domingo, 5 de abril de 2009

Drogas Lícitas (Medicamentos)
No Brasil, atualmente, enfrenta-se um sério problema denominado por alguns pesquisadores tráfico de drogas lícitas. Trata-se do grande consumo de remédios anorexígenos. Apesar de só ser permitida a compra dos mesmos sob prescrição médica e de apenas alguns laboratórios terem a licença para produzi-los, muitos farmacêuticos e médicos têm o costume de comercializar estes medicamentos sem tomarem qualquer cuidado com a situação da pessoa que fará uso dos mesmos. Como existe uma grande procura, há também uma grande facilidade de encontrá-los. O problema maior é que muitas vezes os remédios vêm compostos por substâncias prejudiciais à saúde, mas tal fato não é lembrado por muitos profissionais que, irresponsavelmente, distribuem os medicamentos.Pelo fato de cada organismo humano ser diferente, os medicamentos agem de maneiras diferentes, podendo ser mais ou menos eficazes para o tratamento proposto, ou até mesmo sendo prejudiciais à saúde do indivíduo ao invés de ser benéfico. Efeitos colaterais ou reações alérgicas podem ser um indicativo da ação do remédio no organismo do indivíduo. Este pode ser mais ou menos demorado, de acordo com o funcionamento dos órgãos responsáveis pela absorção do medicamento.Como os medicamentos causam reações químicas, podemos perceber uma variação das mesmas devido às substâncias que o medicamento pode encontrar no corpo. Ao ingerirmos determinada substância o nosso metabolismo interrompe a produção da mesma, já que a quantidade existente no corpo é suficiente. Com o tempo, caso a substância continue sendo ingerida, o corpo para de produzi-la, e caso ela deixe de ser introduzida no sistema metabólico, o corpo não voltará imediatamente a produzi-la. É nesse intervalo de tempo que acontecem as crises de abstinência, tão comuns para quem está deixando de consumir determinada droga.
As drogas anticolinérgicas podem ser sintetizadas em laboratório. É o caso de alguns medicamentos como Artane, Akneton, Bentyl e outros. Em doses elevadas, além dos efeitos no corpo, são capazes de alterar as funções psíquicas.
Estes medicamentos tem utilidade terapêutica no tratamento da Síndrome de Parkinson e como antiespasmódico. Foram usados durante a Segunda Guerra Mundial por organismos militares, que viram neles um "soro da verdade", pois na aplicação parenteral levam a um estado torporoso, com especial tendência à sugestibilidade, liberando barreiras conscientes de defesa.
O uso não médico de substâncias anticolinérgicas, em particular Artane, mas também Bentyl, Asmosterona e outros, é mencionado no Brasil desde 1972. Lançados no mercado para o tratamento dos parkinsonianos, eles fizeram conhecer-se rapidamente nos meios iniciados no uso indevido de drogas, a começar por menores em situação de rua. Entre eles, o Artane é conhecido pelos nomes populares de "artemis", "aranha" e "buquê"; e o Bentyl por "bentinho".
O uso de Artane por crianças de rua é assustador, inclusive por aplicação endovenosa. Chega a ser a terceira droga mais usada pelos meninos em situação de rua do Brasil (após os inalantes e a maconha). O abuso de anticolinérgicos, tanto das plantas como dos medicamentos, é relativamente comum no Brasil. Estas drogas, com exceção feita aos meninos em situação de rua, são usadas esporadicamente.
Efeitos físicos e psíquicos
Absorvido em quantidades maiores do que a dose terapêutica, o produto provoca alterações mentais como alucinações e delírios, com duração de 48 horas. Consumido junto com outras drogas, como inalantes e maconha, o efeito pode durar mais tempo ainda, iniciando pela sensação de "barato" na cabeça ou no corpo todo, seguida de alterações na percepção de cores/sons, terminando com sensações de estranheza, medo, confusão mental, idéias de perseguição, dificuldades de memória - síndrome que adota a forma de um surto psicótico agudo. O potencial de
dependência parece elevado, com alta toxicidade, evoluindo para alterações crônicas.
Os delírios e alucinações dependem bastante da personalidade da pessoa e de sua condição.
As drogas anticolinérgicas são capazes de produzir muitos efeitos periféricos. Assim, as pupilas ficam muito dilatadas, a boca seca e o coração dispara. Os intestinos ficam paralisados - tanto que são usados medicamentosamente como antidiarréicos - e a bexiga fica "preguiçosa" ou há retenção de urina.
Os anticolinérgicos podem produzir, em doses altas, grande elevação da temperatura - que chega, às vezes, até a 40-41 graus. Nestes casos, não muito comuns, a pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente com vermelhidão principalmente no rosto e pescoço. Esta temperatura elevada pode provocar convulsões. São, por isto, bastante perigosas. Existem pessoas que, também, descrevem ter "engolido a língua" e quase se sufocarem por causa disto. Ainda, em casos de dosagem elevada, o número de batimentos do coração sobe exageradamente, podendo chegar acima de 150 batimentos por minutos. Estas drogas não desenvolvem
tolerância no organismo e não há descrição de síndrome de abstinência após a parada de um uso contínuo.

