segunda-feira, 2 de novembro de 2009



O democrata Barack Obama foi eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país.

Protestante e descendente de mulçumano, Barack Obama, de 47 anos, é o primeiro negro a concorrer à Casa Branca por um grande partido. Seu nome significa “abençoado” em suaíli, uma das línguas do Quênia, onde estão suas raízes familiares. A carreira parlamentar começou em 1996, em Illinois. Ele é casado há 16 anos e tem duas filhas.

Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador.

Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.
Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano McCain.

O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte-americana que assola as Bolsas de todo o mundo.
O voto popular, porém, ainda precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano. Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.
Economia

A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.

Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.
Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.

Recordes

A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas
da história da política americana.
"Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.

Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.

"Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.

O primeiro Presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, felicitou Barack Obama pela vitória nas presidenciais norte-americanas e acrescentou que esta escolha é um exemplo de que todos podem «sonhar» em mudar o mundo.

"A sua vitória demonstrou que ninguém, em todo o mundo, deve ter medo de sonhar em mudar o mundo para o tornar melhor", escreveu Mandela numa carta dirigida ao senador do Illinois, na qual lhe desejou também «força e coragem» para os próximos anos.

«Estamos convencidos de que conseguirá finalmente realizar o seu sonho de fazer dos Estados Unidos da América um parceiro integral na comunidade de nações, que se consagra à paz e à prosperidade para todos», acrescentou o herói da luta contra o «apartheid» e prémio Nobel da Paz.

Mandela afirmou «confiar que combaterá igualmente e em todo o lado o flagelo da pobreza e da doença», sublinhando que aplaudia o seu «compromisso para com a paz e a segurança no planeta».

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