutura de uma cidade que já acolheu o Papa e acolhe o ano inteiro peregrinos de todo o Brasil, numa grande, alegre e colorida festa religiosa.

E, na tradição Afro-brasileira, a Madona Negra é nossa orixá Oxum, Grande Mãe, patrona da gestação e dos bebês, dos Rios e dos Mares, do Ouro, do Mel e do Riso, da Beleza, da Sedução, da Astúcia e Sabedoria, nossa Me Ancestral Suprema: Iyamí-Akokó.

Ao cultuar a Madona Negra estamos recebendo os dons do Espírito que, convém lembrar, são Clarividência, Poliglotismo, Clauridiência, Ensinamentos inspirados e Expulsão de espíritos malignos (magia negra), entre outros. E com estes dons a Madona Negra, desde a deusa Inanna até a Virgem Santíssima, chega até nós como o símbolo da integração e resolução dos opostos.

E isto nos ensina que o segredo da Madona Negra e seu Poder é a transmutação de nossa lua interna (alma) em nosso sol interno (espírito), numa eterna Alquimia.
Σαπφώ

"Há quem afirme serem nove as musas. Que erro! Pois não vêem que Safo de Lesbos é a décima..." Platão

Safo foi uma poetisa grega que viveu na cidade lésbia de Mitilene, ativo centro cultural no século VII a.C.. Nascida algures entre 630 e 612 a.C., foi muito respeitada e apreciada durante a Antigüidade, sendo considerada "a décima musa".

No entanto, sua poesia, devido ao conteúdo erótico, sofreu censura na Idade Média por parte dos monges copistas, e o que restou de sua obra foram escassos fragmentos.

A biografia de Safo é um tanto controversa e muito do que se diz a seu respeito está envolto em lendas.

Nasceu em Eresos, uma cidade da fértil ilha grega de Lesbos entre 630 e 612 a.C., tendo mudado-se para Mitilene, sua capital e principal cidade, ainda menina.
Safo já tomava parte da vida pública, na política e na poesia,aos 19 anos. O ditador Pítaco, temendo-lhe a escrita, condenou-a a um exílio mais distante, fora da ilha de Lesbos.

Por volta de 591 a.C. parte para a Sicília. Naquela época casou-se com um rico comerciante de Andros que, falecendo em breve, deixou-lhe uma rica herança e uma filha, Cleis, que a mãe assim definia: "dourada flor que eu não trocaria por toda a Lídia, nem pela formosa Lesbos".

Após cinco anos exilada, volta para Lesbos, onde logo se torna a líder da sociedade local, no plano intelectual. Sedutora, não dotada da beleza na concepção grega da época (embora Sócrates a houvesse denominado "A Bela"), Safo era baixa e magra, olhos e cabelos negros, e de refinada elegância, viúva e vivendo numa sociedade não tinha regras morais como hoje se concebem.

Concebeu Safo uma escola para moças, onde lecionaria a poesia, dança e música - considerada a primeira "escola de aperfeiçoamento" da História. Ali as discípulas eram chamadas de hetairai (amigas) e não alunas... E a mestra apaixona-se por suas amigas, todas... dentre elas, aquela que viria a tornar-se sua maior amante, Atis, a favorita, que descrevia sua mestra como vestida em ouro e púrpura, coroada de flores. Mas Atis apaixona-se por um moço e, com ciúmes, Safo dedica-lhe os versos:

"Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer
dentro do meu peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha língua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (...)
A aluna foi retirada da Escola por seus pais, e Safo escreve que "seria bem melhor para mim se tivesse morrido".


Λέσβος

O termo "lésbica" é derivado da interpretação dos poemas de Safo, cuja poesia foi tida por amor sexual de preferência do que amor emocional ou platônico entre ela e outras mulheres. Graças a tal associação, Lesbos e especialmente a cidade de Eresos, lugar de nascimento de Safo, são visitadas freqüentemente por turistas lésbicas hoje.




Κένταυρος

Na mitologia grega, os centauros são uma raça de seres com o torso e cabeça humanos e o corpo de cavalo.

Viviam nas montanhas de Tessália e repartiam-se em duas famílias:

Os filhos de Íxion e Nefele, que simbolizavam a força bruta, insensata e cega. Viviam originalmente nas montanhas da Tessália e alimentavam-se de carne crua. Alternativamente, consideravam-se filhos de Kentauros (o filho de Íxion e Nefele) e algumas éguas magnésias, ou de Apolo e Hebe. Conta-se que Íxion planejava manter relações sexuais com Hera, mas Zeus, seu marido, evitou-o moldeando uma nuvem (nefele, em grego) com a forma de Hera. Posto que Íxion é normalmente considerado o ancestral dos centauros, pode se fazer referência a eles poeticamente como Ixiónidas.
Os filhos de Filira e Cronos, dentre os quais o mais célebre era Quíron, amigo de Héracles, representavam, ao contrário, a força aliada à bondade, a serviço dos bons combates.

Os centauros são muito conhecidos pela luta que mantiveram com os Lápitas, provocada pelo seu intento de raptar Hipodâmia no dia da sua boda com Pirítoo, rei dos Lápitas e também filho de Íxion. A discussão entre estes primos é uma metáfora do conflito entre os baixos instintos e o comportamento civilizado na humanidade. Teseu, um herói e fundador de cidades que estava presente, inclinou a balança do lado da ordem correcta das coisas, e ajudou Pirítoo. Os centauros foram expulsos da Tessália e vieram a habitar o Épiro. Mais tarde Héracles exterminou quase todos.
Σάτυροι

Sátiro na mitologia grega, era a entidade da natureza com o corpo metade humano e metade de bodes. Equivale ao fauno da mitologia romana.

Normalmente eram-lhes consagrados o pinho e a oliveira e apesar de serem divinos, não eram imortais.

Na mitologia dos povos gregos, os sátiros,relacionado ao grego sathê "pênis", são divindades menores da natureza com o aspecto de homens com cauda e orelhas de asno ou cabrito, pequenos chifres na testa, narizes achatados, lábios grossos, barbas longas e órgãos sexuais de dimensões bem acima da média - muito freqüentemente mostrados em estado de ereção.

Viviam nos campos e bosques e tinham freqüentes relações sexuais com as ninfas,principalmente as Mênades, que a eles se juntavam no cortejo de Dioníso, além de copularem com mulheres e rapazes humanos, cabras e ovelhas.
Μαινάδες

Na mitologia grega, as Ménades,também conhecidas como bacantes, tíades ou bassáridas, eram mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dioniso (ou Baco). Eram conhecidas como selvagens e endoidecidas, de quem não se conseguia um raciocínio claro.

Durante o culto, dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza. Os mistérios que envolviam o deus, provocavam nelas um estado de êxtase absoluto, entregando-se a desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e autoflagelação.

