sábado, 6 de junho de 2009


A assinatura do tratado de paz no final da Primeira Guerra Mundial deixou a Alemanha humilhada e despojada de suas possessões. Perdeu seus territórios ultramarinos e, na Europa, a Alsácia-Lorena e a Prússia Oriental. Os exércitos aliados ocuparam a região do Reno, limitaram rigorosamente o tamanho do Exército e da Marinha alemães, e o seu país foi obrigado a pagar indenizações pela Primeira Guerra Mundial que logo provocaram o colapso de sua moeda e causaram desemprego em massa.

Enquanto Stalin, por meio da força, impunha à União Soviética seu governo totalitário, o restante da Europa também assistia à ascensão de regimes totalitários, como o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha.

Assim, foi numa Alemanha envenenada pelo descontentamento que Adolf Hitler ergueu a voz pela primeira vez. Apelando para a convicção do povo alemão de que tinham sido brutalmente oprimidos pelos vencedores da guerra, logo conseguiu uma larga audiência. Falava de grandeza nacional e da superioridade racial nórdica, denunciava judeus e comunistas como aqueles que haviam apunhalado a Alemanha pelas costas e levado o país à derrota, e por meio de um programa intensivo de propaganda criou o Partido Nacional-Socialista, que em 1932 tinha 230 lugares no Parlamento alemão e cerca de 13 milhões de adeptos. Depois da morte do Presidente Hindenburg, em 1934, o poder de Hitler tornou-se absoluto. No verão de 1934, eliminou implacavelmente os rivais e, desprezando a regra de lei, estabeleceu um regime totalitário.


Alemanha e Itália se tornaram aliados, formando o Eixo Roma–Berlim (ao qual se juntaria, em 1940, o Japão).Os governos da Itália e da Alemanha iniciaram uma política de expansão, através da anexação de territórios vizinhos. Para a execução dessa política, os dois países passaram a organizar poderosas e bem equipadas forças armadas.


Em seguida deu inicio a um programa de rearmamento, em contravenção ao Tratado de Versalhes, mas sem ser impedido pelos demais signatários, e no começo de 1936 já estava confiante o bastante para enviar tropas alemães para reocupar a região do Reno. Mais uma vez os Aliados não fizeram nenhuma tentativa para detê-lo, e a operação foi bem sucedida. Mais tarde, no mesmo ano, ele e seu aliado italiano fascista Benito Mussolini enviaram auxílio a Franco na Guerra Civil Espanhola e assinaram um pacto unindo-os no Eixo Berlim-Roma.


A preocupação primária de Hitler durante esse período foi com a necessidade alemã de Lebensraum, ou seja, espaço vital. Se o país devia passar de nação de segunda categoria para primeira potência mundial, necessitava de espaço para se expandir, e se precisava comportar uma população em rápido crescimento e exigindo prosperidade, necessitava de terras para cultivo e matérias-primas para energia e indústria.

Começou olhando na direção da Áustria, que já possuía um forte movimento nazista, mas cujo chanceler estava ansioso por conservá-la como nação independente. Os exércitos de Hitler avançaram assim mesmo e, em 1938, entraram em Viena, sem encontrar oposição. Hitler tivera êxito pela combinação de uma diplomacia de força e um hábil desenvolvimento de sua máquina de propaganda.


A agressiva política expansionista da Itália e da Alemanha pôs em risco o precário equilíbrio que vigorava entre os países da Europa.
A Inglaterra e a França, principais potências da Europa, acovardaram-se diante da investida de Hitler e acabaram aceitando a anexação, pois achavam que isso iria satisfazer as ambições do ditador alemão.


A Checoslováquia seria a próxima vítima. A região fronteiriça, conhecida como Sudetos, tinha uma população alemã que se sentia excessivamente discriminada tanto pelos tchecos quanto pelos eslovacos. A região era rica em recursos minerais, tinha um grande exército, e ostentava fábricas de equipamento bélico Skoda. Incitando o descontentamento da população germânica, Hitler foi capaz de fomentar a agitação na Checoslováquia, que levou a um confronto armado na fronteira.