Drogas uso Medicinal

A mais freqüente função religiosa dos pajés é realizar encantamentos místicos para expulsar os espíritos da moléstia por meio de cânticos mágicos, rituais apropriados e a batida rítmica do maracá. Na promoção da cura o pajé, depositário da ciência tradicional da tribo, mescla aos procedimentos místicos a administração de medicamentos feitos com vários tipos de ervas, raízes, cascas, algumas sementes e flores, substâncias animais e minerais, com as quais prepara pós, cozimentos e infusões. Também pode se valer de certas práticas do bom senso e de uso universal, como abluções, jejum e repouso.Embora seja difícil distinguir entre a contribuição dos indígenas e a dos jesuítas, a utilização pelos curandeiros das plantas medicinais da flora nativa é responsável pela introdução de inúmeras drogas da farmacopéia moderna, como a ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha), o jaborandi (Monniera trifolia), e o curare, espécie de extrato vegetal obtido de certas plantas do gênero Strychnos (longaniáceas) e da Chondrodendron tomentosum (menispermáceas). Os pajés manipulam também vários tipos de veneno e sabem preparar estimulantes, narcóticos, sedativos, purgativos etc.Na pajelança, cerimônia de natureza xamanística que sobrevive entre as populações da Amazônia e do Maranhão, o pajé é o feiticeiro que dirige a invocação da "alma do bicho" (o jacaretinga, a cobra grande), que nele encarna para responder às consultas dos crentes. A bebida ritual é o tafiá (aguardente). Para purificar o local e os presentes, o pajé também promove a defumação e às vezes usa um feixe de penas de ema para espantar os maus espíritos.
De maneira geral, entre os índios, nas mais diversas aldeias, o tratamento e a cura de doenças é feita pelos pajés, através de práticas mágicas. Segundo a crença dos indígenas, esses poderes podem ser usados para curar doenças como também para provocá-las, razão pela qual é comum atribuir a origem de doenças aos feitiços.Os processos de cura variam entre os grupos indígenas. Os Xamãs, por exemplo, são uma categoria especial de médico-pajé, que podem entrar em êxtase. Nesse estado, segundo os índios, a alma vai para longe do corpo, percorrendo lugares distantes ou encarnando um espírito estranho. Dentre os índios, de acordo com Alan Suassuna, que escreve no site sobre o povo Yanomami, o Xamã é o líder espiritual, o intermediário entre os homens e os espíritos, que, durante rituais de cura cheira um pó alucinógeno que, acreditam, "abre" a floresta para os "Xapori", entidades que auxiliam os Xamãs nos rituais de cura.Segundo Joseph Campbell, em seu livro "O poder do mito", "O xamã é uma pessoa, homem ou mulher, que, no final da infância ou no início da juventude, passa por uma experiência psicológica transfiguradora, que a leva a se voltar inteiramente para dentro de si mesma.
É uma espécie de ruptura esquizofrência.O inconsciente inteiro se abre, e o xam
ã mergulha nele. Encontram-se descrições dessa experiência xamãnica ao longo de todo o caminho que vai da Sibéria às Américas, até a Terra do Fogo".Para que se entenda mais de medicina indígena, é preciso mergulhar um pouco em seus mitos e rituais, uma vez que toda a sua cultura influencia sua saúde e a forma como lidam com seus corpos. No ritual de morte, por exemplo, os índios colocam o corpo pendurados em árvores.Após algum tempo, quando o corpo já se decompôs, eles recolhem os ossos e cremam. Em rituais familiares os parentes misturam um pouco das cinzas ao mingau de banana e tomam. O restante é enterrado no mesmo lugar onde fizeram o fogo. Estes são outros indicativos das crenças mágicas dos indígenas.Segundo o Dr. Rafael Valdez Aguiar, doutor em medicina e história, a medicina indígena, assim como muitas outras medicinas alternativas, tem muito a ver com a sugestão da pessoa, já que para que a pessoa adoeça ou se cure com recursos mágicos devem cumprir-se três aspectos: que o indivíduo creia, que a pessoa que o vai curar ou adoecer também creia, e que além disso, a sociedade em seu conjunto também creia. Conforme escreveu Dorangélica de la Rocha, no jornal El Debate, do México, antes mesmo da chegada dos espanhóis, os índios já operavam catarata. Outras enfermidades graves eram curadas com recursos mágicos. A medicina dos indígenas é um milagre, uma magia.Atualmente, a medicina indígena é um recurso para a cura de enfermidades graves, quando foram esgotados os recursos científicos, porque lida, principalmente, com a fé. Assim como muitas outras medicinas alternativas. Isso tudo não quer dizer que várias das ervas usadas pelos pajés e xamãs sejam descartadas pela medicina tradicional, pois muitas delas possuem princípios químicos ativos que, inclusive, vêm sendo objeto de pesquisa científica e que já compõem vários dos remédios que vamos procurar em farmácias.
Há círculos de medicina, onde os mais velhos transmitem experiências e conhecimentos aos mais jovens. Usa-se um cachimbo e há inscrições como: "Tabaco. Ele nunca 'significou' para ser abusado".Outro tratamento comum entre os Plains é a idéia de bem estar. Podendo ser definido como um estado onde a mente, o corpo e o espírito estão em conexão e "balanceados". Um não pode ser separado do outro. Os Oglala Sioux são os mais tradicionais de todos os Índios Plains. Eles sempre trabalharam com as práticas e crenças de saúde desde o passado até o presente.Para eles as doenças indígenas são causadas pela desarmonia entre humanos e os poderes sobrenaturais. Essas doenças devem ser tratadas pelas práticas nativas, não pela dos "homens brancos", que servem para curar as doenças dos homens brancos, como a
diabetes e os problemas cardíacos.
De acordo com a FUNAI, Fundação Nacional do Índio, muitos vegetais usados pelos indígenas como medicamentos apresentam de fato resultados surpreendentes e, os conhecimentos técnicos, muitas vezes complexos, dos índios brasileiros, estão presentes tanto no combate às doenças, quanto na caça e na pesca (através da utilização de venenos), na ecologia, na astronomia, na fabricação de sal, de objetos de borracha, de tecidos e na guerra (uso de gases asfixiantes).
Segundo informações do núcleo Amazon Trade, que estuda a cultura e os costumes da Amazônia, as ervas e a fitoterapia (medicamentos preparados a base de plantas, através de chás, infusões) são recursos muito utilizados pela população local e pelos índios.

Daime de origem indígena, apresenta propriedades calmantes, mas sabe-se também que é pertencente à "família" dos perturbadores do sistema nervoso central, ou seja, é alucinógenas, tanto quanto a maconha ou o LSD.
O chá é chamado Ayuwasca, obtido da mistura do cipó jagube e da folhas da planta chacrona. Há várias comunidades na Amazônia que cultuam o Santo Daime, reverenciando a mata, a floresta, Deus e a alegria. As letras de seus hinos têm inspiração ecológica.

No campo da medicina, a cannbis sativa é ótima para resolver problemas como enxaqueca, anorexia, espasmo muscular, epilepsia, glaucoma entre outras. E quando se trata de obra-prima, a maconha se destaca com excelência. Em apenas 6 meses, uma plantação de maconha já está em tamanho suficiente para produzir o que há de melhor em qualidade fibrosa. Ela pode gerar produtos de altíssima qualidade, muito melhores que os produzidos por troncos de árvores, sem precisar desmatar florestas para isso. Além de não derrubar florestas, a maconha serve como auxílio, se plantada em volta da floresta, para o reflorestamento.
Voltando ao campo medicinal do uso da cannabis sativa, é muito comum ouvir que usada como cigarro ela faz muito mal. De certa forma essa afirmação está errada. Ela, como qualquer outra substância, quando fumada agride a garganta por causa do calor, mas ela em si não é prejudicial. E ao primeiro indício de dores na garganta ou vermelhidão deve ser abandonado o uso. Outra coisa muito importante para se dizer é que seu uso medicinal tem que ser extremamente controlado, as doses de maconhas medicinais devem ser sempre pequenas. Quando a pessoa está sendo medicada com maconha não fuma um cigarro inteiro, a pessoa não fica chapada, vamos dizer assim. O que não acontece com o consumo de qualquer remédio forte, como os tarja pretas. Ao contrário dos tarja pretas, não foi comprovado que o uso de maconha causa dependência química.
Evidências de pesquisas em animais e em homens indicam que a maconha pode produzir um efeito analgésico importante. Porém, mais estudos devem ser feitos para estabelecer a magnitude e a duração deste efeito, nas diversas condições clínicas. Os pacientes que poderiam ser beneficiados com o uso dessa droga seriam aqueles em uso de quimioterapia, em pós-operatório, com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula), com neuropatia periférica, em fase pós-infarto cerebral, com AIDS, ou com qualquer outra condição clínica associada a um quadro importante de dor crônica. Arch Gen Psychiatry




Drogas e Religião

O uso de psicoativos é milenar, porém, em meados do século XX, coincidindo com uma série de eventos sociais considerados de Nova Era, surge o interesse cada vez maior do ocidente em relação às culturas religiosas do oriente, a acentuada busca de autoconhecimento e individuação, a procura e a curiosidade por substâncias psicoativas que pudessem expandir a consciência, descobrir novas realidades, conhecer mais profundamente a alma humana. Diversas pesquisas científicas, produções literárias e artísticas sobre o tema tiveram assim solo fértil para se manifestar.O consumo de substâncias psicoativas não está necessariamente relacionado com propósitos espirituais. Vão desde mera curiosidade, estímulos diversos, fugas, moda, rebeldia, entretenimento.

