sexta-feira, 5 de novembro de 2010


Aborto

Segundo dossiê produzido por duas ONG's brasileiras, problema atinge mais faixa etária de 15 a 29 anos, em jovens de classes baixas.

O aborto é a terceira causa de morte materna no Brasil. Este foi um dos dados revelados no dossiê “A realidade do aborto inseguro: O impacto da ilegalidade do abortamento na saúde das mulheres e nos serviços de saúde do estado do Rio de Janeiro”, assinado por duas organizações não governamentais, o Grupo Curumim e o Ipas Brasil.

O estudo foi realizado partindo da realidade carioca, mas revela um cenário comum a vários estados do país. Inclusive, foi constatado que nas regiões Norte e Nordeste o aborto chega a ser a primeira causa de morte materna. Jovens com idade entre 15 e 29 anos, das classes baixas, constituem a maior parcela das mulheres que realizam o procedimento inseguro.

Segundo a equipe que liderou a produção do dossiê, a ideia é chamar a atenção para o problema do aborto em âmbito estadual (carioca) e nacional. A médica sanitarista e pesquisadora Tizuko Shiraiwa destaca que o objetivo é trabalhar em favor da legalização do procedimento. "Entendemos que o aborto é uma decisão livre e não pode ficar atrelado à decisão da Igreja", ressaltou. "A legislação precisa avançar", completou.

De acordo com Tizuko, o estudo pretende contribuir para a legalização do aborto no Brasil e assim evitar óbitos de muitas mulheres. "A não legalização do aborto representa o óbito de muitas mulheres", afirmou. "A ilegalidade não promove a redução do aborto, pelo contrário. É importante ter essa discussão porque quem morre são as mulheres pobres", ressaltou.

O dossiê foi elaborado pelo Grupo Curumim e pelo Ipas Brasil e integra as ações de um conjunto de estratégias, articuladas em nível nacional, através da coalizão Jornadas pelo Aborto Legal e Seguro e da Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres pela Legalização do Aborto. Já foram realizadas pesquisas sobre a realidade do aborto inseguro nos estados da Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Paraíba.

Um outro estudo realizado pelo Ipas Brasil e o Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Saúde, revelou que o número de abortos realizados no Brasil passa de 1 milhão por ano. Mais de 220 mil deles têm como conseqüência, entre várias complicações, infecções graves e perfurações no útero.

Grupo Curumim

O Grupo Curumim é uma Organização Não Governamental (ONG) feminista, fundada em 1989, com o objetivo de desenvolver projetos no Brasil, em particular nas Regiões Norte e Nordeste. O objetivo da organização é trabalhar para melhorar a qualidade da assistência obstétrica nos serviços de saúde, no parto domiciliar, humanizar a atenção e mudar as relações de poder entre profissionais de saúde e mulheres.

Ipas Brasil

Ipas é uma organização não-governamental que trabalha há mais de três décadas com temas ligados a saúde e aos direitos reprodutivos da mulher objetivando especialmente contribuir para a Redução da Morbi-mortalidade Materna em decorrência do aborto inseguro.

Em nosso país desde 1994, Ipas Brasil tem atuado com enfoque em áreas como: Melhoria da Qualidade da Assistência à Mulher em Situação de Abortamento; Advocacy em Direitos Humanos, Sexuais e Reprodutivos; Melhoria da Atenção às Vítimas da Violência Sexual.

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