sexta-feira, 1 de outubro de 2010


Papa alerta para risco de "formas agressivas de secularismo"

"O Reino Unido esforça-se para ser uma sociedade moderna e multicultural. [...] Que isso não enfraqueça a raiz cristã que sustenta suas liberdades; e que esse patrimônio, que sempre buscou o bem da nação, sirva constantemente de exemplo para o vosso Governo e vosso povo", afirmou o Papa.

"Os reis da Inglaterra e Escócia têm sido cristãos desde tempos muito antigos. [...] Assim, a mensagem cristã tem sido uma parte integral da língua, pensamento e cultura dos povos destas ilhas há mais de mil anos".

"Também agora, podemos recordar como a Grã-Bretanha e seus líderes enfrentaram a tirania nazista, que desejava eliminar Deus da sociedade [...]. Ao refletir sobre as lições sombrias do extremismo ateu do século XX, jamais esqueçamos como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública conduz, em última análise, a uma visão parcial do homem e da sociedade e, portanto, a uma visão 'restritiva da pessoa e seu destino", indicou.

"A evangelização da cultura é de particular importância em nosso tempo, quando a 'ditadura do relativismo' ameaça obscurecer a verdade imutável sobre a natureza do homem, sobre seu destino e seu fim último. Hoje em dia, alguns buscam excluir da esfera pública as crenças religiosas, relegá-las ao privado, objetando que são uma ameaça para a igualdade e a liberdade. No entanto, a religião é, na realidade, garantia de autêntica liberdade e respeito, que nos leva a ver cada pessoa como um irmão ou irmã".

"O mundo da razão e o mundo da fé - o mundo da racionalidade secular e o mundo das crenças religiosas - necessitam um do outro e não deveriam ter medo de iniciar um diálogo profundo e contínuo, para o bem de nossa civilização. Em outra palavras, a religião não é um problema que os legisladores devam solucionar, mas uma contribuição vital para o debate nacional", indicou.

Diálogo anglicano-católico

O Papa Bento XVI encontrou-se com o Primaz da Comunhão Anglicana e Arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, no Lambeth Palace.

"Continuamos orar por este dom, conscientes de que a unidade que Cristo desejou ardentemente para os seus discípulos só vem em resposta à oração, através da ação do Espírito Santo que renova continuamente a Igreja e conduz à plena verdade", considerou.

Após a troca de presentes e oração final, o Arcebispo de Canterbury acompanhou o Papa na entrada principal do Palácio, onde o aguardava a esposa do arcebispo, senhora Jane Paul Williams.

Em seu discurso, Williams lembrou que a missão dos bispos é não somente a de alimentar, mas também a de proteger o rebanho de Cristo dos perigos. Logo após, indicou que isso também envolve "responder às várias tendências em nosso cenário cultural que apresentam a fé cristã tanto como um obstáculo à liberdade humana quanto um escândalo para o intelecto".

Williams indicou que o ministério conjunto dos bispos, apesar das fronteiras que ainda existem entre as confissões anglicana e católica, não deve estar centrado somente em como atuar na arena pública.

"Antes, é uma busca juntos pela santidade e transparência de Deus, busca das formas pelas quais podemos ajudar uns aos outros a crescer na vida no Espírito Santo".

Sobre a separação anglicano-católica, o Arcebispo usou o exemplo de uma carta que o presbítero anglicano Edward Bouverie Pusey escreveu ao Cardeal John Henry Newman quando esse último decidiu entrar em plena comunhão com a Sé de Roma e converteu-se ao catolicismo:
"é o que existe de profano em ambos os lados que nos separa".

"Isso não deveria nos surpreender: santidade é a mais simples comunhão com Cristo, e quando essa comunhão com Cristo é trazida à maturidade, assim é a nossa comunhão com o outro. Enquanto bispos, somos servos da unidade do povo de Cristo, do único Corpo de Cristo. E, como somos bispos integrantes de comunidades eclesiais separadas, devemos todos sentir que cada um de nossos próprios ministérios é menos fecundo pelo fato de nossa divisão, nessa real mas imperfeita comunhão".

Por fim, destacou:

"Que esta visita histórica seja para todos nós um tempo especial de graça e crescimento em nossa vocação comum, enquanto vós, Sua Santidade, traz-nos a renovada palavra do Evangelho".

Após o encontro, Bento XVI dirigiu-se à Westminster Abbey, onde participou de uma Celebração Ecumênica com integrantes de diferentes confissões cristãs presentes no Reino Unido, especialmente anglicanos. Será o primeiro Papa a entrar na Abadia, que pertenceu aos monges beneditinos por mais de 600 anos e, após o cisma de 1534, tornou-se propriedade da Igreja Anglicana.

Os números apontam que a população total da Grã-Bretanha é de 59.381.000 pessoas, destas 5.264.000 (8,87%) se denominam católicas.

Ao serviço dos fiéis, nas 32 dioceses e 2977 paróquias, estão 59 bispos, 5.225 sacerdotes, 6.497 religiosos e 34.669 catequistas. Além disso, o país tem dois seminaristas menores e 245 seminaristas maiores.

Os números apontam que a população total da Grã-Bretanha é de 59.381.000 pessoas, destas 5.264.000 (8,87%) se denominam católicas.

Ao serviço dos fiéis, nas 32 dioceses e 2977 paróquias, estão 59 bispos, 5.225 sacerdotes, 6.497 religiosos e 34.669 catequistas. Além disso, o país tem dois seminaristas menores e 245 seminaristas maiores.

A Rainha do Reino Unido, Elizabeth II, reconheceu a contribuição especial da Igreja Católica Romana,
"particularmente de seu ministério para os mais pobres e mais necessitados da sociedade, seus cuidados com os desabrigados e no ensino ministrado por sua extensa rede de escolas".
"Sua Santidade, sua presença aqui hoje lembra-nos de nossa herança cristã comum, e da contribuição dos cristãos para a promoção da paz mundial e o desenvolvimento econômico e social dos países menos prósperos do mundo",
destacou.

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