domingo, 11 de setembro de 2011


O mês de setembro, há dez anos, passou a ter importância histórica para as relações internacionais. Em 11 de setembro de 2001, o maior ataque ao território continental dos Estados Unidos foi realizado com sucesso, fato que levou a uma grande alteração na política mundial. Tais mudanças podem ser vistas a partir de três eixos interconectados:

  • O primeiro é o da política externa estadunidense. Os ataques de 11/09 possibilitaram aos neoconservadores do Partido Republicano implementar suas políticas unilaterais e intervencionistas, baseadas na visão de que os Estados Unidos são um país de exceção, que têm o direito de intervir no exterior para “civilizar povos menos evoluídos”, implementando seu modelo político-econômico.
  • O segundo aspecto importante é que essa mudança de rumo da política externa dos EUA, potencializada pela dissipação do medo na população do país, pode ser relacionada à atual crise da economia mundial.
  • Por fim, outro ponto importante a ser observado a partir do ataque às Torres é uma grande descrença nas instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Bush passou por cima dessas instituições.
Até que o plano de jogar aviões Boeing contra os edifícios de 110 andares fosse colocado em prática, as estruturas eram descritas como indestrutíveis, superprédios que jamais seriam derrubados. Uma noção esmagada em 2001 por ataques engendrados em um dia que ainda não acabou e dei­­xou parte do mundo refém do terror .


A data no ca­­lendário virou um evento histórico, com artigo e letra maiúscula: o 11 de Setembro. A inauguração do Memorial na se­­mana que vem marca os dez anos desse fato.O lugar é formado por dois es­­pelhos d’água com cerca de 4 mil metros quadrados cada um, marcando os pontos onde antes estavam as Torres Gêmeas. Nos painéis de bronze ao redor dos quadrados estão inscritos os nomes das vítimas, seguindo uma lógica incomum. Em vez da ordem alfabética, eles foram organizados de acordo com o prédio em que as pessoas trabalhavam, sendo agrupadas por laços profissionais ou sentimentais.

Também para marcar os dez anos, o presidente Barack Obama deve visitar cada um dos três locais implicados no 11 de Setembro: o Marco Zero, em Nova York, a re­­gião de Shankville, na Pensilvânia, onde caiu o voo 93 da United Airlines, e o Pentágono, no estado da Virginia, atingido pelo voo 77, da American Airlines.

O nome Marco Zero para batizar o terreno onde antes estavam as torres do World Trade Center, o centro financeiro do mundo, não é reflexo da megalomania norte-americana. De fato, ali está o cenário em que uma nova ordem mundial teve início.

“É um marco da história recente”, diz o professor Marcos Alan Ferreira, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos, em São Paulo. Os terroristas, que agiram sob o comando de Osama bin La­­den, con­­­seguiram al­­terar a geo­­polí­tica mundial, combatendo os norte-americanos porque eles são, aos olhos de al­­guns islâmicos radicais , uma mi­­noria entre os mu­­­çul­­­manos, os representantes de sa­­tã. Uma nação distante da Lei Co­­­râ­­­­­nica, as regras contidas no Corão.

O 11 de Setembro é com fre­­quên­­cia apresentado como o evento que anunciou o século 21. Para a professora de Geopolítica da do Grupo Dom Bosco Luciana Worms, ele deu início às guerras sem uniforme. “Você não distingue quem é o inimigo. São guerras as­­simétricas, de países contra grupos e você corre o risco de matar amigos ao combater os inimigos.”

O escritor Lawrence Wright, no livro O Vulto da Torres – A Al-Qaeda e o Caminho Até o 11/9 (Companhia das Letras), explica que os islâmicos radicais “consideram o Oci­­dente responsável por corromper e humilhar a sociedade islâmica”. O ódio começou com o regime se­­cular do Egito, mas não demorou a envolver os EUA, Israel e a União So­viética.

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