quinta-feira, 26 de novembro de 2009


Teologia da Enxada



Em 1969, um grupo de 10 estudantes de Teologia decidiu ensinar e estudar a teologia de maneira nova, por meio de diálogos com os agricultores e as famílias camponesas. Durante três anos, os jovens viveram no interior e se dedicaram ao trabalho no campo e ao estudo da teologia. Dessa experiência se originou a Teologia da Enxada.

"Nós buscávamos entender as aspirações populares, ou seja, existia uma inversão, pois, ao invés de dialogarmos com outras correntes teológicas nós conversávamos com o povo. E o diálogo é base fundamental da Teologia da Enxada. Nosso intuito era transmitir a Teologia de forma adequada. Essa era uma maneira de devolver o que estudávamos", explica João Batista.

Diferente do que alguns acreditam a Teologia da Enxada não provém diretamente da Teologia da Libertação. Elas são apenas próximas, conforme esclarece João batista. A doutrina é exclusivamente bíblica, de modo a evitar todas as abstrações e conceitos filosóficos, já que estes elementos não pertencem à cultura popular. Neste movimento é falada a linguagem dos pobres para que estes possam ser os propulsores de sua própria luta e história.

Passados 40 anos, diversas pessoas se uniram ao movimento e abraçaram a Teologia da Enxada para experimentar um novo modo de viver e para repassá-la aos pobres. Atualmente, muitas iniciativas de formação e associações missionárias do Nordeste têm a sua inspiração nessa nova forma de pensar e agir.

"Comemorar os 40 anos da Teologia da Enxada significa dar um aceno para a Igreja e para a sociedade no sentido de alertar para a importância do protagonismo dos pobres e dos excluídos na caminhada da Igreja", comenta o teólogo José Batista, um dos fundadores da Teologia da Enxada.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


"gladiador anti-imperialista"


"Com estas duas banderas hasteadas, a do Irã e a da Venezuela, símbolos livres de países livres, bandeiras revolucionárias, estamos aqui para dar as boas-vindas ao irmão Mahmud Ahmadinejad", disse Chávez no pátio do palácio presidencial de Miraflores.
"Eu o chamaria até de gladiador das lutas anti-imperialistas, exemplo de firmeza, de constância, de batalha pela liberdade de seu povo, pela grandeza da pátria persa, da pátria iraniana. A pátria de Bolívar dá-lhe as boas-vindas", acrescentou.Chávez e Ahmadinejad, que desenvolveram uma estreita relação política nos últimos anos, cumprimentaram-se com um forte abraço, antes das honrarias militares.
"Dou graças a Deus todo-poderoso pela oportunidade de apresentar-me outra vez na Venezuela revolucionária, com meus amigos revoucionários", declarou Ahmadinejad.
O presidente iraniano também fez elogios a Chávez, a quem chamou de "irmão valente" e de homem "que resiste como uma montanha", afirmando que os dois países "ficarão juntos até o final".
"Hoje, os povos venezuelano e iraniano, dois irmãos e amigos na trincheira da luta contra o imperialismo, estão resistindo", declarou o líder iraniano após ser recebido por Chávez.
"O papel de Hugo Chávez neste segundo despertar dos povos latino-americanos é admirável. É um grande homem revolucionário. Eu sou seu irmão e seu amigo, e para mim é uma honra. Vamos ficar juntos até o final", acrescentou Ahmadinejad, tomando as mãos de seu anfitrião e abraçando-o diante das câmaras.

"Nós aqui nos sentimos em casa. O povo iraniano e venezuelano formaram uma frente comum diante das arrogâncias do imperialismo mundial. Uma frente que resiste com valentia perante os inimigos dos povos do mundo", estimou Ahmadinejad.
Segundo o líder iranino, que acaba de visitar o Brasil e a Bolívia, há uma revolução acontecendo na América do Sul, onde há um futuro brilhante que "pertence aos povos".
"Vamos estar juntos com dignidade, resistência, consciência e inteligência. Dou graças a Deus por estar aqui, entre meus irmãos, com um grande povo resistente. Estamos no início do caminho para o topo", considerou Ahmadinejad. "Viva a Venezuela, viva Chávez", concluiu o presidente iraniano, falando em espanhol.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009


