sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Projeto vai restaurar 1.300 hectares na Serra do Mar

Uma iniciativa de restauração ambiental, o Projeto Serra Nativa, vai recuperar 1.300 hectares de Mata Atlântica no coração da Serra do Mar, no Litoral do Estado. A ação, que terá início em 15 de dezembro e duração de oito anos, vai abranger uma área de aproximadamente 1.300 campos de futebol, removendo espécies exóticas como pinus e braquiária, para que a vegetação nativa tenha condições de se regenerar.

A região em que o Projeto Serra Nativa será desenvolvido está localizada em meio ao maior trecho contínuo de Mata Atlântica do país, no Litoral do Paraná. A propriedade está localizada em Morretes (PR), em um trecho da Serra do Mar em que também estão localizados a Área de Preservação Ambiental (APA) de Guaratuba, o Parque Estadual do Marumbi e o Parque Estadual do Pau Oco.

A área do projeto Serra Nativa é uma peculiar zona de transição entre dois biomas: a Mata Atlântica e a Floresta de Araucárias. Sobre a copa de árvores “tropicais”, destacam-se majestosos exemplares da árvore-símbolo do Paraná. Não bastasse a sua importância ambiental inegável, a área possui grande valor histórico. Durante a colonização, por ela passava o Caminho Arraial, ligação primitiva do Litoral com o Primeiro Planalto.

“O projeto é de caráter inovador, pela larga escala da restauração e pela localização da área, de relevo e clima típicos, que se tornam obstáculos à operação. Além disso, não se trata de uma simples colheita. Vamos adotar todos os cuidados para que a remoção das exóticas não afete a vegetação nativa do entorno”, afirma o gerente do projeto, Rodrigo Ribeiro.

A realização do projeto Serra Nativa está a cargo do grupo norueguês Norske Skog, que atua na produção de papel para publicações. Com uma fábrica de papel imprensa localizada em Jaguariaíva (PR), o grupo Norske Skog conta com o suporte da mais renomada cientista brasileira na área de combate a espécies exóticas invasoras, Sílvia Ziller, que integra a equipe que assessora tecnicamente o projeto Serra Nativa.

Convergente ao Programa do Estado do Paraná para Espécies Exóticas Invasoras, o Projeto Serra Nativa dispõe de todas as licenças ambientais necessárias e tem como apoiadores o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), a concessionária Ecovia e o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental.
O grupo Norske Skog é também signatário do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, esforço inédito que reúne cerca de 130 instituições como ONGs, da iniciativa privada e do poder público de todo o país.

Motivação
A introdução de espécies exóticas na área do Projeto Serra Nativa ocorreu na década de 1960, com incentivo governamental. O aumento da compreensão da questão ecológica, no entanto, levou as autoridades ambientais a rever a atividade de exploração florestal com fins econômicos nessa área. Em 2001, a propriedade foi adquirida pelo grupo Norske Skog, que deu início a estudos no sentido de promover a restauração da mata nativa.

A decisão de idealizar e colocar em prática o Projeto Serra Nativa decorre da avaliação do grupo Norske Skog de que a restauração ambiental de áreas com presença de espécies exóticas tende a se tornar cada vez mais uma exigência legal. “Em linha com os valores da empresa, decidimos agir pró-ativamente, entendendo que a situação da área irá se agravar exponencialmente com o passar do tempo”, afirma Eric d’Olce, diretor-geral da unidade brasileira do grupo, a Norske Skog Pisa.

As espécies exóticas são consideradas a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo. Jardinagem, paisagismo e horticultura são, atualmente, as principais formas de dispersão de plantas exóticas invasoras no país.

A inserção de uma espécie exótica em um bioma pode interferir e, na maioria das vezes, termina por afetar seu equilíbrio. A maior ameaça ocorre quando essa espécie se adapta com facilidade ao ambiente, crescendo e se reproduzindo sem obstáculos, tornando-se uma invasora.

Pouco a pouco, a espécie exótica classificada como invasora vai tomando espaço das espécies nativas e, consequentemente, de toda a cadeia de vida que depende delas, o que pode provocar uma ameaça real para o ciclo de vida da floresta.

Próximos passos
O projeto Serra Nativa terá duração de oito anos.
A primeira fase, compreendida pela remoção de exóticas e pela reabilitação da área, com plantio de sementes e mudas de espécies nativas, levará dois anos. Nesta etapa, a expectativa é que sejam utilizadas aproximadamente 240 mil mudas e sementes que serão fornecidas por viveiros florestais comerciais, da Prefeitura de Morretes e do IAP.

A segunda fase do projeto, que inclui o monitoramento da área, para evitar que as exóticas se regenerem, terá seis anos de duração. A partir do momento em que seja iniciada a remoção e o controle das espécies exóticas invasoras, os processos naturais serão retomados, possibilitando a regeneração da floresta.

No ambiente da Serra do Mar, pode-se esperar uma cobertura florestal inicial formada em 15-20 anos. Os técnicos explicam que o retorno da fauna vai se dar naturalmente, com a recomposição do habitat, em função da qualidade ambiental das áreas florestais naturais existentes nos arredores da área de restauração
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Conheça o site do projeto: www.serranativa.com.br

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