terça-feira, 11 de agosto de 2009


“A cruzada sanguinária” de Bush

Na verdade, toda esta encenação religiosa serve aos propósitos dos republicanos ultraconservadores. De há muito que o Partido Republicano sofre enorme influência da direita religiosa dos EUA, dos chamados theocons. Nela militam não apenas reverendos fascistas, como Pat Robertson e Jerry Falwell, mas vários advogados com notável dedicação às campanhas moralistas.

O grupo teve muito poder nos dois mandatos de Ronald Reagan, sendo baluarte da luta contra o comunismo, e também no governo de Bush-pai. Mas depois caiu no descrédito, sendo responsabilizado pelas duas derrotas consecutivas dos republicanos.

Na gestão de Bill Clinton, os theocons lideraram a campanha moralista pelo impeachment do presidente.

O atual presidente usou, de forma oportunista, de toda a carga religiosa e das contribuições dos theocons para decretar sua “guerra santa ao terrorismo” e para proclamar o “choque de civilizações” como forma de justificar as criminosas ocupações do Afeganistão e, depois, do Iraque.Ele se postou como “mensageiro de Deus” nesta “cruzada” sanguinária. A direita religiosa também conseguiu emplacar a sua política contra as liberdades civis, o direito ao aborto e o homossexualismo nos EUA.

Após a “reconversão”, ele se tornou governador do Texas, em 1993 (reeleito em 1977), e presidente dos EUA, em 2000.
Daí ele afirmar, com uma convicção hipócrita e oportunista, que é um predestinado, um
“enviado de Deus na terra”.

George W. Bush é um ativo partidário da intolerância e do fanatismo religioso. Ele jura que é um
“enviado de Deus na terra”

Na sessão conjunta do Congresso de setembro de 2001, quando decretou sua “guerra infinita”, o atual presidente dos EUA esbravejou:
“Ou você está conosco, ou está com os terroristas. De hoje em diante, qualquer nação que continuar a acolher ou apoiar o terrorismo será encarada pelos EUA como regime hostil”. Foi nesta ocasião que Bush pregou a “cruzada contra o terrorismo”, numa versão cristã da Jihad, a guerra santa dos mulçumanos.

Poucos dias depois, o pastor Jerry Falwell, um de seus “conselheiros espirituais”, aproveitou o clima de histeria decorrente dos atentados de 11 de setembro para afirmar que “Maomé é terrorista”.

Já o reverendo Pat Robertson disse que aquele ataque fora “um castigo de Deus por causa da legalização aborto e da ação das feministas e gays”.

E a jornalista Ann Coulter, entusiasta da “guerra santa”, escreveu: “Devíamos invadir o país deles, matar os líderes deles e convertê-los ao cristianismo”.

Diante deste cenário apocalíptico, Huntington sugere que o “mundo ocidental” deve usar meios militares para desestabilizar as “civilizações hostis” e preservar a sua hegemonia.

“Um mundo sem o primado americano terá mais violência e desordem, menos democracia e crescimento, do que um mundo no qual os EUA continuem a ter mais influência do que qualquer outro país na formação dos negócios globais”. Os atentados de 11 de setembro seriam a prova cabal do acerto desta “teoria”.

É nela que o fundamentalista George W. Bush se baseia para justificar as suas agressões terroristas no planeta.

Na eleição de 2000, George Bush teve apoio ativo dos pastores ultraconservadores, como Pat Robertson, Jerry Falwell e do midiático Billy Grahan. Os seus cabos eleitorais foram os fanáticos das organizações religiosas de extrema direita dos EUA, como a Maioria Moral e a Coalizão Cristã, secretariada por Ralph Reed.

Este só não pode participar mais ativamente da campanha eleitoral porque foi revelada sua atuação ilegal e criminosa de lobista da Microsoft e da corrupta Enron.

Para colegas evangélicos, o “pastor” Reed jurava que “Deus escolheu Bush porque sabia de suas qualidades de líder vigoroso e resoluto”.

A agressividade dos tele-evangelistas contra as “civilizações hostis”, as liberdades democráticas, o aborto e o homossexualismo acabou rendendo votos entre o eleitorado mais conservador e chauvinista dos EUA. Além disso, ela foi apimentada pelo falso moralismo destas seitas.

Já Pat Robertson, criador da Coalizão Cristã, detém postos de comando no Partido Republicano e possui milionários negócios, como a exploração de minas de ouro na Libéria e uma influente rede de televisão – Cristian Broadcasting Network (CBN). Seu programa diário na TV é famoso pelas agressivas campanhas contra o aborto e o casamento gay, pela obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas e pela defesa dos “valores da família”. No ano passado, causou celeuma no país ao pregar o assassinato do presidente Fidel Castro. A Coalizão diz possuir um milhão de adeptos e se vangloria de ter já elegido vários deputados, senadores e governadores. Ela tem um luxuosa sede em Washington que serve para sua lobista.


Mistura de Deus e guerra no discurso de Bush irrita europeus

O tom religioso dos discursos do presidente norte-americano George W. Bush vem se tornando cada vez mais irritante para muitos ouvidos na Europa, onde líderes que invocam Deus em tempo de guerra em geral são suspeitos de abusar da fé para fins políticos.

Ninguém menos que o presidente da Alemanha, o primeiro-ministro francês e o ministro do Exterior da Bélgica se juntaram a líderes religiosos na expressão de sua preocupação quanto às crenças de Bush e ao papel da religião na política dos Estados Unidos.

Os comentaristas da mídia, especialmente em países do norte da Europa, de tradição protestante, classificam as visões evangélicas de Bush como fundamentalismo cristão, e há até quem as compare ao fundamentalismo islâmico de Osama bin Laden.

A discussão reflete tanto a muito difundida oposição à guerra na Europa quanto uma cisão mais profunda entre um continente onde a fé religiosa está em baixa e os Estados Unidos, país no qual os valores religiosos têm hoje, provavelmente, um papel político mais importante que nunca.

O presidente alemão Johannes Rau, filho de um pastor protestante e ele mesmo num homem declaradamente religioso, reagiu com aspereza esta semana, em entrevista na TV, a informações na imprensa de que Bush acreditava que derrotar o presidente iraquiano Saddam Hussein era parte de um plano divino.
"A mensagem de George Bush é completamente unilateral. Não creio que as pessoas recebam um sinal de Deus para que libertem outras pessoas", disse. "Em ponto nenhum da Bíblia há um apelo por cruzadas".


O ministro do Exterior belga Louis Michel, crítico declarado da guerra, disse antes do começo das hostilidades, no mês passado, que via um avanço do fundamentalismo cristão em Washington, acrescentando que "isso evidentemente é um ponto de partida perigoso."

O primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin, perguntado sobre a matéria de capa de uma revista semanal norte-americana, cujo tema era Bush e Deus, respondeu à revista Le Point que "de maneira alguma se pode pedir a Deus um voto de confiança."

"Creio que as crenças religiosas de George Bush sejam genuínas", disse o cardeal Karl Lehman, que preside a Conferência dos Bispos Alemães, a uma publicação católica. "Mas a maneira descuidada com que ele usa linguagem religiosa não é mais aceitável no mundo moderno".

Na sua “guerra infinita” contra o “eixo do mal”, o presidente George W. Bush tenta estigmatizar todas as demais culturas e religiões do mundo. Apresenta-as como se fossem coisas “demoníacas” de “fanáticos”.

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