quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


RELIGIÕES, ECOLOGIA E SUSTENTABILIDADE



“E Deus viu que tudo era bom” (Gn 1,10). Esta exclamação – a cada dia da criação, até a modelagem do ser humano à “imagem e semelhança” divina (Gn 1,26) – faz do cosmos, da Terra e suas criaturas um hino vivente à glória de Deus. Mais que evidência do passado, o Livro das Origens é maquete do futuro, projetado por Deus para realizar-se em beleza e bondade, justiça e paz. Toda a humanidade partilha a condição adâmica de ser, ao mesmo tempo, filho da Terra e filho do Céu; finito aberto ao Infinito; sujeito aberto ao Outro; criador com o Criador; hermeneuta do Absoluto que se diz na luz dos astros, na força do vento, no esplendor do fogo, na potência das marés, no ciclo da lua, no devir das estações, no benefício das colheitas e, sobretudo, na face do próximo, seu semelhante.

Herdeira das Escrituras, iluminada pelo Paráclito e atenta aos sinais dos tempos, a comunidade cristã soube ler no universo a “palavra divina” inscrita pelo Verbo. Paulo admite a revelação do Criador mediante as criaturas (Rm 1,19-20), como tinha advertido Ben Sirac (Sab 13,5). A tradição patrística posterior reconheceu a sacramentalidade do universo, em cujo tempo e espaço se desenrola a Historia Salutis decretada pelo Pai, consumada pelo Filho e presidida pelo Espírito Santo. Da natureza a Igreja colhe os dons excelentes do trigo, da videira, das águas, da oliveira, do fogo e do labor das abelhas para celebrar este mysterion, como canta o precônio pascal. No período medieval, Hidegarda de Bingen descreve as propriedades terapêuticas da subtilitas naturae em sua obra Physica (1150) e trata densamente da harmonia celeste, dos elementos naturais e da condição humana no mundo em seu admirável Liber divinorum operum (1174); pouco depois Hérade de Landsberg conclui o Hortus delitiarum, compêndio sobre a Trindade, a humanidade e a criação (1185); Francisco de Assis compõe o Cantico di Frate Sole (1224) e Boaventura diz ter encontrado vestigia Dei nas criaturas (1259).

Chega a Modernidade, com seu impulso científico-tecnológico-industrial. As teorias da evolução, da relatividade e da psicanálise ganham espaço; impera a razão instrumental; a comunicação avança; a medicina progride; a humanidade chega mesmo a sonhar com a panacéia. Disto advêm desenvolvimento e crise, com as vantagens e desvantagens da crescente globalização. Eclodem os problemas ambientais; apregoa-se o câmbio de paradigmas; as ciências da Natureza e do Homem elevam a voz. Deste turbilhão emergem personagens como Teilhard de Chardin, com suas obras científico-crísticas Le milieu divin (1927) e Le phénomène humain (1930), publicados após sua morte, na Páscoa de 1955.

Entre as décadas Cinqüenta e Setenta a comunidade cristã se debruça sobre a agenda social, política e cultural da humanidade. Discernem-se os novos sinais dos tempos; admite-se a legítima autonomia das realidades terrenas; emergem as teologias do político (J.B. Metz), da esperança (J. Moltmann) e da libertação (G. Gutiérrez); projeta-se o diálogo com as religiões e as ciências, a política e a cultura. Foi também o período do Concílio Vaticano II, que desencadeou o aggiornamento teológico, moral, litúrgico e pastoral da Igreja.

O cenário cultural e eclesial se enriquece, ainda, com o diálogo entre fé e razão (K. Rahner), dogmática e estética (H.U. von Balthasar), teologia e fenomenologia religiosa (P. Tillich), ontologia e cosmologia (A.N. Whitehead), mística e física (F. Capra). É o momento propício para se reelaborar a Teologia da Criação com novos aportes exegéticos e fôlego interdisciplinar. Vários autores e centros de saber, de trajetória remota ou recente, se somam na tarefa! Os temas ecológicos passam a integrar a Teologia Moral (B. Haering, E. López Azpitarte) e a Teologia Sistemática (J. Moltmann, García Rubio, L. Boff). Os ecos alcançam a Espiritualidade e a Evangelização, com alusões crescentes por parte do magistério eclesial (Octogesima adveniens, Sollicitudo rei socialis, Centesimus annus, Documento de Aparecida). Teologia e Ecologia se fecundam e consolidam novas perspectivas da intelligentia fidei em prol da justiça, paz e integridade da criação.

Já é notório o esforço de releitura ecológica das fontes cristãs, na busca do sentido original de Bereshit (a gênese do mundo), em resposta às acusações de que o mandato bíblico de “dominai e multiplicai” teria causado, direta ou indiretamente, a exploração danosa da Natureza. Hoje muitos historiadores, antropólogos e pedagogos; biólogos, físicos e engenheiros; exegetas, teólogos e pastoralistas, unem suas competências para buscar soluções sustentáveis à crise ambiental.

Prof. Dr. Pe. Marcial Maçaneiro

terça-feira, 28 de dezembro de 2010


O vazamento de lama tóxica provocado pelo acidente em uma indústria na Hungria chegou ao Rio Danúbio, um dos principais da Europa, e pôs em alerta seis países do Leste Europeu. Para as centenas de moradores das cidades atingidas, a lama significaria simplesmente o fim de seus vilarejos, já que a contaminação levará décadas para se dissipar e o governo anuncia que não faz sentido reconstruir as casas nos mesmos locais.

Segundo as autoridades, a taxa de alcalinidade da água no segundo maior rio europeu é superior à normal e ameaça o ecossistema do Danúbio. Os vizinhos da Hungria, porém, afirmam que ainda não detectaram contaminação de seus territórios.

