sexta-feira, 19 de novembro de 2010


O submundo da Igreja Católica:estupro, abortos e abandonos praticados sob os olhos do clero romano.

Os escândalos católicos extravasam qualquer magnitude imaginável de usos e abusos, impossibilitando a sua completa dissecação num mero escrito, num mero livro, ou mesmo numa mera biblioteca. Felizmente a época da informação é imparável, e os lixos católicos escondidos em tapetes luxuosos transbordam em todas as direções.

Casos de padres que violam o voto de castidade não são novidade na Igreja Católica,acusações de pedofilia, homossexualismo ou de assédio por parte de religiosos, mas uma série de documentos divulgados pelo National Catholic Reporter, um jornal semanal independente de Kansas City, nos Estados Unidos, surpreendeu pelos detalhes sórdidos e lançou luz sobre um drama ignorado pela imensa maioria do 1 bilhão de católicos no mundo: os abusos sexuais de padres contra freiras, que incluem estupros e abortos forçados.

O catolicismo sempre apregoou bem alto ao mundo,que as mulheres são seres desprezíveis, inferiores e meros vermes que devem rastejar servilmente aos pés dos homens, especialmente daqueles que envergam estolas de tecido requintado, cruzes em ouro ao peito e anéis.

Disseram os cléricos em toda a sua intrínseca eloquência excelsa católica frases célebres, tais como:

“A mulher é uma ferramenta de Satanás e um caminho para o inferno” de São Jeronimo na Epistola 48:14.

Temos também uma visão inequívoca desta linha de pensamento clerical por Santo Agostinho com as célebres palavras “Mulheres não deveriam ser educadas ou ensinadas de nenhum modo, deveriam, na verdade, ser segregadas já que são causa de horrendas e involuntárias ereções em santos homens” ouÉ Eva, a tentadora, que devemos ver em toda mulher…não consigo ver que utilidade a mulher tem para o homem, tirando a função de ter filhos.” Estas palavras provêm do livro Cidade de Deus do autor Aurelius Augustinus, conhecido como Santo Agostinho.

Deste mesmo autor, podemos extrair mais eruditas misoginias de um escrito denominado De bono conjugali, tais como “Ora, uma serva ou uma escrava nunca tem muitos senhores, mas um senhor tem muitas escravas. Assim, nunca ouvimos dizer que mulheres santas tivessem servido a vários maridos e sim que muitas serviram a um só marido… Isso não é contraditório à natureza do casamento”.

A lista deste genero de pensamentos é excessivamente vasta, que se torna enfadonha aprofundá-la ainda mais. Assim sendo, nada melhor que rematar estas convicções misóginas católicas com a célebre frase de São Odo de Cluny “Abraçar uma mulher é como abraçar um saco de esterco”.

As denúncias foram feitas no decorrer dos últimos sete anos por superioras de ordens diferentes durante congressos oficiais do Vaticano. Isso indica que a Santa Sé sempre soube das acusações. Os documentos não trazem estatísticas, mas indicam que as práticas abusivas ocorreram em 23 países, incluindo o Brasil.

O porta-voz do Vaticano,admitiu o problema – segundo ele, "confinado a uma área geográfica limitada". A maioria dos casos aconteceu na África. Naquele continente, há regiões em que o sexo é um tabu sobre o qual ninguém fala, freiras muito menos, outras em que a cultura é permissiva, o machismo e a poligamia fazem do celibato um pesadelo para os padres.

Na África, as freiras teriam se tornado alvo fácil e conveniente para religiosos com poder para subjugá-las e, ao mesmo tempo, temerosos diante da disseminação da Aids. Todas as narrativas, porém, independentemente do país em que foram colhidas, tratam de abordagens e intimidações parecidas. Em alguns casos, os padres valeram-se da autoridade religiosa para obter sexo. Em outros, utilizaram "argumentos teológicos" para convencê-las, freiras normalmente têm grau de instrução inferior ao dos padres.

