segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


As inundações que atingem o nordeste da Austrália já afetaram o equivalente à área de França e Alemanha juntas, informaram fontes oficiais.

Dias de chuvas torrenciais deixaram milhares de casas e estabelecimentos inundados, plantações alagadas e estradas fechadas, um desastre que custará vários bilhões de dólares às autoridades locais e às companhias de seguros.

O aumento do nível das águas ameaça alagar mais regiões e milhares de imóveis no nordeste da Austrália, onde as piores inundações das últimas décadas causaram prejuízos bilionários.

Mais de 200 mil pessoas ficaram desabrigadas pelas inundações, que também mantêm isoladas vastas áreas do Estado de Queensland, equivalentes à França e à Alemanha juntas.

Ao visitar a cidade de Bundaberg, o tesoureiro do Estado, Andrew Fraser, se impressionou com o que viu.

- De vários pontos de vista, este é um desastre de proporções bíblicas.

Dias de chuvas fortes provocadas pela passagem do ciclone Tasha inundaram milhares de lares, centenas de estabelecimentos comerciais, campos de cultivo e várias explorações mineiras. O desastre que custará bilhões de dólares às autoridades locais e às companhias de seguros, segundo o tesoureiro.

- Os custos para o Estado serão enormes, tanto na reconstrução de estradas e outras infraestruturas como em ajudas aos desabrigados, mas também nas perdas em agricultura, mineração e turismo.

O governo de Queensland se viu obrigado a adiar a revisão semestral do Orçamento estatal para poder dar conta dos prejuízos.

- As previsões serão afetadas pelos cortes no transporte de mercadorias, e as informações que indicam que muitas minas não recuperarão a plena produção em dois ou três meses.

Rio pode inundar mais 4.000 casas

As equipes de emergência concentram seus esforços na localidade de Rockhampton, onde o nível do rio Fitzroy continua subindo e há a previsão de que alcance seu ponto máximo de 9,4 metros . Se atingir esse nível, o rio pode inundar entre 2.000 e 4.000 casas nos próximos dias.

O prefeito da cidade, Brad Carter, disse que o aeroporto funcionará neste sábado (1º) apenas para voos de emergência. Ele afirmou também que os habitantes da região permanecerão isolados durante um "período longo", diante da previsão de que a água leve ao fechamento de duas estradas no domingo.

Em Emerald, na região central do Estado, o rio Nagoa inundou 80% do município, onde mil casas foram esvaziadas e seus 1.300 habitantes receberam 2011 em um centro de refugiados.

Em Bundaberg, onde 300 casas e 120 estabelecimentos estão debaixo d’água, terá início em breve a tarefa de limpeza, à medida que baixa o nível do rio Burnett. O rio alcançou o máximo de 7,9 metros na última quinta-feira, mas já se encontra a 5,5 metros.

A rainha do Reino Unido Elizabeth 2º, que também é soberana da Austrália, enviou uma mensagem de apoio aos afetados pelas inundações, que diz seguir "com grande preocupação".

A primeira-ministra australiana, Julia Gillard, que visitou a região nesta sexta-feira (31), anunciou a criação de uma linha telefônica para que os afetados solicitem ajuda econômica. Ela prometeu distribuir cerca de R$ 1,7 mil (mil dólares australianos) por adulto e R$ 680 (400 dólares australianos) por criança.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aquecimento global

O aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) terá previsivelmente um impacto sobre as temperaturas da Terra nos próximos mil anos e elevará em pelo menos 4 metros o nível das águas do mar, segundo as conclusões de um estudo publicado neste domingo na revista científica Nature.

A pesquisa, dirigida pelo professor Shawn Marshall, da Universidade de Calgary, no Canadá, prevê que o aquecimento global da atmosfera provocará um "colapso catastrófico" da placa de gelo ocidental da Antártida por volta do ano 3000.
O estudo, o primeiro com prognósticos para um prazo tão longo, foi realizado com programas de simulação de computador que exploraram os possíveis cenários em uma situação de "emissão zero" de CO2 a partir de 2010 e 2100.

O resultado foi que as regiões do hemisfério norte, no geral, serão menos afetadas que as do sul, embora a projeção é de que os padrões do clima em lugares como o Canadá mudem totalmente.
Grandes áreas do norte da África se transformarão em desertos e o aumento de até 5% da temperatura dos oceanos causará o colapso da camada de gelo ocidental da Antártida, uma superfície de 2,2 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, equivalente a quatro vezes o tamanho da Espanha.
Marshall afirmou que "as águas oceânicas e parte do hemisfério sul têm uma inércia muito maior (de aquecimento)".