Paraguai acusa brasileiros de bombardear índios com veneno

A ministra paraguaia da Saúde, Esperanza Martínez, confirmou que mais de 200 indígenas da comunidade Avá-Guarani foram envenenados por agrotóxicos despejados por um avião de origem brasileira na cidade de Itakyry, a 380 quilômetros da capital, Assunção. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ordenou abertura de inquérito sobre o caso.
"Foi constatada a intoxicação de membros das cinco comunidades indígenas assentadas na localidade de Itakyry, vítimas de pulverizações de um avião com substâncias tóxicas", anunciou um comunicado da Secretaria Ambiental. Segundo Esperanza, "os nativos foram banhados por um líquido lançado de um avião".
A ministra informou que as pessoas atingidas estão sofrendo de sintomas característicos de envenenamento por agrotóxicos, como enjôos, vômitos e dores de cabeça. Ela ainda anunciou a existência de danos ambientais, que seriam comprovados por fotografias. A região afetada soma 15 mil hectares de terras que são alvo de disputas entre produtores de soja brasileiros e indígenas paraguaios. Por diversas vezes, os proprietários de terra tentaram desalojar os índios, que resistem. Segundo o governo, este é um problema para o Estado, já que os chamados “brasiguaios” alegam ter comprado a terra “com os índios dentro”.
O Indi (Instituto Nacional do Indígena do Paraguai) acusou os produtores de terem fumigado o local com a intenção de desalojar a população, que reivindica o direito ancestral à terra. O sociólogo paraguaio Ramón Fogel contou ao Opera Mundi que não é a primeira vez que índios são atacados na região. “A diferença é que, dessa vez, a doença é crônica”, diz. Segundo Fogel, este problema é antigo e permanente e afeta quase todas as comunidades indígenas da região leste do país.
De acordo com o sociólogo, os fazendeiros consideram a população pobre indígena como um incômodo. “Eles querem progresso, precisam de mais dinheiro e, para eles, os nativos atrapalham esse objetivo”, acusa.
Defesa
A advogada Nidia Silvero de Prieto, que representa os fazendeiros brasileiros, negou as acusações do governo paraguaio e declarou que a incriminação faz parte de uma campanha governamental para tentar tirá-los das terras. Ela também disse que os “brasiguaios” possuem títulos de propriedade, e que os índios vêm ocupando a região apenas nos últimos nove meses.
Fogel, no entanto, contesta a afirmação e diz que os Avá-Guarani são nativos das terras de Itakyry. A legalidade da terra continua em julgamento. Os produtores brasileiros ganharam uma ordem para expulsar os indígenas, que por enquanto está adiada.
Tratores
A promotoria da região constatou que o fazendeiro brasileiro Alair Afonso violou a lei ambiental, já que sua propriedade não conta com barreiras vivas de proteção, nem faixas de 100 metros entre o cultivo e a comunidade. Diante das acusações, Afonso foi chamado para depor esta manhã na
Promotoria do Meio Ambiente de Ciudad del Este, mas não se apresentou. Funcionários da secretaria do Meio Ambiente viajaram para a região para investigar denúncias de outros danos, como o caso de uma escola e um cemitério indígenas que teriam sido destruídos por tratores.

A terra do povo Ayoreo está sendo rapidamente destruída para a produção de carne bovina


O único povo indígena isolado na América do Sul cujas terras ficam fora da região amazônica, está vendo sua floresta ser rápida e ilegalmente destruída por pecuaristas em busca de terras para a criação de gado.

Os Ayoreo-Totobiegosode são os únicos índios isolados no mundo que estão perdendo suas terras para a indústria pecuária.
As atividades dos pecuaristas foram reveladas por fotos de satélite tiradas em 1o de novembro.

Desde o dia 2 de novembro, uma campanha produzida pela Survival International, expondo o desmatamento, tem sido veiculada na Radio Nanduti, emissora paraguaia de grande porte.
Os pecuaristas, da empresa brasileira Yaguarete Pora S.A., mantêm suas operações nas terras dos Ayoreo-Totobiegosode apesar de sua licensa ter sido suspensa, por desmatamento ilegal, pelo Ministério de Meio-Ambiente paraguaio em agosto.

