segunda-feira, 20 de setembro de 2010


O cristianismo chegou à Bretanha Romana, a província mais afastada do império, nos primeiros séculos da era-a cristã. O primeiro mártir recordado foi San Albano, que sofreu martírio durante a perseguição de Diocleciano. O processo de cristianização intensificou-se com a legalização do critianismo e sua proclamação como religião oficial do império por Constantino .

Em 407, com os visigodos ameaçavam Roma, as legiões romanas voltaram ao continente para defender a Itália. Roma foi saqueada em 410, mas as legiões nunca voltaram a Bretanha. A influência romana desapareceu da ilha e a Grã-Bretanha foi abandonada a sua sorte, isso fez com que evoluísse de forma diferente do resto do ocidente europeu. O Mar da Irlanda converteu-se em um veículo de comunicação e cultura entre os povos celtas, e o critianismo fará um papel crucial nesse processo.

O que emergiu, desde o ponto de vista religioso, foi uma forma de Cristianismo Insular ou Cristianismo Celta, com tradições e práticas diferentes das do continente, estabelecendo uma organização única em torno de abadias e monasterios, em lugar da diócesis episcopais.

A expressão cristianismo céltico ou cristianismo irlandês (às vezes denominado Igreja Céltica ou Igreja Celta) refere-se amplamente ao cristianismo que se desenvolveu ao redor do Mar da Irlanda entre povos celtas/britânicos tais como irlandeses, escoceses, galeses, córnicos e os habitantes da Ilha de Man.

Desde finais do século V e durante todo o século VI, os monasterios se converteram nos principais centros do cristianismo. As decadas centrais do século VI parecem ter sido as do triunfo e consolidação definitiva do monasticismo, na Irlanda também na Bretanha francesa e em outras partes do mundo céltico.

A parte disto a ilha da Grã-Bretanha estava sofrendo a invasão anglosaxônica, que ainda era completamente pagã, o que levou a certa hostilidade entre ambas culturas.

Durante os séculos VI e VII, os monges irlandeses fundaram numerosas instituições monásticas na atual Escócia, e na Europa Continental,um grupo de monges, fundou uma sede de Lindisfarne no reino anglosaxão de Northumbria em 635, o que introduziu a influência celta no norte da Inglaterra e vice-versa, pôs em contato os povos celtas com outros grupos católicos.
Isto levou ao aparecimento de disputas a respeito de certos costumes e tradições do Cristianismo Insular, especialmente sobre o cálculo das datas da Pascoa. Celebraram-se sínodos na Irlanda, Galia e Inglaterra onde se debateu o método para calcular as datas da Pascoa. Por outra parte, a igreja 'romana' adaptou o sistema de penitência irlandês de forma universal no IV Concilio de Letrán em 1215.

Na Irlanda ao menos, o sistema monástico sofreu um processo de secularização a partir do século VIII, como consequência dos laços criados entre as famílias mais poderosas e os monastérios. As grandes abadias eram agora ricos proprietários politicamente influentes, que participavam nos confrontos seculares e inclusive faziam a guerra entre si.

Desde os primeiros tempos do monacato, a natureza familiar dos monastérios tinha implicado que homens casados fizessem parte da comunidade, trabalhando nela e com certos direitos, incluindo os de intervir na eleição do abad. De fato, em muitos destas instituições, o cargo de abad converteu-se em hereditário, passando de pais a filhos durante gerações. Na segunda parte do século VIII, os monastérios irlandeses viveram um resurgimento da tradição ascética, com o aparecimento dos Ceilli Dê, os "clientes (vassalos) de Deus", que fundaram novos monastérios em territórios apartados de grupos familiares.

Em torno do século VII, a estrutura da igreja católica no continente estava organizada em diócesis,cada uma delas com um bispo à frente. O bispo residiria em uma "sede episcopal" com uma catedral. Esta baseava-se na estrutura da administração do Império Romano, que tinha subdividido as antigas províncias em diócesis.

Foi após a expansão de cristianismo e, sobretudo, depois do mandato de Constantino I, que as diocésis adquiriram funções administrativas dentro da igreja. A maioria do mundo Celta, no entanto, nunca tinha feito parte do império Romano, e inclusive zonas romanizadas como Gales, Devon e Cornualles careciam totalmente de cidades. O que surgiu foi uma estrutura baseada em redes monásticas governadas por abádes.

A nobreza que governava os clãs, cuja fonte de poder residia na posse da terra, passou a integrar as instituições monásticas que se estabeleciam em seus territórios. A natureza monástica dos abades, fazia desnecessária sua ordenação como sacerdotes. Os bispos eram necessários, já que certos sacramentos só podiam ser administrados pelos clérigos ordenados; no entanto, a diferença do continente, estes bispos tinham pouca autoridade na estrutura eclesiástica celta.
Existiam também bispos não monásticos, a maioria vinculados com alguma casa real, mas estes últimos não tinham autoridade alguma sobre os monastérios de suas diocésis.

A tradição popular atribui a chegada do cristianismo a Grã-Bretanha a José de Arimatéa, em Glastonbury; segundo a lenda, José era um mercador de estanho que viajava frequentemente às minas da Bretanha romana, ele seria dicipulo de Jesus e pode telo trazido em uma dessas viagens. Esta lenda é mencionada em "An did those feet in ancient time" (1804), de William Blake e no hino "Jerusalem" (1916), de C. Hubert H. Parry. No século XII, o personagem de José de Arimatea incorpora-se ao circulo artúrico como o primeiro guardião do Santo Graal na obra de Robert de Boron,a lenda conta também que o Rei Artur está enterrado nas ruínas dessa abadia.

A existência de uma "Igreja Celta" como tal, tem sido uma contínua fonte de debate, especialmente desde a Reforma Protestante. A partir de reivindicações feitas sobre a abadia de Glastonbury, os protestantes britânicos estabeleciam a tese de que a igreja britânica foi fundada em época apostólica e era, por tanto, anterior à Igreja Romana.

Por sua vez, alguns defensores do catolicismo afirmam que esta ideia de uma tradição insular distina à romana é anacrônica e mitológica, sugerindo que autores como George Buchanan proporcionaram "a propaganda inicial para os criadores do Kirk escocês", a partir da invenção de uma igreja nacional "celta" oposta à
"romana".

Estes defensores recusam completamente a noção de uma Igreja Celta. Patrick Wormald afirmou igualmente que, "é difícil resistir-se a pensar que o que a confissão protestante fez se baseando a partir da idéia de uma igreja 'Celta' até a década de 1960 é o que está fazendo agora o paganismo new age", baseado na noção de um tipo de "Espiritualidade celta" supostamente caracterizada por sua especial 'ligação à natureza'.

Desde a Reforma, "vozes" têm defendido a base histórica de uma igreja protestante baseada na herança celta. A legitimidade histórica desta questão é debatida, mas sua importância simbólica é indiscutivel e isto tem sido utilizado por numerosos movimentos anti-católicos como o dos Lolardos e seguidores de John Wycliff.

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