quinta-feira, 31 de março de 2011


Zona de guerra
Durante a Segunda Guerra Mundial, o território líbio foi cenário de combates decisivos. Entre 1940 e 1943 houve a campanha da Líbia entre o Afrikakorps do general alemão Rommel e as tropas inglesas. Findas as hostilidades, o Reino Unido encarregou-se do governo da Cirenaica e da Tripolitânia, e a França passou a administrar Fezã.

Essa nações mantiveram a Líbia sob forte governo militar até que a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a independência do país no primeiro dia de 1952, data a partir da qual foi adotado o nome Reino Unido da Líbia.

O líder religioso dos sanusis, o emir Sayyid Idris al-Sanusi, foi coroado rei com o nome de Idris I (1951-1969). Depois de sua admissão na Liga Árabe, em 1953, a Líbia firmou acordos para a implantação de bases estrangeiras em seu território. Em 1954, houve a concessão de bases militares e aéreas aos norte-americanos. A influência econômica dos Estados Unidos e do Reino Unido, autorizados a manter tropas no país, tornou-se cada vez mais poderosa.

A descoberta de jazidas de petróleo em 1959 constituiu no entanto fator decisivo para que o governo líbio exigisse a retirada das forças estrangeiras, o que provocou graves conflitos políticos com aquelas duas potências e com o Egito.Em 1961 tem início a exploração do petróleo.

A nova história da Líbia começou em 1969, quando um grupo de oficiais radicais islâmicos derrubou a monarquia e criou a Jamairia (República) Árabe Popular e Socialista da Líbia, muçulmana militarizada e de organização socialista. O Conselho da Revolução (órgão governamental do novo regime) era presidido pelo coronel Muammar al-Khadafi. O regime de Muammar Khadafi, chefe de Estado a partir de 1970, expulsou os efetivos militares estrangeiros e decretou a nacionalização das empresas, dos bancos e dos recursos petrolíferos do país.

Khadafi procurou desencadear uma revolução cultural, social e econômica que provocou graves tensões políticas com os Estados Unidos, Reino Unido e países árabes moderados.

A rejeição a Israel, as manifestações anti-americanas e a aproximação com a União Soviética, por parte da Líbia, geraram sérios conflitos na década de 1980.

A Revolta na Líbia

A revolta na Líbia teve início em fevereiro, quando rebeldes conseguiram estabelecer governo no leste e conquistar cidades no oeste.

Mas, há duas semanas, o ditador líbio logrou reverter a situação e impor sucessivos recuos aos rebeldes, até chegar às portas de Benghazi.

Cerca de 14 mil pessoas cruzaram a fronteira para a Tunísia em apenas um dia. Faltam comida, água potável e abrigo.

A Líbia foi alvo de ataques das forças da França, Estados Unidos e Reino Unido, que tiveram como alvo as forças do ditador Muamar Kadafi em Benghazi, reduto rebelde no leste, e mais de 20 alvos do sistema integrado de defesa aérea no oeste.

Os ataques foram a primeira fase da operação Odisseia do Amanhecer, criada para proteger os civis líbios e impor uma zona de restrição aérea na Líbia, aprovada na última quinta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O governo líbio, contudo, denunciou o ataque das forças internacionais contra os civis.

Liga Árabe apoiava a imposição de uma zona de exclusão aérea “para proteger os civis líbios e evitar qualquer medida adicional”. O apoio dos países árabes da região é considerado crucial para a missão, realizada pelas forças do Ocidente.

Além disso, ele destacou que algumas consultas vêm sendo feitas para a realização de uma reunião urgente da Liga Árabe sobre a situação em toda a região, especialmente na Líbia.

A ofensiva marca o início da maior operação militar do Ocidente no mundo árabe desde a invasão do Iraque, em 2003. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou que 20 aviões franceses entraram no espaço aéreo líbio numa tentativa de intimidar o ditador Muamar Kadafi e “impedir ataques aéreos contra a população em Benghazi”, cidade ao leste do país.

As tropas de Kadafi circulavam no que parecia ser uma tentativa de se preparar para a intervenção militar do Ocidente. O ditador líbio continuou a avançar contra seus opositores, afrontando a resolução da ONU que ordenava a paralisação dos ataques contra civis.