O ser humano descobriu a muito tempo que certas plantas e substâncias tinham a capacidade de alterar estados de consciência ao serem ingeridas, aplicadas ou fumadas. Algumas civilizações atribuíram esses estados a formas de contato espiritual, deuses e forças mágicas da natureza, “plantas de poder” para fins místicos.

O uso de plantas capazes de alterar os estados de consciência tinha como finalidade “quebrar” a percepção ordinária do mundo que temos. O mundo como o vemos seria apenas uma descrição que nos é ensinada desde cedo e não uma realidade maior e definitiva,o uso das plantas seria o único meio de conseguir perceber essa outra realidade.

O uso de substâncias psicoativas em contexto religioso, muito comum na antiguidade, é ainda controverso na nossa civilização. Apenas poucos países autorizam religiões a utilizarem em seus ritos sustâncias derivadas de plantas que alteram o estado de consciência de seus seguidores. Mas, usar o termo psicoativo não é apenas uma forma de disfarçar o que poderíamos chamar de droga?


Porém fica claro que o uso da palavra droga tem sentido pejorativo, negativo em nossa língua,o que deve ser analisado é como as pessoas que consomem algumas dessas substâncias se comportam dentro da sociedade, no seu ambiente de trabalho e no seu relacionamento familiar e com amigos, pois a definição de droga tem como implicação que a pessoa esteja se alienando do convívio social saudável, tornando-se incapaz de produzir e ser responsável, além de ter prejuízos para sua saúde, estar dependente e se tornar perigosa para si mesma e para outras pessoas.

As substâncias podem criar atalhos, muitas vezes de pouca utilidade para pessoas despreparadas, mas técnicas como as meditações, orações fervorosas, contemplação, jejum, celibato e sexualidade (Tantra por exemplo), entre tantas outras práticasconhecidas dentro de diversas religiões e seitas, podem levar o ser humano a ter experiências similares dessa enteogenia provocada por essas plantas.
Não se pode atingir o sentido religioso, o religare do ser humano ao divino, sem passar também pelo biológico, ou seja, estar “encarnado”. Não se pode esperar muito quando há divisões entre pensamentos, emoções e ações. A palavra integridade deve ser vista como uma integração no indivíduo entre sua mente, corpo, emoções e espírito. Na chamada Nova Era, se assistiu uma proliferação de novas religiões, técnicas terapêuticas, sincretismos diversos, onde é possível caminhar por diversas opções, experimentar formas diferentes desse religare, dessa integração, de obter um conhecimento maior desses diversos “eus” que somos, como administrálos para nosso bem-estar, felicidade e saúde e de como contemplar o incognoscível sem apreensão, desconfiança ou medo.

A maconha é planta proscrita no Brasil e em muitos países do mundo. Não pode ser cultivada e se nascer na natureza deve ser destruída. Há muita controvérsia quanto ao uso dela, se realmente faz mal, se é tão perigosa como o álcool ou faz tão mal quanto o cigarro e outras comparações como estas com o intuito de desmistificar o seu uso, a guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos.
A maconha é usada por algumas religiões atualmente, como no Havaí
e na Jamaica, como parte do seu ritual de comunhão. Algumas delas remetendo o uso da cannabis ao cristianismo primitivo.

A erva "ganjah" (marijuana) foi reconhecida como "o fumo da sabedoria", e líderes Rasta determinaram que ela seria fumada como um ritual religioso, alegando que fora achada crescendo na cova do Rei Salomão e citando passagens bíblicas, para atestar suas propriedades sagradas: "Ele criou a grama destinando-a ao gado, e a erva à serviço do Homem, de forma que trará comida farta pelo mundo afora".

O rastafarianismo, também conhecido como movimento rastafári ou Rastafar-I (rastafarai) é um movimento religioso que proclama Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia, como a representação terrena de Jah (Deus). Este termo advém de uma forma contraída de Jeová encontrada no salmo 68:4 na versão da Bíblia do Rei James, e faz parte da trindade sagrada o messias prometido. O termo rastafári tem sua origem em Ras ("príncipe" ou "cabeça") Tafari ("da paz") Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação.O movimento surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 30, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.Alguns historiadores, afirmam que o movimento surgiu, e teve posteriormente adesão, por conta da exploração que sofria o povo jamaicano, o que favorece o surgimento de idéias religiosas e líderes messiânicos.Outros fatores inerentes ao seu crescimento incluem o uso sacramentado da maconha ou "erva", aspirações políticas e afrocentristas, incluindo ensinamentos do publicista e organizador jamaicano Marcus Garvey (também freqüentemente considerado um profeta), o qual ajudou a inspirar a imagem de um novo mundo com sua visão política e cultural.O movimento é algumas vezes chamado rastafarianismo, porém alguns rastas consideram este termo impróprio e ofensivo, já que "ismo" é uma classificação dada pelo sistema babilônico, o qual é combatido pelos rastas.

Na religião hindu, maconha era a comida favorita do deus Shiva.
Para os budistas da tradição Mahayana, Buda passou 6 anos de sua vida comendo apenas uma semente de maconha por dia antes de sua iluminação.
Os sufi, corrente mística esotérica do Islã, até recentemente, consideravam a cannabis fundamental em seus ritos.

O Peiote é um pequeno cacto que nasce no México e sudoeste dos Estados Unidos, país onde existe a Peyote Way Church e a Native American Church entre outras, que o utilizam. Presentes em alguns estados americanos, essas igrejas lutam por legalizar seu rito em mais estados pelo país. A tolerância ao Peiote por lá é devido ao uso durante séculos pelos índios norte-americanos.Durante algum tempo só era permitido para pessoas que pudessem provar ter descendência dos nativos da região. Porém alguns estados americanos aceitaram o uso religioso por membros não indígenas.