Num caso típico, padres partiram para a sedução com a argumentação de que importante mesmo para um religioso é apenas a proibição de se casar. Em regiões remotas e pobres, muitas freiras dependem financeiramente de líderes de dioceses. Favores sexuais, nessas circunstâncias, podem significar a sobrevivência. Inúmeras religiosas foram estupradas e houve as que engravidaram e contam ter sido obrigadas a abortar. As que se recusaram foram expulsas de sua ordem, enquanto os padres nem sempre foram advertidos.

A maioria dos crimes que ocorrem na África, onde os clericos identificam as freiras como presas fáceis e potencialmente ilesas da AIDS, fato importante nas suas atividades sexuais pois quase todas as prostitutas nas vizinhanças dos predadores se encontram infectadas, e como é sobejamente conhecido, o uso do preservativo é um pecado católico.
Antes destas constatações, vários padres morreram por doenças relacionadas com a AIDS, e muitos outros se encontram infectados pelo vírus em consequência das relações sexuais sem o pecaminoso preservativo, com as prostitutas.

Eis então um contexto ao qual podemos aplicar racionalmente, e com toda uma precisão lógica, uma das mais estúpidas frases proferida por Madre Teresa de Calcutá,
“A AIDS é o justo castigo para um comportamento sexual inadequado”.

Dos inúmeros casos citados no relatório da freira Maura O´Donohue, encontramos exemplos de demências desumanas e escabrosas, que figuram como meras areias de um vasto areal de horrores.

Um padre possuído por desejos sexuais decidiu violar uma freira, ou um mero objeto no ponto de vista do clerical, em vez de se contentar com uma simples masturbação, fomentada pelas orações católicas proferidas em forma de lixo sonoro, exacerbada pela presença de imagens de um homem seminu pregado numa cruz.

A freira engravidou, albergando dentro de si o fruto do "amor" católico do violador. A gravidez não foi bem recebida pelo pai criminoso, que obrigou a agora incubadora Humana a mais um crime, o aborto clandestino. Complicações de saúde derivaram desse aborto e a freira veio a falecer.

Mesmo após a sua morte, o abutre à violou mais uma vez, ao realizar uma missa hipócrita em homenagem à sua vítima.

A Igreja Católica ensina que se deve rezar pelos mortos, para que se livrem, o quanto antes, das penas do purgatório. Este ensinamento da Igreja se fundamenta no texto do livro dos Macabeus.
O costume, em toda a Igreja Católica, sempre foi o de rezar Missa pelos mortos logo após o seu falecimento, no mesmo dia do sepultamento. Era a chamada Missa de corpo presente, ou Missa rezada diante do cadáver da pessoa pela qual se oferecia a Missa.

Também os médicos sofrem pressões, ao serem confrontados com as tentativas de imposição de abortos nas freiras grávidas. Quando as freiras não são obrigadas a abortar, encubam dentro delas o fruto da violação clerical,lhes fornecem uma expulsão dos sítios santificados católicos. Percorrem as ruas em busca de soluções desesperadas e caem no abismo das maiores humilhações e indignificantes sobrevivências. Aceitam ser a segunda ou terceira esposa de qualquer homem, ou vão para os bordeis prostituírem-se pelas necessidades de sobrevivência de si mesmas e das do bebê resultante da violação. Na prostituição encontram a certeza da infecção.

Ja médica brasileira Fátima de Oliveira,secretária-executiva da Rede Feminista de Saúde diz:

"Fui depositária de muitas histórias de vida de padres e freiras que, mesmo proibidos, exerciam a sua sexualidade. Em situação de gravidez, a maioria dos padres faz a opção do aborto. Outros se tornam pais mesmo continuando padres. Já as freiras têm que deixar o sacerdócio se querem viver a maternidade"

Fátima defende o direito de a mulher interromper uma gravidez não desejada, mãe de cinco filhos (dois adotivos), diz que nunca precisou fazer aborto, mas se esquiva quando perguntada se já viveu algum romance com padre:
"Não falo da minha vida pessoal".

O Vaticano defende que uma mulher que foi violada não deve abortar porque em causa está a preservação de uma vida humana.