"A simulação demonstra que o aquecimento continuará antes de se deter ou ser revertido quando tomamos 10 séculos como escala de tempo", explicou Marshall, quem acrescentou que "as correntes de vento no hemisfério sul também poderiam ter um impacto".


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Santa Catarina relembra a maior tragédia do Estado

22 de novembro de 2008, Santa Catarina sofria com a maior tragédia registrada no Estado, provocada por chuvas frequentes que duraram cerca de três meses, e que atingiu mais de 2 milhões de catarinenses. O número oficial de óbitos é de 135 pessoas e duas ainda estão desaparecidas, com a principal causa por soterramento: 97%. Entre desalojadas e desabrigadas, foram 78 mil pessoas. De acordo com a Defesa Civil Estadual, um terço do território catarinense foi atingidos pelas chuvas: 63 municípios catarinenses decretaram Situação de Emergência e 14 decretaram Estado de Calamidade Pública.

De acordo com os especialistas, a principal causa do desastre foi a “solifluxão”, que é quando parte do solo se desmancha. Na época, geólogos identificaram mais de quatro mil pontos de deslizamentos nas áreas atingidas. Entre os dias 22 e 23 de novembro, os níveis de precipitação pluviométrica alcançaram números recordes. Em Blumenau, durante cinco dias, choveu mais de 600mm, quando a média mensal é de 110 a 150mm. Nos demais municípios do Vale do Itajaí, os números não eram diferentes. A cidade de Itajaí, localizada na foz do Rio Itajaí-Açu, teve 80% de seu território inundado.

Os danos ainda são incalculáveis. Mais de 23 rodovias estaduais foram danificadas, além das estradas federais. O turismo, as indústrias, a agropecuária, as pequenas e microempresas, o comércio, os abastecimentos de água, luz e gás também foram prejudicados.

A Defesa Civil considera ainda que 2,4 mil famílias continuam desabrigadas e 3,6 mil permanecem desalojadas nos municípios afetados.

No primeiro semestre de 2009, ocorreram chuvas intensas e inundações em estados do Norte e Nordeste. A tragédia começou em abril, no Maranhão, atingindo, posteriormente, os demais estados das duas regiões.

No dia 8 de abril de 2009, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, informou, com base em dados repassados pelos estados, que as chuvas no Nordeste causaram prejuízos de aproximadamente R$ 1 bilhão. As enchentes atingiram 320 municípios da região e causaram 44 mortes, além de 130 mil desabrigados, conforme dados divulgados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec).

Nesse mesmo período, o rio Amazonas teve uma das maiores cheias de sua história, provocando enchentes em mais de sessenta municípios.

Enchentes em Alagoas e Pernambuco em junho de 2010

18 de junho de 2010, junho e julho são os meses que mais chove em Alagoas e em Pernambuco. O meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Giovanni Dolif, classifica como raridade o que ocorreu agora nos dois estados.

“A gente teve a contribuição de três principais fatores. O primeiro deles aconteceu alguns dias antes. Foi uma frente fria que passou pela Região Sudeste do Brasil e deixou um canal, uma região, com muita umidade sobre o oceano. Segundo fator: a temperatura do oceano, que estava acima do normal, de um grau a um grau e meio, o que contribui com mais umidade. E o terceiro fator, que foi determinante, foi a propagação de uma área de instabilidade do oceano em direção à Região Nordeste”, explica o meteorologista do Inpe, Giovanni Dolif.

No estado de Pernambuco, várias cidades também foram destruídas pela chuva. No caminho, vários deslizamentos de terra, estradas destruídas e mais chuva. Chegamos a Palmares, a 130 quilômetros do Recife. No local onde funcionava um supermercado, os alimentos estão todos na rua. Tudo estragado, muitas frutas e leite. O cheiro é muito forte. As pessoas ainda estão andando de máscara.

“Foi uma coisa que veio como uma tsunami para acabar com a cidade de Palmares”, comparou o construtor de obra Jose Vieira da Silva.