“É uma decisão grave que tivemos de tomar”, disse Sarkozy depois da reunião com outros líderes. Ainda de acordo com Sarkozy, a ação militar pode ser interrompida a qualquer momento se Kadafi parar os ataques contra os rebeldes da Líbia.

“Os riscos de atacar não são maiores que os riscos de não fazer nada. O coronel Kadafi criou essa situação”, disse o primeiro-ministro David Cameron. “Ele mentiu para a comunidade internacional, prometeu um cessar-fogo e não respeitou o cessar-fogo. Não podemos permitir que o massacre de civis continue.”

Os ataques contra civis na Líbia começaram há cerca de um mês, após protestos irromperem na cidade de Benghazi. Nos primeiros dias, as tropas do ditador líbio perderam terreno e seu governo chegou a ser ameaçado. Mas com o suporte de uma tropa formada por mercenários, ele retomou o controle sobre quase todo o território do país. Na quinta-feira, Kadafi chegou a propor um cessar-fogo e não cumpriu a promessa, irritando os líderes europeus.

Evolução da crise

Veja como o ditador Muamar Kadafi resistiu à oposição e levou a ONU a impor ações militares:

15 fev – Primeiros protestos ocorrem na cidade de Benghazi e são abafados pela polícia. Levante popular veio na esteira de revoltas em outros países do mundo árabe, como Egito e Tunísia.

17 fev – Protestos crescem e opositores provocam um “dia de fúria” em Benghazi. Forças do ditador Muamar Kadafi matam 13 pessoas.

23 fev – Oposição ao ditador toma cidades ao leste da capital Trípoli. Campos de petróleo também são ocupados pelos revoltosos. Queda de Kadafi parece iminente.

24 fev – Kadafi lança contra-ataque a opositores com apoio de um exército de mercenários.

25 fev – Estados Unidos e União Europeia ameaçam impor sanções ao país.

27 fev – O Conselho de Segurança da ONU emite um embargo à Líbia. Ocidente hesita em impor restrição aérea.

10 mar – O governo da França reconheceu a legitimidade do Conselho Nacional da Líbia, formado pelos opositores a Kadafi. Forças de Kadafi retomam a cidade de Ras Lanuf, importante porto exportador de petróleo.

12 mar – Rebeldes continuam perdendo terreno para as tropas de Kadafi, que se aproximam de Benghazi.

17 mar – Conselho de Segurança do ONU autoriza seus membros a tomar as medidas necessárias para proteger os civis. A zona de restrição aérea é imposta.

18 mar – Kadafi anuncia cessar-fogo, mas suas tropas continuam a avançar, encurralando os opositores em Benghazi.

19 mar – Jatos franceses sobrevoam a Líbia para evitar ataques aos opositores.

Os protestos no mundo árabe

A revolução democrática árabe é considerada a primeira grande onda de protestos laicistas e democráticos do mundo árabe no século XXI. Os protestos, de índole social e, no caso de Túnis, apoiada pelo exército, foram causados por condições de vida duras promovidas pelo desemprego, ao que se aderem os regimes corruptos e autoritários.Estas revoluções não puderam ocorrer antes, pois, até a Guerra Fria, os países árabes submetiam seus interesses nacionais aos do capitalismo estadunidense e do comunismo russo.

Os protestos no mundo árabe são uma série de grandes manifestações e protestos em países do Norte da África e do Oriente Médio, que compõe o chamado "Mundo Árabe". Os protestos ocorrem na Tunísia, Egito, Iêmen, Barein, Argélia, Líbia e Jordânia, com pequenos incidentes ocorridos na Mauritânia, Arábia Saudita, Omã e Sudão.As manifestações populares começaram em 18 de dezembro de 2010 com o levante na Tunísia, que foi seguido por protestos no Egito, na Argélia, na Líbia, no Iêmen e Jordânia.

A Revolução de Jasmim é uma sucessão de manifestações insurrecionais ocorrida na Tunísia entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011 que levou à saída do presidente da República, Zine el-Abidine Ben Ali, que ocupava o cargo desde 1987.