Eles estão desmatando a floresta, a terra do povo Ayoreo-Totobiegosode, usando escavadeiras supostamente pertencentes a Jacobo Jauenhowen, dono de uma grande empresa de maquinário numa comunidade menonita próxima à aldeia indígena.
“Essa é uma séria ameaça aos Totobiegosode. O desmatamento ilegal conduzido pela Yaguarete no Paraguai está tendo continuidade sem controle algum”, afirmou a ONG paraguaia GAT, que vem trabalhando para proteger as terras dos Ayoreo.

No ano passado, a Yaguarete, juntamente com outra empresa brasileira, a River Plate S.A., destruiu milhares de hectares de terra dos indígenas.
Uma parte dos Totobiegosode mantém contato com não-índios e tem parentes entre aqueles que permanecem isolados.

O diretor da Survival, Stephen Corry, disse hoje: “Os Totobiegosode são os índios isolados mais vulneráveis no mundo. Uma tragédia está acontecendo diante de nossos olhos – e das lentes da camera do satélite. O Presidente Lugo não pode cruzar os braços e observar enquanto o povo mais vulnerável do Paraguai vê suas casas e modos de vida serem aniquilados.
Texto do anúncio na Radio Nanduti, emissora paraguaia:

‘Incrível, porém verdade! Nas terras mais remotas da região norte do Chaco vivem índios que nunca antes tiveram contato com o mundo exterior. Eles são os Ayoreo-Totobiegosode. Milhares de hectares de suas florestas já foram destruídos e agora pecuaristas brasileiros estão enviando escavadeiras para destruir ainda mais, sem permissão do Governo.

As consequências para os Totobiegosode serão catastróficas: doenças mortais, a perda de suas terras e culturas, o fim de seu mundo.

Para mais informações, visite www.alertaparaguay.com

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Indígenas entram em conflito com produtores no Paraguai


Uma senadora paraguaia e um produtor rural foram agredidos ontem por indígenas em uma área situada no distrito de H, a 70 quilômetros da fronteira de Ciudad del Este e Foz do Iguaçu. A senadora fazia parte de uma co­­mitiva formada por quatro par­­lamentares que foram até o local averiguar denúncias de que sojicultores brasileiros e paraguaios haviam intoxicado os índios por disputa de terra.

Armados com arco e flecha, os índios fizeram uma barreira na entrada da propriedade e im­­pediram o acesso de qualquer brasileiro no local, inclusive a imprensa. O trânsito era livre somente para jornalistas e parlamentares paraguaios. O produtor rural paraguaio Luiz Alberto Jacquier tentou furar o bloqueio e recebeu uma pedrada.
A senadora Maria Digna Roa, do Partido Colorado, de oposição ao governo, recebeu uma paulada durante a reunião com os in­­dígenas. “Is­­so é um insulto contra os senadores porque viemos conversar. Os índios estão com lavagem cerebral”, diz.
A senadora Sulma Gómez, do PRLA, que pertence à base de apoio ao governo, disse que a reunião não surtiu resultado. “Não houve acordo porque os índios estão sendo usados por gente do governo que busca confrontação com o setor produtivo”, diz.
Tam­­bém integravam a comitiva os senadores Marciel Gon­­zález e Ana Maria Mendon­za, do partido Pátria Querida.

Os índios ocupam desde fevereiro deste ano uma área equivalente a 2.638 mil hectares que corresponde a terras de nove produtores rurais brasileiros e paraguaios. Eles acusam os sojicultores de terem pulverizado a propriedade com um avião no mês passado, o que teria causado intoxicação em várias pessoas da comunidade. Jornalistas paraguaios que tiveram acesso à propriedade disseram que os indígenas dormem em barracas e não plantam no local porque a justiça impediu qualquer cultivo até que a situação seja resolvida. Eles ainda alegaram à imprensa paraguaia que representam cinco comunidades e possuem título da terra.

