sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ioannes Paulus II

O Papa João Paulo I faleceu aos 65 anos, em 28 de setembro de 1978.

Naquele dia coroou-se com êxito uma das mais bem armadas conspirações da história da Igreja. Os fatos que cercaram sua eleição, o curto mandato de apenas 33 dias e as circunstâncias da morte de Albino Luciani.

João Paulo I foi assassinado, na verdade foi envenenado por inimigos.

Sua eleição como papa causou quase tanta estupefação como a sua morte 33 dias depois.

Durante toda sua carreira, foi um clérigo inexpressivo e nunca foi cotado para o posto de papa. Sua eleição deixou todos boquiabertos, uma vez que concorreu com nomes fortes, nunca havia integrado o serviço diplomático nem servido no Vaticano. Com essa história, para surpresa geral, foi eleito pontífice no conclave mais concorrido e rápido de que se tem notícia.
Teria sido eleito pelos conservadores simplesmente para cumprir ordens.

Mas, ao demonstrar carisma, liderança e, principalmente, era um reformador liberal decidido a acabar com a corrupção, disposição para reformar os quadros e interferir no comando do Banco do Vaticano, teria despertado o receio de determinado grupo de prelados , traria à tona extensas negociatas com a Máfia Italiana .

Um grupo de clérigos também estaria envolvido na trama, por temer a perda de posições de prestígio no Vaticano.
Como causa mortis, infarto do miocárdio. O papa que tinha 66 anos incompletos e goza de boa saúde. Não morrera dormindo, dizia o comunicado, mas sentado na cama lendo, com os ósculos sobre o nariz.

La mafia non perdonare , uccidere.

Ioannes Paulus II

A eleição do último papa do século 20, em 1978, foi um acontecimento não menos momentoso para a Igreja Católica e para o mundo ocidental. O polonês João Paulo II (Karol Jozef Wojtyla) é o primeiro papa não-italiano desde o século 16.

João Paulo II vem sendo lembrado e saudado no mundo todo mais por suas conquistas sociais e políticas do que pelo seu legado religioso. Pode até se dizer que, como líder religioso, João Paulo II foi um grande estadista.

Através de sua ação diplomática, o papa fez história e ajudou a mudar o mundo.

Teve papel decisivo na libertação da Polônia do domínio soviético e na queda do comunismo no Leste Europeu em 1989.

No início do pontificado, em 1979, foi o mediador no conflito entre Chile e Argentina pela posse de ilhas no canal de Beagle e seu trabalho levou à assinatura do Tratado de Paz e Amizade, em 1984.

João Paulo II também fez história em defesa da paz.

Possuidor de uma rara bagagem cultural e social, candidato ao Prêmio Nobel da Paz várias vezes, foi ferrenho defensor da justiça social e dos direitos humanos.

Visitou 129 países e conhecia de perto suas mazelas, sem fazer distinção entre ricos e pobres, preocupando-se da mesma forma com EUA ou Uganda.

Em 1991, manifestou-se contrário aos conflitos no Oriente Médio.

Fez o mesmo em 1992, contra a guerra da Bósnia-Herzegovina e em 1997, em visita a Sarajevo; em 1998, na República Democrática do Congo, quando afirmou que “a solução dos problemas das nações não está na força destrutiva do ódio e da morte, mas em um diálogo construtivo e na negociação”.

Trabalhou pela paz na Guiné Bissau, na República Democrática do Congo, nos Bálcãs, em Uganda, no Sudão e em Angola.

Em 2001, em sua ofensiva diplomática para tentar evitar a guerra no Iraque, João Paulo II chamou ao Vaticano lideranças envolvidas no conflito, entre elas o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
Seu emissário especial entregou a Saddam Hussein uma carta pessoal, na qual defendia uma solução pacífica para a crise do Iraque.
Também em prol da união da fé, João Paulo II agiu como estadista.

Sempre pediu que as religiões não fossem usadas para justificar a violência.

Foi o primeiro papa que pisou em uma sinagoga, que entrou numa igreja protestante e que visitou uma mesquita.

Em 1996, o presidente cubano, Fidel Castro, visitou o Papa, o que representou o primeiro passo para a normalização das atividades religiosas em Cuba.

