quinta-feira, 6 de agosto de 2009

George Walker Bush
Bush tornou-se presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2001, sendo vitorioso em uma das mais acirradas eleições gerais da história dos Estados Unidos, derrotando o Vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, do partido Democrata, por apenas 5 votos do colégio eleitoral. Gore venceu no voto popular com uma vantagem de mais de 500 000 votos. O resultado foi definido por uma maioria de apenas centenas de votos populares na Flórida, estado governado na época por Jeb Bush, irmão de George W., e até a validade de votos foi centro de disputas judiciais.
A seguir aos atentados de 11 de Setembro de 2001, o Presidente Bush atingiu os mais altos índices de apoio da história, acima dos 90 por cento, de acordo com a maioria das sondagens. Altos índices de apoio são comuns para os Presidentes em tempo de guerra, mas Bush conseguiu mantê-los durante um ano após os atentados.
Em Novembro de 2002, Bush tinha índices de apoio mais altos do que qualquer outro Presidente durante eleições intercalares desde Dwight Eisenhower.
Nas eleições intercalares de 2002, o Partido Republicano retomou o controlo do Senado dos Estados Unidos e aumentou sua maioria na Câmara de Representantes, contrariando a tendência histórica. Historicamente, o partido na Casa Branca perde lugares nas eleições intercalares. Constituiu apenas a terceira vez desde a Guerra Civil Americana que um partido à frente da Casa Branca tenha ganho lugares em ambas as câmaras do Congresso em eleições intercalares (as outras vezes foram em 1902 e em 1934). Houve quem sugerisse que a vitória histórica fosse devida à popularidade de Bush e à sua vigorosa campanha a favor dos Republicanos em muitos círculos duvidosos.
Quando George W. Bush chegou ao poder no início de 2000, a sua intenção declarada era de conduzir os EUA a uma posição mais recuada no Médio Oriente. O 11 de Setembro alterou todos estes cálculos. A «guerra contra o terror», passou a ser a orientação central da política externa americana. A coberto deste slogan, de tom panfletário, a Administração, ao longo dos seus dois mandatos, desenvolveu uma política agressiva e determinada no Médio Oriente, cujos resultados foram, no mínimo, controversos.
A direita o elegeu. Um bom naco da direita, aqui nos EUA, é libertária ou liberal. Quer um Estado pequeno e respeito máximo aos direitos individuais. A estes seus eleitores, Bush virou as costas. Seu governo argumentou que não podia precisar de autorização judicial para investigar cidadãos, ouvir suas conversas, checar o que leem na biblioteca. Aumentou a autoridade do Poder Executivo. Aumentou o governo: pegou o dinheiro que pode e investiu em ongs religiosas. Quis que entidades religiosas assumissem funções governamentais. Quis, e muitas vezes conseguiu, impor valores religiosos nas decisões de governo.
Outra parte da direita nos EUA é a direita religiosa. A estes, Bush ofereceu o que quiseram.
Segundo várias pesquisas citadas pela imprensa, os fiéis evangélicos brancos votaram em massa nos republicanos, direita religiosa norte-americana, feudo tradicional do eleitorado de George W. Bush, um rancheiro conservador de meia-idade do Texas, apegado a armas, favorável à pena de morte e geralmente contra o casamento gay. Questões como a do aborto motivaram esses texanos a rumar para as urnas com a determinação com que caçam seus cerdos.
Bush acredita que um casamento só pode ser realizado entre um homem e uma mulher. E, de fato, os 11 estados americanos que votaram sobre a questão optaram pelo banimento do casamento gay.
Valores morais, foram a maior preocupação dos eleitores, em nível nacional. Em segundo lugar, economia e emprego. Em terceiro, o terrorismo. Em seguida, na ordem, Iraque, sistema de saúde, impostos e educação.
De onde vem essa direita, também conhecida como “direita moral”?

