A assinatura do tratado de paz no final da Primeira Guerra Mundial deixou a Alemanha humilhada e despojada de suas possessões. Perdeu seus territórios ultramarinos e, na Europa, a Alsácia-Lorena e a Prússia Oriental. Os exércitos aliados ocuparam a região do Reno, limitaram rigorosamente o tamanho do Exército e da Marinha alemães, e o seu país foi obrigado a pagar indenizações pela Primeira Guerra Mundial que logo provocaram o colapso de sua moeda e causaram desemprego em massa.
Assim, foi numa Alemanha envenenada pelo descontentamento que Adolf Hitler ergueu a voz pela primeira vez. Apelando para a convicção do povo alemão de que tinham sido brutalmente oprimidos pelos vencedores da guerra, logo conseguiu uma larga audiência. Falava de grandeza nacional e da superioridade racial nórdica, denunciava judeus e comunistas como aqueles que haviam apunhalado a Alemanha pelas costas e levado o país à derrota, e por meio de um programa intensivo de propaganda criou o Partido Nacional-Socialista, que em 1932 tinha 230 lugares no Parlamento alemão e cerca de 13 milhões de adeptos. Depois da morte do Presidente Hindenburg, em 1934, o poder de Hitler tornou-se absoluto. No verão de 1934, eliminou implacavelmente os rivais e, desprezando a regra de lei, estabeleceu um regime totalitário.
Alemanha e Itália se tornaram aliados, formando o Eixo Roma–Berlim (ao qual se juntaria, em 1940, o Japão).Os governos da Itália e da Alemanha iniciaram uma política de expansão, através da anexação de territórios vizinhos. Para a execução dessa política, os dois países passaram a organizar poderosas e bem equipadas forças armadas.
Em seguida deu inicio a um programa de rearmamento, em contravenção ao Tratado de Versalhes, mas sem ser impedido pelos demais signatários, e no começo de 1936 já estava confiante o bastante para enviar tropas alemães para reocupar a região do Reno. Mais uma vez os Aliados não fizeram nenhuma tentativa para detê-lo, e a operação foi bem sucedida. Mais tarde, no mesmo ano, ele e seu aliado italiano fascista Benito Mussolini enviaram auxílio a Franco na Guerra Civil Espanhola e assinaram um pacto unindo-os no Eixo Berlim-Roma.
A preocupação primária de Hitler durante esse período foi com a necessidade alemã de Lebensraum, ou seja, espaço vital. Se o país devia passar de nação de segunda categoria para primeira potência mundial, necessitava de espaço para se expandir, e se precisava comportar uma população em rápido crescimento e exigindo prosperidade, necessitava de terras para cultivo e matérias-primas para energia e indústria.
Começou olhando na direção da Áustria, que já possuía um forte movimento nazista, mas cujo chanceler estava ansioso por conservá-la como nação independente. Os exércitos de Hitler avançaram assim mesmo e, em 1938, entraram em Viena, sem encontrar oposição. Hitler tivera êxito pela combinação de uma diplomacia de força e um hábil desenvolvimento de sua máquina de propaganda.
A agressiva política expansionista da Itália e da Alemanha pôs em risco o precário equilíbrio que vigorava entre os países da Europa.
A Inglaterra e a França, principais potências da Europa, acovardaram-se diante da investida de Hitler e acabaram aceitando a anexação, pois achavam que isso iria satisfazer as ambições do ditador alemão.
A Checoslováquia seria a próxima vítima. A região fronteiriça, conhecida como Sudetos, tinha uma população alemã que se sentia excessivamente discriminada tanto pelos tchecos quanto pelos eslovacos. A região era rica em recursos minerais, tinha um grande exército, e ostentava fábricas de equipamento bélico Skoda. Incitando o descontentamento da população germânica, Hitler foi capaz de fomentar a agitação na Checoslováquia, que levou a um confronto armado na fronteira.
Nessa altura, o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, representando os defensores da Checoslováquia, Inglaterra, França e Rússia,foi à Alemanha acalmar Hitler. O resultado de uma série de reuniões foi que, a menos que os Sudetos fossem anexados à Alemanha, Hitler começaria uma guerra; mas se suas reivindicações territoriais na Checoslováquia fossem atendidas, não faria reivindicações posteriores no resto da Europa.
A França e a Inglaterra concordaram apesar de suas promessas de proteger a Checoslováquia; e Hitler, quebrando também a sua promessa, mais tarde invadiu a Checoslováquia inteira. Considerou que a Inglaterra não estaria preparada para lutar por aquele país, e que a França não ia querer lutar sozinha e estava certo.
Hitler demonstrou a intenção de reocupar o corredor polonês, uma saída para o mar.
