quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


Pesquisa revela que educação no Brasil fica entre piores em ranking da OCDE
Piores resultados são de alunos de escolas públicas estaduais e municipais
Apesar de registrar melhora na educação, o Brasil segue entre os piores colocados em ranking internacional de ensino. O país ficou com a 53ª colocação entre 65 países no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Feito com estudantes nascidos em 1993 matriculados em qualquer série a partir da 7ª série (8º ano) do ensino fundamental, o ranking é divulgado a cada três anos. Em 2009, avaliou 470 mil estudantes. Desse total, 20 mil eram brasileiros.

O Pisa avalia conhecimentos de leitura, matemática e ciências dos adolescentes. O Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), é quem aplica a prova no Brasil.

Com a média geral de 401 pontos, o Brasil ficou atrás de países como Bulgária, Romênia e os latino-americanos México, Chile e Uruguai. Fica à frente apenas da Colômbia, Kazaquistão, Argentina, Tunísia, Azerbaijão, Indonésia, Albânia, Catar, Panamá, Peru e Quirguistão.

O país ficou bem abaixo da média da OCDE, de 496 pontos. Os cinco melhores colocados são China (Xangai), com 577 pontos, Hong Kong, com 546, Finlândia e Cingapura, com 543, e Coréia do Sul, com 541.

Em relação às provas anteriores, o Brasil melhorou. O país teve média geral de 368 pontos em 2000, 383 em 2003 e 384 em 2006 e está entre os três que mais evoluíram desde 2000, atrás apenas de Luxemburgo e Chile. A melhora ocorreu também nas áreas de conhecimento avaliadas.

A melhor pontuação em 2009 foi de leitura, com 412 pontos, seguida por ciências, com 405 e matemática, com 386. Na área de leitura, que teve ênfase em 2009 na avaliação, o Brasil mostrou melhora de 19 pontos de 2006 para 2009, após cair dez pontos de 2003 para 2006.

De forma geral, segundo o ranking, as meninas tiveram desempenho melhor do que os meninos, com 403 pontos, contra 399. E o forte das alunas é a leitura.

A disparidade entre as dependências administrativas do país é grande. Estudantes de escolas federais tiveram as melhores médias, 528 pontos, que colocaria o Brasil entre os oito países melhor colocados. A nota das escolas particulares é de 502 pontos, entre os 20 melhores países. Já as públicas estaduais e municipais têm média comparada a dos sete piores países, 387 pontos.

"Deveria haver mais organização e deveriam exigir mais da gente, como acontece nas escolas particulares, com mais conteúdo, porque às vezes a gente fica com muita folga", afirma a estudante Maria Gabriela.

Avaliação

O Pisa avalia conhecimentos e habilidades que capacitam os alunos para uma participação efetiva na sociedade. A avaliação em leitura busca saber qual é a compreensão, o uso e a reflexão dos estudantes sobre textos escritos para alcançar objetivos. Já na matemática a intenção é medir a capacidade de atender suas necessidades no mundo para, por exemplo, expressar ideias bem fundamentadas.

A principal finalidade do programa é produzir indicadores dos sistemas educacionais. São avaliados alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.

As avaliações acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: leitura, matemática e ciências. Em cada edição, o foco recai principalmente sobre uma dessas áreas. Em 2009, a ênfase é leitura, como em 2000. Em 2003, a área principal foi a matemática e em 2006, a avaliação teve ênfase em ciências.

Aplicado por amostra, em 2009, o Pisa foi aplicado em 950 escolas a 20.127 alunos. Em 2006, foram 630 escolas e 9.345 alunos.


Brasil avança no IDH, mas tem a média do Zimbábue na educação

O país precisa quase dobrar o tempo de permanência da população dentro das salas de aula. Os brasileiros estudam, em média, apenas 7 anos. O ideal, sugerido pela ONU, é elevar a escolaridade para 13 anos.

O Brasil avançou, subiu quatro pontos no Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida da ONU. Mas, na educação, o nosso número ainda é de dar vergonha. O Brasil tem hoje a mesma média que o Zimbábue, o país com o pior desempenho do mundo.
Foram anos de dilema entre estudo e trabalho. À época da escola, a aposentada Geralda de Oliveira concluiu o quarto ano primário. Ainda jovem, ela foi atrás de um emprego para ajudar na renda da família. Trabalhou como empregada doméstica, operadora de caixa, e só conseguiu terminar o científico aos 34 anos de idade.

Agora aos 60, está determinada a investir em conhecimento e vai fazer uma faculdade.

"Eu ainda tenho um desejo, porque eu gostaria de ler e entender bem, fazer uma boa redação. Às vezes, eu ainda encontro alguma dificuldade, porque não tive estudo normal. Mas eu vou chegar lá", aposta Geralda.

O pouco tempo do brasileiro na escola aparece no Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida dos países. O IDH é uma nota que varia de zero a um. Este ano, o índice no país ficou em 0,69.

O relatório traz um novo indicador de pobreza. Agora, ser pobre não significa apenas ter pouca renda, mas também não ter saúde e principalmente educação. E mais... O documento aponta que não basta matricular crianças e jovens na escola, os alunos têm que estar na série adequada.

"Eu acho que a gente pode e deve investir no Ensino Fundamental, no Ensino Médio. Cada faixa-etária tem o seu objetivo e interesse. Cabe a nós, professores e educadores, investir em todos os segmentos para obtermos uma qualidade de ensino digna de um Brasil maior", destaca a especialista em educação Míriam Paúra.

De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano, o Brasil precisa quase dobrar o tempo de permanência da população dentro das salas de aula. Os brasileiros estudam, em média, apenas 7 anos. O ideal, sugerido pela ONU para o nosso país, é elevar a escolaridade para 13 anos.

Zimbábue, o último do ranking, a média de escolaridade é de 7 anos. E o ideal pela ONU seria de 9 anos. Na Noruega que ocupa o primeiro lugar, a média de anos de escolaridade é de 12. Mas o recomendado é de 17 anos.

"A ambição de ter um sistema educacional melhor e mais justo fica mais evidente do que era antes. Antigamente, nós tínhamos apenas taxa de matrícula e alfabetização. Hoje, nós temos um modelo dentro do qual nós estamos esperando que as pessoas estudem mais e estudem mais com uma qualidade melhor. É isso que está sendo refletido no novo IDH", aponta Flávio Comim, do programa das Nações Unidas para o desenvolvimento/PNUD.

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