quinta-feira, 5 de agosto de 2010




Europeus e sul-americanos têm algo em comum, a paixão pelo futebol.

Não é à toa que, pelo menos até agora, todas as Copas do Mundo tenham sido vencidas por seleções da Europa (Itália, Alemanha, Inglaterra, França,Espanha) ou da América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai). Infelizmente, muitos políticos, tanto na Europa quanto na América do Sul, aproveitaram-se da paixão popular por esse esporte tão cativante para fazer propaganda política.

Na Europa, o futebol foi usado como instrumento de propaganda política tanto em ditaduras de extrema direita ( nos casos da Alemanha nazista de Hitler e a Itália fascista de Mussolini, nas décadas de 1930 e de 1940), quanto em ditaduras de extrema esquerda na União Soviética e os seus países-satélites no Leste europeu que viam uma oportunidade para fazer propaganda do regime socialista.

O futebol também virou símbolo de resistência ao nazismo como no caso da trágica e ao mesmo tempo admirável história do Dínamo de Kiev, o célebre clube ucraniano.

Na América do Sul, as vitórias das seleções de futebol do Brasil, em 1970 (quando se tornou o primeiro país tricampeão em Copas do Mundo), e da Argentina, em 1978, foram exploradas pela propaganda dos seus respectivos regimes militares.

Em 1974, a Copa do Mundo foi disputada na Alemanha Ocidental.
Naquela época, ainda existia o Muro de Berlim, que dividia a Alemanha em duas: a Alemanha Ocidental, capitalista, e a Alemanha Oriental, socialista.
Aquela Copa foi marcada por um jogo inusitado entre as duas Alemanhas.
Foi a única vez em que as duas seleções se enfrentaram em uma Copa do Mundo, com vitória da Alemanha Oriental, segundo se consta uma estratégia da Alemanha Ocidental.

Futebol: o ópio do povo

Também em 1974 temendo que a vitória da seleção Brasileira na Copa do Mundo fosse explorada pela propaganda do regime militar, o que acabou acontecendo, alguns intelectuais de esquerda, opositores do Regime, afirmavam que o futebol era o "ópio do povo", pois faria a população se alienar, deixando de lutar pela solução dos problemas sociais. A expressão foi criada por Karl Marx, era como ele considerava a religião.

Futebol e política

A Itália é um dos exemplos mais paradigmáticos do violento confronto de ideologias políticas entre grupos de torcedores.

Na Itália, no seguimento do Maio de 1968, época de grande contestação juvenil, “o contexto social e político era bastante conflituoso e desenvolveram-se nessa fase pequenos partidos de cunho extremista com grande grau de militância”, sendo que “os modelos organizativos [dos partidos] foram, de certa forma transportados para os estádios de futebol no apoio à equipe “, contribuindo também para isso o fato de “determinados clubes de futebol sempre terem sido bastante associados ou à direita ou à esquerda”.

Assim, a rivalidade e a cisão entre dois clubes residentes na mesma cidade podem, em parte, ser explicadas pelas suas conotações políticas e, por conseguinte, de defesa de certos valores, associado à direita, aos valores conservadores, e mesmo clericais com alguma influência da Igreja”, “existem membros de extrema-direita e defensores do racismo e da xenofobia” como os torcedores da Lazio (assumidamente de extrema-direita, considerado na década de 40 como sendo o clube de Mussolini.

Do outro lado, mas ainda na Itália, existe uma politização de esquerda, por vezes organizadas diretamente para combater o racismo e o fascismo, chegando a formar organizações comunistas, como é o caso da torcida do Livorno, que leva bandeiras com imagens de Che Guevara e Antonio Gramsci, além de cantar “Bandiera Rossa” e preencher as arquibancadas com cânticos revolucionários e bandeiras vermelhas. O preço, claro, foi descer para a segunda divisão do campeonato italiano… Por vezes estas duas torcidas entraram em confronto físico direto.

Sem querer entrar na composição das torcidas, mas explicitando um caso emblemático de uso do futebol para fins nitidamente políticos, podemos citar o caso do Real Madrid, que durante a Guerra Civil Espanhola foi usado como instrumento de propaganda ideológica do regime fascista, pois o clube mais vencedor do país até então, o Barcelona, era o time dos catalães que lutavam contra a unificação autoritária do país e, ao mesmo tempo, levantavam a bandeira do comunismo. E essa rivalidade é presente até os dias atuais.

Considerado o terceiro time da capital do seu estado, Ceará, com torcida significativamente menor que a dos outros dois primeiros, o Ferroviário é um time de origem operária que possui uma torcida organizada, a Ultra Resistência Coral, assumidamente anti-capitalista, que leva como lema essas duas frases: “Nem guerra entre torcidas, nem paz entre classes” e “Nada diminui nossa paixão incendiária. Ferroviário, orgulho da classe operária”. A torcida, assim, nega-se a se confrontar com outras e direciona suas forças contra aqueles que realmente merecem.
http://resistenciacoral.vilabol.uol.com.br/













































































































































































































































































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