quarta-feira, 1 de julho de 2009


جامعة الدول العربية


O Oriente Médio, habitado desde tempos imemoriais, é uma área estratégica do ponto de vista econômico, principalmente por causa do petróleo. É também um importante cenário geopolítico e militar, porque serve de passagem entre a Europa e a Ásia.

Com essas características, o Oriente Médio tornou-se um dos centros nevrálgicos da Guerra Fria. A criação do Estado de Israel, em 1948, agitou um passado milenar, que logo seria submetido ao jogo de xadrez das superpotências.

Até 1918, a maior parte do Oriente Médio integrava o Império Otomano, derrotado na Primeira Guerra Mundial. Um pouco antes, em 1916, antecipando-se ao declínio dos turcos otomanos, a França e a Grã-Bretanha assinaram o acordo Sykes-Picot, tornando o Oriente Médio uma zona de influência franco-britânica. Ao mesmo tempo, crescia na Europa a força do sionismo, um movimento lançado pelo escritor e jornalista húngaro Theodor Hertzl.

Os ativistas judeus acreditavam que a reconquista de Jerusalém era um dever sagrado. Adotaram o slogan "uma terra sem povo para um povo sem terra", referindo-se à Palestina.A região, na verdade, era ocupada havia muitos séculos pelos árabes palestinos. Este era só o início do impasse.

No final do século XIX , agências sionistas financiadas por grandes banqueiros, como o barão de Rotschild, criaram colônias agrícolas, estimulando a migração judaica para a região da Palestina.Depois da Primeira Guerra, os assuntos do Oriente Médio passaram a ser decididos oficialmente em Londres e Paris, sem que fossem levadas em conta a história, a vontade, as tradições e a cultura dos povos que viviam na região.

Com o fim da Primeira Guerra, as regiões da Síria e do Líbano ficaram sob domínio da França. As outras áreas que estavam controladas pelos otomanos, inclusive a Palestina, passaram para as mãos da Grã-Bretanha. O colonialismo da França e da Grã-Bretanha provocou fortes reações entre os árabes. Foi nesse contexto que surgiu no Egito a Irmandade Muçulmana, berço do fundamentalismo islâmico.

Quando surgiu, em 1929, a Irmandade pregava a expulsão dos estrangeiros e a volta aos princípios fundamentais do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. Paralelamente à assistência aos mais pobres, a organização praticava uma guerra de guerrilha contra os ocupantes estrangeiros. O caráter militar da Irmandade foi se acentuando progressivamente.

Hitler iniciou, assim, uma forte perseguição aos judeus a partir dos anos 30, a conseqüências desse novo período da história foi a intensificação da migração judaica para todas as partes do planeta, mas principalmente para a Palestina. Em pouco tempo, triplicou o número de judeus na região, de 10 para 30 por cento da população. A instalação dos novos imigrantes não foi tranqüila. Os confrontos com a população árabe, majoritária, tornaram-se cada vez mais freqüentes.

Estava começando o período de tensão entre as superpotências, que iria se estender até o fim dos anos 80. Dessa forma, podemos dizer que os acontecimentos que conduziram à criação de Israel e transformaram o Oriente Médio foram influenciados pela lógica da Guerra Fria.

O dirigente soviético Josef Stalin acreditava que Israel poderia se tornar um país simpático à União Soviética, já que milhares dos imigrantes judeus de nacionalidade russa eram socialistas. Por outro lado, a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos viam em Israel um provável representante dos interesses ocidentais, numa região estratégica.
A Liga de Estados Árabes organização de estados árabes fundada em 1945 no Cairo por sete países, com o objectivo de reforçar e coordenar os laços económicos, sociais, políticos e culturais entre os seus membros, assim como mediar disputas entre estes.
Os países-membros originais eram Líbano, Egito, Iraque, Síria, Emirado da Transjordânia (atual Jordânia), Arábia Saudita, Iêmen e representantes dos árabes palestinos. Posteriormente juntaram-se Sudão, Líbia, Tunísia, Marrocos, Kuait, Argélia, Iêmem do Sul, Bahrein, Qatar, Omã, Emirados Árabes Unidos, Mauritânia, Somália, e Djibuti.
O principal fator de união, que era a vinculação com o mundo árabe, passou a ser a religião islâmica. Sob alguns aspectos, a Liga Árabe se assemelha à Comunidade Britânica.

Os palestinos e os Estados árabes não aceitaram a criação do novo país. Eclodiu assim a primeira guerra árabe-israelense. Israel venceu o conflito em 1949. O Estado árabe-palestino desapareceu, dividido entre Israel, Jordânia, que ficou com a Cisjordânia, e o Egito, que ficou com a Faixa de Gaza.

Sete anos depois, em 1956, o Oriente Médio seria palco de uma nova guerra. Dessa vez, pela posse do Canal de Suez.

A Guerra do Suez é um exemplo de que não eram os interesses nacionais que determinavam o curso dos acontecimentos, e sim a lógica da Guerra Fria. No caso do Egito, prevaleceu o jogo de equilíbrio entre Washington e Moscou.

No entanto, havia um fenômeno político e cultural acontecendo no mundo, sem o controle das superpotências: a diáspora palestina, iniciada em 1949. Dezenas de milhares de palestinos se dispersaram pelo Oriente Médio e pelo mundo, vivendo muitas vezes em condições subumanas em campos de refugiados. Os palestinos transformaram-se num povo errante, exatamente como havia acontecido dois mil anos antes com os judeus.