Hitler não fez muita pressão no inicio, pois Inglaterra havia duplicado seu efetivo bélico e dera à Polônia uma garantia absoluta de proteção. Mas percebeu que a garantia não valia nada sem o apoio russo de leste, e, percebendo que os ingleses iam se apressar a solicitar esse apoio, tratou de trazer a Rússia para o seu lado. Os russos tinham sido evitados pelos ingleses quando ofereceram, anteriormente, uma aliança, e não estavam relutantes, depois de superada a desconfiança inicial, em fazer um acordo com Hitler, particularmente quando este lhes prometia uma oportunidade de recuperar o território polonês que havia perdido em 1918.
Para evitar uma guerra em duas frentes, Hitler firmou um acordo secreto com a União Soviética para dividir a Polônia (Pacto Germano-Soviético de 27/8/39). Stalin concordou, mediante a promessa germânica de não intervir na expansão soviética pelo Mar Báltico.
Assinado o pacto Molotov-Ribbentrop, o caminho de Hitler estava livre, e em 1° de setembro de 1939 forças alemães cruzavam a fronteira polonesa. Seguiu-se a primeira demonstração da eficácia da tática móvel combinando forças blindadas e aéreas. Os poloneses concentraram seus exércitos bem à frente, perto da fronteira, e suas reservas ficaram escassamente espalhadas. Assim, quando as colunas blindadas de Hitler, apoiadas pela Luftwaffe, atravessaram as fortificações da Polônia, as tropas polonesas, marchando a pé, foram incapazes de retroceder com rapidez suficiente para se reagruparem. Num hábil movimento de pinças, Bock e Von Rundstedt, do norte e do sul respectivamente, lançaram seus homens em direção a Varsóvia. Em 17 de setembro tropas russas cruzaram a fronteira oriental e, apesar da valente resistência, Varsóvia caiu a 28 de setembro.
Enquanto isso, respaldada por seu pacto com a Alemanha, a União Soviética se apossava da Polônia Oriental e invadia a Finlândia, contra o que os finlandeses se opuseram. Seguiu-se uma guerra onde os finlandeses lutaram dura e amargamente, mas que em março de 1940 já era uma questão decidida. A Alemanha e a Rússia dividiram a Polônia entre si.
Nesse meio tempo, e para consternação de seus adversários, Hitler investiu ao norte, repentinamente, atacando a Noruega e a Dinamarca. A 9 de abril de 1940, forças alemães desembarcaram em vários portos ao longo da costa norueguesa e também invadiram a Dinamarca. No fim do mesmo dia, haviam tomado Oslo e os portos principais de Trondheim, Bergen e Narvik, enquanto a Dinamarca agüentou apenas 24 horas. Como é que esses dois países se encaixavam no esquema de Hitler? A maior parte do minério de ferro para o esforço alemão de produção de guerra vinha do norte da Suécia, através de Narvik e Hitler quis salvaguardar a passagem marítima da Noruega, temendo que a Inglaterra ocupasse esse país, usando a Dinamarca como valioso fornecedor de provisões.
Inglaterra foi em auxílio da Noruega, desembarcando tropas perto de Narvik e Trondheim. Mas chegaram tarde demais, pois os alemães, nessa altura, já haviam estabelecido uma posição forte o bastante para serem capazes de derrotar seus atacantes, auxiliados por uma esmagadora superioridade aérea, a completa derrota dos ingleses na campanha norueguesa.
Para Hitler isso significou a certeza de fornecimento de minério de ferro e uma base para ataques aéreos à Inglaterra e, mais tarde, aos comboios com destino à Rússia. Mais uma vez as forças alemães se haviam movido rápido demais para seus oponentes.
A Bélgica seria a próxima a sentir os efeitos do tratamento da Blitzkrieg de Hitler. Aqui, novamente, o ataque alemão veio de terra e ar.
Os fatos até aqui, culminando no repentino colapso da resistência francesa, haviam provado conclusivamente a eficácia da tática Blitzkrieg. Com forças móveis relativamente pequenas, e com apenas tanques leves e médios, Hitler havia, num espaço de tempo muito curto, tomado posse, ou colocado sob controle, a maior parte da Europa ocidental. Cada vez que se movia, fazia-o rapidamente demais para seus oponentes - na Noruega, Dinamarca, Holanda e Bélgica -, enquanto um brilhante desempenho pôs a França e a Inglaterra de joelhos com uma velocidade que nem ele próprio havia esperado. Para a Inglaterra, que agora devia lutar sozinha, as perspectivas eram negras.