No início da colonização espanhola o uso dessas plantas era considerado coisa do diabo pelo cristianismo. A Santa Inquisição esteve presente para dizimar essas “culturas hereges”. Porém os ritos não desapareceram completamente.
O ritual do Peiote é muito antigo, data de 7000 AC, conforme descobertas em cavernas no Texas. Seu uso estava totalmente estabelecido em rituais de tribos mexicanas até a invasão dos europeus ao continente.

A Coca é uma planta comum na América do Sul. Os Incas possuíam plantações dela e a consideravam um presente dos deuses, bebida em forma de chá, ela é uma planta estimulante. Os mensageiros Incas costumavam levar folhas de Coca para darem conta de cobrirem longas distâncias.
A Coca desempenha importante papel nas práticas espirituais dos nativos, que a chamam de “folha sagrada”. O espírito da planta é antropomorfosiado como “Mama Coca”. As folhas são queimadas em oferenda à Pacha Mama (Mãe Terra) ou ao deus Inti (deus Sol). As folhas também são lidas em processos de adivinhação, semelhante à leitura do chá por outras culturas.

Na América do Sul, em paises da região amazônica, tribos indígenas e civilizações antigas como a dos Incas, conheciam uma combinação de plantas psicoativas chamada em língua quíchua (Peru) de Ayahuasca.
No Brasil, nas primeiras décadas do século passado, apareceram os primeiros sincretismos religiosos misturando o cristianismo com as tradições caboclas e xamânicas da bebida sacramental Ayahuasca, chamada de Yagé, Santo Daime, Hoasca ou simplesmente Vegetal.Há três religiões principais no Brasil que usam em seus rituais a Ayahuasca. São elas o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal. Essas religiões contam com aproximadamente 12.000 membros espalhados por todos os estados.
O CONAD, Conselho Nacional Anti-Drogas, reconheceu o uso ritualístico da Ayahuasca em Novembro de 2004.
Historicamente, a primeira religião ayahuasqueira é aquela que ficou conhecida como Santo Daime. Ela foi criada pelo ex-seringueiro Raimundo Irineu Serra - o Mestre Irineu - no início de 1930, na periferia da cidade de Rio Branco, no então território federal do Acre. (...) Em 1945, surge outra religião da ayahuasca, e que consideramos como sendo historicamente a segunda linha dessa tradição religiosa, a Barquinha, também em Rio Branco, criada por Daniel Pereira
de Mattos, o Mestre Daniel, que freqüentou o culto fundado pelo Mestre Irineu por cerca de dez anos. (...) Finalmente, em 1961, aparece a terceira religião da ayahuasca, ou seja, aquela que é cronologicamente a terceira linha da tradição religiosa ayahuasqueira, a União do Vegetal ou UDV, como é conhecida. Ela foi fundada por José Gabriel da Costa, natural do estado da Bahia, que chegou à região amazônica no início de 1940, trabalhando aí como seringueiro, tal como os fundadores das demais linhas. Inicialmente o nome do centro fundado pelo Mestre Gabriel era Associação Beneficente União do Vegetal .
Na língua quíchua Ayahuasca significa “vinho (ou cipó) da morte” ou “vinho (ou cipó) do espírito (ou da alma)”.
Nos rituais religiosos as “más viagens” não são consideradas negativas e sim limpezas e oportunidades para a pessoa enfrentar seus medos e dificuldades.

A Salvia Divinurum encontrada no sul do México, esta planta contém um poderoso psicoativo conhecido como Salvinorin.Tradicionalmente era usada para tratamentos diversos e finalidades adivinhatórias pelos Mazatecas, que viviam no estado de Oaxaca, México. Há diversas espécies de Salvia, mas penas a Divinorum possui características psicoativas.

Os Cogumelos são seres vivos do reino Fungi. Muitas espécies são comestíveis, porém há dezenas que são psicoativas.
Existem várias espécies diferentes de cogumelos psilocibinos, nome científico atribuído aos cogumelos que contêm os alcalóides Psilocibina e Psilocina. As espécies mais comuns são a Psilocybe mexicana, Psilocybe caerulescens e a Psilocybe (ou Stropharia) cubensis. Os cogumelos psicoativos são todos aqueles que contêm estes ou outro tipo de alcalóides capazes que afetar o Sistema Nervoso Central. As espécies Amanita muscaria e Amanita pantherina são cogumelos psicoativos mas não psilocibinos.
Os cogumelos psicoativos eram usados no México, Guatemala e Amazonas em rituais religiosos e por curandeiros. Os Maias utilizavam um fungo ao qual chamavam, na língua nahuátl, teonanácatl (a "carne de deus") há já 3500 anos. No seu território foram encontradas figuras de pedra com representações de cogumelos datadas de 1000 a.C. e 500 d.C.

As primeiras referências do consumo de cogumelos foram encontradas em livros por volta de 1502, nos quais era mencionado o uso em rituais como nos realizados para as festas de coroação de Montezuma, o último imperador Azteca. Os conquistadores espanhóis, não preparados para os efeitos, assustaram-se e proibiram o uso de cogumelos e da religião nativa.

Um dos cogumelos mais famosos é a Amanitas Muscaria, está descrito aqui à parte dos demais por uma pequena variação nos efeito e outras curiosidades. Está em 90% dos casos fatais de envenenamento por ingestão de cogumelos. Famoso por sua cor vermelha salpicada de pequenas protuberâncias brancas, pode ser visto em ilustrações de livros infantis ao lado de fadas, gnomos e duendes.

Alguns pesquisadores acreditam que o Amanitas muscaria é o Soma, muito citado nos Vedas, a mais antiga literatura sagrada da humanidade. Seria, portanto, um dos primeiros psicoativos usados para fins espirituais.
Essa planta contém elementos que permanecem intactos em sua passagem pelo organismo, por isso os xamãs siberianos guardavam e consumiam a própria urina para ser bebida no inverno, quando não havia o cogumelo.

A Datura há mais de 20 espécies, são plantas do grupo Sonaláceas.
No Brasil algumas espécies nascem facilmente e podem ser encontradas em terrenos baldios e valetas pelas cidades. A Datura tem seu uso xamânico de longa data pelos Astecas e por tribos norte americanas como os Zuni e os Navajo entre outras, como também na China e na Índia.
A Datura, flor sagrada do deus Shiva, mestre da vida e da morte, que provoca estados de êxtase, é também um veneno mortal. É chamada de “Erva do Diabo” entre os mexicanos. Na Antiga Grécia os sacerdotes de Apolo induziam seu estado profético com Datura. (José Eliézer Mikosz )


sexta-feira, 3 de abril de 2009



“As Drogas e o Rock'n Roll”
Não é de hoje que a tríade "Sexo, Drogas e Rock'n Roll" traz a tona a sua face mais obscura, o cerceamento de vidas humanas e a extinção prematura de grandes talentos, principalmente com relação às drogas, sejam elas "lícitas" ou não.O início do consumo de drogas em larga escala nas décadas de 60 e 70, desencadeado pelo denominado "conflito de gerações" e embalado ao som psicodélico das bandas da época, mesmo carregando nos ombros as trágicas mortes por overdose de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison, todos aos 27 anos e em um espaço de tempo pouco superior a 1 ano, chega a ser romântico se comparado a barra pesada que rola nos dias de hoje.

