sábado, 6 de novembro de 2010


Papa Bento XVI chega à Espanha e terá que enfrentar protestos

O papa Bento XVI lançará um apelo contra a "descristianização" da Europa durante visita, sábado e domingo, à Espanha, país tradicionalmente católico que, em poucos anos, se tornou o mais ousado defensor dos direitos dos homossexuais e do aborto, o papa criticou a política anti-Igreja que é crescente no país, afirmou que o anticlericanismo sentido hoje na Espanha remete aos anos 30, quando a Igreja Católica sofreu uma onda de violência e mal-estar em meio à guerra civil.

O Papa ainda disse que criou um novo escritório no Vaticano para combater as tendências seculares no mundo. Ele disse ainda que a Espanha é um dos focos centrais, já que teve papel crucial para reviver o cristianismo em séculos passados.

O primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, um agnóstico declarado, evitará receber o chefe da Igreja Católica, sem ainda participar da missa de amanhã, onde será representado pelo vice-premier Alfredo Pérez-Rubalcaba.


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O Papa visitará Santiago de Compostela, terceiro lugar de peregrinação católica depois de Jerusalém e Roma, e em seguida viajará a Barcelona para consagrar a catedral da Sagrada Família, espetacular templo do arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926), inacabado há mais de 100 anos, e que será elevado ao grau de basílica.

"As duas etapas têm um significado amplo e universal, que vai além das visitas em si", explicou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

Segundo ele, a Europa será o tema central da mensagem que o pontífice transmitirá em Santiago de Compostela, onde o número de peregrinos, crentes ou não, continua a crescer, passando de 180 mil, em 1984, último Ano Santo Jacobeu ou Ano Santo Compostelano para 260.000, este ano.

Trata-se da 18ª viagem do Papa ao exterior e a 12ª na Europa, um sinal da importância que este papado dá ao velho continente.

Bento XVI instará a Europa a combater a "descristianização", bem como o "relativismo e as ideias herdadas da Revolução francesa, que consideram que para ser plenamente humano, é preciso libertar-se de toda tradição religiosa", antecipou o vice-secretário para a Congregação do Clero, Celso Morga.

Uma das maiores preocupações da hierarquia da Igreja católica é que "a Europa perca a memória e as práticas religiosas", explicou o vaticanista Maro Politi, lembrando que uma das prioridades estabelecidas pelo pontificado é a "reevangelização" do velho continente.

Bento XVI, que circulará em papamóvel, viaja "como peregrino" a Santiago de Composterla e rezará diante do túmulo do apóstolo. Também ali, celebrará uma missa para 6.000 a 7.000 pessoas.

Curiosamente, seja por censura, autocensura ou peculiaridade na Espanha, não será evocado o grave escândalo que abala a Igreja, provocado pelos abusos cometidos por padres pedófilos, particularmente na Europa.

O Papa certamente abordará questões importantes de caráter social, pouco depois do protesto do Vaticano contra a nova lei do aborto, aprovada pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero, também promotor de avanços sociais pioneiros como a lei do casamento homossexual, em 2005.

Em Barcelona, um dos temas centrais será a família, explicou Lombardi, confirmando que o Papa e Zapatero se reunirão no aeroporto antes do retorno do pontífice a Roma.

Bento XVI certamente "insistirá na defesa da vida e no valor do casamento entre homem e mulher", disse Politi.

O desafio nesta ocasião é que o chamado será feito a uma sociedade "cada vez mais leiga", destacou Politi, assegurando que na visita anterior do Papa à Espanha, em 2006, em Valencia, por ocasião das Jornadas Mundiais da Família, "a metade dos jovens reconheceu que não acredita mais em Deus".

No templo da Sagrada Família será feita uma homenagem ao "genial" Gaudí, "ao mesmo tempo artista e exemplo de fé cristã", completou Lombardi, lembrando que o processo de beatificação do arquiteto, iniciado em 2003, continua seu curso normal.