Os produtores rurais alegam que os índios estão sendo manipulados e têm apoio do governo porque a Justiça já concedeu reintegração de posse da área, mas a polícia não cumpriu.
No Paraguai há 23 anos, o produtor rural Mário Schimit nunca passou por uma situação difícil, mas agora está há oito meses sem poder trabalhar. Já perdeu a safrinha, plantação de milho e trigo deste ano, e, se não plantar soja em 15 dias, terá mais prejuízo. Atual­­mente Schmit mora de favor com uma filha em Ciudad del Este. “O prejuízo é incalculável. Mais de US$ 100 mil”, conta.

Os produtores prejudicados formaram uma co­­missão e pretendem pedir indenização ao governo paraguaio para ressarcimento das perdas. A ação está calculada em mais de US$ 4 milhões.
O produtor brasileiro Carlos Augusto Nóbile, que está há mais de 30 anos no Paraguai, ar­­gumenta que todos os fazendeiros têm escritura da terra, em­­bora os indígenas também apresentem a de­­les. “A escritura dos índios é fria, fabricada”.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009



Vinte anos depois de Berlim, palestinos derrubam pedaço do muro de Israel


Um grupo de palestinos derrubaram nesta segunda-feira um pedaço do muro de separação erguido por Israel na Cisjordânia para evitar ataques terroristas, no mesmo dia em que a Alemanha festeja o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim.

Algumas dezenas de palestinos, ajudados por ativistas estrangeiros pró-Palestina, se reuniram nesta data de propósito, para fazer uma analogia do que chamam de "muro do apartheid" com a barreira que dividia a capital alemã.

"Um grupo de 150 militantes foi ao muro perto de Qalandiya e derrubou uma parte por ocasião do 20º aniversário da queda do Muro de Berlim", declarou Abdala Abu Rahma, ativista palestino.

O exército israelense interveio imediatamente e dispersou los manifestantes, que responderam jogando pedras.
Dois palestinos foram detidos.

A barreira de segurança terá, quando concluída, uma extensão de 709 quilômetros, dos quais 85% estarão na Cisjordânia, segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
Ainda de acordo com esta agência, 60% do traçado do muro foi construído até agora.

20º aniversário da queda do Muro de Berlim

O Muro começou por dividir a Alemanha em duas. A Federal e a Democrática. Uma a ocidente, outra a leste. Era assim o Mundo em 1961, quando na noite de 12 para 13 de Agosto, Berlim foi dividida em duas. De início nem um muro era, apenas uma cerca com arames que dividia em duas partes a cidade de Berlim. De um lado estava o Ocidente, do outro o Bloco de Leste. Um lado mais próximo dos EUA, o outro da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, dirigida a partir de Moscovo, na Rússia. A divisão física feita na Alemanha simbolizava a divisão do Mundo na perfeição. De um lado, a OTAN, do outro o Pacto de Varsóvia.

Dos 155 quilómetros iniciais, restam 1300 metros. Foram mantidos como memorial da divisão. Com o nome de Galeria do lado leste, o que resta do Muro foi pintado com grafitti por artistas de todo o planeta e é hoje um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.

Demorou menos de um ano a reunificação da Alemanha. O processo teve início em Julho de 1990 e ficou concluído a 3 de Outubro, com a entrada em vigor do Tratado de Unificação, que viria a fazer de novo de Berlim a capital do país.Hoje, a Alemanha é liderada por Ângela Merkel, uma mulher que cresceu na RDA e Berlim acabou por tornar-se o motor da união da Europa, com a inclusão de vários países que antes pertenceram ao pacto de Varsóvia na União Europeia.

A chanceler alemã Angela Merkel, o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachov e o ex-líder sindical polonês Lech Walesa cruzaram nesta segunda-feira o "checkpoint" simbólico do Muro de Berlim, aberto pela primeira vez há 20 anos.
Um ato ecumênico na igreja de Gethsemani, em Berlim Oriental, um dos redutos da dissidência e das manifestações que, em 9 de novembro de 1989, obrigaram a Alemanha comunista a desaparecida República Democrática da Alemanha (RDA) a abrir suas fronteiras.
"Não é um dia de festa só para a Alemanha, mas para toda a Europa e para as pessoas que conquistaram mais liberdade, desde a Rússia a até muitas outras partes do mundo", disse a chanceler,

A queda do Muro foi o "resultado de uma longa história de falta de liberdade e de luta contra esta falta de liberdade. Na Alemanha, não fomos os primeiros mas estávamos lá quando a Guerra Fria terminou", acrescentou a chanceler, referindo-se aos esforços da Polônia e da Hungria por libertar-se do jugo comunista.