Já no século 21, João Paulo II tornou-se o primeiro papa a receber uma delegação oficial da Igreja Ortodoxa Grega desde o cisma entre Oriente e Ocidente.

Durante uma visita a Atenas, em 2001, o papa pediu a Deus para perdoar os católicos romanos por mil anos de pecados contra os cristãos ortodoxos.

Ele também pediu perdão aos muçulmanos pelas Cruzadas e aos judeus por séculos de anti-semitismo.

Mais comedido, ele, no entanto, não questionou a Teologia da Libertação.

Mas optou por atacar os instrumentos marxistas e as propostas que considerava materialistas e discriminatórias utilizadas na defesa dos que estão à margem da sociedade.

Também como líder religioso, João Paulo II mostrou-se conservador com os dogmas e as questões morais e eclesiásticas.

O papa pregava contra o divórcio, o controle da natalidade, o homossexualismo, o uso dos métodos anticoncepcionais (inclusive no combate à Aids), a eutanásia e o aborto e se opôs a pesquisas científicas como o uso de células-tronco de embriões para o desenvolvimento de terapias para certas doenças.

A defesa destas posições dogmáticas e conservadoras provocou diásporas de vários tipos no mundo cristão, a ponto de florescerem milhares de seitas evangélicas nos anos 80, em todos os continentes.

Na realidade, ainda que a perda de fiéis fosse compensada pela longa peregrinação e pelo seu imenso carisma e pela sua capacidade de comunicação, posições conservadoras da Igreja acabaram afastando parte das novas gerações.

Em 25 de janeiro de 1998, o Papa esteve em Havana, capital de Cuba, onde permaneceu por cinco dias. O convite partiu do presidente cubano Fidel Castro. Foi a primeira vez que um Santo Padre rezou uma missa campal na ilha comunista.

Mas um sonho foi impossível, até hoje, para João Paulo II: uma visita a Moscou, a capital da Rússia e grande berço do socialismo. O governo russo simplesmente não autoriza a visita do Santo Padre.

A viagem mais famosa de João Paulo II ocorreu ao santuário de Fátima, em Portugal. Era o dia 13 de maio de 2000 e a Igreja Católica surpreendeu o mundo ao anunciar a Terceira Revelação de Fátima. Na ocasião, o polonês beatificou os irmãos Francisco e Jacinta Marto. No ano 2000 a Igreja Católica revelou ao mundo o que em 1917 teria aparecido para as três crianças em Portugal, o terceiro segredo de Fátima, que segundo a análise do Vaticano, o segredo estaria relacionado ao atentado contra o Papa. Pouco tempo depois da sua recuperação, João Paulo II foi até Fátima agradecer por ela ter salvo a sua vida. O Sumo Pontífice sempre afirmou que a Virgem Maria teria "desviado as balas". Conforme divulgou o Vaticano, o terceiro mistério anunciado pela Virgem aos pastores era a imagem de um bispo vestido de branco que caminhava entre os corpos de mártires caídos ao chão, aparentemente mortos, sob uma chuva de disparos. A Praça de São Pedro é rodeada de imagens de santos e mártires. A revelação do mistério encerrou décadas de suposições, muitas delas relacionando o segredo a profecias apocalípticas como o fim do mundo.

Neste mesmo ano, o Papa conseguiu realizar uma das viagens que mais queria, através da Terra Santa,Israel.

Karol Josef Wojtyla, o papa João Paulo II, morreu, aos 84 anos em Roma, após dois dias de agonia. Comunicado oficial do Vaticano informa que o sumo pontífice morreu às 21h37 do dia 2 de abril de 2005 em seus aposentos no Palácio Apostólico.
Sua morte encerra 26 anos do terceiro maior pontificado da história da Igreja Católica Apostólica Romana, período marcado por intensa atuação política, viagens aos cinco continentes, defesa da paz e dos direitos humanos, mas também de conservadorismo moral, será lembrado como um pontífice de grande carisma e poder diplomático, com seguidores em todo o mundo, defensor da justiça social , como aquele que pediu perdão pelos crimes cometidos pela Igreja Católica .

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