Além do sexo e da violência, a música rock contribui ainda para o abuso de drogas. Desde 26 de setembro de 1969 a revista "Times," fez um comentário sobre "o uso freqüente e aberto de drogas pelos compositores de rock; e de suas composições que são repletas da menção do uso de drogas." Canções tais como "Proveito do Inferno" e "Heroína," ajudam a encorajar alguns jovens para o experimento de drogas, com conseqüências trágicas para eles. (John Cale, Spin, maio de 1990, pg. 30).
Como foi noticiado na revista "Life" em 3 de outubro de 1969, Jimi Hendrix, cuja filosofia básica era o sexo desenfreado e o uso de droga, comentou:

"Pode-se hipnotizar as pessoas com a música e quando as tivermos em seu ponto mais frágil, pode-se preconizar no subconsciente, o que nós quisermos dizer."


Muitas das estrelas famosas do rock, tiveram que pagar o seu preço com a morte, pelo uso da droga, em uma rápida repassada nas 3 últimas décadas, chega-se a esta lista de nomes assustadoramente grande de óbitos relacionados ao consumo de drogas, entre eles estão: Brian Jones dos "Rolling Stones;" Dennis Wilson dos "Beach Boys;" Jimi Hendrix; Jim Morrison do "The Door;" Elvis Presley; Janis Joplin; " Frankie Lymon; Tim Harden; Phil Lynott do "Thin Lizzie" Gram Parsons (Byrds, 26 anos), Keith Moon (The Who, 31 anos), Bon Scott (AC/DC, 33 anos), Tommy Bolin (Deep Purple, 25 anos), Billy Murcia (New York Dolls, 21 anos), Johnny Thunders (New York Dolls, 38 anos), Ron McKernan (Greatful Dead, 27 anos), Paul Kossof (Free, 25 anos), Sid Vicious (Sex Pistols, 21 anos), Hillel Slovak (Red Hot Chili Peppers, 25 anos), Brad Nowell (Sublime, 28 anos), Shannon Hoon (Blind Melon, 28 anos), Kristen Pfaff (Hole, 27 anos), Andrew Wood (Mother Love Bone / Temple of the Dog, 24 anos), Jonathan Melvoin (Smashing Pumpkins, 34 anos), Steve Clark (Def Leppard, 30 anos), Bobby Sheehan (Blues Traveler, 31 anos),Para finalizar a lista temos o cantor líder, do grupo "Temptations," David Ruffin, que morreu de uma super dose de cocaína, entre os brasileiros Raul Seixas (44 anos), Cássia Eller (36 anos)... Um fato importante a ser considerado é que a grande maioria dos artistas acima morreram entre os 20 e 30 anos de idade. John Lennon, que foi um defensor da liberalização das drogas, ironicamente, foi assassinado a tiros em 1980 por jovem viciado em LSD.

E não pára por aí, se formos pesquisar a fundo, essa lista se tornaria lamentávelmente gigantesca, isso, sem citar os que muitas vezes passaram de raspão na morte, e por pura sorte, estão vivos até hoje. Mick Jagger e Keith Richards estavam com 37 anos quando o Rolling Stones lançou o álbum "Tattoo You", um dos maiores sucessos da banda. O veterano Alice Cooper, aos 54 anos, continua firme em sua carreira, tendo lançando em 2001 o seu mais novo álbum, "Brutal Planet". Roger Waters, ex-Pink Floyd, trouxe para o Brasil aos 54 anos sua mega-turnê "In The Flesh".Falando em Roger Waters, vale relembrar o genial guitarrista e compositor Syd Barret, 52 anos, um dos fundadores do Pink Floyd ao lado de Waters, que desde os anos 70 sofre de sérios problemas psicológicos em decorrência do uso de drogas.
Mas apesar disto, as drogas têm ainda um papel principal na música rock e isto parece ter um efeito nocivo em muitos daqueles que a ouvem.
Uma das pesquisas feitas pela Post Graduate Medicine chegou à conclusão que:
"Os fatos comprovam, que a música rock, via de regra, estimula o uso de drogas, o sexo promíscuo e a violência."

A morte de Layne Staley, vocalista do Alice in Chains, banda formada em 1987 que juntamente com Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, foi uma das precurssoras do grunge de Seattle, estilo que tomou o mundo de assalto no início dos anos 90. Staley que estava com 34 anos, há tempos vinha demonstrando seus problemas com as drogas, em especial a heroína, acabou por desestruturar a carreira da banda, que desde o álbum "Alice in Chains" de 1995, não lançava nenhum trabalho com músicas inéditas.

Kurt Cobain teria motivos para cometer suicídio? É conhecido por todos que ele não levava uma vida saudável. O excesso de drogas e a depressão o acompanhavam há muitos anos (segundo alguns, desde a infância). Um mês antes de sua morte, Kurt tomou uma mistura de champagne com Rohypnol (um sedativo) que quase o levou à morte.Mas não foi essa sua única experiência de quase morrer. Logo depois da gravação do disco “In Utero”, em Minnesota, em 1993, Cobain foi hospitalizado por uma overdose. Semanas depois, ele entrou em uma paranóia de estar sendo perseguido e comprou diversas armas.Além das drogas, Kurt sentia-se muito mal com a fama. Não sabia lidar com ela, em um entrevista, certa vez declarou: “Estar numa banda de rock não é exatamente como eu imaginava... já não gosto mais disso tanto quanto no começo...” As letras de Kurt também traziam a tristeza/depressão do músico


Estrelas do rock, bem conhecidas por um estilo de vida extremo, tem uma chance maior de morrer antes de chegar à terceira idade do que outras pessoas.
Um estudo de mais de 1.000 artistas, principalmente britânicos e norte-americanos, desde a época de Elvis Presley até o rapper Eminem, descobriu que eles tinham de duas a três vezes mais chances de sofrer de morte prematura do que a população geral.
Entre 1956 e 2005, houve 100 mortes entre os 1.064 músicos analisados por pesquisadores do Centro de Saúde Pública na universidade John Moores, em Liverpool.
Assim como Presley, o rol dos que morreram antes da hora inclui o vocalista do The Doors Jim Morrison, o guitarrista Jimi Hendrix e o líder do Nirvaba Kurt Cobain.
Mais de 25 por cento de todas as mortes estavam relacionadas a abuso de drogas e álcool, disse o estudo no Journal of Epidemial Community Health.
"O documento descreve claramente uma população de estrelas do Pop e do Rock que têm um risco desproporcional de mortes relacionadas ao álcool e às drogas", disse Mark Bellis, um dos principais autores do estudo.
Ele disse que o estudo levantou questões sobre a conveniência de usar estrelas do Rock em mensagens de saúde pública, como campanhas anti-drogas, já que levam uma vida cheia de riscos.
"Na indústria da música, fatores como estresse, mudanças de popularidade para obscuridade, e exposição a ambientes onde álcool e drogas estão facilmente disponíveis, podem contribuir para uso dessas substâncias assim como outro comportamentos auto-destritivos"