Normalmente são representadas nuas ou vestidas só com peles de veado, com grinaldas de Hera e empunhando um tirso (bastão envolto em ramos de videira).
Πρίαπος

Príapo é o deus grego da fertilidade, filho de Dionísio e Afrodite.Sua imagem é apresentada como um homem idoso, mostrando um grande órgão genital (ereto). Priapo era considerado como protector de rebanhos, produtos hortículas, uvas e abelhas.

Dionísio vindo vitorioso de batalhas nas Índias, foi por Afrodite ardorosamente recebido e dessa união nasceu Priapo. Hera, ciumenta de Afrodite, trabalhou para que a criança nascesse com a sua enorme deformidade (curiosamente ele sempre é representado com um pênis de tamanho exagerado). Sua mãe mandou educá-lo nas margens do Helesponto em Lampasaco, onde por conta de sua libertinagem e desregramento tornou-se objeto de terror e repulsa. A cidade foi tomada por uma epidemia e os habitantes viram nisso uma retaliação por não terem dado atenção ao filho de Afrodite, fizeram rituais e pediram que ele ficasse entre eles.

É representado por um busto em cima de uma pilastra com cornos de bode, orelhas de cabra, uma coroa de folhas de vinha ou de loureiro.
Sobre o monumento colocam também cabeças de burro e outros animais que os habitantes lhe ofereciam em sacrifício. Existia ainda um ritual onde meninas virgens sentavam em cima de um falo gigante representando Priapo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Διώνυσος

Dionísio era o deus grego equivalente ao deus romano Baco, dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da alegria, mas, sobretudo, da intoxicação que funde o bebedor com a deidade. Filho de Zeus e da princesa Semele, foi o único deus olimpiano filho de uma mortal, o que faz dele uma divindade grega atípica.

É geralmente representado sob a forma de um jovem imberbe, risonho e festivo, de longa cabeleira loira e flutuante, tendo, em uma das mãos, um cacho de uvas ou uma taça, e, na outra, um tirso (um dardo) enfeitado de folhagens e fitas. Tem o corpo coberto com um manto de pele de leão ou de leopardo, traz na cabeça uma coroa de pâmpanos, e dirige um carro tirado por leões.

Também pode ser representado sentado sobre um tonel, com uma taça na mão, a transbordar de vinho generoso, onde ele absorve a embriaguez que o torna cambaleante. Eram-lhe consagrados: a pega, o bode e a lebre.

Dioniso é normalmente mostrado na companhia de outros que estão a disfrutar do fruto da videira. Uma figura incontornável é a de Sileno, seu professor, companheiro fiel e notório consumidor de vinho, que lhe ensinou a cultura da vinha, a poda dos galhos e o fabrico do vinho e a quem é atribuído o papel de tutor do jovem deus nos hinos órficos. Para além de Sileno, sátiros, centauros e ninfas bebem o vinho, tocam flautas, tomam parte em danças e perseguições amorosas. Os retratos de Dioniso podem também incluir as Ménades, mulheres humanas levadas à loucura pelo deus do vinho que vagueavam à noite pelos montes e participavam em actividades ritualistas, tais como amamentarem crias de animais selvagens e ingerirem vinho, mel e leite.

Estas mulheres mitológicas mostram-se intoxicadas e violentas, como na ocasião em que despedaçam Penteu, rei de Tebas, na tragédia de Eurípides As Bacantes.

Os ritos religiosos dedicados a Dioniso eram conhecidos como os Mistérios Dionisíacos. Implicavam normalmente agentes tóxicos, na sua maior parte vinho, para induzir transes que erradicavam as inibições. O Culto de Dioniso assentava em rituais, mas há muito pouca informação concreta sobre a maior parte deles. Sabe-se que os ritos se centravam num tema de morte-renascimento e que a maior parte dos praticantes eram "intrusos", ou seja estrangeiros, foras-da-lei, escravos e, especialmente, mulheres. Acredita-se que eles entravam em transe e usavam música rítmica nos ritos.

As Ménades,(de mainomai) ”enfurecido”, também conhecidas como bacantes, tíades ou bassáridas, eram mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dioniso (ou Baco). Eram conhecidas como selvagens e endoidecidas, de quem não se conseguia um raciocínio claro.

Durante o culto, dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza, lançavam as suas cabeças para trás, expondo as gargantas, rolando os olhos, e gritando como animais selvagens.. Os mistérios que envolviam o deus, provocavam nelas um estado de êxtase absoluto, entregando-se a desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e autoflagelação.

Βάκχος

Baco é o nome alternativo adotado pelos romanos ao deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente sexuais, e da natureza.

Bacanal é o nome que se dava, na Roma Antiga aos rituais religiosos em homenagem a Baco (ou Dionísio), deus do vinho, por ocasião das vindimas, em que havia um cerimonial sério e contrito, de início, seguido por uma comemoração pública e festiva.

“as mulheres que participavam dessas festas corriam pelas ruas e pelos campos, à noite, seminuas, cobertas com peles de tigre ou pantera, fixadas na cintura com festões de hera e pâmpanos. Empunhavam o Tirso, algumas com os cabelos soltos carregavam fachos. Aos gritos de Evoi! Evoi!em honra de Evan, epítetos de Baco, soavam as flautas e tambores juntamente com os címbalos e as castanholas presas às vestes. Dava-se às mulheres que participavam das Bacanais o nome de Menales, voz grega, que significa Furiosas.

As bacantes, no seu delírio, cometiam toda sorte de excesso selvagem, luxurioso e desregrado.

Ψυχή

Psiquê é uma personagem da mitologia grega, personificação da alma.

Seu mito é narrado no livro O Asno de Ouro de Apuleio, que a cita como uma bela mortal por quem Eros, o deus do amor, se apaixonou. Tão bela que despertou a fúria de Afrodite, deusa da beleza e do amor, mãe de Eros, pois os homens deixavam de frequentar seus templos para adorar uma simples mortal.

A deusa mandou seu filho atingir Psiquê com suas flechas, fazendo-a se apaixonar pelo ser mais monstruoso existente. Mas, ao contrário do esperado, Eros acaba se apaixonando pela moça, acredita-se que tenha sido espetado acidentalmente por uma de suas próprias setas.

Com o próprio deus do Amor apaixonado por ela, suas setas não foram lançadas para ninguém. O tempo passava, Psiquê não gostara de ninguém, e nenhum de seus admiradores tornara-se seu pretendente.

Psiquê vaga pelo mundo, desesperada, até que resolve consultar-se num templo de Vênus. A deusa, já cientificada de que fora enganada, e mantendo Eros sob seus cuidados, decide impor à pobre alma uma série de tarefas, esperando que delas nunca se desincumbisse, ou que tanto se desgastasse que perdesse a beleza...