Meteorologistas dizem que, antes do temporal, chovia de forma moderada havia quatro dias. Com o solo já encharcado, os rios transbordaram. Na região da tragédia, os principiais são o Mundaú e o Paraíba, que nascem em Pernambuco e passam por Alagoas. As cidades mais castigadas ficam às margens desses rios. O Mundaú, por exemplo, subiu mais de seis metros.

“Não há previsão de extremo de chuva como aconteceu. Esse fenômeno é pouco frequente. Dificilmente vai acontecer em um espaço de tempo tão próximo”, prevê o meteorologista do Inpe, Giovanni Dolif.

Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo protagonizam o maior desastre natural da história do país.

12 de janeiro de 2011 a região serrana do Rio de Janeiro enfrenta o que tem sido considerado o maior desastre natural do país. Desde 1967, em Caraguatatuba (SP), não se tinha um número tão alto de vítimas. Outros estados também sofrem com as enchentes, como São Paulo e Minas Gerais. No entanto, no estado do Rio de Janeiro, as cidades de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, Areal, São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro já somam mais de 500 vítimas fatais e um número ainda incontável de desalojados. Esta tragédia, que dá somente seus primeiros passos no socorro das vítimas, ainda não nos permite avaliar os estragos causados pela enchente e todo o trabalho que ainda será necessário realizar, mas já coloca em questão a urgência da prevenção de catástrofes climáticas no país.

De acordo com especialistas, a explicação para a repetição de tragédias no RJ é a falta de controle e planejamento no crescimento das cidades. O relevo das cidades serranas funciona como uma barreira que impede a passagem das nuvens. Concentradas, elas provocam muita chuva numa única área. A parte alta das montanhas é um terreno muito inclinado e a vegetação cresce sobre uma camada fina de terra. A água da chuva vai penetrando no solo, que fica encharcado e se descola da pedra. O volume de terra desce como uma grande avalanche, devastando o que encontra pela frente.

As chuvas que atingiram a serra do Rio estão entre as mais intensas já registradas na localidade e as de maior índice pluviométrico da história de Nova Friburgo, a cidade mais afetada. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Estado, em Petrópolis e Teresópolis, porém, o índice ficou abaixo dos recordes anteriores.

Segundo a chefe da seção de Previsão do Tempo, Marlene Leal, por causa da intensidade do temporal e a geografia da área, a "catástrofe era inevitável". "Na proporção e na intensidade com que as chuvas caíram não havia como evitar que uma tragédia acontecesse. Eu confesso que a proporção atingida - em uma área tão extensa, região montanhosa, de vale, aliada àquelas cabeças d'água que se formaram descendo em velocidade montanha abaixo em uma área imensa - me surpreendeu."

Somente em Nova Friburgo a concentração pluviométrica chegou a 182,8 milímetros em um período de apenas 24 horas. De acordo com Marlene, o recorde anterior em na cidade havia sido de 113 milímetros em um período de 24 horas, registrado em 24 de janeiro de 1964.


Antropoceno, a era geológica em que o homem 'desregulou' a Terra

Especialistas indicam que o novo período começou com a invenção da máquina a vapor

Há 200 anos a Terra vive uma nova era geológica, o Antropoceno, que começou quando o homem tomou o controle do planeta, acelerou as emissões de C02 e 'desregulou a máquina do mundo', afirma o glaciólogo francês Claude Lorius, um pioneiros dos estudos sobre o clima, em seu novo livro "Voyage dans l'Anthropocène" (Viagem ao Antropoceno, em tradução livre).

Escrito em parceria com o jornalista Laurent Carpentier, a obra discorre sobre a modificação do clima, a acidificação dos oceanos, a erosão dos solos e a biodiversidade ameaçada. "O homem é um agente determinante da vida sobre a Terra", explica o especialista de 78 anos que, em 2008, recebeu o prêmio "Blue Planet" por seu trabalho.

"Se existe um indicador da atividade humana, esse é o gás carbônico. Se queimamos uma floresta, fazemos uma fábrica funcionar, dirigimos um carro, tudo isso é CO2", assinala Lorius. O conceito de Antropoceno uma nova época geológica do Quaternário, consecutiva ao Holoceno, que começou há 10.000 anos , foi desenvolvido em 2002 pelo geoquímico holandês Paul Crutzen e desde então abriu um espaço na comunidade científica, indica Lorius.