OAS_AD('Middle');Cesar Dechen

quinta-feira, 2 de abril de 2009


O Cérebro e as Drogas

Maconha - é uma erva usada como substância psicoativa perturbadora do SNC, geralmente de forma fumada.O seu princípio ativo é o THC, tetrahidrocanabinol. O teor de THC depende da variedade da planta, forma de cultivo e preparação do produto, variando desde 0,5 a 2,0% até 60%, como é o caso do haxixe, preparado da resina de folhas e flores dessa erva. A produção ilícita da maconha (ou marijuana) tem se preocupado em apresentar variedades com maior concentração de substância ativa como o "skunk", que conta com até 22% de THC.O início da ação e a duração dos seus efeitos dependem da concentração do seu princípio ativo e da forma de administração da droga (quando fumada o efeito é mais rápido mas menos duradouro do que na forma ingerida), sendo que esses efeitos podem ser muito relacionados com a disposição prévia do humor do usuário e do ambiente de uso.Os efeitos de um "baseado" (cigarro de maconha) constituem-se de uma alteração da consciência, diminuição da atenção, estado sonhador com ideação livre e desconexa. Lentificação e dificuldades da coordenação motora, voz pastosa, sendo importante o sentido de lentificação do tempo e distorção do espaço, tornando a direção de veículos perigosa até 10 horas após o uso. Pode aparecer uma sensação de grande bem-estar, euforia e riso, acentuação na percepção de cores, mas também pode surgir depressão do estado de ânimo ("baixo", na gíria), despersonalização e desrealização. Um cigarro com teor maior de THC pode levar a alucinações visuais coloridas. Pode aparecer medo e pânico, distorção da imagem corporal e sensação de peso nas extremidades.Os canabinóides possuem receptores próprios (CB1) distribuídos pelo córtex cerebral (notadamente pré-frontal) e cerebelo, bem como no sistema límbico, sobretudo no hipocampo e nucleus accumbens, por onde liberam dopamina.O seu uso habitual pode gerar afrouxamento das associações com fragmentação do pensamento e comprometimento da capacidade mental, alterações do pensamento abstrato, confusão, alterações da memória de fixação, isto é, na transferência de material da memória imediata para a memória de longo prazo. Prejuizo nas habilidades de falar corretamente, formar conceitos, concentração, atenção, lentificação e dificuldades da coordenação motora, ansiedade e depressão, oferecendo possibilidades para alterações da personalidade tais como passividade, ausência de objetivos, apatia, isolamento e falta de ambição e abrindo guardas para o uso de outras drogas.A longa vida do THC no corpo humano (ocasionada por sua afinidade às gorduras onde se fixam) faz com que os usuários possam, de fato, permanecer cronicamente intoxicados e exibir prejuizos comportamentais e motivacionais, mesmo fora do período do uso ativo. Trabalhos recentes correlacionam com evidência a precipitação de surtos esquizofrênicos (psicose canábica) em jovens predispostos.Os usuários de maconha não costumam se aperceber que grande parte dos seus problemas foi gerada pela droga, e ainda mais, do quanto ela agravou os problemas já tidos.Em virtude de comprometer fundamentalmente a memória e a atenção, acaba por comprometer a atividade intelectual, o aprendizado e as habilidades sociais.A maconha leva à dependência, com os seus componentes – tolerância e sofrimentos de abstinência. Esta se apresenta com pouca intensidade, pela propriedade do THC de ligar-se bem às gorduras onde podem estocar-se por maior tempo como dissemos acima, mas mesmo assim ocorrem problemas com o sono, irritabilidade e agressividade. Há que diga, com certo alívio, que a maconha "só" causa dependência psíquica. Isso não faz sentido, pois o que importa é que ela dá ao usuário a mesma impulsividade para obtenção e uso como quaisquer das outras drogas que chamam de "pesadas".

Alucinógenos : um grupo de substâncias que induzem a percepções irreais e que são muito diversificadas quanto às suas estruturas químicas, o seu modo de ação e quanto aos seus efeitos sobre o Sistema Nervoso Central,os alucinógenos são divididos em dois grupos, quanto à sua origem vegetal ou sintética.
Alucinógenos vegetais:
Mescalina:Substância extraída do cacto mexicano chamado "peiote", usada em práticas religiosas regionais no norte mexicano e sudoeste americano pela população nativa dos Navajos tendo, para tanto, o seu uso legalmente permitido. Fora dessa situação, o uso da mescalina foi difundido popularmente por Carlos Castañeda e Aldous Huxley, sendo produzida até sinteticamente com o nome de STP, uma droga que imita os seus efeitos, semelhantes aos do LSD. A mescalina provoca alucinações auditivas e visuais oníricas com efeitos psicodélicos. Há uma excitação do SNC seguida de depressão.

Muscarina:Extraída de cogumelos do gênero "aminita", muito difundidos por todo o mundo e conhecidos como "chapéu de anão"A muscarina provoca inicialmente sono com certa desorientação, para depois aparecerem euforia, distorção da noção do tempo e alucinações.A sua ação decorre da união aos receptores muscarínicos da acetilcolina que têm efeitos inibidores, mas essa ação se estende com a atuação sobre os receptores GABA.
Psilocibina ou psilocina:É extraída de cogumelos do gênero "psilocybe", conhecidos como "cogumelos mágicos" comuns no México e sudoeste americano e América Central. É usado em práticas religiosas no México, sendo de uso recreativo nos Estados Unidos e em vários países da Europa. Um inquérito da Agência da União Européia que identifica as tendências das drogas na Europa, incluiu pela primeira vez o consumo de "cogumelos mágicos" em 2003. A estimativa de prevalência deste consumo entre estudantes de 15 e 16 anos é igual ou superior às de LSD ou outras drogas alucinogênicas na maioria dos países participantes.As psilocybinas possuem estrutura química semelhante à do neurotransmissor serotonina e do LSD, com efeitos indistinguíveis desta droga.

Ayahuasca:É um preparado composto pela casca da árvore do mesmo nome e de folhas de "chacruna",dois exemplares da flora amazônica. É usada em cultos religiosos (Santo Dime) com permissão do Conselho Nacional Anti-Drogas (CONAD).O seu efeito é resultante da mistura entre uma substância da casca da ayahuasca com outra substância das folhas da chacruna. Cada uma dessas substâncias isoladas, não tem ação, mas, estando as duas juntas, ocorre uma interação com o sistema da serotonina, produzindo um estado de emoção transcendente e alucinações psicodélicas.