Finalmente Psiquê ficou unida a Eros e mais tarde tiveram uma filha, cujo nome foi Hedonê, Prazer.

Em grego "psiquê" significa tanto "borboleta" como "alma". Uma alegoria a imortalidade da alma, como a borboleta que depois de uma vida rastejante como lagarta, flutua na brisa do dia e torna-se um belo aspecto da primavera. É considerada a alma humana purificada pelos sofrimentos e preparada para gozar a pura e verdadeira felicidade.

Ἡδονή é um daemon feminino da mitologia grega que representa o desejo sexual. Seu nome significa "prazer" e em alguns lugares a consideravam a personificação da luxúria. É filha de Eros e Psique. Os romanos a chamavam Voluptas. Seu oposto é Algea (a dor).
Έρως

Eros era o deus grego do amor. Hesíodo, na sua Teogonia, considera-o filho de Caos, portanto um deus primordial. Além de o descrever como sendo muito belo e irresistível, levando a ignorar o bom senso, atribui-lhe também um papel unificador e coordenador dos elementos, contribuindo para a passagem do caos ao cosmos.

Posteriormente foi considerado como um deus olímpico, filho de Afrodite e de Zeus, Hermes ou Ares, conforme as versões. Tendo, certa vez, Afrodite desabafado com Métis (ou Têmis), queixando-se que seu filho continuava sempre criança, a deusa lhe explicou que era porque Eros era muito solitário. Haveria de crescer se tivesse um irmão. Anteros nasceu pouco depois e, Eros começou a crescer e tornar-se robusto. [2]

Já Platão, no Banquete, descreve assim o nascimento de Eros, elucidando alguns detalhes até mesmo do aspecto erótico:

Quando nasceu Afrodite, os deuses banquetearam, e entre eles estava Poros (o Expediente), filho de Métis. Depois de terem comido, chegou Pínia (a Pobreza) para mendigar, porque tinha sido um grande banquete, e ela estava perto da porta.

Aconteceu que Poros, embriagado de néctar, dado que ainda não havia vinho, entrou nos jardins de Zeus e, pesado como estava, adormeceu. Pínia, então, pela carência em que se encontrava de tudo o que tem Poros, e cogitando ter um filho de Poros, dormiu com ele e concebeu Eros. Por isso, Eros tornou-se seguidor e ministro de Afrodite, porque foi gerado durante as suas festas natalícias; e também era por natureza amante da beleza, porque Afrodite também era bela.
Pois que Eros é filho de Pínia e Poros, eis qual é a sua condição. É sempre pobre não é de maneira alguma delicado e belo como geralmente se crê; mas sujo, hirsuto, descalço, sem teto. Deita-se sempre por terra e não possui nada para cobrir-se, descansa dormindo ao ar livre sob as estrelas, nos caminhos e junto às portas.

Enfim, mostra claramente a natureza da sua mãe, andando sempre acompanhado da pobreza. Ao invés, da parte do pai, Eros está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. É corajoso, audaz e constante. Eros é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. É filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de filtros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia, em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte, morre; mas depois retorna à vida, graças à natureza paterna. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos. Em suma, Eros nunca é totalmente pobre nem totalmente rico.

Eros casou-se com Psiquê, com a condição de que ela nunca pudesse ver o seu rosto, pois isso significaria perdê-lo. Mas Psiquê, induzida por suas invejosas irmãs, observa o rosto de Eros à noite sob a luz de uma vela. Encantada com tamanha beleza do deus, se distrai e deixa cair uma gota de cera sobre o peito de seu marido, que acorda. Irritado com a traição de Psiquê, Eros a abandona. Esta, ficando perturbada, passa a vagar pelo mundo até se entregar à morte. Eros, que também sofria pela separação, implora para que Zeus tenha compaixão deles. Zeus o atende e Eros resgata sua esposa e passam a viver no Olimpo. Com Psiquê teve Hedonê, prazer.

Ανδρόγυνο

Androginia refere-se a dois conceitos: a mistura de características femininas e masculinas em um único ser, ou uma forma de descrever algo que não é nem masculino nem feminino.

Pessoa que se sente com uma combinação de características culturais quer masculinas (andro) quer femininas (gyne). Isto quer dizer que uma pessoa andrógina identifica-se e define-se como tendo níveis variáveis de sentimentos e traços comportamentais que são quer masculinos quer femininos.

O andrógino é aquele(a) que tem características físicas e, em aditivo, as comportamentais de ambos os sexos. Assim sendo, torna-se difícil definir a que gênero pertence uma pessoa andrógina apenas por sua aparência.

Andróginos que prezam por sua androginia normente utilizam de adereços femininos, no caso de homens, ou masculinos, no caso de mulheres, para ressaltar a dualidade. Dado isso, tende-se a pressupor que os andróginos sejam invariavelmente homossexuais ou bissexuais, o que não é verdade, uma vez que a androginia ou é um caráter do comportamento e da aparência individual de uma pessoa ou mesmo sua condição sexual psicológica, nada tendo a ver com a orientação sexual (ou identificação sexual), ou seja a atração erótica por determinado parceiro. Desse modo, pessoas andróginas podem se identificar como homossexuais, heterossexuais, bissexuais ou assexuais.

Na psicologia, androginia é uma disforia de gênero rara que é responsável por uma condição psíquica em que o indivíduo se identifica como não sendo nem homem nem mulher, mas como uma pessoa de sexo mentalmente híbrido, o que se reflete em seu comportamento. Dentro da psicologia, Sandra Bem desenvolveu um teste no qual considera-se a masculinidade e feminidade num plano bidimensional. Nessa modelagem, pessoas com traços significativos para a masculinidade e feminilidade obtidos, por exemplo, através do Inventário de Papéis Sexuais de Bem poderiam ser consideradas como andróginas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) calcula que haja em torno de seiscentos mil verdadeiros andróginos no mundo atualmente.

Os Andróginos possuem por natureza aptidão artística e criatividade o que podemos verificar principalmente no meio musical. Além disso os portadores desse caráter psíquico/comportamental expressam valores de Q.I. elevados e uma percepção mais ampla dos relacionamentos humanos uma vez que analisam seu meio de convívio de vários pontos de vista diferentes.

Estudos revelaram que os portadores de androginia são em sua grande maioria ansiosos e excêntricos. A androginia não é uma doença e consequentemente também não possui uma cura. O CID não possui classificação específica para tal disforia. Para a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung o andrógino referece a uma integração dos pares de opostos anima und animus, respectivamente o feminino e o masculino ambas características ao mesmo ser.