A análise na confluência do Rio Raba com o Danúbio mostrou ontem uma taxa de pH entre 8,96% e 9,07% , acima do nível considerado aceitável, de 8%. Entidades ambientalistas como o Greenpeace já classificam o desastre como um dos três piores da Europa nos últimos 30 anos e alertam que não se pode dizer ainda qual será o real impacto para a fauna da região. Para a Comissão Internacional de Proteção do Danúbio, o temor é de que o desastre possa ter um impacto ambiental que será sentido ainda por anos na região.

Em Bruxelas, o desastre é um sinal da persistente divisão da União Europeia. De um lado, países ocidentais com alta tecnologia e controle ambiental e, de outro, o Leste Europeu que, depois de anos de desastres naturais abafados durante os regimes comunistas, ainda sofre para adaptar-se.

A limpeza na Hungria pode demorar um ano e custar mais de 7,8 milhões de euros. Ontem, equipes tentavam diluir a lama tóxica para evitar que a poluição no Danúbio fosse ainda maior. Mas no meio da tarde de ontem, equipes já identificaram peixes mortos em afluentes do Danúbio, como o Raba e Mosoni. No Rio Marcal, as autoridades indicaram que "a vida tinha sido extinta". No Danúbio, porém, apenas alguns locais registraram a morte de peixes.

O porta-voz da equipe do governo húngaro responsável pela limpeza dos locais afetados, Tibor Dobson, afirmou ao Estado, por telefone, que, até o início da noite de ontem, nenhum metal pesado foi identificado nas fontes de água potável da região do Danúbio. Mas evitou declarar a situação como uma "vitória" e insistiu que não há como medir, até agora, a real dimensão do desastre. Argumentou que os níveis de pH da água na nascente do Danúbio estavam sendo reduzidos a taxas que poderiam evitar que o desastre ecológico se espalhasse para outros países. Para isso, a estratégia era a de jogar no Raba produtos como ácido acético. "Os principais esforços estão concentrados em salvar os Rios Raba e Danúbio", confirmou.

Para Marton Vay, do Greenpeace, a questão não é apenas a ameaça aos ricos, mas a contaminação das terras e das reservas de água.

Os governos da Croácia, Sérvia, Bulgária, Moldávia, Ucrânia e Romênia foram postos em alerta. Bruxelas também teme pelas águas do Mar Negro, onde desemboca o rio. Nebojsa Pokimica, vice-ministra de Meio Ambiente da Sérvia, confirmou ontem que passou a monitorar a cada duas horas a qualidade das águas do Danúbio em seu território. Os governos afetados e a UE iniciaram uma campanha de informação ontem e enviaram ambulâncias aos locais, além de apelar para que as pessoas não comam os peixes da região.


O vazamento de petróleo no Golfo do México foi "o pior desastre ecológico" da história dos Estados Unidos, afirmou Carol Browner, assessora para meio ambiente e energia da Casa Branca.
Em declarações ao programa "Meet the Press", do canal "NBC", Browner falou assim depois que a companhia BP, responsável pelo derramamento, anunciou o fracasso dos planos de bloquear o fluxo de petróleo com uma injeção de lama pesada.

"Isso quer dizer que há mais petróleo fluindo no Golfo do México que em qualquer outro momento de nossa história", disse Carol Browner, colocando, assim, o desastre acima do naufrágio do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989.

A assessora da Casa Branca alertou que é possível que o petróleo siga vazando até agosto, quando estarão completos os dois poços alternativos que estão sendo furados pela BP, a solução apontada como definitiva para o problema.

Segundo ela, o Governo "estaria preparado para o pior", que seria a possibilidade de que nenhum dos métodos de contenção nesse meio tempo funcione e o problema não seja resolvido até que os poços alternativos sejam finalizados.

Lista dos 50 países que mais poluem o planeta


O título de campeão nas emissões de gases estufa é dos Estados Unidos, que sozinhos são responsáveis por cerca de um quarto da produção mundial de CO2, ou 1,48 bilhão de toneladas anuais.

Além de ser o país que mais polui em termos absolutos, os EUA possuem um dos maiores índices de emissão de gás carbônico per capita. Cada habitante norte-americano corresponde a 5,5 toneladas de carbono lançadas ao ar anualmente.

O lugar do mundo com maior emissão de gás carbônico per capita são as Ilhas Virgens Norte-Americanas, no Caribe, com 33,2 toneladas anuais por habitante.

Brasil

O Brasil está em 17º na lista. Apesar de estar entre os 20 maiores poluidores, o país emite 78 milhões de toneladas, menos do que a vigésima parte do total dos EUA. A emissão per capita no Brasil é de 0,48 toneladas anuais.

O segundo maior poluidor é a China, mais pelo tamanho de sua população do que pelo abuso nas emissões. Entre outros grandes poluidores, tanto no índice total quanto o per capita, estão Rússia, Japão, Austrália, Reino Unido, Itália e Coréia do Sul.