As manifestações começaram logo depois do suicídio de Mohamed Bouazizi, de 26 anos, vendedor ambulante de frutas e verduras, em Sidi Bouzid. Sem conseguir uma licença para trabalhar na rua, Mohamed fora, por anos, assediado pelas autoridades tunisianas: impossibilitado de continuar pagando propinas aos fiscais, acabou por ter sua mercadoria e sua balança confiscadas. Desesperado, o rapaz ateou fogo ao próprio corpo.

A tragédia pessoal de Mohamed desencadeou os protestos que acabaram por provocar uma onda revolucionária que envolveu toda a Tunísia e espalhou-se pelo Mundo Árabe, do Norte da África ao Oriente Médio, atingindo países que, durante décadas, viveram sob ditaduras, muitas das quais apoiadas pelo Ocidente, embora acusadas de violações constantes dos direitos humanos e de impor severas restrições da liberdade de expressão.

Além disso, as populações desses países têm convivido com altos índices de desemprego e pobreza, apesar de as elites dirigentes acumularem fortunas.

Egito

Mais tarde, a atenção do mundo focou-se no Egito, onde ocorreram protestos maciços desde 25 de janeiro de 2011.

Após quatro dias de protestos, o presidente Hosni Mubarak, no poder a 30 anos, propôs reformas, mas ainda não renunciava, o que levou a mais protestos que continuaram por 18 dias, com a pressão internacional e a pressão interna, Mubarak desiste e cede o Governo à SFME - Suprema Força Militar Egípcia. Os protestos no Egito ganharam bastante atenção e preocupação de todo o mundo, o motivo era uma aliança que existia entre Mubarak e o Ocidente, visto que Mubarak era um importante aliado na Guerra ao Terror. Além disso, devido às semelhanças político-econômicas e culturais, o movimento foi de grande influência nos outros países árabes a iniciarem uma guinada democrática.

Iêmen

Acuado pelas maiores manifestações antirregime desde que as revoltas no mundo árabe chegaram ao Iêmen, o ditador Ali Ab­­dullah Saleh se voltou ontem contra os Estados Unidos, acusando o aliado de instigar protestos ao lado de Israel.

“Vou revelar um segredo. Há um centro de operações em Israel com objetivo de desestabilizar o mundo árabe, e ele é dirigido pela Casa Branca’’, disse Saleh.

Saleh, que está sob pressão de dezenas de milhares de cidadãos que sairam às ruas para exigir sua saída após 32 anos no poder, havia aceitado dialogar sobre as negociações com a oposição. "Poderia deixar o poder..., inclusive dentro de algumas horas, sob a condição de manter o respeito e o prestígio"

A nação sofre há dias uma onda de protestos contra o presidente que se recusa a renunciar, o ministro das Relações Exteriores do Iêmen sinalizou que um possível acordo para a saída de Ali Abdullah Saleh e para a transição de poder no país.

Protestos se espalham pela Síria e governo responde com violência

Manifestantes pró e contra governo entram em choque em Damasco, e testemunhas dizem que forças atiram em Deraa, Latakia e Sanamein.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou que vai derrotar o que chamou de "complô" contra seu país. Em discurso ao Parlamento, o primeiro desde o início dos protestos contra seu governo que começaram há quase duas semanas, Al-Assad frustrou as expectativas ao não anunciar reformas políticas ou o fim do estado de emergência no país, que vigora há 50 anos.

"A Síria é alvo de um grande complô vindo de fora", disse ele, acrescentado que os manifestantes foram "ludibriados" para sair às ruas. Ele também acusou emissoras de televisão via satélite e outros meios de comunicação de "fabricarem mentiras".

A crise começou quando moradores de Deraa protestaram contra a detenção de 15 crianças por terem escrito frases contra o governo em um muro, violentos confrontos
aconteceram depois que as forças de segurança ameaçaram invadir uma mesquita. A justificativa era a de que a mesquita estava sendo usada por gangues para estocar arma e transformar crianças em escudos humanos.

Centenas de pessoas se reuniram no local para impedir a invasão. Há relatos de que as forças de segurança dispararam indiscriminadamente contra a multidão, o que governo nega. O regime tem atribuído os atos de violência a "desordeiros" que desejam espalhar o pânico entre a população e prometeu investigar as mortes.