Andrógino é, também, segundo o livro "O Banquete", de Platão, uma criatura mítica proto-humana. No livro, o comediógrafo Aristófanes descreve como haveriam surgido os diferentes sexos. Havia antes três seres: Andros, Gynos e Androgynos, sendo Andros entidade masculina composta de oito membros e duas cabeças, ambas masculinas, Gynos entidade feminina mas com características semelhantes, e Androgynos composto por metade masculina, metade feminina. Eles não estavam agradando os deuses, que os resolveu separar em dois, para que se tornassem menos poderosos.

Seccionado Andros, originaram-se dois homens, que apesar de terem seus corpos agora separados, tinham suas almas ligadas, por isso ainda eram atraídos um por o outro.

O mesmo ocorre com os outros dois.

Andros deu origem aos homens homossexuais, Gynos às lésbicas e Androgynos aos heterossexuais.

Segundo Aristófanes, seriam então dividos aos terços os heterossexuais e homossexuais.
Νύμφες


Ninfa deriva do grego nimphe, que significa "noiva", "velado", "botão de rosa", dentre muitos outros significados. As ninfas são espíritos, geralmente alados, habitantes dos lagos e riachos, bosques, florestas, prados e montanhas.

São frequentemente associadas a deuses e deusas maiores, como a caçadora Ártemis, ao aspecto profético de Apolo, ao deus das árvores e da loucura Dionísio, ao aspecto pastoreador de Hermes.

Uma classe especial de ninfas, as Melíades,são um tipo especial de ninfas, nascidas do freixo - árvore que simboliza a durabilidade e a firmeza. Essas ninfas eram beliciosas, isto é, tinham uma vontade nata de guerrear. Nasceram do esperma de Urano, juntamente com Afrodite, as Erínias e os gigantes quando o filho de Urano, Cronos, castrou seu pai e jogou seus genitais ao mar, foram citadas por Homero como as mais ancestrais das ninfas.

Enquanto as demais ninfas são normalmente filhas de Zeus, as Melíades descendem de Uranus.

Apesar de serem consideradas divindades menores, espíritos da natureza, as ninfas são divindades às quais todo o mundo Helénico prestava grande devoção e homenagem, e mesmo temor. Não podemos esquecer que,de acordo com a mitologia grega, Hérmia era a rainha das fadas e ninfas.

Na mitologia grega, Salmacis era uma náiade atípica, que rejeitara os modos virginais da deusa Artêmis a favor da vaidade e do ócio. O estupro tentado por ela vitimando o deus Hermafrodito constitui no único caso em que uma ninfa o pratica, ao invés de sofrê-lo, nos cânones mitológicos da Grécia Antiga.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


ʽἙρμάφρόδιτός

Hermafrodito era um deus grego, filho de Afrodite e de Hermes. Este representa a fusão dos dois sexos e não tem género definido. Teria nascido um menino extremamente bonito, que se transformou posteriormente num ser andrógino por haver se unido à ninfa Salmacis.
O nome Hermafrodito deriva da união dos nomes paternos Hermes e Afrodite.
Foi a partir deste mito que se baptizou os conceitos de hermafrodita e hermafroditismo.

Foi levado pelas ninfas até o Monte Ida, uma montanha sagrada da Frígia
Quando atingiu quinze anos, sentindo-se enfadado do lugar, viajou para as cidades da Lícia e de Cária. Estava nos bosques da Cária, perto de Halicarnasso quando encontrou Salmacis, uma náiade, em sua morada numa lagoa.

Tomada de luxúria ante a beleza do jovem, ela tentou seduzi-lo - mas foi rejeitada. Quando pensou que ela havia ido embora, Hermafrodito despiu-se e entrou nas águas vazias do lago. Salmacis então saiu de trás duma árvore e mergulhou, enlaçando o moço e beijando-o violentamente, tocando em seu peito.

Enquanto ele lutava por desvencilhar-se, ela invocou aos deuses para nunca mais separá-los. Seu desejo foi concedido, e seus corpos se misturaram numa forma intersexual. Hermafrodito, aflito e envergonhado, fez então seu próprio voto, amaldiçoando o lago de forma que todo aquele que ali se banhasse seria igualmente transmutado, como ele próprio.

Hermafroditismo

Existem três tipos de hermafroditismo humano: o hermafroditismo verdadeiro, o pseudo-hermafroditismo masculino e o pseudo-hermafroditismo feminino:

No hermafroditismo verdadeiro as crianças nascem com os dois órgãos sexuais bem formados, possuindo os oŕgãos sexuais internos e externos de ambos os sexos, incluindo ovários, útero, vagina, testículos e pênis. No hermafroditismo verdadeiro a maioria das pessoas são geneticamente do sexo feminino (cromossomos XX) e a formação dos órgãos sexuais masculinos é atribuída a causas ainda não totalmente conhecidas.

No pseudo-hermafroditismo masculino a criança nasce geneticamente como do sexo masculino (cromossomos XY) embora os órgãos sexuais externos não se desenvolvam completamente.
No pseudo-hermafroditismo feminino a criança nasce geneticamente como do sexo feminino (cromossomos XX) embora o clítoris desenvolva-se excessivamente adquirindo um formato semelhante a um pênis.

Atribui-se uma suposta causa não genética para o pseudo-hermafroditismo feminino aos efeitos dos medicamentos utilizados no tratamento da hiperplasia congênita das supra-renais (HCSR) por deficiência da 21-Hidroxilase, uma doença genética que necessita de tratamento permanente e que em alguns casos é não é interrompido por gestantes que não sabem estar grávidas.

Uma teoria genética recente busca explicar várias anomalias sexuais do hermafrotitismo humano com sequências palíndromos presentes no cromossomo Y. Segundo essa teoria as sequências palíndromos presentes no cromossomo Y, que supostamente protegeriam esse cromossomo de mutações genéticas, poderiam ocasionalmente se esticar e formar uma atração fatal com o palíndromo similar de seu vizinho, alterando o tamanho e/ou deslocando o centrômero do gene: os cromossomos gerados nessas divisões celulares teriam comprimentos variáveis, curtos e longos, com centrômeros deslocados ora para o centro, ora para as extremidades.

Nessa teoria, os pacientes nos quais a distância entre os dois centrômeros do Y é curta, seriam homens, ao passo que quanto maior a distância entre os centrômeros, maior a tendência de que os pacientes sejam anatomicamente feminilizados. Essa pesquisa incluiu alguns pacientes do sexo masculino (cromossomos XY) portadores da síndrome de Turner, uma condição só então conhecida em mulheres que nascem com um único cromossomo X (cromossomos 45-XO).

Tratamento

No tratamento do hermafroditismo humano recorre-se muitas vezes a uma cirurgia para se definir o sexo definitivo. Segundo especialistas a maior dificuldade está em se definir o momento correto da cirurgia.