Confira abaixo o ranking de emissões em 1997, ano de assinatura do Protocolo de Kyoto, expresso em milhares de toneladas de carbono (o "C", do "CO2"):


1 Estados Unidos 1.489.648
2 China 913.768
3 Rússia 390.616
4 Japão 316.164
5 Índia 279.899
6 Alemanha 227.364
7 Reino Unido 142.096
8 Canadá 133.890
9 Coréia do Sul 116.701
10 Itália (incluindo San Marino) 111.323
11 Ucrânia 100.427
12 México 99.964
13 Polônia 95.413
14 França (incluindo Mônaco) 92.878
15 África do Sul 86.532
16 Austrália 86.336
17 Brasil 78.666
18 Irã 78.585
19 Arábia Saudita 72.616
20 Coréia do Norte 68.794
21 Espanha 66.584
22 Indonésia 65.103
23 Tailândia 56.992
24 Turquia 54.042
25 Taiwan 53.475
26 Venezuela 51.144
27 Holanda 44.256
28 Argentina 37.629
29 Malásia 35.710
30 República Tcheca 33.495
31 Cazaquistão 33.471
32 Egito 29.829
33 Romênia 29.390
34 Bélgica 28.127
35 Usbequistão 27.936
36 Argélia 25.973
37 Paquistão 25.588
38 Iraque 24.916
39 Nigéria 22.435
40 Grécia 22.027
41 Singapura 21.909
42 Emirados Árabes 21.697
43 Filipinas 20.249
44 Colômbia 18.551
45 Noruega 18.470
46 Belarus 16.757
47 Áustria 16.557
48 Chile 15.884
49 Hungria 15.874
50 Israel 15.581

Conferência do clima termina com acordo modesto

Os 194 países que participaram da 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-16) adotaram neste sábado um acordo que adia a decisão sobre um segundo período de vigência do Protocolo de Kyoto e aumenta a ambição dos cortes de emissões de gases causadores do efeito estufa. Somente a Bolívia não concordou.

"Este é o resultado que nossas sociedades estão esperando. Tomo nota de sua posição (da Bolívia), que fica refletida na ata desta reunião", disse a presidente da conferência, a chanceler mexicana Patricia Espinosa, que recebeu aplausos das delegações reunidas em Cancún, no México.

Foram aprovados os dois textos de compromisso apresentados por Espinosa, um baseado na prorrogação do Protocolo de Kyoto e o outro sobre a necessidade de uma cooperação de longo prazo (LCA, na sigla em inglês).

O acordo assinado na cidade japonesa de Kyoto em 1997 estabeleceu os objetivos obrigatórios de redução de emissões a 40 países desenvolvidos - entre eles, Japão, membros da União Europeia (UE), Austrália, Canadá e Rússia. Estão fora dessa lista os Estados Unidos, que nunca ratificaram o acordo, e China e Brasil, por serem economias emergentes.

O acordo obtido em Cancún, no México, abre caminho para criação de um Fundo Verde Climático (GCF, na sigla em inglês) dentro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que contará com um conselho de 24 países. O documento também reconhece a necessidade de "mobilizar 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 para atender às necessidades dos países em desenvolvimento".

Em relação à transparência, o texto de compromisso determina que as ações de redução das emissões com apoio internacional sejam submetidas a medição, reportagem e verificação (MRV), de acordo com pautas estabelecidas pela Convenção. O documento aprovado permite o início de um sistema de Consultas e Análise Internacional (ICA, na sigla em inglês) "de maneira não intrusiva nem punitiva e respeitosa à soberania nacional", que serão realizadas por especialistas.

O acordo também adiou a decisão sobre se haverá ou não uma segunda fase do Protocolo de Kyoto e pede aos países para aumentar seu "nível de ambição" no que diz respeito aos cortes das emissões de gases poluentes. Os compromissos da primeira fase do Protocolo envolviam a redução de 11%-16% das emissões relativas aos níveis de 1990 para o período 2008-2012, enquanto agora se propõe que eles subam a uma porcentagem de 25%-40% em 2020.

Bolívia

A adoção desse texto de compromisso, respaldado por 193 países - exceto pela Bolívia -, levou a uma série de discursos de debate. Para a Bolívia esse compromisso é "um atentado contra as regras da Convenção e da ONU", afirmou o chefe da delegação boliviana e embaixador nas Nações Unidas, Pablo Solón, que discursou ao plenário da organização para expressar sua inconformidade.

Solón afirmou que a Bolívia "vai recorrer a todas as instâncias internacionais" para contestar o documento final da cúpula, inclusive na Corte Internacional de Justiça de Haia. Ele pediu a Espinosa que revertesse sua decisão.

A chanceler mexicana assinalou a Solón que "a regra de consenso não significa unanimidade"."Minha obrigação que cumpri foi ouvir a todos e cada uma das partes, inclusive os irmãos bolivianos, mas não posso ignorar a visão, as solicitações de 193 países que fazem parte. Portanto, a decisão tomada pela conferência é um passo para o bem coletivo", destacou Espinosa.

O Japão admitiu abertamente que é contra a continuidade do Protocolo de Kyoto, o único instrumento que obriga países desenvolvidos a reduzir a taxa de emissão de CO2 até 2012. Ao Japão, devem se alinhar ainda Austrália, Rússia e Canadá.

O grupo dos países em desenvolvimento, entre eles Brasil e China, defende uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, a partir de 2012. A primeira fase do acordo, que começou em 2008 e expira em 2012, estipulou que países desenvolvidos reduzam as emissões de CO2, mas facultou os mesmos cortes às economias em desenvolvimento. Em Cancún, os países ricos exigem que as metas alcancem também os emergentes.

É esta a posição da União Europeia, que sinalizou positivamente para o novo período do protocolo contanto que os países em desenvolvimento "façam mais pelo acordo". O bloco se comprometeu a continuar financiando projetos relacionados às mudanças climáticas em países em desenvolvimento, mas exigiu mais transparência. A China, por exemplo, ainda é reticente quanto à fiscalização do seu programa de emissões por órgãos internacionais.