Protestos na Jordânia A polícia usou canhões d'águia para dispersar grupos durante protestos contra o governo na capital da Jordânia, Amã.

O protesto foi organizado no site Facebook e reuniu estudantes, grupos de esquerda e membros da oposição islâmica.

Os manifestantes pedem a saída do primeiro-ministro, Marouf Al-Bakhit, afirmando que o ritmo das reformas políticas no país é lento demais.

Eles defendem que o premiê seja eleito diretamente e que o Parlamento receba maiores poderes.

O rei Abdullah nomeou Bakhit no mês passado, após grandes protestos populares.

Em carta publicada em jornais do país na quarta-feira, o rei Abdullah pediu para que o premiê Bakhit introduza reformas parlamentares que o monarca propôs em fevereiro, após o primeiro-ministro anterior ter sido demitido.

Na época, a população realizou protestos pacíficos pedindo reformas políticas para combater os altos índices de desemprego e a inflação.


Bahrein impõe toque de recolher após protesto com mortes

Policiais tentaram dispersar manifestação com bombas gás de gás lacrimogênio, canhões de água, tanques e helicópteros.

O protesto foi realizado por manifestantes antigoverno que estavam acampados no local há duas semanas.

Os manifestantes, em sua maioria muçulmanos xiitas, vêm pedindo reformas políticas e igualdade de direitos em relação à elite política do país, formada por islâmicos sunitas.

Os monarcas sunitas do Bahrein declararam estado de emergência e recorreram a cerca de mil soldados vindos da vizinha Arábia Saudita, também governada por uma monarquia sunita.

Os ativistas também protestaram contra a presença de soldados sauditas no país, que consideram uma ingerência indevida de um país estrangeiro em assuntos do Bahrein e se reuniram em frente à embaixada da Arábia Saudita.

Aumentam protestos no Kuwait por mudança de primeiro-ministro

Manifestantes pedem maior liberdade política e fim da corrupção.

Centenas de kuwaitianos protestaram exigindo a queda do primeiro-ministro e maior liberdade política no país do Golfo Pérsico, o quarto maior exportador mundial de petróleo. Os manifestantes se reuniram em um estacionamento chamado por eles de "Praça da Mudança", em frente a um edifício do governo, e pediam que o xeque Nasser al-Mohammad al-Sabah renunciasse.

Os participantes do protesto gritavam em árabe "O povo quer que a corrupção vá embora" e "Vá, vá Nasser", em frente a uma grande faixa com os dizeres "Um novo governo com um novo primeiro-ministro, com uma nova abordagem".
Além da substituição de Nasser, alguns organizadores do protesto exigem a indicação de um político que não seja da família de al-Sabah, que vem governando o Kuwait há cerca de 250 anos.

O primeiro-ministro, sobrinho do governante, já sobreviveu a duas moções de não-cooperação no Parlamento desde que foi indicado pelo emir em 2006. Todas as outras pastas importantes, como Defesa, Interior e Relações Exteriores, também são comandadas pelos al-Sabahs. O emir tem a palavra final sobre todas as questões políticas.

Sultão de Omã anuncia ampla reforma ministerial

Protestos continuam apesar da saída de ministros e do anúncio da criação de 50 mil postos de trabalho.

O sultão Qaboos de Omã, que enfrenta manifestações diárias, decidiu reestruturar amplamente o governo, conforme anunciou a televisão estatal. A medida foi divulgada no momento em que manifestantes denunciam a corrupção dos ministros de Omã.

"O sultão de Omã ordenou a reestruturação do Conselho de Ministros", anunciou a emissora estatal. O sultão Qaboos, de 70 anos, no poder desde 1970, demitiu no sábado dois ministros.

Os omanis, que exigem medidas de luta contra a corrupção, voltaram a protestar nesta segunda-feira, apesar da destituição dos dois ministros e das promessas de criação de empregos.

Além dos pedidos de combate à corrupção, funcionários da Oman Air iniciaram um protesto diante da sede da companhia aérea nacional, exigindo aumentos de salários e promoções. No sábado, em resposta às exigências dos manifestantes, o sultão Qaboos destituiu dos ministros e anunciou a saída de outros membros do governo.