De todo o modo a opinião crescente é de que a pessoa hermafrodita possa escolher por si mesma se ela deseja a cirurgia e, nesse caso, qual o sexo desejado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010


Αφροδίτη


Afrodite era a deusa grega da beleza, do amor e da procriação. Originária de Chipre, o seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas. Foi identificada como Vênus pelos romanos.

Possuía um cinturão, onde estavam todos os seus atrativos, que, certa vez, a deusa Hera, durante a Guerra de Tróia, pediu emprestado para encantar Zeus e favorecer os gregos.

De acordo com o mito teogônico mais aceito, Afrodite nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos, que atirou seus testículos ao mar, então o semêm de Urano caiu sobre o mar e formou ondas chamadas de (aphros), e desse fenomeno nasceu Aphroditê ("espuma do mar"), que foi levada por Zéfiro para Chipre.

Por isso um dos seus epítetos é Kypris. Assim, Afrodite é de uma geração mais antiga que a maioria dos outros deuses olímpicos.

Suas festas eram chamadas de afrodisíacas e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto.
Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matrifocal pela patriarcal, Afrodite passou a ser vista como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal. Parte dessa condenação a seu comportamento veio do medo humano frente à natureza incontrolável dos aspectos regidos pela Deusa do Amor.

No templo de Corinto, praticava-se prostituição religiosa no templo da deusa. O sexo com as prostitutas, geralmente escravas, era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa.

Seu casamento com Hefesto , o deus coxo, não a impediu de se entregar com volúpia a outros amores. Conta-se que Hefesto estabeleceu sua forja às bases do Etna, na Sicília, o que ocasionava longas jornadas fora de casa. Enquanto isso, sua esposa partilhava o leito com seu amante Ares todas as noites, tendo porém como vigia, Aléctrion, amigo de Ares. Certo dia, o sentinela dormiu em seu posto e Hélio, o Sol que a tudo vê, pilhou o casal em adultério, avisando Hefesto em seguida. Traído, o deus teceu uma rede fina onde logrou prender os dois amantes e os expôs aos deuses que deles se escarneciam.

Tempos depois, Afrodite avistou Anquises, pastor de ovelhas que guiava seus rebanhos pelas pastagens do monte Ida. Transformada na princesa Otréia, uniu-se a ele. Ao amanhecer, descobriu a verdadeira origem da deusa e, embora fosse por ela advertido de que de deveria manter segredo sobre aquele encontro, vangloriou-se publicamente de sua ligação com a deusa. Como castigo, Zeus enviou-lhe um raio, mas Afrodite conseguiu salvá-lo.

Seus amores extraconjugais não param por aí. Com Adônis , filho de Esmirna, teve um grande romance tragicamente interrompido pela morte prematura do rapaz, vítima dos ciúmes de Ares.

A divindade era inicialmente relacionada aos instintos e à fecundidade, foi pouco a pouco adquirindo a denominação de deusa do amor no seu sentido mais nobre e puro. Com o tempo, a deusa foi sendo imbuída de outras conotações que se referiam às diversas formas de expressão do amor. Em Atenas era conhecida por Hetaira, a cortesã; em Esparta adquiriu caráter guerreiro; na Argólia era conhecida como Pelagia ou Pontia, divindade protetora dos marinheiros. Entretanto, sua atribuição mais conhecida é a de deusa da beleza e do amor, defensora do prazer pelo prazer simbolizado pela atração sexual com o poder de satisfazer e de frustrar todo e qualquer desejo amoroso.

Afrodite tem atributos comuns com as deusas Vénus (romana), Freya (nórdica), Turan (etrusca), Ishtar (mesopotâmica), Inanna (suméria) e com Astarte (mitologia babilônica).

Afrodite gerou muitos filhos, frutos das suas diversas incursões amorosas.
Alguns de seus filhos são Hermafrodito (com Hermes), Eros, deus do amor e da paixão (com Ares), Príapo,dotado de um falo descomunal (com Dionísio).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


"Mas a razão natural está em que a mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas muitas abominações carnais. E convém observar que houve uma falha na formação da primeira mulher, por ter sido ela criada a partir de uma costela recurva, ou seja, uma costela do peito, cuja curvatura e, por assim dizer, contrária à retidão do homem. E como, em virtude dessa falha, a mulher é animal imperfeito, sempre decepciona e mente." "Malleus Maleficarum"
O código genético da aparência física das mulheres Celtas manteve-se inalterado durante muito tempo, e pode ser facilmente identificado por inúmeras características semelhantes de mulheres modernas de origem Celta, provando que a linhagem permanece intacta até hoje.
A linhagem Celta é um
a das mais antigas do mundo, mas nos tempos atuais existem poucas pessoas com estas características.

A mulher celta de tempos antigos e modernos partilham das mesmas características físicas, cujas principais são os cabelos vermelhos e pele muito pálida, mais um sinal, embora nem sempre presentes, são sardas. Mas há sinais adicionais de ascendência celta que foram repassados pelo sangue através dos milênios, desde quando os gauleses e celtas governaram a Europa há milhares de anos atrás. Nas mulheres de pura linhagem céltica, são notadas idênticas características faciais.

Durante a idade média acreditavam que mulheres ruivas eram bruxas e estas eram queimadas nas fogueiras.

Após a Igreja Católica ter sido formada e haver adquirido poder, os costumes dos Pagãos foram vistos como uma ameaça ao sistema religioso recentemente estabelecido e a adoração dos Deuses da religião Antiga, foi banida. Os antigos festivais foram superados pelos novos feriados religiosos da Igreja, e os antigos Deuses da Natureza e da Fertilidade, transformados em terríveis e maléficos demônios e diabos. A igreja patriarcal chegou até a transformar várias Deusas pagãs em diabos masculinos e maus, não somente para corromper deidades da Religião Antiga, como, também para apagar o fato de o aspecto feminino ter sido objeto de adoração.

Embora o imperador Constantino, ano 321, tenha iniciado a política de suprimir todas as pessoas e as doutrinas que não estavam em conformidade com o dogma oficial, a maioria dos estudiosos coloca o começo da Inquisição oficial com o papa Teodoro I, entre 642-649, que iniciou a prática de mergulhar sua pena dentro de vinho consagrado antes de assinar a sentença de morte dos hereges.
No ano de 1233, o Papa Gregório IX, instituiu o Tribunal Católico Romano, conhecido como Inquisição, numa tentativa de terminar com a heresia.

Em 1320, o Papa João XXIII declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religião dos Pagãos constituíam um movimento e uma "ameaça hostil" ao Cristianismo. Os bruxos tornaram-se heréticos e a perseguição contra todos os Pagãos, espalhou-se como fogo selvagem por toda a Europa.
A Bruxaria na Inglaterra tornou-se uma ofensa ilegal no ano de 1541, e, em 1604, foi adotada uma Lei que decretou a pena capital para os Bruxos e Pagãos.

