terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Meio Ambiente e a Camada de Pré-sal


Descobertas recentes de petróleo a sete mil metros abaixo da superfície do mar podem alçar o Brasil a um status de potência petrolífera e econômica e ainda tornar o nosso país uma das maiores potências do aquecimento global.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, no Brasil, parcela representativa da demanda energética é atendida pelos combustíveis derivados de petróleo e gás natural, sendo que o petróleo responde por quase 90% do consumo no setor de transportes. O país possui cerca de 29 bacias sedimentares onde, das reservas de petróleo identificadas, 90% estão no mar. A conciliação da exploração e produção de petróleo com a conservação ambiental requer instrumentos de controle ambiental específicos de modo a prevenir e/ou mitigar os danos ambientais decorrentes da atividade.

Os impactos ambientais potenciais da indústria petrolífera são variados, sendo os mais conhecidos da população aqueles associados aos vazamentos nos petroleiros e terminais de petróleo, que provocam a contaminação e degradação ambiental de mares e praias. Entretanto, outros impactos ambientais são inerentes à atividade, que pode provocar: alterações da qualidade da água e contaminação de sedimentos marítimos, interferência com rotas de migração e período reprodutivo de cetáceos, quelônios, sirênios e grandes pelágicos; interferência em áreas coralíneas, manguezais e na atividade pesqueira artesanal.

A perfuração marítima pode ocasionar impactos relacionados à toxidade dos fluídos de perfuração, deposição de cascalho no fundo do mar, principalmente em áreas de corais, além de vazamentos de óleo. Na fase de produção marítima podem ocorrer vazamentos e impactos associados ao descarte da água de produção, bem como impactos sobre a socioeconomia ocorrendo significativa mudança na estrutura e organização da sociedade regional pelo aquecimento da economia provocado pela indústria do petróleo.

A Favor

Tão importante quanto o próprio petróleo, o gás natural que existe nas camadas do pré-sal poderá ajudar o Brasil a resolver o impasse na Bolívia. “Não ficamos mais sujeitos a instabilidades políticas como o caso da Bolívia, pois não dependemos mais da importação”.
Além disso, o gás natural poderá atender a futura necessidade energética do país, com um menor impacto ambiental.
Se o Brasil não quiser partir para o uso de carvão ou energia nuclear, poderá utilizar o gás natural do pré-sal para suprir esta demanda.
Schaeffer, que integra o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), ressalta ainda que o grande vilão do aquecimento global não é necessariamente o petróleo.
“Se pensarmos, o carvão é muito pior”, comenta.

Segundo o cientista, se todo o consumo de carvão do mundo fosse substituído por gás natural, o setor energético reduziria as emissões de dióxido de carbono (CO2) pela metade.

Os contras

A exploração do pré-sal é um risco ao processo de consolidação do Brasil como líder mundial em energias renováveis. Ou seja, ao privilegiar o petróleo em sua matriz energética, o país corre o risco de seguir na contramão do que buscam os demais países: alternativas que reduzam suas atuais emissões de carbono.

"O Brasil tem hoje 44% de sua energia proveniente de fontes renováveis. Essas novas reservas de petróleo não vão durar para sempre, além de contribuir para elevar as emissões de carbono que deverão ser taxadas. Portanto, o Brasil vai entrar em uma situação hoje enfrentada pelos grandes produtores de petróleo"

"Certamente, os recursos disponíveis para energias alternativas irão diminuir. A exploração do pré-sal vai custar pelo menos de 100 bilhões a 200 bilhões de dólares. O programa de etanol se mantém porque está nas mãos da iniciativa privada. Já o biodiesel, que era fortemente subsidiado, praticamente desapareceu. Agora vamos ver o que vai acontecer com a energia eólica".

85% da energia brasileira vêm da hidroeletricidade. Em 2030, contudo, os locais disponíveis para obtenção desta energia sem a agressão ao meio ambiente terão praticamente se esgotado. “Com o consumo crescendo, vamos ter que tirar esta energia de algum lugar”,

Cálculos do Greenpeace indicam que se a CCS não cumprir tudo o que a tecnologia promete, e o Brasil estiver usando todas as reservas estimadas do pré-sal, estaremos emitindo ao longo dos próximos 40 anos em torno de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 por ano só com refino, abastecimento e queima de petróleo.

“Ainda que o desmatamento da Amazônia seja zerado nos próximos anos, tudo indica que as emissões decorrentes do pré-sal podem anular o seu impacto positivo e manter o Brasil entre os três maiores emissores de CO2 do mundo”, alerta Baitelo. Num mundo que enfrenta uma crise climática sem precedentes e onde já se criou um consenso entre os países de que é fundamental evitar que o aquecimento médio da Terra ultrapasse os 2º graus Celsius, seria normal imaginar que o governo brasileiro estivesse trabalhando duro na busca de soluções para reduzir ao máximo os impactos ambientais do pré-sal.

Os oceanos são um importante regulador climático”, explica Leandra Gonçalves, coordenadora da Campanha de Oceanos do Greenpeace. “Eles funcionam como o maior sumidouro de carbono do planeta, com capacidade para absorver até 50% das emissões geradas pela atividade humana.

“O aumento das emissões tem efeito nocivo nos mares, porque elas contribuem para o aumento médio da temperatura da água. Mares mais quentes têm menos capacidade de absorção de CO2”, continua Gonçalves. Além disso, concentrações excessivas de CO2 provocam acidificação nos oceanos, comprometendo a saúde dos corais, berços importantes da biodiversidade marinha. “No Brasil, já foram detectados indícios claro de decadência de estruturas de corais na costa de São Paulo e em Abrolhos, no litoral baiano.”

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