"Não se pode eliminar a vida como tal" e acrescentou que os fetos "são pessoas, sujeitos humanos com toda a sua dignidade". Por isso, sustentou que, mesmo em caso de violação, a mulher não deve interromper a gravidez, pois "há que salvar a vida ainda que seja fruto" dessa violação,admitiu, contudo, que, "sem dúvida, há que lutar contra a violência sobre as mulheres".

MULHERES NEGRAS - Maior Vulnerabilidade à Violência

No Brasil, as principais vítimas da violência são jovens, negros e pobres.

Vários estudos e reuniões científicas confirmam que são as mulheres negras as maiores vítimas do preconceito no Brasil pois sofrem, simultaneamente discriminação racial e sexual.

Embora a violência de gênero possa atingir mulheres de todas as raças/etnias e níveis de escolaridade e renda, organizações de mulheres negras responsabilizam o sexismo e a falta de políticas públicas de emprego, saúde e educação pelo grande número de casos de violência contra as mulheres negras.

De fato todos os indicadores sociais apontam que as mulheres negras estão mais vulneráveis à violência em decorrência de uma conjunção de fatores sociais, tais como baixa escolaridade, alto índice de desemprego e de subemprego e, principalmente, da discriminação e desigualdade.

Dessa forma, as mulheres negras estão não somente mais expostas aos efeitos da violência, mas elas também possuem menores condições para o enfrentamento da violência sofrida.

São exemplos de violência os homicídios, o tráfico sexual, a exploração do trabalho, o trabalho escravo, as agressões físicas, sexuais e psicológicas, e também o racismo, as discriminações cotidianas e as dificuldades ou falta de acesso a bens e serviços.

E em todos estes exemplos as mulheres negras ocupam o primeiro lugar nas pesquisas.

As organizações de mulheres negras têm se empenhado em mudar estes dados através de projetos e propostas de políticas públicas que atendam as necessidades das mulheres negras e da população afro-brasileira como um todo.

Alguns avanços aconteceram, mas ainda temos muito trabalho em busca da cidadania e da equidade de direitos.

Por Maria Cristina F. Santos, coordenadora adjunta do ponto de cultura MARIA MULHER - Organização de Mulheres Negras.

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.

Pais de menina morta sem transfusão vão a júri


Os direitos fundamentais são princípios absolutos ou relativos? E quando há conflito entre esses direitos? Qual deles deve prevalecer? Os questionamentos foram levados,para a 9ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. O caso colocou em campos opostos o direito à vida e à liberdade religiosa e envolveu recurso apresentado pela defesa de três integrantes da comunidade religiosa Testemunhas de Jeová, um médico e os pais de uma adolescente que morreu por falta de transfusão de sangue.

Para os seguidores da religião Testemunhas de Jeová, o sangue é como se fosse uma digital, algo inerente a cada pessoa, que não se pode doar nem receber de ninguém. No lugar das transfusões, seus adeptos defendem tratamentos alternativos.

Em primeira instância, os réus foram pronunciados para ir a julgamento, acusados de homicídio. A turma julgadora no TJ paulista, depois de muita peleja, fez prevalecer o entendimento de que a morte da adolescente, em tese, caracterizaria dolo eventual e que os três deveriam ir a júri popular.

Os acusados são os pais da adolescente e um médico. Os três são da igreja Testemunhas de Jeová. De acordo com a denúncia, por motivos religiosos, eles impediram ou retardaram a transfusão de sangue na garota que sofria de leucemia grave. A resistência dos pais e o fato do médico religioso ameaçar seus colegas de processo judicial no caso de fazer a transfusão, teriam, em tese, provocado a morte da menina. O caso aconteceu em julho de 1993, numa cidade do Litoral sul do estado. A adolescente morreu dois dias depois de entrar no hospital.

“Durante todo o tempo, os genitores foram alertados de que não havia alternativa à transfusão, caso desejassem salvar a vida da filha”, afirmou Galvão Bruno. “Em resposta declararam que preferiam ver a filha morta a deixá-la receber a transfusão”, completou o relator, para quem não havia como cogitar a nulidade da sentença de pronúncia diante da prova da materialidade do fato e dos indícios suficientes de autoria e participação.