Arábia Saudita detém 22 manifestantes xiitas

Manifestantes protestaram por considerarem ser discriminados; no sábado, governo advertiu que usará a força contra manifestações.

Xiitas sauditas têm realizado pequenos protestos nas últimas duas semanas no leste do país, região que detém boa parte dos campos de petróleo do maior exportador do mundo. Um ativista xiita, confirmou apenas 22 prisões.
"As forças de segurança estão autorizadas legalmente a adotar as medidas requeridas contra todo aquele que tentar alterar ou infringir o sistema de qualquer maneira", disse El Turki na nota, divulgada pela agência estatal "SPA".

A advertência foi feita cinco dias antes da realização de um "Dia da Fúria", convocado por centenas que aderiram a uma campanha no Facebook. Os organizados querem eleições, liberdade para as mulheres e libertação de presos políticos.

Apesar da sua riqueza petrolífera, a Arábia Saudita enfrenta um índice desemprego que chegou a 10,5% em 2009. O reino oferece benefícios sociais a seus 18 milhões de cidadãos, mas estes são considerados menos generosos que os de outros países petrolíferos do golfo Pérsico.

Palestinos protestam contra divisão de governo

Ao menos 3 mil jovens saíram às ruas para pedir unificação entre autoridades do Fatah e do Hamas.

Ao menos 3 mil jovens militantes pediram o fim das divisões entre palestinos nesta segunda-feira no centro de Gaza, na véspera do dia de marchas "unitárias" previstas para terça-feira nos territórios palestinos.

A multidão percorreu as ruas da cidade, agitando bandeiras palestinas e bradando "O povo quer o fim da divisão", em referência ao antagonismo entre o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e o Fatah do presidente Mahmud Abbas, que tem como sede a Cisjordânia.

Vários grupos convocaram recentemente grandes manifestações pela "unidade" no dia 15 de março em Gaza, na Cisjordânia e nos campos de refugiados palestinos no exterior. Mais cedo nesta segunda, o líder do governo Hamas, Ismail Haniyeh, ordenou ao Ministério do Interior em Gaza que não impeça a passeata, segundo um comunicado de seu gabinete.

Inspirados pelas manifestações populares no Egito, jovens palestinos fizeram nas últimas semanas apelos por "mudanças" e pela unidade política das facções palestinas por meio das redes sociais Facebook e Twitter .


sexta-feira, 25 de março de 2011


O número de mortos em consequência do terremoto e do posterior tsunami do dia 11 no Japão foi atualizado nesta sexta-feira, 25, para 10.035, enquanto o de desaparecidos subiu a 17.443, de acordo com o último boletim da polícia japonesa.

Duas semanas depois do terremoto de 9 graus no litoral nordeste do Japão, o pior desastre natural no país após a Segunda Guerra Mundial, 250 mil pessoas que foram evacuadas de seus lares permanecem em 1.900 abrigos temporários disponibilizados pelo governo.

Cerca de 90% dos terremotos no mundo ocorrem na região conhecida como Cinturão de Fogo do Pacífico: uma área de intensa atividade sísmica e vulcânica que inclui o oeste do continente americano e o leste da Ásia, onde está o Japão.

Ainda não há consenso entre os especialistas sobre as causas da concentração dos tremores nessa região, mas todos concordam que a explicação tem a ver com o comportamento da placa tectônica do Pacífico.

Essas placas são grandes porções de crosta que flutuam sobre o manto da Terra, camada mais plástica de material quente.

Elas movem-se continuamente, aproximando-se ou distanciando-se umas das outras. Tais choques e repulsões provocam terremotos e erupções vulcânicas.

O Círculo de Fogo do Pacífico (ou Anel de Fogo) é uma área formada no fundo do oceano por uma grande série de arcos vulcânicos e fossas oceânicas, coincidindo com as extremidades de uma das maiores placas tectônicas do planeta.

A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além do Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.

Esta é a área de maior atividade sísmica do mundo. Somente o Japão responde por cerca de 20% dos tremores de magnitude igual ou superior a 6 registrados na Terra. Em média, os sismógrafos captam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos.