Com 200 canais de televisão e 1.500 estações de rádio cristãs, os Estados Unidos são um país essencialmente religioso. Metade da população reza antes das refeições. Muitos entre os donos do poder, inclusive Bush, acreditam que seu país tem uma missão divina. Nesse contexto, Bush estaria fazendo, da Casa Branca, o trabalho de Deus.
Essa religiosidade, que remonta à chegada dos puritanos ao Novo Mundo, associada ao senso de destino, individualismo e populismo exacerbados, é a raíz do chamado “excepcionalismo americano”, segundo John Micklethwait e Adrian Wooldridge, autores britânicos do excelente livro The Right Nation: Why America Is Different
O conservadorismo norte-americano remonta à primeira Constituição. Nela, os míticos Pais Fundadores reconheceram que os homens são diferentes uns dos outros e querem enriquecer. E para evitar que o poder caia nas mãos de uma elite, ele tem de ser diluído. Liberdade, não igualdade, eis a diferença entre a prioridade dos EUA (liberdade) e da Europa (igualdade), lemos em The Right Nation.
O problema é que a liberdade norte-americana gerou desigualdades sociais atrozes. Mais: o número de presos nos EUA é cinco vezes superior ao do Reino Unido, o país mais duro em termos de sentenças na Europa. A pena de morte não existe do outro lado do Atlântico. Porém, do lado de cá, até Clinton, um democrata, é a favor. E ao mesmo tempo os norte-americanos precisam de cruzadas: contra a bebida, os comunistas, os fundamentalistas islâmicos...
É a mentalidade simplista do mocinho, ou seja, os EUA, que salvam o mundo do bandido, Osama bin Laden, ou quem quer que seja. Como ser mocinho sem bandido?
Os republicanos, disseram que é pelo fato de Bin Laden estar vivo que os norte-americanos precisam de Bush, o único candidato que poderia lidar com ele.

A nova onda de conservadorismo começa com Ronald Reagan, pioneiro da tese “menos impostos, menos Estado”. Se firma com Bush pai e degringola com Bush filho, que quis o W. no seu nome para não ser chamado de júnior, talvez com alguma razão.
No início do primeiro mandato de W., havia quem sustentasse que ele seria, quem sabe, um centrista. Mas, após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, começou a guinada para a direita, apoiada por eminências pardas ultraconservadoras.
Surgiu, assim, o Patriot Act, que reduz liberdades públicas não somente em Guantánamo Bay. Aumentaram as privatizações progressivas dos sistemas de educação, saúde e pensões. A ala religiosa, comandada, entre outros, por Ralph Reed, ex-diretor da Christian Coalition e homem-chave nas campanhas de Bush, empolgou-se com os debates como aquele antiaborto.
Bush aproveitou, mesmo em tempo de despesas com a guerra, para fazer a maior redução de impostos da história dos EUA (cerca de US$ 2 trilhões). Resultado de sua política econômica: um aumento do déficit público e nas contas correntes. O próximo passo de Bush será a abolição do imposto progressivo, em troca de um imposto com taxa fixa. Ou seja: o fim da redistribuição, para o deleite dos mais endinheirados.
Bush está no topo do mundo.
Reina, dentro do país, a supremacia de uma ideologia evangélica e anglo-saxônica sobre todas as minorias. A partir de agora teremos a demonização do outro. Venceram os lobbies antiaborto, antigay, a favor da pena de morte. É a supremacia dos anglo-saxões , a força de Bush reside nas bases religiosas. Christine Sierra
A reeleição de Bush em 2004, ameaça aos povos do mundo, à soberania das nações, ao equilíbrio de forças no planeta. Em seu primeiro discurso,proclamou que “não há limite para a grandeza da América”, falou do Iraque e do Afeganistão, os dois primeiros alvos de sua estratégia de “guerras preventivas” e retomou o tema recorrente de sua gestão e da campanha eleitoral – a “guerra ao terror”. Disse que irá “democratizar” aqueles países e que os Estados Unidos “espalharão liberdade pela humanidade”. Na verdade, o imperialismo Americano espalha horror e devastação, um tempo de violências e insegurança.
Não se tratou de uma vitória abismal, a de Bush, mas foi decisiva. Não somente desta vez ele se elegeu sem recorrer à Suprema Corte ultraconservadora, mas o Partido Republicano também conta agora com maiorias ainda mais confortáveis em âmbas as câmaras do Congresso. George W. Bush tem credibilidade para seguir sua política messiânica em termos domésticos e globais.
E com o apoio maciço dos protestantes e dos católicos.
61% das pessoas que vão à missa semanalmente votaram em Bush,

“ocorreu a consolidação da ideologia de uma direita cristã evangélica. E eis a questão: você quer ou não aderir a essa tendência?’’