Para o desembargador, o reconhecimento do direito à vida como o mais importante, considerando a especificidade do caso em julgamento, não acarretaria em absoluto, na negação da outra garantia constitucional em conflito: o direito à liberdade religiosa. Ou seja, a solução para o conflito pode ser encontrada por um atalho, de modo que um direito fundamental não aniquile o outro por completo, mas que possa coexistir com o outro em harmonia. Ele considerou atípico o fato descrito na denúncia e votou pela absolvição dos acusados.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010


Violência contra a mulher

40% das agressões não chegam à Justiça

Um caso de violência contra a mulher a cada 43 minutos. Esse é o número que salta das estatísticas da Delegacia da Mulher em Curitiba, que registra uma média de 33 boletins de ocorrência por dia, resultando em mais de mil casos por mês.

Levando-se em conta que muitos episódios não são notificados à polícia, os índices podem ser ainda maiores. No total, até meados de outubro, a delegacia contabilizava mais de 8 mil inquéritos em andamento. O número de mulheres que resolvem levar o caso à Justiça, no entanto, ainda é baixo: apenas 60% dos boletins de ocorrência viram inquéritos policiais, já que, nesses casos, é preciso que a mulher represente contra o agressor (assine um termo consentindo em processá-lo) para que o caso seja investigado e denunciado pelo Ministério Público.

Para além dos números, as reuniões que ocorrem diariamente em uma sala no térreo do prédio da delegacia dão uma ideia do desafio enfrentado pelas três delegadas, uma socióloga e psicólogas que prestam atendimento no local. Diariamente, um encontro que começa pontualmente às 13 horas entre uma psicóloga e as denunciantes tem como objetivo explicar a elas o procedimento padrão a ser seguido após o registro da ocorrência: a importância da representação criminal e de se fazer um boletim de ocorrência a cada fato novo, além do prazo legal pa­­ra a prescrição do crime (seis meses a partir da ocorrência do fato). Nas reuniões, geralmente formadas com grupos de dez mulheres, metade comparece.

A delegada titular Daniela Antunes Andrade comenta o motivo que faz com que muitas não sigam adiante:
“Elas perdoam. Nós estamos falando de amor, de sentimentos, de relações que já têm filhos. Muitas dizem que os filhos não vão perdoá-las por colocar o pai deles na cadeia.”

A socióloga Leusa Salete Oliveira, que há 20 anos atende mulheres em situação de violência, explica que não é raro ouvir nas reuniões comentários das mulheres de que registraram a ocorrência apenas para “dar um susto” no companheiro.

Polêmica

A obrigatoriedade da representação da mulher para crimes de lesão corporal, os mais comuns dentre os configurados como violência doméstica e familiar, é objeto de polêmica entre advogados, magistrados e defensores dos direitos da mulher. Pela natureza jurídica da ação, que é caracterizada como condicionada, depende-se do consentimento da vítima para que a ação seja proposta pelo Ministério Público.

O entendimento é de que a mulher não deve ser obrigada a processar seu próprio parceiro contra a sua vontade, assim como não faria sentido, do ponto de vista jurídico, prosseguir com a ação quando o casal já estivesse reconciliado, o que geraria constrangimentos aos envolvidos. A partir de 2006, no entanto, com a promulgação da Lei Maria da Penha, que pretendia tornar mais duras as penas contra os agressores, a obrigatoriedade ou não da representação não ficou clara, o que fez com que a polêmica fosse parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os ministros da Terceira Seção do STJ votaram pela manutenção da obrigatoriedade, em fevereiro de 2010. Para os defensores do fim da obrigatoriedade, porém, a sua manutenção trata o crime de violência doméstica de forma diferente em relação aos demais. “Não podemos dar um tratamento diferenciado a esse tipo de crime, que é até mais grave do que os demais, pois acontece dentro da família. Quando uma mulher procura uma delegacia está emitindo um pedido de socorro, que não pre­­cisa ser reafirmado várias ve­­zes”, opina a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-PR, Sandra Lia Bazzo Barwinski.