Além disso, mais da metade dos vulcões ativos no mundo, acima do nível do mar, estão localizados nesta área.

Alguns dos piores desastres naturais já registrados ocorreram em países localizados no Círculo de Fogo. Um deles foi o tsunami de dezembro de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, após um tremor de magnitude 9,1.

Placas tectônicas

A maior parte do Oceano Pacífico está situada sobre uma placa homônima. As placas vizinhas a pressionam por todos os lados. Como a Placa do Pacífico suporta uma massa maior – todo o volume do oceano, de tempos em tempos, as demais placas sobem sobre ela . A energia acumulada pela tensão entre as placas é liberada sob a forma de abalos sísmicos.

Nos anos 1960, cientistas desenvolveram a noção de placas tectônicas, o que explica as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.

De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do âmago quente e líquido do planeta.

As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano - velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas.

O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida do centro da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades.

Três coisas podem ocorrer com as placas: elas podem se afastar umas das outras, deixando espaço para criar mais "chão" no fundo do mar; podem se aproximar, fazendo uma encobrir a outra; ou podem "roçar" umas nas outras, sem causar muito distúrbio.

Essas placas que se "roçam" causam tremores de menor intensidade, como ocorre geralmente na Falha de San Andreas, localizada na região de San Francisco (Estados Unidos). Essas falhas também podem criar escarpas ou falésias no fundo do mar.

No entanto, quando uma placa se move e é forçada para dentro da Terra, ela encontra altas temperaturas e pressões que são capazes de parcialmente derreter a rocha sólida, formando o magma que é expelido pelos vulcões.

O terremoto no Japão liberou uma quantidade de energia equivalente a 27 mil bombas atômicas iguais a que devastou Hiroshima, em 1945. “Parte dessa energia foi transformada em calor (no fundo do mar) e o resto provocou o abalo sísmico”, explica George Sand, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).

O tsunami provocado pelo maior terremoto da história do Japão varreu a costa nordeste do país e arrastou pessoas, carros, barcos e edifícios. Localizada 370 km ao sul, Tóquio também sentiu os efeitos do tremor de 8,9 graus na escala Richter. Os sistemas de transporte e telefonia celular foram comprometidos e vários aeroportos fecharam.

Milhões de japoneses ficaram sem energia elétrica e o governo teve de emitir um alerta de "emergência nuclear" em razão de avarias no reator de uma das maiores usinas atômicas do mundo.

O tremor foi sentido numa extensão de 12,1 mil quilômetros ao longo da costa leste, mas o lugar mais castigado foi Sendai, de 1 milhão de habitantes, onde 300 corpos foram encontrados na praia, segundo relato de agências de notícias japonesas. A agência de notícias Kyodo disse que um navio que carregava 100 pessoas foi levado pelo tsunami.

Ondas de até 10 metros de altura se formaram depois do terremoto, que ocorreu às 14h46, horário local , a 130 quilômetros da costa japonesa. O epicentro estava a uma profundidade de apenas 24 metros, o que aumentou o poder de destruição do tsunami.

Vinte países do Pacífico declararam alertas para tsunami, mas os primeiros relatos da progressão do fenômeno indicavam redução do tamanho das ondas e da violência da água.

"Este terremoto e tsunami, e também a situação que diz respeito à usina nuclear, são talvez a as adversidades mais difíceis que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial, em 50 anos."

"Se nós, o povo japonês, podemos superar estas adversidades, isto depende de cada um de nós, cidadãos japoneses", disse Kan em um pronunciamento transmitido pela televisão japonesa.

"Acredito que podemos superar este grande terremoto e tsunami se nos unirmos."

Um vulcão situado no sudoeste do Japão voltou a lançar cinzas e pedras a uma altura de 4 mil metros, depois de duas semanas de relativa calma, segundo as autoridades.

O vulcão Shinmoedake, situado na ilha Kyushu, tem 1.420 metros de altura e entrou em atividade em janeiro, pela primeira vez em 52 anos.As autoridades japonesas restringiram o acesso a Shinmoedake, situado nos montes Kirishima, que têm 20 vulcões.
As ilhas japonesas têm origem vulcânica e dezenas de vulcões ativos continuam a entrar em erupção regularmente por todo país. O vulcão começou a expelir cinza e magma no final de janeiro e desde então entrou em erupção 12 vezes, sem causar danos.