Estados Unidos

Os americanos enfatizaram que também não irão participar de acordos que excluam os países em desenvolvimento. Os Estados Unidos são parte fundamental de qualquer acordo para a redução de emissões. O país é um dos principais poluidores e só recentemente foi ultrapassado pela China, cuja população é quase cinco vezes maior. Nesta segunda-feira, uma decisão da Suprema Corte americana emitiu um sinal favorável à adoção de metas para a redução das emissões, ao dizer que consideraria metas globais em nome do bem público, acima dos direitos que cada estado tem de legislar sobre o tema.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


2010 se iguala ao ano mais quente registrado na história

O ano de 2010 se encaminha para ser o mais quente de toda a história. A média de temperaturas registradas nos oitos primeiros meses já se iguala às de 1998 - que mantinha o recorde isolado até então, segundo dados são do Centro Nacional de Dados Climáticos dos EUA.

O verão no Hemisfério Norte - de junho a agosto - já superou o de 1998, segundo relatório divulgado na quarta-feira. E várias regiões do mundo tiveram ondas de calor bem acima da média, como Rússia, Itália e Japão. Os chineses, por exemplo, enfrentaram o mês de agosto mais quente desde 1961.

No Ártico, o gelo alcançou o terceiro menor nível em setembro, levando milhares de morsas a migrarem para regiões mais geladas, como as praias do Alasca. Apenas em 2008 e 2007, desde que a medição começou em 1979, houve um registro menor.


O ano de 2010 poderá ser o mais quente desde o início dos registos climáticos mundiais, em 1850, anunciou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Entre janeiro e outubro, a temperatura média do ar e da superfície esteve 0,55 graus centígrados acima da média do período 1961-1990 (14 graus centígrados), segundo dados hoje divulgados pela OMM.

Atualmente, os registos mais altos para os primeiros 10 meses de um ano são os de 1998 (0,53 graus acima da média) e 2005 (0,52 graus acima da média).

O Projeto Tartarugas Urbanas tem como objetivo a proteção de áreas de alimentação e reprodução de tartarugas marinhas (animais ameaçados de extinção) em praias urbanizadas da Grande João Pessoa.

O Projeto Tartarugas Urbanas é mantido pela Associação Guajiru: Ciência - Educação - Meio Ambiente, fundada em maio de 2002. Trata-se de uma ONG que surgiu da necessidade de proteger as tartarugas marinhas da praia de Intermares e do Bessa, trabalho antes feito de forma isolada pelo proprietário do Bar do Surfista, que depois começou a ser ajudado por um casal de biólogos.Esse trabalho garante a preservação das tartarugas marinhas, que estão ameaçadas de extinção, devido ao lixo e produtos tóxicos no mar e na areia das praias.


O Tartarugas Urbanas ocorre desde 2002, tendo como objetivo a proteção das áreas de alimentação e reprodução das tartarugas marinhas nas áreas urbanizadas de João Pessoa. Notadamente, sabe-se que esses animais estão ameaçados de extinção, o que torna ainda mais nobre o trabalho realizado pelo grupo.

O Projeto Tartarugas Urbanas está inserido na Associação Guajiru que tem como objetivo a pesquisa, preservação e a educação ambiental. Trata-se de um trabalho voluntário coordenado pela Doutora em Zoologia - Rita Mascarenhas que busca minimizar para esses animais os danos gerados por nós mesmos e chamar atenção da sociedade para uma mudança de comportamento diante do meio ambiente em que vivemos.


Os seguintes resultados já foram obtidos até o presente momento:

a- Cerca de 700 ninhos protegidos de quatro espécies de tartarugas marinhas, tendo a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) como a principal.

b- Mais de 76 mil filhotes protegidos e liberados no mar;

c- Rede de resgate de tartarugas doentes, com tratamento e liberação de animais;

d- Mais de 800 palestras para escolas, faculdades e público em geral, com foco direto sobre as tartarugas marinhas seu ambiente e qualidade de vida de seres humanos;

e- Participação em eventos relacionados ao meio ambiente, como organizador, palestrante e expositor;

f- Participação em congressos, simpósios, mesas redondas, mini-cursos de âmbito regional, nacional e internacional;

g- Patrocínio da ENERGISA, com ajuda de custo e de materiais para a execução do projeto;

h- Orientação de 30 estágios voluntários de estudantes de graduação e mestrado do Brasil, França, Alemanha e Portugal;

i- Sete Monografias de graduação dos cursos de Ciências Biológicas, Geografia e Arquitetura, da UFPB;

j- Oito publicações científicas em revistas especializadas internacionais;

k- Três editoriais para revistas nacionais;

l- Mais de 60 entrevistas para jornais, televisão e rádios de abrangência local e nacional, destacando o quadro Novos Olhares apresentado no Fantástico e a reportagem no Programa Geraldo Brasil, da Rede Record.

m- Lojinha das tartarugas para a venda de camisetas e souvenires.

n- Início da marcação com anilhas das fêmeas que desovam nas nossas praias, como parte do Projeto de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFPB.

O trabalho de monitoramento de 7 km de praias e acompanhamento dos ninhos, filhotes e animais doentes é árduo. É preciso longas caminhadas todos os dias, por vários meses do ano, independente das condições climáticas, carregando equipamentos e materiais para proteção dos ninhos, necropsias e/ou nascimentos de filhotes. Dentro de seu quadro técnico a ONG conta com profissionais capacitados e habilitados.