Paraná ainda não firmou pacto

O Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, acordo firmado entre os governos federal, estadual e municipal para fortalecer o combate à violência doméstica e contra a mulher, ainda não foi assinado pelo Paraná. Criado em 2008, o Plano está presente em 23 estados, mas os estados do Sul e o Distrito Federal ainda não aderiram, fato lamentado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, do governo federal. “[A ausência desses estados] pode agravar ainda mais a situação de violência”, afirmou a secretaria através de nota no site.

De acordo com a diretora geral da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Seju), Elizabeth Guimarães, a demora ocorreu devido à ausência de um projeto, elaborado em conjunto por várias secretarias, que tratava das políticas públicas a serem desenvolvidas pelo estado na área, como a criação de casas-abrigo e o tratamento psicológico dos agressores. O problema, de acordo com a diretora, foi sanado: “Terminamos de elaborar o projeto e já encaminhamos à secretaria. Esperamos que ele seja aprovado até o fim do ano, e, para 2011, estamos prevendo a construção de uma casa-abrigo em Curitiba para 20 mulheres, a primeira do estado. Será um projeto piloto para outras 18 que vamos construir”, promete.

Demandas

Outra necessidade no estado é a de tratamento psicológico ao agressor. Para a psicóloga e analista do comportamento Lúcia Willians, coordenadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apenas prender o agressor não resolve o problema da violência, e ainda desestimula a mulher, que não quer ver o companheiro preso, mas sim contemplado por um tratamento psicológico.

“Há quem culpe a mulher por ficar com ele. Mas ela pode ficar com o parceiro, essa é uma decisão pessoal. O que eles precisam é de tratamento. Não adianta ter uma visão criminalista, ele precisa de ajuda, porque se o relacionamento terminar, ele vai fazer isso com outra”, afirma Lúcia.

Para que o tratamento vire realidade, a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-PR, Sandra Lia Bazzo Barwinski, cobra a assinatura do Pacto. “Sem a assinatura, não recebemos essa verba, e não conseguimos reprimir esse crime da forma como ele deve ser reprimido, com educação.”

sábado, 6 de novembro de 2010


Papa Bento XVI chega à Espanha e terá que enfrentar protestos

O papa Bento XVI lançará um apelo contra a "descristianização" da Europa durante visita, sábado e domingo, à Espanha, país tradicionalmente católico que, em poucos anos, se tornou o mais ousado defensor dos direitos dos homossexuais e do aborto, o papa criticou a política anti-Igreja que é crescente no país, afirmou que o anticlericanismo sentido hoje na Espanha remete aos anos 30, quando a Igreja Católica sofreu uma onda de violência e mal-estar em meio à guerra civil.

O Papa ainda disse que criou um novo escritório no Vaticano para combater as tendências seculares no mundo. Ele disse ainda que a Espanha é um dos focos centrais, já que teve papel crucial para reviver o cristianismo em séculos passados.

O primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, um agnóstico declarado, evitará receber o chefe da Igreja Católica, sem ainda participar da missa de amanhã, onde será representado pelo vice-premier Alfredo Pérez-Rubalcaba.


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O Papa visitará Santiago de Compostela, terceiro lugar de peregrinação católica depois de Jerusalém e Roma, e em seguida viajará a Barcelona para consagrar a catedral da Sagrada Família, espetacular templo do arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926), inacabado há mais de 100 anos, e que será elevado ao grau de basílica.

"As duas etapas têm um significado amplo e universal, que vai além das visitas em si", explicou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

Segundo ele, a Europa será o tema central da mensagem que o pontífice transmitirá em Santiago de Compostela, onde o número de peregrinos, crentes ou não, continua a crescer, passando de 180 mil, em 1984, último Ano Santo Jacobeu ou Ano Santo Compostelano para 260.000, este ano.

Trata-se da 18ª viagem do Papa ao exterior e a 12ª na Europa, um sinal da importância que este papado dá ao velho continente.

