quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Misto de político e guerrilheiro Ernesto Che” Guevara de la Serna,como bom argentino também gostava de praticar esportes, em especial o futebol.
Seu jogador favorito era Ernesto "Chueco" García, apelidado de "o poeta da canhota", mas também admirava Alfredo Di Stéfano, o maior craque que a Argentina produziu antes da era Diego Maradona.

“Che” relata as aventuras vividas ao lado do amigo Alberto Granado,a grande viagem pelo continente América Latina.

Foi uma viagem difícil, onde o dinheiro era curto, por isso era fundamental usar de muita criatividade para não passar fome. Sabedores da fama que os argentinos gozavam no continente de formarem bons jogadores de futebol, os dois amigos, que já haviam jogado em Iquique, no norte do Chile e com os leprosos da cidade de San Pablo, no norte do Peru, resolveram se apresentar aos moradores da cidade de Leticia, na região amazônica da Colômbia, como treinadores de futebol.

Deu certo e, como precisavam de dinheiro concordaram em jogar e ao mesmo tempo comandar o time local, o Independiente Sporting Club, num torneio. “Che”, que na época tinha apenas 24 anos assumiu o gol e Granado, com 30 anos foi o centroavante, ganhando o apelido de "Pedernerita", uma referência a Adolfo Pedernera, grande astro do River Plate, que naquele ano de 1952, estava justamente na Colômbia, junto com Di Stéfano, defendendo o Milionários de Bogotá.

A sorte estava ao lado dos dois. Na decisão do torneio, Granado fez o gol da vitória e “Che” defendeu um pênalti, garantindo o título. Não deu outra, a fanática torcida local carregou os dois em triunfo e conseguiram dinheiro e suprimentos necessários para seguirem viagem até Bogotá, onde se encontraram com o ídolo Di Stéfano, no restaurante “La Saeta Rubia”. O famoso jogador os presenteou com dois ingressos para assistirem o amistoso internacional entre Milionários e Real Madrid.

Mas “Che” não gostava só de futebol. Em seu livro "Che, Periodista-Deportista, Pasión y Aventura", o jornalista argentino Hernán Santos Nicolini afirma que Guevara chegou a praticar 26 esportes.

"Foi o esportista asmático mais célebre da história, ainda que sua notoriedade não proviesse nem do esporte e nem da asma", escreveu por sua vez o colega Ariel Scher, no livro "La Pátria Desportista", no qual dedica um capítulo inteiro ao Guevara esportista.

Em razão de problemas respiratórios que comprometiam seriamente sua saúde, seus pais decidiram deixar San Isidro, província de Buenos Aires, e ir morar na região montanhosa de Córdoba. Apesar das restrições médicas quanto à prática esportiva, mostrava sua rebeldia praticando rugbi, ciclismo, futebol e natação, um esporte que herdou de sua mãe Célia e que aprendeu com lições do campeão argentino de estilo borboleta, Carlos Espejo.

Com a chegada de um circo japonês a Alta Gracia, começou a imitar os saltos dos acrobatas, ao mesmo tempo em que se interessou pelo montanhismo nas serras de Córdoba. Perto de sua casa havia um campo de golfe e uma quadra de tênis, o que também colaborou para que praticasse esses esportes, ao mesmo tempo em que se dedicava ao boxe e pingue-pongue.

O esporte foi fundamental para o asmático Ernesto Guevara de la Serna ganhar resistência física e aeróbica para enfrentar as cruzadas revolucionárias que o transformaram no lendário “Che”. De quando era menino, em Alta Gracia, na Argentina, até ser ministro de Cuba, “Che” Guevara nunca deixou de participar de intensos jogos nada amistosos com seus camaradas.

Na Argentina, a figura de Guevara como esportista está mais vinculada ao rúgbi. Ele aprendeu a jogar com seu amigo Granados em Córdoba, e quando a família retornou a Buenos Aires, entrou para o San Isidro Club (SIC), um dos clubes de rúgbi mais poderosos do país. Também jogou pelo Yporá e no Atalaya, nos quais se destacou pelo “tackle” duríssimo, o que lhe valeu o apelido de "Furibundo Serna", pelo sobrenome de sua mãe.

A lembrança de que ele foi também jogador de rúgbi provocou nos últimos dias alguns protestos entre os setores mais conservadores desse esporte, hoje mais popularizado, mas historicamente vinculado com as classes abastadas, que simplesmente detestam o Guevara comunista.

(http://www.telegraph.co.uk/sport/columnists/brendangallagher/2322711/Argentine-rugby-inspired-by-Che-Guevara.html)

Em Cuba ele é conhecido e celebrado como grande impulsor do xadrez, e muitos de seus companheiros de guerrilha o recordam, na serra, sempre equipado de fuzil e tabuleiro. "O xadrez", dizia Guevara, "é um passatempo, mas é também um educador do raciocínio, e os países que têm grandes equipes de enxadristas marcham também à frente do mundo em outras esferas mais importantes". Inaugurou torneios, competiu com seus colegas, jogou partidas simultâneas com grandes jogadores, como Victor Korchnoi, Mikhail Tal e Miguel Najdorf, e até se deu ao luxo de vencer o grande mestre nacional cubano Rogelio Ortega.

Granado conta que em 1963, mais de dez anos após a aventura futebolística na Colômbia e quatro depois da revolução cubana de 1959, foi morar em Cuba ao lado da esposa. “Che”, já era ministro da Economia de Cuba e apesar do alto cargo aceitou participar de uma “pelada” contra uma equipe da Universidade de Santiago de Cuba, que era treinada por Arias, um espanhol, que ainda atuava como atacante.

Houve um lance no jogo em que Arias recebeu a bola e avançou, mas “Che” saiu do gol e se jogou em cima dele. Ninguém imaginava que o ministro ia se atirar aos pés de alguém por uma bola. Mas ele era assim, contou Granado: "Quando estava no gol, era um legítimo goleiro.”

Ezequiel Fernández Moores/Nilo Dias

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