Escolas e estudantes procuram a ONG, solicitando orientação na execução de atividades relacionadas à conservação e conhecimento do meio ambiente como feiras de ciência e mesas redondas. Estudantes de diversas áreas de graduação desenvolvem projetos vinculados às atividades da ONG e atualmente há dois projetos de mestrado da UFPB em execução junto à ONG, um relacionado à área de reprodução e outro relacionado com a área de alimentação de tartarugas marinhas. Guias de turismo incluíram em seu roteiro às atividades da ONG, levando muitos turistas por dia, para conhecerem a instituição e seus projetos onde recebem palestras de educação ambiental totalmente gratuito.

Uma linha de telefonia móvel (SOS TARTARUGAS) foi disponibilizada, para a qual as pessoas, Polícia Militar, Polícia Florestal e órgãos ambientais municipais, estaduais e federais ligam para pedirem informações, fazerem denúncias, solicitar ajuda, e assistirem aos nascimentos dos filhotes, repassam informações de ocorrências de desova ou morte de tartarugas. Em média 10 chamadas são atendidas por dia.

De fato o maior sucesso das atividades da ONG é a mudança provocada no entorno, nas comunidades diretamente envolvidas. Muitas destas mudanças são sutis, pontuais, que vão da preocupação com relação à praia e sua fauna e flora, quanto por um profundo respeito e carinho para com as tartarugas, quanto de questões mais globais como a destinação do lixo às alterações climáticas.


http://www.guajiru.com.br

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010



Wikileaks

Uma cidadã cubana que acusa o jornalista australiano Julian Assange, fundador do Wikileaks, de "crimes sexuais" na Suécia foi apontada como "colaboradora" da CIA e teria planejado o caso, segundo a rede de TV venezuelana TeleSur. No início do ano, ela mesma divulgou na internet um "guia para se vingar" de alguém usando denúncias de abusos sexuais.

De acordo com as informações publicadas a cubana Anna Ardin (cujo nome real seria Ana Bernardín) teria sido uma das primeiras a denunciar Assange por "abuso sexual" à polícia, junto à amiga sueca Sophia Wilén.

A queixa, porém, seria relativa ao fato de Assange, supostamente, não ter utilizado camisinha durante as relações sexuais que teria tido com elas, enquanto Ardin dormia em sua resisidência em Estocolmo. Além disso, Ardin e Wilden denunciaram Assange por ter mantido relações sexuais com as duas na mesma semana - o que, na Suécia, é ilegal.

De acordo com a versão apresentada, no dia 11 de agosto deste ano, Assange teria ido à Suécia a convite do movimento de centro-esquerda Broderskap ("fraternidade" em sueco, ligado ao Partido Social-Democrata Cristão) para participar de um seminário. Na ocasião, segundo Ardin, ela própria ofereceu sua casa para hospedar o fundador do Wikileaks, já que ela estaria fora da cidade. Ardin, porém, voltou antes do previsto, mas mesmo assim hospedou Assange em casa. Segundo ela, em uma das noites após jantarem juntos, tiveram relações sexuais com camisinha, que chegou a rasgar.

No dia seguinte, ao final do seminário, Assange teria seduzido Sophia Wilén, com quem também teria feito sexo, na cidade de Enkoping, onde ela mora. De acordo com Wilén, ela e Assange tiveram relações duas vezes, uma com e outras sem o uso de preservativos, em razão de uma recusa do fundador do Wikileaks.

Dez dias depois, as duas mulheres se apresentaram à polícia sueca para denunciar Assange por crimes sexuais. Ardin, porém, se apresentou como militante feminista a princípio e declarou que estava apenas auxiliando Wilén. Dias mais tarde, declarou seu envolvimento com Assange, alegando que "inicialmente o sexo foi consensual, mas logo se transformou em um abuso", já que o preservativo teria rompido e Assange continuado a relação à revelia dela.

Vingança

Anna Ardin é uma ativista feminista conhecida na Suécia. Em 19 de janeiro de 2010, ela escreveu em seu blog (annaardin.wordpress.com) um post com o título "Sete passos para uma vingança judicial, incluindo instruções sobre incriminar alguém usando acusações de teor sexual. Seu blog faz referências a outros como Generación Y (de Yoani Sánchez) e Desde Cuba, ambos de dissidentes cubanos.

Acusada de ter mudado o depoimento a mando da CIA, Ardin se defendeu em seu blog garantindo que as denúncias não haviam sido coordenadas.

"A responsabilidade do que aconteceu comigo e com a outra jovem é do homem que tem uma visão distorcida das mulheres, que tem um problema em aceitar um 'não'", argumentou, no post citado.

Anti-castristas

Segundo a TeleSur, ela também seria ligada ao ativista anti-castrista Carlos Alberto Montaner e ficou conhecida por escrever em websites financiados pela USAID (agência dos Estados Unidos para empréstimos a países subdesenvolvidos) e controlados pela CIA, como o Misceleanas de Cuba, do cubano Alexis Gainza Solenzal, que criticam o regime da ilha.

Montaner é co-autor, junto com o peruano Mario Vargas Llosa, do livro anti-esquerdista Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano (Bertrand Brasil, 1997). Nos anos 1960, chegou a ser preso em Cuba por acusações de trabalhar para a CIA em operações de sabotagem, até fugir da prisão e encontrar asilo na Espanha, então sob o regime franquista.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


Pesquisa revela que educação no Brasil fica entre piores em ranking da OCDE
Piores resultados são de alunos de escolas públicas estaduais e municipais
Apesar de registrar melhora na educação, o Brasil segue entre os piores colocados em ranking internacional de ensino. O país ficou com a 53ª colocação entre 65 países no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Feito com estudantes nascidos em 1993 matriculados em qualquer série a partir da 7ª série (8º ano) do ensino fundamental, o ranking é divulgado a cada três anos. Em 2009, avaliou 470 mil estudantes. Desse total, 20 mil eram brasileiros.