As novas erupções ocorrem dois dias após um forte terremoto de 8,9 de magnitude, seguido de um devastador tsunami, ter provocado centenas de mortes e destruição no nordeste do país.

O Shinmoedake está a cerca de mil quilômetros da região afetada pelo terremoto.

Terremoto do Japão pode ter deslocado eixo da Terra

O devastador terremoto do Japão pode ter deslocado em quase dez centímetros o eixo de rotação da Terra, segundo um estudo preliminar do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) da Itália.
O INGV, que desde 1999 estudou os diversos fenômenos sísmicos registrados na Itália, como o devastador terremoto da região dos Abruzos de 6 de abril de 2009, explica em uma nota que o impacto do terremoto do Japão sobre o eixo da Terra pode ser o segundo maior de que se tem notícia.

“O impacto deste fato sobre o eixo de rotação foi muito maior que o do grande terremoto de Sumatra de 2004 e provavelmente é o segundo maior, atrás apenas do terremoto do Chile de 1960”, diz o comunicado.
Entre 200 e 300 pessoas morreram na província japonesa de Miyagi (leste) por causa do tsunami provocado pelo terremoto do Japão, mas ainda há 349 desaparecidos em todo o território japo
nês.
Teme-se que o número de mortos aumente, já que há edifícios destruídos em várias regiões.


ACIDENTE NUCLEAR

Mas nossos filhos serão mutantes
Queria tudo como era antes
O sol nunca mais vai brilhar
Aqui dentro do abrigo nuclear


Como se não bastasse a tragédia imposta pelo terremoto e posterior tsunami, o Japão agora luta para que os problemas em suas usinas nucleares tenham uma solução e que o resultado não seja mais catastrófico.
A crise nuclear japonesa já corresponde ao segundo maior nível na escala internacional de acidentes atômicos. De acordo com informações da agência de notícias japonesa Kyodo, a avaliação foi feita pela Agência Nuclear da França.

Dentro da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos, conhecida pela sigla Ines, os acidentes são classificados entre um e sete. A emergência japonesa está no nível seis - inferior, por exemplo, ao do desastre de Three Mile Island, nos EUA, em 1979.

Conforme a escala, os eventos da categoria um são descritos como uma "anomalia", e os da categoria sete, como um "grande acidente". O nível seis corresponde a um "sério acidente". Em toda a história, só a tragédia de Chernobyl, em 1986, chegou ao nível sete. A explosão numa usina em Kyshtym, na Rússia, em 1957, foi o único caso de evento de categoria seis, como o que ocorre agora no Japão. O desastre russo provocou enorme contaminação radioativa, provocando câncer nos moradores.

A crise nuclear japonesa agravou-se com o anúncio de que o depósito de combustível atômico do reator 3 do complexo de Fukushima apresenta rachaduras. Um problema semelhante foi descoberto no terminal 2. A Tokyo Eletric Power Co. (Tepco), responsável pela usina, disse que o resfriamento do reator 3, movido a plutônio, é a "prioridade" para evitar um desastre de proporções maiores.

De acordo com o chefe de gabinete do governo japonês, Yukio Edano, a ruptura pode ter causado a nuvem de fumaça branca vista sobre o complexo no começo do dia (noite de terça no Brasil). Os níveis de radiação subiram e os 50 trabalhadores que lutam para resfriar os reatores foram retirados da usina. No final da noite, a contaminação caiu e os técnicos - agora 180 deles - voltaram ao complexo. Helicópteros foram utilizados para tentar resfriar os reatores, mas a tentativa fracassou. As equipes recorreram então a canhões d'água.

O governo do Japão disse que os níveis de radiação fora do terreno da usina permanecem estáveis, mas, em um sinal de estar sobrecarregado, apelou às empresas privadas para ajudarem a entregar suprimentos às dezenas de milhares de pessoas que foram retiradas do entorno do complexo. "As pessoas não estariam em perigo imediato se saíssem de casa com esses níveis. Quero que as pessoas entendam isso", disse Edano.