Foi nesse contexto que surgiu a Al-Fatah, em 1959. Com ela, o Oriente Médio mergulhou de vez no pesadelo do terrorismo. Fatah, em árabe, significa "reconquista". O grupo tinha como objetivo a destruição de Israel e a criação de um Estado palestino soberano e independente. Era um entre vários grupos radicais surgidos na região.

Entre os fundadores da Al-Fatah estava Yasser Arafat, um jovem engenheiro palestino admirador da política nacionalista de Nasser.

Por um lado, a criação de Israel teve efeitos dramáticos sobre a população palestina. Por outro lado, serviu de instrumento político das ditaduras militares, como na Síria, Líbia e Iraque, e dos regimes com características feudais, como a Arábia Saudita e o Kuwait. Nesses países, os governos autoritários conquistavam o apoio da população fazendo propaganda ideológica contra o Estado de Israel. Era uma forma de desviar a atenção de problemas mais urgentes, como a miséria e a falta de democracia.
Em maio de 64, durante o 1° Congresso Nacional Palestino, realizado em Jerusalém, surgiu a Organização Para a Libertação da Palestina, OLP. O objetivo era centralizar a liderança de vários grupos clandestinos.
O cenário geopolítico do Oriente Médio seria novamente modificado em junho de 67, de forma dramática, com a Guerra dos Seis Dias. Os israelenses, com o auxílio logístico dos Estados Unidos, atacaram de surpresa o Egito, a Síria e a Jordânia, que preparavam uma ofensiva conjunta contra Israel.
Em algumas horas, praticamente toda a aviação dos países árabes foi destruída ainda no solo, antes mesmo de ser utilizada. Com total domínio aéreo, em seis dias as forças armadas de Israel saíram amplamente vitoriosas.
Como resultado da Guerra dos Seis Dias, Israel anexou a península do Sinai e a Faixa de Gaza - que pertenciam ao Egito -, a Cisjordânia - inclusive a parte oriental de Jerusalém, que, desde 1948, estava de posse da Jordânia - e as Colinas do Golã, que eram parte integrante da Síria. Com esse desfecho militar, o clima de tensão aumentou em toda a região. A Al-Fatah e outros grupos radicais intensificaram os ataques contra alvos israelenses.
Em 1969, o líder da Fatah, Yasser Arafat, assumiu a direção da OLP. A organização crescia como uma frente de grupos extremistas dedicados à destruição de Israel.

Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur, ou Dia do Perdão. A Guerra do Yom Kippur começou com uma ampla vantagem para os árabes. A Síria conseguiu recuperar as Colinas do Golã, ao passo que o Egito tomou de volta um trecho da península do Sinai. Os israelenses reverteram a situação com a ajuda dos Estados Unidos. Depois de duas semanas, o exército de Israel já havia retomado as colinas do Golã e do Sinai, com exceção de uma estreita faixa junto à margem oriental do canal de Suez.

O fim da guerra do Yom Kippur trouxe importantes modificações no tabuleiro geopolítico do Oriente Médio.
O Egito esfriou suas relações com a União Soviética e partiu para uma aproximação com os norte-americanos.

A Síria, ao contrário, aprofundou os laços com Moscou. Desde 1971 o país era governado pelo jovem oficial Hafez al-Assad, um nacionalista de "linha dura" que misturava elementos do socialismo e da ortodoxia islâmica.

Além da Guerra do Yom Kippur, outro fato importante marcaria o Oriente Médio em 1973: a crise do petróleo.
Até o começo de 73, os países exportadores de petróleo vendiam o barril do produto por 14 dólares. Com o clima político criado pela derrota na Guerra do Yom Kippur, os países árabes chegaram a cobrar TRINTA E QUATRO dólares pelo barril.

No plano político, o choque do petróleo mostrou como o mundo era dependente dos países árabes exportadores de petróleo.Mais do que nunca, Estados Unidos e União Soviética passaram a jogar o jogo da estabilidade regional.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) estabelece seu quartel-general em Beirute e da fronteira libanesa começa a atacar Israel. A presença da OLP rompe o frágil equilíbrio entre as forças políticas no Líbano. Os palestinos são apoiados pelos setores de esquerda, por muçulmanos e nacionalistas, e hostilizados pelos conservadores e pela minoria cristã.

A Guerra Civil do Líbano foi um conflito no Líbano entre 1975 e 1990

Em abril de 1975, as tensões explodem numa guerra civil que opõe uma coalizão druso-muçulmana (aliada dos palestinos) a uma aliança maronita cristã de direita. O Exército libanês fragmenta-se em facções rivais, e o governo praticamente deixa de funcionar.

Em 1976, diante da iminente vitória do bloco esquerdista, a Síria invade o país, unindo-se inicialmente a Israel no apoio aos cristãos. Durante o conflito, os sírios trocam de aliados várias vezes e passam a dominar o território e as instituições libanesas. A luta leva à desagregação da sociedade libanesa em milícias armadas e enclaves étnico-religiosos.

Oriente Médio continua a ser um enigma para o mundo, e um grande desafio para a busca da paz no século XXI.

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