"O Papa vai a Barcelona pela Sagrada Família e não para beatificar Gaudí antes do tempo", esclareceu.

Grupos ateus planejam protestos em visita do papa à Espanha
Organizações querem fazer circular um ônibus com as frases 'Deus provavelmente não existe. Deixe de se preocupar e desfrute a vida'.

Cerca de 50 associações de ateus na Espanha preparam-se para protestar contra a visita do papa Bento 16 a Barcelona no início de novembro.

As instituições distribuirão cartazes e adesivos e farão circular nas ruas da cidade o ônibus "anti-Papa", como vem sendo chamado o veículo que terá estampadas as frases "Eu não te espero" e
"Deus provavelmente não existe. Deixe de se preocupar e desfrute a vida".

A última frase foi usada como lema pelo grupo numa campanha em 2009 em linhas de ônibus públicos em várias cidades espanholas.

Para financiar o protesto, a Associação Ateus da Catalunha lançou na internet uma campanha de arrecadação de fundos.

Eles esperam conseguir ao menos R$ 4.800 em pouco mais de uma semana para pagar o aluguel do ônibus e o combustível.

O veículo circulará por Barcelona durante oito horas diárias nos dois dias da visita do Papa (6 e 7 de novembro) e nos dois anteriores à chegada dele.

A associação oferece, em troca de doações, uma viagem no ônibus, que passará por locais que serão visitados pelo papa, como a catedral da Sagrada Família, obra inacabada do arquiteto catalão Antonio Gaudí.

Há cartazes com dizeres como “Vaticano: o verdadeiro inferno” e
“Papa aproveitador: viola bolsos e consciências”.
A Associação Ateia de Barcelona espalhou cartazes em ônibus exigindo que ele se desculpe pelos casos de abuso sexual contra menores cometidos dentro da Igreja.

O grupo de manifestantes também fará uma concentração dois dias antes da visita, defendendo que as instituições religiosas do continente deixem de ser financiadas por fundos públicos e que sejam cortadas as relações entre os governos europeus e o Vaticano.

A campanha tem o apoio de instituições feministas, sindicais, de defesa de direitos de homossexuais e de ateus franceses, alemães e de outras províncias espanholas.

Um dos principais focos dos protestos é o montante gasto pelo governo e pela Igreja da Espanha com a visita de dois dias, que chegam a 600 mil euros.

“É uma afronta em meio a essa crise econômica. O governo corta as pensões e tem coragem de gastar mais de meio milhão de euros por dois dias de visita do papa”, protestou a economista Valeria Sánchez, de 53 anos, uma das participantes previstas do beijo coletivo.

Espanhóis promovem beijaço gay para receber o papa

O protesto está sendo convocado pelas redes sociais, para mostrar a insatisfação dos homossexuais com as declarações do papa, que pressiona governos de países católicos contra adoção de políticas gays, como a união civil entre pessoas de mesmo sexo.

No site de relacionamento Facebook, 1.500 pessoas já confirmaram presença na manifestação. A comunidade diz: “Sem placas, sem bandeiras, sem gritos e sem slogans. Apenas beijar é permitido”.

Uma das organizadoras, Marylene Carole, disse diz que “é estranho que um ato tão nobre como beijar assim pareça revolucionário no século 21”.

Em nota no site oficial do movimento os organizadores dizem quererem fazer alguma coisa para demonstrar o incômodo com uma instituição que há muitos anos tem sido antagônica, para não dizer inimiga, das lutas pelos direitos sexuais e afetivos de muitos.

Entre os espanhóis de 20 a 24 anos, apenas 7% vão à igreja, embora 51% se definam como católicos não-praticantes.

A Espanha é um dos principais alvos das críticas do papa. O atual governo socialista do primeiro-ministro José Luiz Zapatero conseguiu aprovar a legalização do aborto e o casamento gay.

Manifestantes se concentrarão em frente à Catedral de Barcelona
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