Desde o terremoto de magnitude 9 que atingiu o país na última sexta-feira, três dos seis terminais do complexo de Fukushima sofreram explosões, um pegou fogo e outros dois têm temperaturas acima do normal. Ao menos 70% das barras de combustíveis do reator 1 foram danificadas com o colapso do sistema de resfriamento causado pelo terremoto, enquanto no reator 2, o dano ficou em 33% das barras.

Houve também repetidos vazamentos de radiação no ambiente. Foi decretada uma área de segurança de um radio de 20 quilômetros a partir da usina devido aos vazamentos de material radioativo, o que forçou a evacuação de mais de 200 mil pessoas que viviam na região. Além disso, outras 140 mil pessoas estão em um raio de 30 quilômetros do complexo.

Em Tóquio, a radiação está 20 vezes acima do normal, mas ainda não representa risco à saúde, segundo o governo japonês.

Quase 70 anos atrás, o EUA cometeu uma atrocidade e jogou uma bomba nuclear no Japão.
Hoje, estão ajudando os japoneses a conter um vazamento nuclear.

terça-feira, 1 de março de 2011



Dia sem Carro

A complexidade da equação que envolve trânsito emissões veiculares mobilidade nas grandes cidades do mundo exige respostas urgentes. Um simples dia de reflexão não resolve todos os problemas, mas ajuda numa análise séria da questão da mobilidade e até mesmo para experimentar outras possibilidades de deslocamento sem usar o carro.

Em todo o mundo, grandes cidades como São Paulo, Nova York, México, entre outras, registram altos índices de poluição e também ocorrência de gases de efeito estufa, em parte por causa das emissões veiculares. Na cidade de São Paulo, por exemplo, 90% da emissão de gases de efeito estufa são provenientes dos automóveis, segundo o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Cidade de São Paulo, realizado pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dados do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP indicam ainda que em São Paulo se vive cerca de dois anos menos do que em cidades com o ar menos poluído.

Tudo isso serve para apontar dois pontos fundamentais: a urgência de encontrar saídas para o trânsito na cidade e a dificuldade em resolver esses problemas numa estrutura que sempre privilegiou o carro e coloca por dia cerca de 500 novos veículos nas ruas, sejam eles novos em folha ou de segunda mão.


125 anos do Automóvel


Tudo começou num dia 29 de janeiro. Foi há 125 anos, que o alemão Carl Benz deu início a uma revolução que se alastraria não só pela Europa, mas por todo o planeta.

Nesse dia, o engenheiro registrou a patente n.º 37.435 do seu "veículo impulsionado por motor a gasolina" num escritório de patentes em Berlim, marcando o nascimento do automóvel.

Porém, é importante deixar claro que a data se refere a veículos dotados de motor a combustão interna. Modelos equipados com propulsores a vapor (com uma caldeira) existiam desde o século 17.

Apesar da produção em série dos primeiros automóveis ter sido iniciada em 1888, eles demoraram a se tornarem populares. Esse processo só começou no início do século 20 nos Estados Unidos, com a extinta Oldsmobile.

E se tornou realidade graças a Henry Ford, que, em 1914, implantou a linha de produção do famoso Modelo T. O advento da produção em escala permitiu que cada carro deixasse a fábrica num período oito vezes menor que o dos concorrentes.

No início dos anos 1930, a Alemanha estava às voltas com uma grande crise, e uma das soluções apontadas para superá-la era a criação de um carro popular. Surgiram, então, os primeiros projetos de um "carro do povo" (Volkswagen, em alemão).

Depois de muitas tentativas e diversos protótipos, nasceu, em 1937, o Fusca, então batizado de KdF (Kraft durch Freude, ou Força pela Alegria) Wagen. O inicio da Segunda Guerra Mundial, entretanto, fez com que a Alemanha direcionasse todos os investimentos - e fábricas - para a produção bélica.

Mas o projeto do "carro do povo" era tão bom que superou as dificuldades e, após o fim do conflito, não demorou a ganhar as ruas de todo o mundo. Como o momento era de reconstrução e as pessoas necessitavam de um meio de locomoção barato, simples e confiável, o Besouro veio bem a calhar.