Alucinógenos sintéticos.
LSD(Dietilamida do ácido lisérgico): É uma droga sintética que faz efeito com doses minúsculas, fato que dá margem à sua comercialização dissimulada em cartões, selos etc. Pode ser servida até na forma de gotas.A ação alucinogênica do LSD se faz principalmente pela sua atuação nos receptores pré-sináticos 5HT2, diminuindo a liberação de serotonina e aumentando, indiretamente, a liberação de dopamina, dando a sensação de euforia com conseqüente reforço psicológico, a sua ação como protótipo de outros alucinógenos sintéticos.

As alterações sensoriais causadas por essas drogas variam desde simples aberrações da percepção até a degradação da personalidade. Os seus efeitos têm dado margem a interpretações fantasiosas dos seus experimentadores que, em geral os descrevem como viagens, de bom ou de mau curso.Em meados do século passado o grande pensador americano Aldous Huxley, entusiasmado com os efeitos do LSD, e acreditando na possibilidade de aproveitá-los para promover uma ascese espiritual, chegou a constituir uma associação de experimentadores da droga. Essa associação, entretanto, logo se desvaneceu em virtude de terem surgido efeitos neurológicos negativos da droga em alguns dos seus membros. Durante uma experiência o usuário pode permanecer calmo, lúcido e bem orientado, assim como pode apresentar ansiedade, desorientação e pânico, mas sempre estará consciente de que a irrealidade vivida corre por conta da droga. Têm sido relatados casos de violências relacionadas ao uso de LSD.Um efeito retardado e indesejado do uso desses alucinógenos é o aparecimento de "flashbacks", que são súbitas e incontroláveis recorrências de distorções da percepção, posteriores ao uso, como as que se apresentaram nos seus efeitos imediatos.

Anticolinérgicos
As drogas anticolinérgicas encontram-se em algumas flores como o lírio, saia branca, trombeta ou trombeteira, e outras, e costumam ser usadas na forma de chás ou infusões. Essas plantas produzem duas substâncias psicoativas, a atropina e a escopulamina, que são responsáveis pelos seus efeitos, mas tais substâncias também podem ser sintetizadas, fazendo parte de alguns medicamentos usados contra o mal de Parkinson ( Artane ®, Akineton ®), também empregados para minorar efeitos colaterais de alguns anti-psicóticos, além de alguns colírios dilatadores de pupila e também medicamentos de uso em gastroenterologia.As drogas anticolinérgicas atuam impedindo que o neurotransmissor acetilcolina passe a sua mensagem para o receptor do neurônio que deveria recebê-la (diz-se de uma ação antagonista), e por esse motivo produzem alterações que no Sistema Nervoso Central manifestam-se por: desorientação, incoerência, delírio, alucinações, agitação, comportamento violento, sonolência e até coma.Temos observado casos de uso concomitante de anticolinérgicos sintéticos e álcool, com graves conseqüências de ordem psiquiátrica.

No Sistema Nervoso Periférico (corpo) ocorrem: elevação da temperatura, dilatação das pupilas, secura na boca, rubor facial, aceleração dos batimentos cardíacos, prisão de ventre e retenção urinária.
Nota: Antes da invenção de rouge cosmético era comum o uso de folhas ou pétalas das flores de beladona pelas mulheres, que as friccionavam na face para efeitos estéticos. A beladona faz parte daquelas plantas que possuem substâncias anticolinérgicas citadas acima e leva esse nome justamente por esse antigo costume feminino.

4.000 a.C. - Sumerianos (atual Irã) utilizavam a papoula de ópio, que era a "planta da alegria", para ter contato com os deuses.


2.000 a.C. - Maconha já era conhecida na China, Egito e Índia, sendo usada com valor terapêutico.


500 a.C. - O povo Cita (habitantes do Rio Danúbio/Rio Volga) queimava haxixe (derivado mais concentrado da maconha) durante as cerimônias de luto.


1500 d.C. - Ópio livremente cultivado por camponeses europeus.


Séc. XV e XVI - Sintetização da cocaína.


1776 - Uso do ópio amplamente incentivado na guerra civil americana para aliviar a dor.


1814 - Sintetizada a morfina.


1943 - Descoberto o LSD-25


1950 - Barbitúricos (tranqüilizantes)


1960 - Uso de maconha e LSD-25 com o surgimento do movimento hippie.


1970 - Proliferação da cocaína e seus derivados.