Churchill, porém, não tomou qualquer iniciativa para entrar em tais negociações, Goering foi instruído para lançar um vigoroso ataque aéreo contra Inglaterra,a fim de enfraquecer a possível resistência à invasão quando esta ocorresse. Os chefes do Exército e da Marinha de Hitler soltaram um suspiro de alívio. Tinham sido sempre cépticos quanto às chances de sucesso da invasão, visto que seria uma operação de extraordinária complexidade logística e tática, e estimularam animadamente, portanto, o desejo de Goering de agradar o Fuhrer demonstrando a supremacia do poder aéreo da Luftwaffe.
Nessa famosa batalha, a Alemanha chegou muito mais perto da vitória do que a Inglaterra admitiu ou Hitler imaginou. Se os ingleses não tivessem bombardeado Berlim em 25 de agosto, Hitler não teria ordenado à Luftwaffe que concentrasse o ataque sobre Londres, e o ataque às bases avançadas do Comando de Combate poderia ter sido repelido num momento em que a RAF estava em seu ponto mais fraco. E se mais tarde a Luftwaffe tivesse persistido mais tempo em seus ataques contra centros industriais, a Inglaterra teria sido posta de joelhos. Dois erros táticos, análogos ao erro de não liquidar com a BEF em Dunquerque, afrouxaram o aperto de Hitler na Inglaterra e ela sobreviveu para lutar noutra ocasião.
“A guerra contra a Rússia se reveste de características que não podem permitir cavalheirismos: a luta é de ideologia e diferenças raciais e terá de ser conduzida de maneira implacável e inflexível. Todos os oficiais terão de se livrar de sentimentos obsoletos. Sei que a necessidade do emprego desses meios na guerra está além da compreensão dos senhores generais, mas... Insisto peremptoriamente para que minhas ordens sejam executadas sem oposição. Os comissários (russos) são portadores de ideologias diretamente contrárias ao nacional-socialismo, tendo por isso de ser liquidados. Os soldados alemães culpados de violação do direito internacional... serão desculpados. A Rússia não participou da Convenção de Haia, portanto não tem direitos, nos termos da mesma”.
Para os oficiais das SS, do partido e do Estado que estariam envolvidos na administração e exploração do território russo capturado, o discurso de Hitler simplesmente deixava explícitos os planos que há muito eles vinham preparando. Nas suas mãos a Rússia viria a sofrer a morte, provocada por milhares de “pequenas feridas”.
Inversamente, o soldado alemão, ciente do medo e do ódio que as notícias que esse tratamento de prisioneiros despertara entre os russos, muitas vezes também preferiam lutar até a morte, a correr o risco de ser capturado. A guerra sem quartel, que Hitler desejara, não demorara a tornar-se realidade.
A Batalha de Moscou não seria, porém, nem mesmo o começo do caminho para a vitória. Os russos teriam ainda de amargar mais um ano de desastres e retiradas antes que pudessem dirigir-se para oeste, para retomar os pedaços calcinados da sua pátria e libertar os sobreviventes da ocupação alemã.
"Na batalha feroz e sangrenta por Moscou, todas as nossas subunidades e formações apresentaram extrema firmeza e obstinação. Os soldados soviéticos, desde a patente mais baixa até a mais elevada, cumpriram seu sagrado dever para com a Mãe-Pátria com honra, demonstrando heroísmo em massa, não pouparam forças ou a própria vida na defesa de Moscou. Ao lado deles, estavam nossos esplêndidos guerrilheiros, homens e mulheres, e com eles, os trabalhadores, que deram valiosa assistência aos soldados. Grande foi também o serviço do nosso Partido Comunista, porquanto conseguiu mobilizar a incalculável força nacional e inspirou o povo soviético a conquistar a vitória."
O Japão na Primeira Guerra Mundial participou ao lado dos Aliados, de acordo com tratados assinados com a Inglaterra. Mas sua atuação restringiu-se apenas a lutas contra colônias alemãs no leste asiático.
Durante a Conferência de Paz de Paris, em 1919, o Japão obteve a posse de todas as ilhas do Pacífico, ao norte do Equador, antes pertencentes à Alemanha. A proposta japonesa de "igualdade racial" foi rejeitada pelos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. A discriminação racial sobre o povo japonês sempre existiu e foi o principal motivo para a deterioração das relações entre Ocidente e Japão.
Em 1933, o Japão retira-se da Liga das Nações por ter sido muito criticado pelas suas ações na China. A Manchúria havia se tornado para o Japão a base para o império que pretendia firmar na Ásia.
Em Julho de 1937 explode a segunda Guerra Sino-Japonesa. As forças japonesas ocuparam quase todo o litoral da China, praticando severas atrocidades contra a população local. A China havia sido invadida pelo Japão dois anos antes de a Alemanha ocupar a Polônia.