Bento XVI instará a Europa a combater a "descristianização", bem como o "relativismo e as ideias herdadas da Revolução francesa, que consideram que para ser plenamente humano, é preciso libertar-se de toda tradição religiosa", antecipou o vice-secretário para a Congregação do Clero, Celso Morga.

Uma das maiores preocupações da hierarquia da Igreja católica é que "a Europa perca a memória e as práticas religiosas", explicou o vaticanista Maro Politi, lembrando que uma das prioridades estabelecidas pelo pontificado é a "reevangelização" do velho continente.

Bento XVI, que circulará em papamóvel, viaja "como peregrino" a Santiago de Composterla e rezará diante do túmulo do apóstolo. Também ali, celebrará uma missa para 6.000 a 7.000 pessoas.

Curiosamente, seja por censura, autocensura ou peculiaridade na Espanha, não será evocado o grave escândalo que abala a Igreja, provocado pelos abusos cometidos por padres pedófilos, particularmente na Europa.

O Papa certamente abordará questões importantes de caráter social, pouco depois do protesto do Vaticano contra a nova lei do aborto, aprovada pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero, também promotor de avanços sociais pioneiros como a lei do casamento homossexual, em 2005.

Em Barcelona, um dos temas centrais será a família, explicou Lombardi, confirmando que o Papa e Zapatero se reunirão no aeroporto antes do retorno do pontífice a Roma.

Bento XVI certamente "insistirá na defesa da vida e no valor do casamento entre homem e mulher", disse Politi.

O desafio nesta ocasião é que o chamado será feito a uma sociedade "cada vez mais leiga", destacou Politi, assegurando que na visita anterior do Papa à Espanha, em 2006, em Valencia, por ocasião das Jornadas Mundiais da Família, "a metade dos jovens reconheceu que não acredita mais em Deus".

No templo da Sagrada Família será feita uma homenagem ao "genial" Gaudí, "ao mesmo tempo artista e exemplo de fé cristã", completou Lombardi, lembrando que o processo de beatificação do arquiteto, iniciado em 2003, continua seu curso normal.

"O Papa vai a Barcelona pela Sagrada Família e não para beatificar Gaudí antes do tempo", esclareceu.

Grupos ateus planejam protestos em visita do papa à Espanha
Organizações querem fazer circular um ônibus com as frases 'Deus provavelmente não existe. Deixe de se preocupar e desfrute a vida'.

Cerca de 50 associações de ateus na Espanha preparam-se para protestar contra a visita do papa Bento 16 a Barcelona no início de novembro.

As instituições distribuirão cartazes e adesivos e farão circular nas ruas da cidade o ônibus "anti-Papa", como vem sendo chamado o veículo que terá estampadas as frases "Eu não te espero" e
"Deus provavelmente não existe. Deixe de se preocupar e desfrute a vida".

A última frase foi usada como lema pelo grupo numa campanha em 2009 em linhas de ônibus públicos em várias cidades espanholas.

Para financiar o protesto, a Associação Ateus da Catalunha lançou na internet uma campanha de arrecadação de fundos.

Eles esperam conseguir ao menos R$ 4.800 em pouco mais de uma semana para pagar o aluguel do ônibus e o combustível.

O veículo circulará por Barcelona durante oito horas diárias nos dois dias da visita do Papa (6 e 7 de novembro) e nos dois anteriores à chegada dele.

A associação oferece, em troca de doações, uma viagem no ônibus, que passará por locais que serão visitados pelo papa, como a catedral da Sagrada Família, obra inacabada do arquiteto catalão Antonio Gaudí.

Há cartazes com dizeres como “Vaticano: o verdadeiro inferno” e
“Papa aproveitador: viola bolsos e consciências”.
A Associação Ateia de Barcelona espalhou cartazes em ônibus exigindo que ele se desculpe pelos casos de abuso sexual contra menores cometidos dentro da Igreja.

O grupo de manifestantes também fará uma concentração dois dias antes da visita, defendendo que as instituições religiosas do continente deixem de ser financiadas por fundos públicos e que sejam cortadas as relações entre os governos europeus e o Vaticano.

