sexta-feira, 25 de março de 2011


O número de mortos em consequência do terremoto e do posterior tsunami do dia 11 no Japão foi atualizado nesta sexta-feira, 25, para 10.035, enquanto o de desaparecidos subiu a 17.443, de acordo com o último boletim da polícia japonesa.

Duas semanas depois do terremoto de 9 graus no litoral nordeste do Japão, o pior desastre natural no país após a Segunda Guerra Mundial, 250 mil pessoas que foram evacuadas de seus lares permanecem em 1.900 abrigos temporários disponibilizados pelo governo.

Cerca de 90% dos terremotos no mundo ocorrem na região conhecida como Cinturão de Fogo do Pacífico: uma área de intensa atividade sísmica e vulcânica que inclui o oeste do continente americano e o leste da Ásia, onde está o Japão.

Ainda não há consenso entre os especialistas sobre as causas da concentração dos tremores nessa região, mas todos concordam que a explicação tem a ver com o comportamento da placa tectônica do Pacífico.

Essas placas são grandes porções de crosta que flutuam sobre o manto da Terra, camada mais plástica de material quente.

Elas movem-se continuamente, aproximando-se ou distanciando-se umas das outras. Tais choques e repulsões provocam terremotos e erupções vulcânicas.

O Círculo de Fogo do Pacífico (ou Anel de Fogo) é uma área formada no fundo do oceano por uma grande série de arcos vulcânicos e fossas oceânicas, coincidindo com as extremidades de uma das maiores placas tectônicas do planeta.

A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além do Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.

Esta é a área de maior atividade sísmica do mundo. Somente o Japão responde por cerca de 20% dos tremores de magnitude igual ou superior a 6 registrados na Terra. Em média, os sismógrafos captam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos.

Além disso, mais da metade dos vulcões ativos no mundo, acima do nível do mar, estão localizados nesta área.

Alguns dos piores desastres naturais já registrados ocorreram em países localizados no Círculo de Fogo. Um deles foi o tsunami de dezembro de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, após um tremor de magnitude 9,1.

Placas tectônicas

A maior parte do Oceano Pacífico está situada sobre uma placa homônima. As placas vizinhas a pressionam por todos os lados. Como a Placa do Pacífico suporta uma massa maior – todo o volume do oceano, de tempos em tempos, as demais placas sobem sobre ela . A energia acumulada pela tensão entre as placas é liberada sob a forma de abalos sísmicos.

Nos anos 1960, cientistas desenvolveram a noção de placas tectônicas, o que explica as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.

De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do âmago quente e líquido do planeta.

As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano - velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas.

O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida do centro da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades.

Três coisas podem ocorrer com as placas: elas podem se afastar umas das outras, deixando espaço para criar mais "chão" no fundo do mar; podem se aproximar, fazendo uma encobrir a outra; ou podem "roçar" umas nas outras, sem causar muito distúrbio.

Essas placas que se "roçam" causam tremores de menor intensidade, como ocorre geralmente na Falha de San Andreas, localizada na região de San Francisco (Estados Unidos). Essas falhas também podem criar escarpas ou falésias no fundo do mar.

No entanto, quando uma placa se move e é forçada para dentro da Terra, ela encontra altas temperaturas e pressões que são capazes de parcialmente derreter a rocha sólida, formando o magma que é expelido pelos vulcões.

O terremoto no Japão liberou uma quantidade de energia equivalente a 27 mil bombas atômicas iguais a que devastou Hiroshima, em 1945. “Parte dessa energia foi transformada em calor (no fundo do mar) e o resto provocou o abalo sísmico”, explica George Sand, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).

O tsunami provocado pelo maior terremoto da história do Japão varreu a costa nordeste do país e arrastou pessoas, carros, barcos e edifícios. Localizada 370 km ao sul, Tóquio também sentiu os efeitos do tremor de 8,9 graus na escala Richter. Os sistemas de transporte e telefonia celular foram comprometidos e vários aeroportos fecharam.

Milhões de japoneses ficaram sem energia elétrica e o governo teve de emitir um alerta de "emergência nuclear" em razão de avarias no reator de uma das maiores usinas atômicas do mundo.

O tremor foi sentido numa extensão de 12,1 mil quilômetros ao longo da costa leste, mas o lugar mais castigado foi Sendai, de 1 milhão de habitantes, onde 300 corpos foram encontrados na praia, segundo relato de agências de notícias japonesas. A agência de notícias Kyodo disse que um navio que carregava 100 pessoas foi levado pelo tsunami.

Ondas de até 10 metros de altura se formaram depois do terremoto, que ocorreu às 14h46, horário local , a 130 quilômetros da costa japonesa. O epicentro estava a uma profundidade de apenas 24 metros, o que aumentou o poder de destruição do tsunami.

Vinte países do Pacífico declararam alertas para tsunami, mas os primeiros relatos da progressão do fenômeno indicavam redução do tamanho das ondas e da violência da água.

"Este terremoto e tsunami, e também a situação que diz respeito à usina nuclear, são talvez a as adversidades mais difíceis que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial, em 50 anos."

"Se nós, o povo japonês, podemos superar estas adversidades, isto depende de cada um de nós, cidadãos japoneses", disse Kan em um pronunciamento transmitido pela televisão japonesa.

"Acredito que podemos superar este grande terremoto e tsunami se nos unirmos."

Um vulcão situado no sudoeste do Japão voltou a lançar cinzas e pedras a uma altura de 4 mil metros, depois de duas semanas de relativa calma, segundo as autoridades.