O Pisa avalia conhecimentos de leitura, matemática e ciências dos adolescentes. O Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), é quem aplica a prova no Brasil.

Com a média geral de 401 pontos, o Brasil ficou atrás de países como Bulgária, Romênia e os latino-americanos México, Chile e Uruguai. Fica à frente apenas da Colômbia, Kazaquistão, Argentina, Tunísia, Azerbaijão, Indonésia, Albânia, Catar, Panamá, Peru e Quirguistão.

O país ficou bem abaixo da média da OCDE, de 496 pontos. Os cinco melhores colocados são China (Xangai), com 577 pontos, Hong Kong, com 546, Finlândia e Cingapura, com 543, e Coréia do Sul, com 541.

Em relação às provas anteriores, o Brasil melhorou. O país teve média geral de 368 pontos em 2000, 383 em 2003 e 384 em 2006 e está entre os três que mais evoluíram desde 2000, atrás apenas de Luxemburgo e Chile. A melhora ocorreu também nas áreas de conhecimento avaliadas.

A melhor pontuação em 2009 foi de leitura, com 412 pontos, seguida por ciências, com 405 e matemática, com 386. Na área de leitura, que teve ênfase em 2009 na avaliação, o Brasil mostrou melhora de 19 pontos de 2006 para 2009, após cair dez pontos de 2003 para 2006.

De forma geral, segundo o ranking, as meninas tiveram desempenho melhor do que os meninos, com 403 pontos, contra 399. E o forte das alunas é a leitura.

A disparidade entre as dependências administrativas do país é grande. Estudantes de escolas federais tiveram as melhores médias, 528 pontos, que colocaria o Brasil entre os oito países melhor colocados. A nota das escolas particulares é de 502 pontos, entre os 20 melhores países. Já as públicas estaduais e municipais têm média comparada a dos sete piores países, 387 pontos.

"Deveria haver mais organização e deveriam exigir mais da gente, como acontece nas escolas particulares, com mais conteúdo, porque às vezes a gente fica com muita folga", afirma a estudante Maria Gabriela.

Avaliação

O Pisa avalia conhecimentos e habilidades que capacitam os alunos para uma participação efetiva na sociedade. A avaliação em leitura busca saber qual é a compreensão, o uso e a reflexão dos estudantes sobre textos escritos para alcançar objetivos. Já na matemática a intenção é medir a capacidade de atender suas necessidades no mundo para, por exemplo, expressar ideias bem fundamentadas.

A principal finalidade do programa é produzir indicadores dos sistemas educacionais. São avaliados alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.

As avaliações acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: leitura, matemática e ciências. Em cada edição, o foco recai principalmente sobre uma dessas áreas. Em 2009, a ênfase é leitura, como em 2000. Em 2003, a área principal foi a matemática e em 2006, a avaliação teve ênfase em ciências.

Aplicado por amostra, em 2009, o Pisa foi aplicado em 950 escolas a 20.127 alunos. Em 2006, foram 630 escolas e 9.345 alunos.


Brasil avança no IDH, mas tem a média do Zimbábue na educação

O país precisa quase dobrar o tempo de permanência da população dentro das salas de aula. Os brasileiros estudam, em média, apenas 7 anos. O ideal, sugerido pela ONU, é elevar a escolaridade para 13 anos.

O Brasil avançou, subiu quatro pontos no Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida da ONU. Mas, na educação, o nosso número ainda é de dar vergonha. O Brasil tem hoje a mesma média que o Zimbábue, o país com o pior desempenho do mundo.
Foram anos de dilema entre estudo e trabalho. À época da escola, a aposentada Geralda de Oliveira concluiu o quarto ano primário. Ainda jovem, ela foi atrás de um emprego para ajudar na renda da família. Trabalhou como empregada doméstica, operadora de caixa, e só conseguiu terminar o científico aos 34 anos de idade.

Agora aos 60, está determinada a investir em conhecimento e vai fazer uma faculdade.

"Eu ainda tenho um desejo, porque eu gostaria de ler e entender bem, fazer uma boa redação. Às vezes, eu ainda encontro alguma dificuldade, porque não tive estudo normal. Mas eu vou chegar lá", aposta Geralda.

O pouco tempo do brasileiro na escola aparece no Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida dos países. O IDH é uma nota que varia de zero a um. Este ano, o índice no país ficou em 0,69.

O relatório traz um novo indicador de pobreza. Agora, ser pobre não significa apenas ter pouca renda, mas também não ter saúde e principalmente educação. E mais... O documento aponta que não basta matricular crianças e jovens na escola, os alunos têm que estar na série adequada.

"Eu acho que a gente pode e deve investir no Ensino Fundamental, no Ensino Médio. Cada faixa-etária tem o seu objetivo e interesse. Cabe a nós, professores e educadores, investir em todos os segmentos para obtermos uma qualidade de ensino digna de um Brasil maior", destaca a especialista em educação Míriam Paúra.

De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano, o Brasil precisa quase dobrar o tempo de permanência da população dentro das salas de aula. Os brasileiros estudam, em média, apenas 7 anos. O ideal, sugerido pela ONU para o nosso país, é elevar a escolaridade para 13 anos.

Zimbábue, o último do ranking, a média de escolaridade é de 7 anos. E o ideal pela ONU seria de 9 anos. Na Noruega que ocupa o primeiro lugar, a média de anos de escolaridade é de 12. Mas o recomendado é de 17 anos.