Atualmente - Crack e Ecstasy
História do consumo de drogas
Perde-se nos tempos a tradição do consumo de drogas,cada povo e cada cultura vai tendo as suas. Umas vezes, o homem procurou nelas a nutrição física, outras, andou à cata de remédio para as suas doenças, outras ainda, para alimentar sonhos ou alcançar o transcendente, influenciar o humor, buscar a paz ou a excitação, enfim, simplesmente para abstrair do mundo que o cerca e o perturba em dado momento da sua existência. E um certo mistério que rodeava o templo de Eleusis, desde o século IV a. C. até à idade helénica, onde dominava o culto dos deuses Demétrio (com uma papoila a ornar as suas estátuas), Dionísio e Orfeu, foi perdurando numa aura mítica que agora a pouco e pouco se desfaz numa boa parte dos países…
No período dos impérios coloniais, as drogas foram usadas predominantemente como moeda de tr
oca, numa indiferença completa pelas consequências do seu uso para fins diferentes dos medicinais ou de medianeiras nos contactos com o transcendente.
Detenhamo-nos um pouco nas três principais drogas de origem natural: a planta da cannabis, o arbusto da coca e a papoila do ópio.
Ao olharmos para a planta da cannabis, cujo berço terá sido nas estepes da Ásia central, onde continua a crescer de modo selvagem, por exemplo no Kasaquistão e no Kirguistão , observa-se hoje que a sua destruição maciça pode brigar com aspectos ecológicos de recuperação de áreas desérticas, constata-se que a história da sua difusão universal se confunde com a das migrações.
Cultivada por causa das fibras, do óleo extraído dos seus grãos e como forragem para animais, cedo (2700 anos a. C.) se lhe reconheceram propriedades psicoactivas, nomeadamente como sedativo para tratamento da alienação mental na farmacopeia do imperador Chen nong. Os poderes estimulantes e euforisantes do cânhamo são elogiados num dos quatro livros santos dos indo-arianos (1300 a. C.). Após secagem e redução a pó, as sumidades floridas são misturadas nos alimentos ou bebidas. Um papiro egípcio do século XVI a. C. cita a planta entre as drogas sagradas dos faraós. No século IX a. C. é usada na Assíria como incenso.
O célebre historiador grego Heródoto dá conta da presença da planta ao norte do mar Negro, entre os rios Don e Danúbio, chamando a atenção para as semelhanças deste cânhamo com o linho, e do seu uso para vestuário. Conta mesmo como os povos nómadas que habitavam a região tomavam banhos de vapor provocado pelo lançamento das suas sementes sobre pedras incandescentes. E, curiosamente, acrescenta: «É o único banho que conhecem pois jamais lavam o corpo inteiro com água.»
A sua cultura na Europa ocidental é conhecida nos séculos I e II, pois os romanos utilizam-na para os cordames dos seus navios, importando-a da Gália onde crescia em abundância.
Usada como euforisante nos banquetes, alertava, porém, o médico Galien contra o abuso da erva (na pastelaria) pois prejudicaria o cérebro quando tomada em excesso.
Considerada como a erva da mediação com os deuses — o bhang —torna-se indissociável da meditação da casta sacerdotal dos brâmanes (religião hindu). Ainda no seio das religiões, uma lenda diz que o próprio Buda, durante as sete etapas do percurso que o conduziu à iluminação, viveu de um grão de cânhamo por dia.
Para não fugir a esta atracção, a partir do século vii também o islamismo contribui para a propagação da cannabis, conhecida a partir do século XIV sob o nome de haxixe, isto é, erva em árabe.
Tristemente afamada, a crer no testemunho de Marco Polo, nos séculos xi a xiii, na Pérsia setentrional, Iraque e Síria, foi a seita dos «haschischans», a qual praticava o assassinato político contra o poder sunita de Bagdad, após a ingestão de uma bebida que proviria da cannabis.
A viagem da planta para a África começa pelo Egipto, no fim do século xii, onde o seu uso recreativo atinge todas as classes sociais, e depois de ser levada a todo o mundo muçulmano, estende-se pela África negra através dos comerciantes que vão implantando entrepostos pela costa Este, aparecendo na África do Sul em meados do século XV, agora sob o nome de dagga.
Provavelmente terão sido os portugueses, através dos escravos africanos idos de Angola para o Brasil, que introduziram a cannabis na América (liamba em Angola, riamba ou marimba no Brasil). Todavia, foi na Jamaica, pela mão dos ingleses, que a sua cultura (com a designação de ganja) se intensificou para a obtenção de fibras. Das Caraíbas para o México foi um salto, onde é rebaptizada sob o nome mais vulgarizado, a marijuana.
Na história do arbusto da coca e da folha da coca, cuja produção tem sido um quase monopólio dos países andinos, especialmente da Bolívia e do Peru, os gérmens conhecidos do seu consumo tradicional remontam a cerca de 5000 mil anos atrás. O hábito da mastigação da folha de coca tem acompanhado a vida das populações daquela região nas suas funções laborais, sociais e de manifestação ritual. Mas aparece ligado particularmente ao alívio do esforço físico e mental provocado pelo trabalho em altitude (no planalto).
Com a colonização espanhola e a exploração das minas, a mastigação da folha de coca continua a desempenhar o seu papel de refrigério do cansaço e de lenitivo para a submissão às duras imposições desse trabalho.
Em tempo de guerra, nomeadamente com o irromper das independências, a partir do início do século XIX, a folha de coca permite aos combatentes de ambos os lados suportar a fadiga e os rigores do clima. E o domínio sobre o cultivo e o mercado da folha de coca andou muitas vezes paredes meias com as conquistas realizadas.
Apesar do fervor religioso do clero, que no início da colonização (século XVI) advogava a sua erradicação, por ver na folha de coca osímbolo das crenças autóctones, o «talismã do diabo», o seu cultivo persistiu dado o valor económico que representava, a ponto de não apenas a Coroa espanhola cobrar tributo sobre a mesma, como a própria Igreja dela arrecadar o dízimo.
Na verdade, os depósitos de folha de coca e de produtos alimentares permitem socorrer os indigentes, aprovisionar o exército, a população em períodos de fome e a mão-de-obra para os grandes trabalhos.
Como é sabido, a cocaína é um alcalóide (isolado por Niemen por volta de 1860) extraído das folhas da coca (Erythroxilon coca), à qual o próprio Freud dedicou grande atenção pelas suas propriedades anestésicas e de acção psíquica.
Mas muito para lá do seu uso clínico, ao que parece hoje reduzidíssimo , o emprego da cocaína como substância recreativa renasce ciclicamente e não apenas entre os aristocratas ou os executivos mas em outros estratos sociais .
Contrariamente à ideia mais difundida sobre a proveniência oriental do ópio, os vestígios mais antigos conhecidos (4200 a. C.) — objectos que terão servido para queimar ópio e sacos de cápsulas , foram encontrados na gruta funerária de Albuñol, perto de Granada, em Espanha.
No Médio-Oriente, a papoila do ópio era conhecida pela «planta da alegria». E as suas grinaldas perpassam pelas coroas dos deuses da mitologia grega (Morfeu sacode as papoilas todas as noites sobre os mortais a fim de lhes proporcionar repouso e esquecimento).
Propriedades medicinais são-lhe atribuídas por Hipócrates (século V a. C.), e Aristóteles, preceptor de Alexandre o Grande, indica-a como calmante e somnífero, a par das virtudes mágicas e religiosas.
Terão sido os gregos que levaram a papoila para a Ásia central e Índia.
Até ao século XVI, na Europa o ópio caminha na fronteira entre a fitoterapia e o elixir de feitiçaria; mas com o Renascimento é integrado na farmacopeia (Paracelso usa-o em numerosas preparações).
A história mais recente do ópio liga-se com a saga quinhentista dos descobrimentos portugueses e as novas rotas comerciais que são abertas a partir da Índia, reestruturando um espaço comercial outrora ocupado pelos árabes e chineses, no qual as especiarias predominam. Massão os holandeses — numa colonização dominada por razões estritas de proveito económico — e depois especialmente os ingleses, que vão apropriar-se do comércio do ópio a nível mundial.
Depois de se assenhorearem de uma das principais regiões produtoras de ópio na Índia (Patna), e perante o forte défice comercial da «East India Company», que tinha de comprar o chá e a seda à China por troca com os tecidos de algodão indiano ou então em dinheiro — a China acabava por vender mais do que comprava —, os ingleses encontraram na venda de ópio as divisas chinesas que lhes faltavam. O monopólio anglo-indiano do ópio, a partir de
1775, inunda a China e não cessa de progredir apesar da interdição do seu consumo (em 1800) neste último país.
Nem o apelo directo do Imperador Lin-Tso-siu à Rainha Victória para que a Inglaterra terminasse com o contrabando evitou as denominadas «guerras do ópio».
Observa-se, pois, que o homem utiliza substâncias químicas há bastante tempo, nas mais variadas culturas e em todos os contextos (econômico, social, religioso, ritualístico, psicológico e cultural). O seu maior uso hoje se deve ao fato de ser uma "válvula de escape" , um meio de evitar o sofrimento ou buscar a felicidade, daí terem se tornado tão populares e usadas com muita intensidade como nunca se viu em época alguma.