O vulcão Shinmoedake, situado na ilha Kyushu, tem 1.420 metros de altura e entrou em atividade em janeiro, pela primeira vez em 52 anos.As autoridades japonesas restringiram o acesso a Shinmoedake, situado nos montes Kirishima, que têm 20 vulcões.
As ilhas japonesas têm origem vulcânica e dezenas de vulcões ativos continuam a entrar em erupção regularmente por todo país. O vulcão começou a expelir cinza e magma no final de janeiro e desde então entrou em erupção 12 vezes, sem causar danos.

As novas erupções ocorrem dois dias após um forte terremoto de 8,9 de magnitude, seguido de um devastador tsunami, ter provocado centenas de mortes e destruição no nordeste do país.

O Shinmoedake está a cerca de mil quilômetros da região afetada pelo terremoto.

Terremoto do Japão pode ter deslocado eixo da Terra

O devastador terremoto do Japão pode ter deslocado em quase dez centímetros o eixo de rotação da Terra, segundo um estudo preliminar do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) da Itália.
O INGV, que desde 1999 estudou os diversos fenômenos sísmicos registrados na Itália, como o devastador terremoto da região dos Abruzos de 6 de abril de 2009, explica em uma nota que o impacto do terremoto do Japão sobre o eixo da Terra pode ser o segundo maior de que se tem notícia.

“O impacto deste fato sobre o eixo de rotação foi muito maior que o do grande terremoto de Sumatra de 2004 e provavelmente é o segundo maior, atrás apenas do terremoto do Chile de 1960”, diz o comunicado.
Entre 200 e 300 pessoas morreram na província japonesa de Miyagi (leste) por causa do tsunami provocado pelo terremoto do Japão, mas ainda há 349 desaparecidos em todo o território japo
nês.
Teme-se que o número de mortos aumente, já que há edifícios destruídos em várias regiões.


ACIDENTE NUCLEAR

Mas nossos filhos serão mutantes
Queria tudo como era antes
O sol nunca mais vai brilhar
Aqui dentro do abrigo nuclear


Como se não bastasse a tragédia imposta pelo terremoto e posterior tsunami, o Japão agora luta para que os problemas em suas usinas nucleares tenham uma solução e que o resultado não seja mais catastrófico.
A crise nuclear japonesa já corresponde ao segundo maior nível na escala internacional de acidentes atômicos. De acordo com informações da agência de notícias japonesa Kyodo, a avaliação foi feita pela Agência Nuclear da França.

Dentro da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos, conhecida pela sigla Ines, os acidentes são classificados entre um e sete. A emergência japonesa está no nível seis - inferior, por exemplo, ao do desastre de Three Mile Island, nos EUA, em 1979.

Conforme a escala, os eventos da categoria um são descritos como uma "anomalia", e os da categoria sete, como um "grande acidente". O nível seis corresponde a um "sério acidente". Em toda a história, só a tragédia de Chernobyl, em 1986, chegou ao nível sete. A explosão numa usina em Kyshtym, na Rússia, em 1957, foi o único caso de evento de categoria seis, como o que ocorre agora no Japão. O desastre russo provocou enorme contaminação radioativa, provocando câncer nos moradores.

A crise nuclear japonesa agravou-se com o anúncio de que o depósito de combustível atômico do reator 3 do complexo de Fukushima apresenta rachaduras. Um problema semelhante foi descoberto no terminal 2. A Tokyo Eletric Power Co. (Tepco), responsável pela usina, disse que o resfriamento do reator 3, movido a plutônio, é a "prioridade" para evitar um desastre de proporções maiores.

De acordo com o chefe de gabinete do governo japonês, Yukio Edano, a ruptura pode ter causado a nuvem de fumaça branca vista sobre o complexo no começo do dia (noite de terça no Brasil). Os níveis de radiação subiram e os 50 trabalhadores que lutam para resfriar os reatores foram retirados da usina. No final da noite, a contaminação caiu e os técnicos - agora 180 deles - voltaram ao complexo. Helicópteros foram utilizados para tentar resfriar os reatores, mas a tentativa fracassou. As equipes recorreram então a canhões d'água.

O governo do Japão disse que os níveis de radiação fora do terreno da usina permanecem estáveis, mas, em um sinal de estar sobrecarregado, apelou às empresas privadas para ajudarem a entregar suprimentos às dezenas de milhares de pessoas que foram retiradas do entorno do complexo. "As pessoas não estariam em perigo imediato se saíssem de casa com esses níveis. Quero que as pessoas entendam isso", disse Edano.

Desde o terremoto de magnitude 9 que atingiu o país na última sexta-feira, três dos seis terminais do complexo de Fukushima sofreram explosões, um pegou fogo e outros dois têm temperaturas acima do normal. Ao menos 70% das barras de combustíveis do reator 1 foram danificadas com o colapso do sistema de resfriamento causado pelo terremoto, enquanto no reator 2, o dano ficou em 33% das barras.

Houve também repetidos vazamentos de radiação no ambiente. Foi decretada uma área de segurança de um radio de 20 quilômetros a partir da usina devido aos vazamentos de material radioativo, o que forçou a evacuação de mais de 200 mil pessoas que viviam na região. Além disso, outras 140 mil pessoas estão em um raio de 30 quilômetros do complexo.

Em Tóquio, a radiação está 20 vezes acima do normal, mas ainda não representa risco à saúde, segundo o governo japonês.

Quase 70 anos atrás, o EUA cometeu uma atrocidade e jogou uma bomba nuclear no Japão.
Hoje, estão ajudando os japoneses a conter um vazamento nuclear.

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