terça-feira, 1 de dezembro de 2009



Movimiento de Liberación Nacional T U P A M A R O S


José Mujica, eleito neste domingo presidente do Uruguai, foi um dos principais líderes do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLN-T), uma guerrilha urbana que desde o início dos anos 1960 buscou desmontar o Estado burguês através das armas.
No começo, o MLN-T era um pequeno grupo que realizou acções que geravam simpatia na esquerda até que, em sua fase de crescimento, a partir de 1968, começou a realizar sequestros e homicídios.

Entre essas acções se destacam o sequestro e execução do agente americano Dan Mitrione, a quem os tupamaros acusavam de ensinar a torturar as forças de segurança uruguaias.
A história de Mitrione é o pano de fundo do filme "Estado de sítio", do franco-grego Costa Gavras.

Também sequestraram o cônsul geral brasileiro, Aloysio Dias Gomide, e o agrônomo Americano Claude Fly, que foram libertados em 1971, depois de sete meses de cativeiro.
O embaixador britânico em Montevidéu, Goeffrey Jackson, foi outro sequestrado em 1971 e contou sua história no livro "Sequestrado pelo povo".

As acções dos tupamaros, num país mergulhado numa profunda crise económica, contribuíram para a radicalização política que resultou no golpe de Estado cívico-militar de Junho de 1973, apesar de a guerrilha já ter sido militarmente derrotada em 1972.
Mujica, que foi baleado nove vezes, esteve preso em 1970 e participou na fuga em massa da Prisão de Punta Carretas em 1971. Voltou a ser capturado em 1972, assim como toda a direcção tupamara.

Os líderes do MLN-T foram feitos "reféns" da ditadura (1973-1985) e ficaram presos em diferentes quarteis do país em condições subumanas.
Em 1985, com a restauração democrática, os dirigentes tupamaros foram libertados dentro de uma amnistia promovida pelo primeiro governo de Julio María Sanguinetti (1985-1990 e 1995-2000).

Da experiência guerrilheira e horizonte anticapitalista do MLN dos anos 60-70 apenas restaram os atos ritualísticos que, de tanto em tanto, recordam o passado revolucionário, em particular quando evocam seu fundador, Raúl Sendic, Che Guevara, ou a “tomada de Pando”, uma de suas ações armadas de maior impacto. O discurso de fidelidade “heróica” tem como destinatários, por um lado, os velhos militantes e, por outro lado, os jovens que se incorporam atraídos pela “mística” mas cuja adesão é necessário galvanizar. Entretanto, as figuras centrais de sua atual direção exercem o papel de homens de Estado.
As tradicionais reivindicações programáticas da esquerda revolucionária foram abandonadas uma atrás da outra. Nenhum traço do rompimento com o FMI, do não pagamento da dívida externa, da reforma agrária ou da estatização dos bancos e do comércio exterior. Menos ainda da exigência de anular a Lei de Caducidade (impunidade) e desmantelar o aparato repressivo.
Todas demandas que o MPP defendia, desde a sua fundação em 1989 até meados dos anos 90, tanto na Frente Ampla como nas organizações operárias e populares. Já em 1999 o principal porta voz do giro “realista”, José Mujica, adiantava o que viria: “mudar o sistema é atualmente uma utopia”.
"O Uruguai é provavelmente hoje mais desigual do que a dos anos sessenta. Pobreza é maior e mais violenta do que quando Sendic marchas organizadas de agricultores para que eles pudessem descobrir Montevidéu também teve a miséria na Suíça da América". Misery hoje para ver apenas cinco minutos parar em qualquer canto do país. No mesmo bloco onde o apartamento de Mario Benedetti, o berço deste livro, a localização mais central em Montevidéu, há crianças que dormem deitado na calçada, nem mesmo um cartão em que a mentira, sujo, descalço, e condenado a base de cocaína. "

"Os motivos para a rebelião não faltam. Pelo contrário. Qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade, você pode sentir seu sangue ferver para ver o que somos, o que temos e para onde estamos indo "

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