Num ataque que durou uma hora e cinqüenta minutos, os japoneses conseguiram explêndida vitória, ao aplicar um golpe demolidor à frota do Pacífico dos Estados Unidos. Ao meio-dia de 7 de dezembro de 1941, Pearl Harbor estava desarmada, sob densa nuvem de fumaça. Um exame dos danos mostrou que 8 couraçados, 3 destróieres e 8 navios auxiliares, totalizando 300.000 toneladas, haviam sido imobilizados. Além disso, muitas das instalações em Hickam, Wheeler e outros campos de aviação haviam sido destruídas; o mesmo acontecendo com 96 dos 321 aviões da força aérea do Havaí. Somente sete aparelhos podiam voar imediatamente. Mais de metade dos aviões da marinha que ali se encontravam também havia sido colocada fora de combate. As baixas, somente nos navios, totalizaram 1.763 oficiais e praças (sem contar as baixas de civis), e este número, registrado imediatamente após o ataque, foi elevado para 2.335 pelas perdas em terra; mas isto só em mortos.
Durante dez anos, o Japão só tivera vitórias sobre inimigos fracos e as novas do ataque espantaram o povo japonês tanto quanto o americano. A emoção era forte quando o quartel-general imperial em Tóquio anunciou que o exército e a marinha japonesa haviam “entrado em estado de guerra com as forças americanas e britânicas” e o rádio transmitiu notícias da vitória em Pearl Harbor, misturadas com um desfile de marchas patrióticas. As ruas estavam apinhadas e a multidão cantava o hino nacional, Kimigayo; milhares dirigiam-se à praça do Palácio Imperial, para fazerem vênias e invocar a ajuda dos divinos ancestrais da nação. Jornaleiros percorriam as ruas agitando sinos e matracas para anunciar edições comemorativas dos jornais Asahi, Yomiuri e Nichi-nichi. “O Japão NÃO é mais um País Pobre!” gritavam as manchetes. “A História Está Agora do Lado do Eixo... 100 Milhões são Todos heróis.” “Chegou o dia da marcha dos nossos 100 milhões de compatriotas... O dia que aguardávamos com impaciência chegou...” escreveu o redator do Mainichi, e não há dúvida de que o redator do Nichi-nichi refletia o estado de espírito nacional ao dizer: “Nossa Senha hoje é ‘As Forças Imperiais são invencíveis!’”.
Assim nasceu o mal do excesso de confiança que posteriormente, nos anos negros do Japão, seria adequadamente chamado de o “Mal da Vitória”. A presunção e a subestimativa arrogante do que haviam conseguido eventualmente resultaram na ruína dos japoneses.
“Não importa o tempo que demoraremos para responder a esse ato premeditado”, prosseguiu o Presidente, “o povo americano, em nome da justiça desta causa, lançará todo o seu poderio até a vitória total. Não só nos defenderemos ao máximo como asseguraremos de que essa forma de traição nunca mais nos porá em perigo... Conquistaremos o triunfo inevitável - com a ajuda de Deus. Peço ao Congresso que declare... um estado de guerra.”
Em Tóquio, Tojo falou à nação japonesa pelo rádio pouco depois da publicação do decreto Imperial. Repetindo o tema geral deste, o primeiro ministro japonês afirmou que “o Japão fizera o máximo para impedir a guerra. O Japão nunca perdera uma guerra em 2.600 anos”, disse ele, “e eu lhes prometo a vitória final”. Havia algum tempo os japoneses estavam cientes de que uma crise com os Estados Unidos se aproximava rapidamente e, depois do primeiro choque, eles ficaram sincera e entusiasticamente a favor da guerra. Enquanto o rádio despejava boletins falando do irresistível progresso das armas japonesas no Sudeste Asiático, os jornais exultavam. “O futuro do Japão estava garantido”, diziam eles. O Japan Times afirmava que os Estados Unidos, reduzidos à posição de terceira potência naval, estavam agora “trêmulos”. Adotando o mesmo tema, um porta-voz do Estado-Maior Geral da Marinha previu, durante uma entrevista pelo rádio, que o “Tio Sam” seria obrigado a capitular nas escadarias da Casa Branca. A julgar pelo sucesso das operações por todo o Sudeste Asiático, essa possibilidade parecia ser válida. Aparentemente nada podia deter os guerreiros do Sol Nascente.
Restavam as formalidades da capitulação. Hitler suicidou-se no dia 30, no seu bunker de Berlim, e coube aos seus generais concluir os arranjos. No dia 2 de maio as forças alemães na Itália se renderam, e no dia 4 o Almirante Doenitz assinou o documento de capitulação no QG de Montgomery em Lüneberg. Mais tarde ele e seus colegas seriam levados a julgamento em Nuremberg, a expressão da severa condenação do Terceiro Reich pelo mundo.
Jamais uma guerra fôra tão cruel e impiedosa. Jamais a luta tinha sido levada a tantas e tão distantes frentes de combate. E, finalmente, depois de seis anos de guerra, chegara a paz...
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