A campanha tem o apoio de instituições feministas, sindicais, de defesa de direitos de homossexuais e de ateus franceses, alemães e de outras províncias espanholas.

Um dos principais focos dos protestos é o montante gasto pelo governo e pela Igreja da Espanha com a visita de dois dias, que chegam a 600 mil euros.

“É uma afronta em meio a essa crise econômica. O governo corta as pensões e tem coragem de gastar mais de meio milhão de euros por dois dias de visita do papa”, protestou a economista Valeria Sánchez, de 53 anos, uma das participantes previstas do beijo coletivo.

Espanhóis promovem beijaço gay para receber o papa

O protesto está sendo convocado pelas redes sociais, para mostrar a insatisfação dos homossexuais com as declarações do papa, que pressiona governos de países católicos contra adoção de políticas gays, como a união civil entre pessoas de mesmo sexo.

No site de relacionamento Facebook, 1.500 pessoas já confirmaram presença na manifestação. A comunidade diz: “Sem placas, sem bandeiras, sem gritos e sem slogans. Apenas beijar é permitido”.

Uma das organizadoras, Marylene Carole, disse diz que “é estranho que um ato tão nobre como beijar assim pareça revolucionário no século 21”.

Em nota no site oficial do movimento os organizadores dizem quererem fazer alguma coisa para demonstrar o incômodo com uma instituição que há muitos anos tem sido antagônica, para não dizer inimiga, das lutas pelos direitos sexuais e afetivos de muitos.

Entre os espanhóis de 20 a 24 anos, apenas 7% vão à igreja, embora 51% se definam como católicos não-praticantes.

A Espanha é um dos principais alvos das críticas do papa. O atual governo socialista do primeiro-ministro José Luiz Zapatero conseguiu aprovar a legalização do aborto e o casamento gay.

Manifestantes se concentrarão em frente à Catedral de Barcelona
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010


Aids é maior causa de mortes de mulheres entre 15 e 49 anos

A infecção pelo vírus HIV se transformou na principal causa de mortes e doenças de mulheres em idade reprodutiva, entre 15 e 49 anos, no mundo todo, de acordo com a Unaids, a agência das Nações Unidas para o combate à aids. A agência lançou nesta terça-feira um plano de ação de cinco anos para lidar com os fatores que colocam mulheres em risco, no início de uma conferência de dez dias sobre a situação das mulheres no mundo, em Nova York.

A agência advertiu que até 70% das mulheres no mundo todo sofrem violência, e esses maus tratos prejudicam a capacidade destas mulheres de negociar relações sexuais seguras com seus parceiros. Ou seja: elas podem estar sendo forçadas a fazer sexo sem preservativo, o que aumenta a chance de contaminação pelo HIV.

"A violência contra mulheres não deve ser tolerada", disse o diretor-executivo da Unaids, Michel Sidibé. "Ao tirar a dignidade das mulheres, estamos perdendo a oportunidade de aproveitar metade do potencial da humanidade para atingirmos as Metas do Milênio. Mulheres e meninas não são vítimas, elas são a força motriz que traz a transformação social", acrescentou.

Proporção
De acordo com a Unaids, em dezembro de 2008, 33,4 milhões de pessoas viviam com o HIV no mundo todo. Deste total, 15,7 milhões, quase metade, eram mulheres. E a proporção de mulheres infectadas com o vírus da Aids aumentou em muitas regiões do mundo nos últimos dez anos.

Na África subsaariana, por exemplo, 60% das pessoas que tem o HIV são do sexo feminino. Na África do Sul, mulheres jovens têm probabilidade três vezes maior de ser infectadas com o HIV do que os jovens da mesma idade.

Cerca de 30 anos depois do início da epidemia do vírus no mundo, os serviços que atendem os portadores não atendem de forma adequada as necessidades específicas de mulheres e adolescentes, alertou a agência da ONU. "A informação a respeito de saúde sexual e reprodutiva para mulheres e adolescentes com o vírus HIV ainda é limitada", afirmou Suksma Ratri, integrante da Rede Feminina Positiva da Indonésia e que participou do lançamento da Unaids.