“Bush misturou política com religião, e o deus dele não é o meu’’. Aos domingos, Darienne é professora voluntária na igreja presbiteriana do bairro.

Bush – que usou como principal carta o argumento de ser o único a poder defender os americanos contra o terrorismo
A retomada do bordão da “guerra ao terror” no primeiro pronunciamento após a reeleição é a reafirmação de um propósito, assumido reiteradamente nos últimos tempos e já oficializado na plataforma do Partido Republicano e em documentos de governo: “Os terroristas declararam guerra à América, agora a América declara guerra aos terroristas. Defendemos a paz perseguindo e combatendo o inimigo fora de nossas fronteiras para não termos de combatê-lo em casa”.
Estrategicamente, estão na alça de mira da Casa Branca e do Pentágono a investida contra países suspeitos de possuir armas de destruição em massa, a consolidação do poderio político, diplomático e militar dos EUA, sem concorrentes de médio e longo prazo, a realização de uma política externa que é a negação da diplomacia e dos organismos multilaterais, a começar pela ONU, já considerada irrelevante, o combate aos países do “eixo do mal” e a “reestruturação democrática” do Oriente Médio, ocupação criminosa e neocolonialista no Iraque.
Foi um presidente anti-ciência. Impôs tantos obstáculos quanto pode sobre o estudo de células tronco embrionárias. Defendeu o ensino do ‘design inteligente’ nas aulas de ciência. E durante quase todo seu governo, não fez rigorosamente nada a respeito da mudança climática. Durante seis anos de oito, negou que a queima de combustível fóssil tivesse qualquer coisa a ver com isso. Mesmo quando reconheceu os estudos científicos a esse respeito, permaneceu sem fazer nada.
Do ponto de vista do progresso da ciência, foi um obscurantista.
George W. Bush foi talvez o primeiro presidente dos EUA a relativizar os ideais iluministas da Revolução Americana no discurso. Muitos o fizeram de fato – nenhum falava sobre isso abertamente. Defendeu a tortura: lutou para que oficiais dos EUA tivessem autoridade para infligir castigos físicos sobre prisioneiros sugerindo que isto não fosse tortura. Criou uma prisão sobre a qual o Estado de Direito não chegava. Uma prisão na qual homens não tinham direitos.
George W. Bush pegou um país com superávit fiscal, com reservas suficientes para pagar a imensa dívida da previdência, e o entrega oito anos depois na pior crise econômica desde a Crise de 1929.
O governo de George W. Bush foi um desastre. Tudo poderia ter sido muito diferente: afinal, em novembro de 2000, outro homem foi eleito à presidência. A recontagem de todos votos na Flórida, feita por uma consultoria, provou isso. Mas a recontagem não ocorreu.
Na reeleição ouve aspectos prévios que, diferenciaram esta eleição da anterior .
  • Em primeiro lugar a alta taxa de concorrência às urnas. Cerca de 60%, para os norte-americanos, é uma percentagem muito elevada e que não se verificava desde os anos 60, quando foi eleito John F. Kennedy. A aposta Kerry a contar com a presença maciça do voto jovem fracassou mas, por outro lado, contou com uma enorme maioria dos votos dos latinos e afro-americanos.
  • Em segundo lugar, diferentemente das eleições anteriores, Bush Jr. ganhou por uma clara maioria, sem necessidade de recorrer a nenhum processo fraudulento.
As eleições norte-americanas de 2008 marcam o fim da "Era Bush" (2001-2009), que começou com o maior ataque terrorista cometido em solo americano e termina com uma crise financeira histórica, comparável, para alguns, com o crack da bolsa de 1929.

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