Para Crutzen, o Antropoceno começa no ano 1784, quando James Watt inventou a máquina a vapor. O Antropoceno poderá ser acrescentado oficialmente à tabela dos tempos geológicos no 34o. Congresso Internacional de Geologia que será realizado de 5 a 10 de agosto de 2012 em Brisbane, Austrália, indica Lorius.

"Para nós, no entanto, esta nova era já é uma realidade", acrescenta o especialista em geleira, que contribui desde os anos 50 para o estudo da evolução do clima mediante a análise das bolhas de ar presas no gelo há milênios. Lorius foi um dos primeiros a vincular o aumento das temperaturas e a crescente concentração de CO2.

"Tivemos uma sorte extraordinária. Acontece que a Antártica era o melhor lugar para se dar conta de que havia um problema global com o clima", explica. Mais de 50 anos depois, o cientista admite, no entanto, que se sente pessimista quanto ao modo que a humanidade está se organizando.

"Os cientistas podem demonstrar que o planeta é uno e indivisível, que só há uma atmosfera, um oceano, mas não podem demonstrar aos homens que é de interesse comum preservar o planeta", assinala. "Reunir interlocutores com interesses tão diversos não é uma questão de ciência e sim de educação e filosofia", conclui Lorius.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011




Relatório do Greenpeace mostra como o aquecimento global já afeta o Brasil

Em março de 2004, a região o Sul do Brasil registrou um fenômeno climático inédito: o primeiro furacão formado no país. O Catarina atingiu as áreas costeiras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, causando prejuízos de mais de R$ 1 bilhão e 11 mortes.

O aparecimento de um furacão no Brasil é conseqüência do chamado aquecimento global, causado principalmente pela emissão de gases na atmosfera, que causam o efeito estufa.

As evidências científicas dos efeitos do aquecimento global em várias regiões do Brasil estão no relatório Mudanças do Clima, Mudanças de Vidas, lançado hoje (23) pela organização não-governamental Greenpeace.

“Com relação a furacões, o Atlântico Sul era considerado uma zona livre de furacões até a ocorrência do furacão Catarina em 2004. E algumas instituições de pesquisa, como as do Reino Unido, por exemplo, mostram que no futuro pode ser a rota (Atlântico Sul) de novas tempestades fortes e até mesmo furacões, entre o Sul do Brasil e o Rio de Janeiro”, afirma o coordenador no Brasil da Campanha de Clima do Greenpeace, Carloss Rittl.

De acordo com o Greenpeace, os Estados Unidos são o país que mais emite gás carbônico na atmosfera, um quarto do total de emissões do mundo. O Brasil ocupa a quarta posição no ranking dos poluidores. Por aqui, o desmatamento da Amazônia é o principal responsável pela emissão brasileira de CO².

“O Brasil é hoje o quarto maior emissor, 75% dessas emissões vêm da destruição das nossas florestas, ou seja, é um problema que nos expõe porque perdemos florestas, biodiversidade, temos conflitos sociais e também prejudicamos o clima”, afirma Rittl.

O relatório também aponta como conseqüência do efeito estufa o aumento de 0,7° C na temperatura global nos últimos 100 anos, cujo principal efeito mundial é o derretimento das geleiras nos Pólos e aumento do nível do oceano.

O objetivo do relatório, segundo Rittl, é mostrar que o Brasil também é um país vulnerável e que um cenário pior poderá acontecer se a população não se conscientizar e se precaver.

O documento do Greenpeace oferece sugestões para os governos, as indústrias e os cidadãos evitarem os efeitos das mudanças climáticas no Brasil. Para a Ong, é possível mudar padrões de produção e consumo.

“Os indivíduos são consumidores de energia, então nós temos que ter responsabilidade no uso de energia, temos que economizar energia na nossa casa, temos que priorizar quando o transporte coletivo for de qualidade e somos também consumidores de produtos florestais, uma mesa ou armário da nossa casa, a gente pode buscar informação se aquela madeira que formou aquele móvel ela teve origem ou não numa área de floresta que foi destruída”, exemplifica.

Outra sugestão do relatório é para que o país utilize fontes limpas de energia, como a solar e a eólica (dos ventos), que diminuam a quantidade de emissões de gases poluentes. “A gente não pode esquecer que o Brasil está crescendo e que precisa de maior geração de energia. A gente tem que investir em fontes renováveis de energia, que são ricas e abundantes no Brasil, como a energia solar e a energia eólica, que a gente investe ainda muito pouco”.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011