"Elas precisam de um sistema de apoio amigável e adequado que permita que elas façam escolhas livres a respeito de sua sexualidade sem que sejam discriminadas ou estigmatizadas", afirmou.

O plano de ação lançado pela agência da ONU especificou alguns pontos de ação para que a ONU possa trabalhar junto com governos de vários países, sociedade civil e outros parceiros.

Entre os pontos principais deste plano está a melhora na coleta de informações e análise de como a epidemia afeta mulheres e a garantia de que a questão da violência contra a mulher seja incluída nos programas de prevenção do HIV.

O Brasil e vários outros países da América do Sul, da África e da Europa participam da iniciativa, juntamente com várias instituições ligadas à ONU e ONGs. O lançamento da campanha contou também com a presença da cantora e ativista Annie Lennox.

Aborto

Segundo dossiê produzido por duas ONG's brasileiras, problema atinge mais faixa etária de 15 a 29 anos, em jovens de classes baixas.

O aborto é a terceira causa de morte materna no Brasil. Este foi um dos dados revelados no dossiê “A realidade do aborto inseguro: O impacto da ilegalidade do abortamento na saúde das mulheres e nos serviços de saúde do estado do Rio de Janeiro”, assinado por duas organizações não governamentais, o Grupo Curumim e o Ipas Brasil.

O estudo foi realizado partindo da realidade carioca, mas revela um cenário comum a vários estados do país. Inclusive, foi constatado que nas regiões Norte e Nordeste o aborto chega a ser a primeira causa de morte materna. Jovens com idade entre 15 e 29 anos, das classes baixas, constituem a maior parcela das mulheres que realizam o procedimento inseguro.

Segundo a equipe que liderou a produção do dossiê, a ideia é chamar a atenção para o problema do aborto em âmbito estadual (carioca) e nacional. A médica sanitarista e pesquisadora Tizuko Shiraiwa destaca que o objetivo é trabalhar em favor da legalização do procedimento. "Entendemos que o aborto é uma decisão livre e não pode ficar atrelado à decisão da Igreja", ressaltou. "A legislação precisa avançar", completou.

De acordo com Tizuko, o estudo pretende contribuir para a legalização do aborto no Brasil e assim evitar óbitos de muitas mulheres. "A não legalização do aborto representa o óbito de muitas mulheres", afirmou. "A ilegalidade não promove a redução do aborto, pelo contrário. É importante ter essa discussão porque quem morre são as mulheres pobres", ressaltou.

O dossiê foi elaborado pelo Grupo Curumim e pelo Ipas Brasil e integra as ações de um conjunto de estratégias, articuladas em nível nacional, através da coalizão Jornadas pelo Aborto Legal e Seguro e da Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres pela Legalização do Aborto. Já foram realizadas pesquisas sobre a realidade do aborto inseguro nos estados da Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Paraíba.

Um outro estudo realizado pelo Ipas Brasil e o Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Saúde, revelou que o número de abortos realizados no Brasil passa de 1 milhão por ano. Mais de 220 mil deles têm como conseqüência, entre várias complicações, infecções graves e perfurações no útero.

Grupo Curumim

O Grupo Curumim é uma Organização Não Governamental (ONG) feminista, fundada em 1989, com o objetivo de desenvolver projetos no Brasil, em particular nas Regiões Norte e Nordeste. O objetivo da organização é trabalhar para melhorar a qualidade da assistência obstétrica nos serviços de saúde, no parto domiciliar, humanizar a atenção e mudar as relações de poder entre profissionais de saúde e mulheres.

Ipas Brasil

Ipas é uma organização não-governamental que trabalha há mais de três décadas com temas ligados a saúde e aos direitos reprodutivos da mulher objetivando especialmente contribuir para a Redução da Morbi-mortalidade Materna em decorrência do aborto inseguro.

Em nosso país desde 1994, Ipas Brasil tem atuado com enfoque em áreas como: Melhoria da Qualidade da Assistência à Mulher em Situação de Abortamento; Advocacy em Direitos Humanos, Sexuais e Reprodutivos; Melhoria da Atenção às Vítimas da Violência Sexual.