O desvio sexual e luxúria soprou em toda a Inquisição depois da publicação do "Malleus Maleficarum"; em 5 de dezembro de 1484, o papa Inocêncio III emitiu a bula papal que estabeleceu esse documento como o padrão pelo qual a Inquisição deveria ser conduzida. O celibato clerical já estava em vigor há 361 anos, tempo bastante para tornar os sacerdotes em verdadeiros desviados sexuais.

As Mulheres Sentiam Um Medo Especial da Inquisição

A perseguição era direcionada mais intensamente contra as mulheres: de um número estimado em 75 /100 milhões de seres humanos que foram mortos, 80% eram mulheres, incluindo crianças e moças, as quais, acreditava-se, haviam herdado o "mal" de suas mães.

Àversão às mulheres, ou o ódio às mulheres, transformou-se em forte elemento no cristianismo medieval. As mulheres, que menstruam e dão à luz, eram identificadas com a sexualidade e, conseqüentemente, com o maléfico. "Toda a bruxaria advém da luxúria carnal, a qual nas mulheres é insaciável", afirmava o "Malleus Maleficarum" , o manual operacional da Inquisição.

Os padres ameaçavam suas penitentes no confessionário que, a menos que fizessem sexo com eles, seriam entregues à Inquisição!, o sacerdote poderia mentir para os oficiais da Inquisição poderia declarar que ele tinha descoberto, por meio da confissão da mulher, que ela era uma feiticeira. Tão efetiva era essa ameaça que um sacerdote agonizante revelou em 1710 que "por essas persuasões diabólicas elas estavam ao nosso comando, sem medo de revelar o segredo", essa obsessão sexual rapidamente cresceu ao ponto em que uma mulher vivia com medo de que um dia, a partir do nada, pudesse ser acusada por alguém de ser uma bruxa; visto que a acusação era equivalente à culpa, aquela mulher podia esperar uma morte lenta sob tortura nas mãos de sacerdotes celibatários e com desvio sexual, os inquisidores tratavam as mulheres acusadas de bruxaria com especial deleite, júbilo e atenção.

Na Inquisição, a dor infligida nos órgãos sexuais era muito predominante, outro sinal claro da obsessão sexual trazida à luz pelas perversões do celibato.

Se uma mulher fosse acusada de bruxaria, ficava na iminência de sofrer uma tortura muito especial por parte do clero sedento de sexo.

A prática comum era desnudar a vítima, raspar-lhe os pêlos completamente na esperança de encontrar as "marcas" do diabo, as quais poderiam ser verrugas ou sardas. Com freqüência, a acusada era espetada, em todo o seu corpo, com facas compridas e afiadas; acreditava-se que os pontos em que o Diabo houvesse tocado fossem indolores.

Isso exigia que o sacerdote investigador fizesse ele mesmo uma inspeção minuciosa no corpo nu da pobre mulher. Essa inspeção era freqüentemente realizada em meio a um grupo de homens que agiam como voyeurs, mas ostensivelmente eram forçados a testemunhar essa "inspeção" por causa de seu ofício religioso!

Visto que o episódio inteiro era conduzido por um sacerdote celibatário e "casto", eles ficavam excitados sexualmente ao examinar as mulheres dessa maneira.

"... havia aquela depravada compulsão, descrita por Wilhelm Reich como a 'praga emocional', em que indivíduos sexualmente não-funcionais, incapazes de sentir prazer na prática natural do sexo, começam a aliviar sua sexualidade reprimida cortando, dilacerando e queimando a própria carne que não podem nem beijar, nem acariciar, nem inflamar com prazer." Thomkins

O desvio sexual produzido pelo celibato tomou uma proporção significativa da Inquisição. Subitamente, padres com desvio sexual podiam no mínimo satisfazer voyeuristicamente suas lascívias carnais e muitos deles podiam na verdade forçar as mulheres acusadas de bruxaria a terem sexo com eles durante o período de tortura.

Uma grande parte dessa "entonação sexual" girava em torno da obsessão dos sacerdotes, não apenas com sexo, mas com sexo pervertido, e não apenas sexo pervertido, mas sexo entre mulheres e demônios!

Essa perversão sexual está centrada em mulheres feiticeiras e em suas supostas relações sexuais com demônios, acusa as bruxas de se entregarem a "toda sorte de atos carnais com íncubos e súcubos e a toda sorte de prazeres obscenos".

O dicionário define "íncubo" como um demônio que copula com uma mulher, enquanto "súcubo" é um demônio feminino que copula com um homem.

"... três dificuldades requerem elucidação. A primeira é a da consideração geral dos demônios chamados íncubos. A segunda é a mais particular: De que modo os íncubos realizam o ato humano do coito? A terceira também é especial: de que modo as bruxas se relacionam e copulam com tais demônios?"

"Toda bruxaria tem origem na cobiça carnal, insaciável nas mulheres... Pelo que, para saciarem a sua lascívia, copulam até mesmo com demônios. Poderíamos ainda aditar outras razões, mas já nos parece suficientemente claro que não admira ser maior o número de mulheres contaminadas pela heresia da bruxaria. E por esse motivo contém referir-se a tal heresia culposa como a heresia das bruxas e não a dos magos, dado ser maior o contingente de mulheres que se entregam a essa prática. E abençoado seja o Altíssimo, que até agora tem preservado o sexo masculino de crime tão hediondo: como Ele veio ao mundo e sofreu por nós, deu-nos, a nós, homens, esse privilégio."

Muito interessante que tanto tempo, esforço e atenção sejam dados ao assunto sexo por sacerdotes supostamente celibatários. Somente quando você percebe que o celibato cria um sacerdócio carente de sexo que está constantemente com obsessão por sexo que essa situação torna-se compreensível, listam diversos pecados tão repugnantes, para eles, que acreditam que nem os demônios cometeriam, demônios podem ter sexo normal com seres humanos, mas nunca cometeriam o pecado repugnante da sodomia ou da homossexualidade, porque são "contra as leis da natureza" e tão repugnantes que nem mesmo os anjos caídos e do mal participariam nisso, assim diz esse manual da Inquisição Católica.

Na Inglaterra, a "tortura legal" não era permitida, mas os suspeitos eram privados de sono e submetidos a lenta inanidade antes de serem enforcados.

Os acusados eram torturados até que assinassem confissões preparadas pelos inquisidores, admitissem as suas ligações com Satã e as práticas obscuras e obscenas, as quais nunca fizeram parte da verdadeira Feitiçaria.

A Inquisição Católica Romana foi uma das maiores desgraças que ocorreram na história da humanidade. Em nome de Jesus Cristo, sacerdotes católicos montaram um esquema enorme para matar todos os "hereges" na Europa. A heresia era definida da forma como Roma quisesse definir; isso abrangia desde pessoas que discordavam da política oficial, inimigos, crenças locias.