«Aqueles que tiveram o privilégio de viver aqueles dias, com a emoção dos que acreditam na força da democracia e da liberdade, têm o dever de fazer desta celebração um momento de reconfirmação do compromisso com a permanente dignificação dos ideais que conduziram à queda do Muro de Berlim»,

«Será essa a melhor forma de estar à altura do exemplo dos que nunca se resignaram perante a brutal separação para que remetia o 'muro da vergonha', edificado em nome do medo e contra a liberdade»

Os alemães de Leste consideram que a reunificação da Alemanha, 20 anos passados sobre a queda do muro de Berlim, continua sem ser consumada. Uma sondagem revela ainda que a maioria se sentia bem na extinta República Democrática Alemã.O estudo, citado pela TSF, mostra que 50 por cento dos cidadãos da antiga Alemanha de Leste, de regime comunista, lamentam diferenças reais do nível de vida.
Com a queda do muro, o desemprego cresceu e é agora maior do que na Alemanha Ocidental.Na realidade, continuam a existir dois países: o Leste tem salários mais baixos e o PIB é de apenas um terço, comparativamente com o lado ocidental. A saudade é o sentimento expresso por 12 por cento dos inquiridos face à RDA.
Há outros 12 por cento de alemães de Leste que defendem a reconstrução do muro e há quem acuse o Ocidente de arrogância. Ainda assim, cerca de 20 por cento consideram, segundo a sondagem, que a reunificação vai no bom caminho.

Chávez pede que Venezuela se prepare "para a guerra"



O presidente venezuelano Hugo Chávez afirmou que os líderes militares devem estar preparados "para a guerra" e pediu aos cidadãos que "defendam a pátria" contra futuros ataques que poderiam ser orquestrados pelos Estados Unidos através da Colômbia.
"Não vamos perder um dia na nossa principal missão: nos preparar para a guerra e ajudar as pessoas a se preparar para a guerra, porque isso é responsabilidade de todos", disse Chávez durante seu programa semanal de rádio e televisão, "Alô Presidente".
"Senhor comandante da guarnição militar, batalhões da milícia, treinemos. Estudantes revolucionários, trabalhadores, mulheres: todos prontos para defender esta terra sagrada chamada Venezuela", acrescentou.
Chávez, criticando novamente o acordo militar assinado nos últimos dias entre os EUA e a Colômbia, pediu o seu colega americano Barack Obama que evite cair na tentação de uma agressão contra a Venezuela.
"Senhor presidente Obama, não vá cometer o erro de realizar uma agressão contra a Venezuela através da Colômbia (...) Porque nós estamos prontos para qualquer coisa e a Venezuela não é nem nunca vai ser uma colônia ianque".
Chávez sustenta que o acordo de cooperação militar assinado no mês passado entre Bogotá e Washington permitindo aos Estados Unidos o uso de sete bases em território colombiano constitui esse sim uma “agressão directa”, vendo nele uma potencial invasão da Venezuela por parte do exército norte-americano.

Ambas as administrações colombiana e dos Estados Unidos rejeitaram esta ideia, alegando que a cooperação entre os dois países se destina exclusivamente ao combate ao tráfico de drogas e contra a guerrilha dos rebeldes marxistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).


O Governo colombiano vai denunciar junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos as “ameaças de guerra” feitas pelo Presidente venezuelano, Hugo Chávez,

segunda-feira, 2 de novembro de 2009



O democrata Barack Obama foi eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país.

Protestante e descendente de mulçumano, Barack Obama, de 47 anos, é o primeiro negro a concorrer à Casa Branca por um grande partido. Seu nome significa “abençoado” em suaíli, uma das línguas do Quênia, onde estão suas raízes familiares. A carreira parlamentar começou em 1996, em Illinois. Ele é casado há 16 anos e tem duas filhas.

Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador.

Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.
Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano McCain.

O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte-americana que assola as Bolsas de todo o mundo.
O voto popular, porém, ainda precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano. Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.
Economia

A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.

Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.
Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.

Recordes

A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas
da história da política americana.
"Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.

Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.

"Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.

O primeiro Presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, felicitou Barack Obama pela vitória nas presidenciais norte-americanas e acrescentou que esta escolha é um exemplo de que todos podem «sonhar» em mudar o mundo.

"A sua vitória demonstrou que ninguém, em todo o mundo, deve ter medo de sonhar em mudar o mundo para o tornar melhor", escreveu Mandela numa carta dirigida ao senador do Illinois, na qual lhe desejou também «força e coragem» para os próximos anos.

«Estamos convencidos de que conseguirá finalmente realizar o seu sonho de fazer dos Estados Unidos da América um parceiro integral na comunidade de nações, que se consagra à paz e à prosperidade para todos», acrescentou o herói da luta contra o «apartheid» e prémio Nobel da Paz.

Mandela afirmou «confiar que combaterá igualmente e em todo o lado o flagelo da pobreza e da doença», sublinhando que aplaudia o seu «compromisso para com a paz e a segurança no planeta».

crise do capitalismo


Fundado em 1850 por três judeus imigrantes da Alemanha, o Lehman Brothers é há décadas um proeminente banco de investimentos de Wall Street.
Suas operações são com governos, companhias e outras instituições financeiras e emprega 25 mil pessoas em todo o mundo.

Seu principal negócio é a compra e venda de acções e activos de renda fixa, pesquisa, gestão de investimentos e fundos. Desde o início da crise nos mercados financeiros, a instituição viu o valor da sua acção encolher de US$ 82 para menos de US$ 4, uma queda de 95%.

O Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, pediu concordata após incorrer em perdas bilionárias em decorrência da crise financeira global.
Temores de que a carteira de activos do banco, em grande parte ancorada em valores hipotecários, valia muito menos do que o originalmente estimado minaram a confiança na instituição de 158 anos.

Lehman Brothers viu suas acções caírem mais de 95%.

O Lehman Brothers é considerado um dos maiores operadores de empréstimos a juros fixos de Wall Street e havia investido fortemente em títulos ligados ao mercado do chamado "subprime", o crédito imobiliário para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência.
Com esses investimentos agora considerados arriscados demais, analistas dizem que era inevitável que aumentasse a desconfiança em relação ao Lehman Brothers --particularmente depois do colapso do banco Bear Stearns, no início do ano.


Em 15 de Setembro de 2009, Lehman Brothers, considerado na época o quarto maior dos Estados Unidos no setor, anunciava o seu pedido de concordata. Falhava assim a tentativa das autoridades norte-americanas de evitar a contaminação do mercado financeiro e explodiu a crise do capitalismo mundial, iniciada no sistema hipotecário do país.

Um dia antes, um domingo, autoridades financeiras e de grandes instituições tentaram uma saída, sem sucesso, para socorrer o banco, fundado há 159 anos. A decisão pela concordata e o anúncio de um prejuízo de US$ 3,9 bilhões provocou instabilidade nas bolsas de valores do mundo todo, levando pânico aos operadores do mercado financeiro.

Dias antes, o Bank of America, numa operação de US$ 50 bilhões, tinha adquirido a Merryl Linch e acreditava-se que um operação parecida poderia salvar o Lemon, mas isso não ocorreu, pois o Barcley da Inglaterra deu para trás. No dia 15 de setembro, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresentou desvalorização de 7,59%, a maior queda desde os ataques de 11 de setembro de 2001, quando a baixa foi superior a 9%.

Em todo o mundo os bancos centrais começaram a adotar medidas para socorrer suas economias e o Brasil, que passava ao largo da crise, entrava em estado de alerta. Nessa semana anterior, se reuniu no Brasil o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para definir a taxa básica de juros. O cenário externo fez com que o comitê elevasse a taxa básica de juros, a Selic, de 13% para 13,75%, mesmo nível de outubro de 2006. Na ocasião, a direção do BC avisou em sua ata da reunião divulgada uma semana depois que a " percepção de risco sistêmico permanecia elevado" por conta da "severa" crise financeira internacional.