"A ambição de ter um sistema educacional melhor e mais justo fica mais evidente do que era antes. Antigamente, nós tínhamos apenas taxa de matrícula e alfabetização. Hoje, nós temos um modelo dentro do qual nós estamos esperando que as pessoas estudem mais e estudem mais com uma qualidade melhor. É isso que está sendo refletido no novo IDH", aponta Flávio Comim, do programa das Nações Unidas para o desenvolvimento/PNUD.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010


“Quantas vidas tem que se perder?”

“Assim que vi caindo vi que era diferente de soro, só não vi que era vaselina. Logo que foi injetado, ela disse: 'mãe, minha língua está formigando, não deixa eu morrer’, e já começou a se contorcer”, conta visivelmente abalada e ainda sob o efeito de calmantes a dona de casa Roseane Mércia dos Santos Teixeira, de 38 anos, mãe de Stéphanie dos Santos Teixeira, de 12 anos, que morreu na madrugada de sábado por erro médico no Hospital São Luiz Gonzaga, em São Paulo.

"Mataram porque não leram o frasco”, diz Roseane se referindo à auxiliar de enfermagem que teria trocado o soro fisiológico por vaselina e, desta forma, causado a morte sua filha. Os dois frascos de líquidos incolores apresentados pelo hospital são idênticos, à exceção do rótulo.
“Foi incompetência”.

- Eu estou abismada, porque como pode um frasco de vaselina estar junto à medicação? Não existe isso. Por que esta vaselina estaria aí? Foi a enfermeira, ou auxiliar quem aplicou não prestou atenção no que estava administrando na criança”.


Na tarde desta terça-feira, Roseana abriu as portas de sua modesta casa na Vila Nilo, em Tremembé, extremo norte paulista, para contar como foram os últimos momentos com Stéphanie e o sofrimento por não poder atender ao pedido feito por ela de ficar viva.

A internação e o erro

Por volta das 15h de sexta-feira (3), a menina foi levada ao hospital por apresentar um quadro de diarreia e vômitos que, segundo a mãe, apareceram naquele mesmo dia. Depois de duas bolsas de soro, já estava mais animada. “Ela falou deixa eu brincar com seu celular e eu respondi para não jogar muito para não acabar a bateria”, afirma ela, acrescentando que a filha já estava para receber alta. “A médica disse que daria bolacha e chá para ela se alimentar e, se ela não vomitasse, iria para a casa”, diz.

Diante do repentino e instantâneo agravamento do quadro da menina ao ser colocada a 3ª bolsa, a equipe de enfermagem foi chamada e, segundo a mãe, imediatamente a agulha retirada. “Era tanta gente em volta dela, médicos...”, conta.

Segundo Roseana, em momento algum a equipe informou sobre o que havia acontecido. Pelo contrário, Roseane diz que foi avisada de que sua filha precisaria ser transferida para a Santa Casa de Misericórdia para “realizar uma ressonância e que estava sedada”.

“Ainda peguei nela, disse que iria sair dessa e tentei fechar os olhos que estavam abertos. Antes de saírem com ela na ambulância, perguntei para a médica: ‘Foi efeito da medicação?’, e ela: ‘Vamos ver, acho que foi’”, relata, tentando conter o choro.

Roseane e a tia-avó de Stéphanie, Rielza Glória da Silva, que foi quem esteve com ela na ambulância, reclamam da falta de informações sobre o estado de saúde dela. “Não falavam nada, não me deixavam entrar. Soube quando ouvi minha filha gritando: ‘A Stéphanie não’. Subi correndo”. Stéphanie deixou duas irmãs, Ingrid, de 14 anos, e Beatriz, de 6 anos.

Investigação

Roseane se diz capaz de identificar as enfermeiras e auxiliares que atenderam a sua filha, inclusive a que teria cometido o erro. No entanto, isso ainda não aconteceu de forma oficial. “Não dei certeza quando vi, era muita foto e muita coisa na minha cabeça”, diz ela, que pediu ao delegado José Bernardo de Carvalho Pinto, do 73º Distrito Policial, responsável pelo caso, para providenciar imagens maiores.

Nesta terça-feira, o delegado afirmou que intimou pelo menos 25 pessoas que estavam do plantão do hospital para prestar depoimento ao longo da semana. Em nota, a Santa Casa se disse "consternada" com a morte da criança e afirmou ter afastado os profissionais envolvidos no atendimento da paciente até a conclusão das apurações.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) também abriram sindicância para investigar o ocorrido.

Planos interrompidos

Stéphanie dos Santos Teixeira concluiria a 6ª série do ensino fundamental no final deste ano. Pelos amigos e familiares, é descrita como uma pessoa alegre, prestativa e companheira. “Ela ficava muito comigo, era caseira, dormíamos na mesma cama”, diz Rosenane.

No próximo dia 15, a menina fazia planos de passar parte das férias na casa da avó que mora em Itanhaém, no litoral sul paulista. Gostava de ouvir música alta e dizia que queria ser DJ. “Não tenho mais lágrimas, mais palavras. É tudo muito triste”, afirma a mãe.

Familiares organizam para o próximo domingo uma manifestação em frente ao hospital onde ocorreu o caso. “Para que não façam isso com o filho dos outros”, completa a tia-avó Rielza.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Quando a aids surgiu, em meados da década de 80, era uma doença incurável e intratável. Atualmente, com a evolução de medicamentos, ela é considerada uma enfermidade crônica, assim como a pressão alta e o diabetes.

Porém, ainda é um problema bastante preocupante, que assusta e é cercado de preconceitos. Hoje, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o assunto deve ser discutido em vários eventos realizados pelo País.

Até o final da tarde, o Ministério da Saúde deve divulgar dados relativos à doença no ano de 2010. Porém, já se sabe que, de janeiro a junho de 2009, foram diagnosticados 13.658 novos casos da doença no Brasil, sendo 8.157 entre homens e 5.501 entre mulheres.

No Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, de 1984 a 2009, foram diagnosticados 21.378 casos entre adultos e 818 entre menores de 13 anos. No País, a faixa etária com maior número de casos, em ambos os sexos, foi dos 40 aos 49 anos de idade, onde foram diagnosticados 2.169 casos entre pessoas do sexo masculino e 1.327 do feminino.

Porém, também está sendo verificado maior incidência entre pessoas com mais de 50 anos. Também no primeiro semestre de 2009, foram 1.976 casos. "O diagnóstico de aids entre pessoas com mais de 50 anos anos vem aumentando de forma progressiva há cerca de três anos, o que está relacionado ao aumento da idade sexual ativa. Entretanto, não sabemos com certeza se as pessoas nesta faixa etária estão se contaminando mais ou simplesmente buscando mais o diagnóstico", comenta a especialista em doenças infecciosas e parasitárias, Ciane Mackert, autora do livro "Deu Positivo. E agora, doutor?".

Universalização

Segundo o médico infectologista do laboratório Frischmann Aisengart/Dasa, Jaime Rocha, quando a aids surgiu, muitas pessoas acreditavam que era uma doença exclusiva de homossexuais.

"Porém, tempos depois, houve a universalização da enfermidade, que passou a atingir tanto homens como mulheres, homossexuais ou heterossexuais, em todas as classes sociais e em qualquer país do mundo. A aids tornou-se uma doença crônica, cujos pacientes que levam o tratamento a sério já têm perspectiva de longevidade e vida praticamente normal."

Coquetéis triplos são menores e mais eficientes

A longevidade e qualidade de vida alcançada pelos pacientes se deve aos avanços na tecnologia envolvida na fabricação da medicação e ao aumento do número de medicamentos disponibilizados para o tratamento da aids. O médico infectologista Jaime Rocha lembra que, até alguns anos atrás, os doentes tinham que tomar um coquetel composto por cerca de 20 comprimidos.

Hoje, embora ainda se utilize o termo coquetel, os pacientes necessitam de dois ou três comprimidos. "Os medicamentos para tratamento da aids ainda são considerados caros, mas no Brasil são fornecidos gratuitamente à população. Temos todos os medicamentos disponíveis no resto do mundo", afirma.

O governo federal também fornece medicamento antiaids a pessoas com risco ocupacional ou que foram vítimas de violência sexual. Porém, a ideia é ampliar a oferta do produto a todas as pessoas com exposição a situações de risco, como cidadãos que tiveram relação sexual sem camisinha ou em situações em que a camisinha estourou.

"Trata-se de um coquetel triplo, que deve começar a ser tomado até 48 horas após a exposição ao risco. Ele diminui as chances de que o vírus HIV se multiplique e deve ser uma tentativa de reduzir a progressão da aids. Porém, ainda há dúvidas sobre até que ponto o governo vai ter controle sobre as pessoas que receberem o medicamento e, se com a alternativa, a prevenção vai deixar de ser priorizada", declara a especialista em doenças infecciosas e parasitárias, Ciane Mackert.

Indústria se engaja

Entre as ações realizadas no Paraná no dia de hoje, o Serviço Social da Indústria (Sesi) irá promover uma campanha através de sindicatos, através da qual irá enviar a pelo menos 2 mil empresas materiais como cartazes e folders.

O objetivo é motivar o diálogo sobre o tema e contribuir para a conscientização dos trabalhadores, além de combater o preconceito. "Iremos realizar o trabalho até o carnaval", informa a coordenadora da Gerência de Segurança e Saúde do Sesi, Carmem Weber.

OMS/ONU

Para marcar o Dia Mundial de Combate à Aids, a OMS (Organização Mundial de Saúde) disse que saúde, Aids e direitos humanos estão interligados. Em todo o mundo, cerca de 34 milhões de pessoas convivem com o vírus do HIV.

Em nota, a OMS afirmou que os grupos mais expostos ao risco do HIV, incluindo trabalhadores do sexo, usuários de drogas injetáveis, homens que têm relação sexual com outros homens e transexuais, são também os que menos têm acesso a programas de prevenção da doença. De 92 países pesquisados em 2009, apenas 36 ofereciam serviços de redução de danos.

Segundo as Nações Unidas, 80% de todas as mulheres contaminadas com o HIV no mundo vivem na África Subsaariana. No leste europeu, 50% dos soropositivos são também usuários de drogas injetáveis. Já na Holanda, na Espanha e na França, até três quartos das novas infecções por HIV ocorrem em grupos de imigrantes.

Crianças

A ONU acredita que é possível haver uma geração de crianças livre de Aids em 2015 desde que a comunidade internacional reforce o acesso universal aos tratamentos para combater o vírus HIV e melhore a proteção social, aumentando a luta contra a marginalização e as desigualdades.

Segundo as Nações Unidas, a cada dia, quase mil crianças nascem na África Subsaariana infectadas pelo HIV, transmitido pelas mães. Novos tratamentos existentes beneficiam tanto as mulheres grávidas como seus filhos.

Dados da ONU indicam que, em 2009, nos países de baixa e média renda, 53% das mulheres grávidas e infectadas se beneficiaram de tratamentos com antirretrovirais para prevenir a transmissão de mãe para filho, contra 45% de 2008.

No caso da América Latina e do Caribe, 57% das mulheres grávidas soropositivas receberam tratamento em 2009, contra 29% em 2005. O acesso a esses tratamentos melhorou especialmente nos países do sul e no leste da África, onde beneficiaram 68% das infectadas.