As vítimas eram pessoas idosas e senis, mentalmente perturbadas, mulheres cuja aparência era desagradável ou sofriam de alguma deficiência física, beldades locais que machucaram os egos errados por terem rejeitado suas investidas ou que haviam despertado ardente desejo em um padre celibatário ou num homem casado.

Homossexuais e livres-pensadores também eram apanhados nessa mesma rede. Às vezes, centenas de vítimas eram mortas em um só dia. No bispado de Trier, na Alemanha, duas aldeias permaneceram com somente uma mulher cada, após os julgamentos de 1585.

A Inquisição com sua luxúria e suas obsessões sexuais, uma conquista que foi extremamente fácil devido à imposição do celibato. Os sacerdotes católicos tornaram-se assassinos, estupradores e voyeurs. Um número estimado de 75 milhões de pessoas pagou o preço final, enquanto milhões de outras foram intimidadas, torturadas, e forçadas a manter relações sexuais pelos sacerdotes que manejavam essa arma terrível contra as mulheres que queriam levar para a cama!

Os monges que escreveram esse manual da Inquisição listem diversos pecados tão repugnantes que eles acreditam que nem os demônios cometeriam, demônios podem ter sexo normal com seres humanos, mas nunca cometeriam o pecado repugnante da sodomia ou da homossexualidade, porque são "contra as leis da natureza" e tão repugnantes que nem mesmo os anjos caídos e do mal participariam nisso, assim diz esse manual da Inquisição Católica.
Todavia, sabemos que, em toda era desde 1123, quando o celibato foi decretado, incluindo o tempo presente, a homossexualidade é desmedida entre os padres! Novamente, vemos a "hipocrisia profissional" dos padres em toda era, um fato levantado pela primeira vez pelo ex-padre Vinet em seu livro "I Was a Priest"

É possível que os escândalos sexuais atuais de padres pedófilos puderam ocorrer e ser ocultados pela hierarquia eclesiástica.

Essa professa repulsa à homossexualidade significa que, se a Inquisição estivesse em vigor hoje, os padres pedófilos seriam enviados aos Oficiais da Inquisição para sofrerem torturas horríveis e morrerem nas mãos dos verdugos do papa?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sexualidade Sagrada


Na idade da pedra a mulher era vista como portadora de poderes sobrenaturais, devido à maternidade (procriação), o ciclo menstrual e a produção do leite. Isto era considerado como uma força sagrada ou cósmica.

O homem era colocado em posição secundária a mulher que em algumas pinturas Rupestres era retratada no centro de forma dominante (deusa mãe).

Os primatas acreditavam que tudo o que existia era obra de um único deus (monoteísmo) e este tinha forma feminina.

A mulher sendo vista como esta divindade foi-lhe feita estatuetas para devoção e adoração (a palavra adorar vem do latim ad e orare que significa orar para alguém). As estatuetas tinham enormes seios, cadeiras largas, ventre proeminente, órgãos sexuais grandes, cintura e coxas grossas.

Considerada como símbolo da fertilidade pelas suas formas avantajadas, naquela época acreditava que este tipo de mulher era mais fértil e capaz de gestar vários fetos complicações.

Em todo o período Paleolítico esta Vênus era imaginada e adoração em meio a ritos religiosos e sagrados.

A grande mãe se encontra no céu, o céu é o universo e o universo é o cosmo. Sendo então o cosmo uma representação do sagrado e tendo na sexualidade e na fertilidade a expressão de força sagrada à prática sexual significava partilhar a força vital.

A sexualidade faz parte da reprodução e por isso ela se integra aos rituais de fecundidade e na seqüência os ritos de puberdade e de iniciação.

Em culto a essa divindade símbolo da fertilidade se realizaram as primeiras cerimônias mágicas que terminavam em festas orgíacas. Este rito sexual simbolizava uma prece pela sobrevivência e multiplicação dos homens. Tais manifestações saíram do privado, tornando-se um fato cultural.

O relacionamento sexual era praticado como devoção religiosa de forma ritualística; pois este canalizava energias cósmicas; o qual criava um ambiente mágico que os mantinham em contato (comunhão) com a sua deusa; ou seja; a sexualidade sagrada tem o ato sexual como parte de um ritual religioso fazendo aumentar o crescimento espiritual.

Esta foi a única divindade durante um longo tempo.

Com o passar dos séculos a imagem da mulher decaiu com a descoberta da função do homem no processo reprodutivo. O fálus (pênis) passa a ser imponente e potente, recebendo todo o reverenciamento que a vulva recebeu por milhares de anos. A menstruação da mulher agora é vista como algo impuro, a tornando um ser fraco e maléfico. Juntando com a necessidade humana da época em criar outros deuses para compreender os mistérios do mundo a deusa mãe perde o reinado para os deuses do Olimpo - politeísmo - (Zeus, Hera, Afrodite, Dionísio, Apolo, Hermes, Posídon etc.).

Na era das cavernas a sexualidade era símbolo de poder da deusa suprema e agora se transformou em relacionamento do deus com a deusa no plano humano, onde o ato sexual continuou ultrapassando a carne.

Nos escritos de Hesíodo (poeta grego 800 a.C.) e Homero (autor de Ilíada e a Odisséia - 850 a.C.) estão presentes as façanhas dos deuses que ocorrem boa parte envolvendo a sexualidade.

Afrodite nasce da espuma do mar formada pelo sêmen de Urano. Mais tarde dá a luz a Hermafrodite (pai Hermes), deus andrógeno com características dos dois sexos e a Príapo (Min no Egito) deus da fertilidade (pai Dionísio/Baco) em permanente estado de ereção.

Héracles (Hércules) violava cinqüenta virgens em uma só noite e mantinha relações com o sobrinho Iolaus e o Hylas; enquanto que Teseu seduzia donzelas e monstros.

Os romanos invadiram a Grécia e assimilaram a sua cultura de vários deuses e sua sexualidade. Surge nessa época a escola Hipocrática que prega na cópula uma prática saudável. Acreditava-se também que o útero da mulher deveria ser constantemente regado de sêmen se não ela enlouquecia e ficaria estéril.

Os gregos concebiam a cópula entre seus deuses (um deus personificado e um homem).

Em Roma uma manifestação teatral denominada os mimos se expressam corporalmente em mímica, gestos e dança de caráter obsceno. Tendo origem nas danças de adorações primitivas em honra a antiga deusa da fecundidade.

Por volta de 3.000 a.C. os Sumérios teatralizavam o casamento sagrado (união entre um deus e um mortal) para fazer pedidos aos deuses. Este comportamento prosseguiu pela Grécia (chamado de Hiero Gamos), no Egito até a era Romana.