O risco sistêmico ocorre quando há temor de que uma instituição financeira não tenha recursos suficientes para pagar a outra, causando um "efeito dominó", ou seja, levando ao colapso toda a estrutura de bancos e financeiras. O comitê considerava que a intervenção do governo dos Estados Unidos em grandes empresas de financiamento imobiliário poderia " ser vista como condição necessária, mas provavelmente não suficiente, para a superação da crise".

A ata da reunião registrava que o crescimento das economias emergentes continuava forte e até aquele momento aparentemente havia sido afetado de forma limitada pela crise hipotecária nos EUA, "constituindo contraponto aos efeitos da desaceleração das economias maduras". Por outro lado, especialistas ouvidos pela

Agência Brasil afirmavam que a crise nos Estados Unidos estavam longe do fim.
O custo do crédito começava a aumentar no Brasil, por causa da dificuldade de captação externa por conta da crise. Os bancos, que anteriormente captavam recursos no exterior a custo mais baixo, com o agravamento da crise nos Estados Unidos começavam a recorrer aos recursos no mercado interno.

Com isso, o BC adotou medidas para tentar aumentar a liquidez (recursos disponíveis na economia), como redução de depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC) no total de R$ 99,8 bilhões durante a crise, estímulos para que bancos grandes comprassem carteiras de médios e pequenos, uso das reservas internacionais para em linhas de crédito, autorização para que bancos oficiais comprassem ações de instituições financeiras privadas sem licitações, venda de dólares das reservas internacionais, entre outras ações.

Mas as crises não são novidade no campo da economia. O pensador Karl Marx (1818-83) formulou algumas ideias sobre crises, medidas de valorização do capital e até sobre o comércio exterior e o mercado de ações, que podem ser encontradas em obras como "O Capital" e "Teorias da Mais-Valia".


CRISES E FINANÇAS

Durante muito tempo, Marx foi um dos raros autores que se preocupou com o fenômeno das crises econômicas, considerando-as inevitáveis e inerentes ao sistema capitalista. A maioria dos economistas insistia na capacidade harmonizadora do mercado, relegando as crises a um segundo plano, como algo apenas casual e externo. Outros - mais respeitados por Marx, como Ricardo ou o suíço Sismonde de Sismondi (1773-1842) - até reconheciam a importância delas, mas as concebiam como um limite com o qual o sistema econômico deveria saber lidar. Depois, até em todo o século 20, registra-se um movimento pendular entre fases de predomínio teórico do harmonicismo e fases em que crises violentas, como a de 1929 ou a dos anos 1970, forçaram a incorporação delas ao pensamento econômico aceito pela tradição acadêmica e de instituições oficiais.

Mesmo nesse caso, contudo, as crises se revestem de um caráter funcional, entendidas como mal necessário ou como crises de crescimento, ou ainda, na melhor das hipóteses, como indicadores da incapacidade do setor privado resolver seus problemas sem a intervenção do Estado.

Na teoria de Marx, por outro lado, elas revelam a emergência da dimensão negativa de um sistema marcado pela contradição. Ao contrário do pensamento econômico tradicional, aqui a crise está intimamente associada à crítica. Mas não a uma crítica subjetiva de alguém que analisa de fora e condena, e sim a uma crítica objetiva: desnudando a dimensão negativa no mau funcionamento do sistema, indica-se como o próprio sistema realiza uma espécie de autocrítica.

Se o capital é valor que se valoriza, os momentos em que ele desvaloriza o valor existente de maneira inevitável, comprometendo assim a base de seu crescimento, são momentos em que ele mesmo se contradiz, negando as condições de sua existência.
Dito desse modo parece pouco problemático. Mas a teoria das crises de Marx permitiu leituras diversas e conflitantes até entre seus seguidores. Houve quem as atribuísse a meros desequilíbrios entre os setores da economia, ou a uma incapacidade crônica da produção criar mercados, devido às condições antagônicas da distribuição dos produtos no capitalismo; houve ainda os que as circunscreviam ao âmbito financeiro, como se o da produção já não fosse contraditório.

A controvérsia surgiu da forma complexa de apresentação das categorias na teoria de Marx. Há passagens que justificam uma ou outra das interpretações, e na seqüência a desacreditam. O problema pode ser equacionado, no entanto, levando-se em conta o todo da obra e, principalmente, o projeto de Marx desdobrar cada forma do sistema como resultado da negatividade das formas anteriores, indo do mais geral ao mais específico e intrincado.

Em primeiro lugar, então, é preciso retomar o aspecto geral. No final do capítulo 3 foi citado um texto que pode servir muito bem nesse sentido: "O capital é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, sugando trabalho vivo e que vive tanto mais quanto mais trabalho vivo suga". Vimos como essa passagem sintetiza bem a contradição constitutiva do capital em sua relação com a força de trabalho. Mas um aspecto central deve agora ser acrescentado. É que, ao comprar e incorporar a força de trabalho, o capital está também se apropriando da capacidade de medir o valor, que o trabalho abstrato possui numa sociedade de troca de mercadorias. O capital adquire com isso não só a propriedade de se valorizar como a de medir essa valorização; ele se valoriza e se mede.

Mas a sua relação com a mensuração é contraditória, como também sua relação com a valorização, porque ambas derivam da oposição entre capital e trabalho. Ao mesmo tempo que integra a força de trabalho, o capital também precisa negá-la, substituindo-a por máquinas; ou seja, ao mesmo tempo que adquire a capacidade de se medir, o capital reitera que essa capacidade pertence a um agente que ele mesmo põe como seu oposto. Perde então as suas medidas.

Em todos os níveis da apresentação das categorias de O Capital, aparece essa determinação contraditória da medida e da desmedida. É por ela que vão se definindo em cada nível os distintos conceitos de crise. Se algum deles for isolado dos demais, pode parecer que oferece a única definição possível, invalidando as outras - caminho seguido por grande parte das intérpretes de Marx. Mas, de fato, também o conceito de crise obedece à forma da apresentação que vai do mais geral ao mais complexo, também ele vai enriquecendo seu conteúdo junto com o conceito de capital.

Marx faz questão de indicar a possibilidade de crise já no nível da produção e circulação de mercadorias, refutando qualquer pretensão de que o mercado pudesse ser sempre harmônico. Aqui, a medida aparece na passagem fluida entre compras e vendas, quando há correspondência entre as quantidades do que se produz e do que se demanda; a desmedida, ao contrário, é quando não ocorre tal correspondência, interrompendo o movimento.

A forma desse movimento é descrita por Marx em termos que valem também para as fases seguintes da apresentação: "[] o percurso de um processo através de duas fases opostas, sendo essencialmente, portanto, a unidade das duas fases, é igualmente a separação das mesmas e sua autonomização uma em face da outra. Como elas então pertencem uma à outra, a autonomização só pode aparecer violentamente, como processo destrutivo. É a crise, precisamente, na qual a unidade se efetua, a unidade dos diferentes".

A compra e a venda de mercadorias, em primeiro lugar, são as "fases opostas" do processo em que se vende para comprar. Como se realizam pela mediação do dinheiro, elas assim se "separam e autonomizam uma em face da outra", podendo não coincidir. Mas a crise não assinala simplesmente o momento negativo, da não coincidência, e sim a impossibilidade de que essa situação permaneça por muito tempo.

Como as fases de compra e venda se diferenciaram por força de um processo único, que dialeticamente tem de se realizar mediante sua diferenciação em duas fases, chega um momento em que essa autonomia não pode prosseguir. A unidade do processo se afirma, mas como reação violenta à autonomização das fases. No mercado como um todo, a discrepância possível entre compras e vendas precisa ser corrigida e, quando isso acontece, verifica-se a incompatibilidade entre os valores daquilo que se comprou e agora tem de pagar com o dinheiro de uma venda que pode não ocorrer. Segue-se um ajuste violento de contas, e valores simplesmente desaparecem.

Essa forma geral da crise se reapresenta quando a finalidade é definida pelo capital como a de "comprar para vender". A discrepância ocorre no mercado de trabalho, ou nas compras e vendas recíprocas dos vários setores em que se divide a produção entre os capitalistas, ainda mais considerando que tudo isso se realiza pela concorrência. A discrepância de valores significa então que alguns terão prejuízo, talvez grande, vindo a falir. Parte do capital existente se desvaloriza, negando o próprio conceito de valor que se valoriza.