Os atenienses acreditavam que o ato sexual era uma dádiva dos deuses; o qual devia ter profunda dedicação.

Nesta fase a sexualidade e a religiosidade atraem multidões e todas as religiões reconhecem a energia sexual como a própria existência.

No Sul da Índia os Múria construíram templos sagrados, chamados de Ghotuls, nos quais os púberes (crianças quando passam pela puberdade, onde se desenvolvem os órgãos reprodutores) aprendem sobre atos sexuais e as meninas têm a sua primeira relação aos seis anos.

Os hindus encontravam no ato sexual o símbolo da criação divina, por isso nas paredes das entradas dos templos na Índia do Nepal encontram-se esculturas de multidões em cópulas.

Na Babilônia foi construído um santuário e em seu centro ergueu-se uma enorme torre (E-temen-na-ki); o qual em seu topo encontra um leito ritualístico. A cada cerimônia vem uma mulher ou homem do povo e fica a mercê da divindade de forma personificada. Enquanto ocorre a mágica união do deus com um mortal os demais cantam e rezam a fim de que seus pedidos sejam atendidos. As mulheres (meretrizes, messalinas, cortesãs, gueixas) e os homens que praticavam o ato sexual sagrado nos templos eram considerados sagrados, como também o dinheiro de tal prática recebido pelos sacerdotes. E de acordo com Heródoto (historiador grego do século III a.C.) toda mulher virgem tinha que realizar a sua primeira cópula no templo sagrado e a recusa era vista como pecado.

E em Hierápolis, no Líbano as mulheres virgens realizavam o ato sexual sagrado em prol da deusa Atar.

A prática do ato sexual sagrado existiu entre os hebreus durante os séculos XIII a.C. até 586 d.C. que era também comum a prática masculina.

Nos árabes esta prática ocorria em meio à romaria que faziam até Kaaba.

No Egito as mulheres permaneciam a serviço das deidades e cumprido a sua tarefa no templo podiam retornar para casa.

Em outras culturas a mulher para fugir dos maus tratos do marido ou patrão praticava a sexualidade sagrada o que a tornava intocável pelo agressor.

Há casos em que a mulher é levada a esta prática através da sujeição do conquistador guerreiro. Como fez Ramsés III, seus prisioneiros foram presos e suas esposas feitas súditas nos templos.

No geral as mulheres vinham aos templos por determinação da lei ou não, para uma noite ou por toda a vida, o que se sabe é que essa era uma enorme prática e que só os templos de Afrodite e Corinto eram mais de mil.

A sexualidade sagrada era encontrada essencialmente na região Sul da Índia, no Ocidente Próximo, em toda Ásia Ocidental, na antiga Grécia e no Oeste e Noroeste da África.

O ato sexual em todas as suas formas (oral, anal, vaginal, grupal etc.) era visto como bom e alegre.

No Oriente três doutrinas se destacaram: o Tantrismo, o Kama Sutra e o Taoísmo. As três possuem denominadores comuns que são:

1º a sexualidade a serviço do prazer;

2º consiste no incentivo a esta prática;

3º o ato sexual em sua diversidade (oral, anal, vaginal, grupal etc.) não é pecado.

No Tantra o homem faz com que a mulher se sinta divina, os levando a alcançar a iluminação. Durante a união sacramental que liberta o corpo e a mente, ambos se transformam, no casal divino através do qual flui a energia cósmica criando uma conexão com o deus. Em sua realização se encontra as mulheres dos templos e vários casais, sendo permitido a troca dos mesmos auxiliados por um guru. Mais muitas pessoas usavam a religião para esconder a devassidão e o desejo sexual.

Na China o ato sexual é considerado um dever sagrado por mais de 20 séculos; onde os taoístas pregavam que a sua prática levava ao aperfeiçoamento da alma e quem se superasse na cama alcançaria também a vida eterna. Surgem então livros sexuais, receitas, formulas e exercícios para que o homem pudesse aumentar o seu desempenho sexual, ocorrendo aí uma superpopulação chinesa.

O Yin representa o feminino e o Yang o masculino. Para os chineses a essência Yin era inesgotável e Yang tinha uma produção limitada. Devido a isso o homem deveria prolongar-se mais tempo dentro da mulher para poder absorver mais essência Yin (surge a idéia de quanto mais se demora no ato sexual, melhor é).

Na tribo Thongas o ato sexual é visto como sagrado no ritual de purificação. Ao falecer um integrante eles acreditavam que a sua fonte da vida (líquido seminal e a secreção vaginal) fora contaminada pela morte. O ritual consiste na união sexual dos casais dentro da floresta, onde o homem ejacula nas mãos da parceira e ela por sua vez esfrega-as em seu umbigo e retornam para a aldeia por caminhos opostos.

O Cristianismo e o Islamismo não apoiavam a sexualidade sagrada de forma oficial.

O Cristianismo e o Islamismo não apoiavam a sexualidade sagrada de forma oficial.

A associação de prostituta ou prostituição sagrada com santuário pode ter existido na cultura Harapaa (3.000 a.C.) onde hoje é o Paquistão.

Acredita-se que o surgimento da prostituição na humanidade tenha sido iniciado dentro dos rituais sagrados.

Em alguns templos a sua função principal era a defloração pelo lingga (fálus sagrado - pênis) e a mulher não poderia se casar sem passar por esse ritual. Esse costume durou até o século IV d.C. quando foi proibido pelo imperador Constantino; o qual construiu uma igreja cristã sobre o templo de Astarte.

As práticas sexuais desenfreadas fizeram espalhar as doenças sexualmente transmissíveis. E em plena Idade Média o Cristianismo fez uma reviravolta na sexualidade e em seus conceitos sagrados, inserindo no contexto o profano e o impuro. Tornando pecado a prostituição sagrada e o ato sexual fora do matrimônio.

As pessoas passam a culpar e punir a si mesmas e a vigiar as demais, ocorrendo aí uma verdadeira caçada as bruxas, o que causou por quatro a cinco séculos um surto de psicose em massa na Europa Ocidental (cinto de castidade masculino e feminino/ masturbar enlouquece etc.).

Os ensinamentos cristãos junto com os ataques dos reformadores hindus vencem de forma radical o comportamento sexual da humanidade. O que levou a prostituição sagrada a cair em descrédito e a desaparecer quase por completo.

E em meio a esta mudança a filosofia chega e toma o lugar dos mitos, passando a explicar os mistérios do mundo através do uso da razão e do pensamento lógico (Renascimento).

Apesar de 2.000 anos de repressão sexual, ainda hoje existem comunidades na África, na América do Sul e na Austrália onde se realizam o rito religioso de forma sexual, mais a mulher não é mais vista como um ser divino e sim como um objeto de troca.
Letícia Luccheze.