Nessa altura, o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, representando os defensores da Checoslováquia, Inglaterra, França e Rússia,foi à Alemanha acalmar Hitler. O resultado de uma série de reuniões foi que, a menos que os Sudetos fossem anexados à Alemanha, Hitler começaria uma guerra; mas se suas reivindicações territoriais na Checoslováquia fossem atendidas, não faria reivindicações posteriores no resto da Europa.

A França e a Inglaterra concordaram apesar de suas promessas de proteger a Checoslováquia; e Hitler, quebrando também a sua promessa, mais tarde invadiu a Checoslováquia inteira. Considerou que a Inglaterra não estaria preparada para lutar por aquele país, e que a França não ia querer lutar sozinha e estava certo.

Hitler demonstrou a intenção de reocupar o corredor polonês, uma saída para o mar.

Hitler não fez muita pressão no inicio, pois Inglaterra havia duplicado seu efetivo bélico e dera à Polônia uma garantia absoluta de proteção. Mas percebeu que a garantia não valia nada sem o apoio russo de leste, e, percebendo que os ingleses iam se apressar a solicitar esse apoio, tratou de trazer a Rússia para o seu lado. Os russos tinham sido evitados pelos ingleses quando ofereceram, anteriormente, uma aliança, e não estavam relutantes, depois de superada a desconfiança inicial, em fazer um acordo com Hitler, particularmente quando este lhes prometia uma oportunidade de recuperar o território polonês que havia perdido em 1918.
Para evitar uma guerra em duas frentes, Hitler firmou um acordo secreto com a União Soviética para dividir a Polônia (Pacto Germano-Soviético de 27/8/39). Stalin concordou, mediante a promessa germânica de não intervir na expansão soviética pelo Mar Báltico.


Assinado o pacto Molotov-Ribbentrop, o caminho de Hitler estava livre, e em 1° de setembro de 1939 forças alemães cruzavam a fronteira polonesa. Seguiu-se a primeira demonstração da eficácia da tática móvel combinando forças blindadas e aéreas. Os poloneses concentraram seus exércitos bem à frente, perto da fronteira, e suas reservas ficaram escassamente espalhadas. Assim, quando as colunas blindadas de Hitler, apoiadas pela Luftwaffe, atravessaram as fortificações da Polônia, as tropas polonesas, marchando a pé, foram incapazes de retroceder com rapidez suficiente para se reagruparem. Num hábil movimento de pinças, Bock e Von Rundstedt, do norte e do sul respectivamente, lançaram seus homens em direção a Varsóvia. Em 17 de setembro tropas russas cruzaram a fronteira oriental e, apesar da valente resistência, Varsóvia caiu a 28 de setembro.

Enquanto isso, respaldada por seu pacto com a Alemanha, a União Soviética se apossava da Polônia Oriental e invadia a Finlândia, contra o que os finlandeses se opuseram. Seguiu-se uma guerra onde os finlandeses lutaram dura e amargamente, mas que em março de 1940 já era uma questão decidida. A Alemanha e a Rússia dividiram a Polônia entre si.

Nesse meio tempo, e para consternação de seus adversários, Hitler investiu ao norte, repentinamente, atacando a Noruega e a Dinamarca. A 9 de abril de 1940, forças alemães desembarcaram em vários portos ao longo da costa norueguesa e também invadiram a Dinamarca. No fim do mesmo dia, haviam tomado Oslo e os portos principais de Trondheim, Bergen e Narvik, enquanto a Dinamarca agüentou apenas 24 horas. Como é que esses dois países se encaixavam no esquema de Hitler? A maior parte do minério de ferro para o esforço alemão de produção de guerra vinha do norte da Suécia, através de Narvik e Hitler quis salvaguardar a passagem marítima da Noruega, temendo que a Inglaterra ocupasse esse país, usando a Dinamarca como valioso fornecedor de provisões.


Inglaterra foi em auxílio da Noruega, desembarcando tropas perto de Narvik e Trondheim. Mas chegaram tarde demais, pois os alemães, nessa altura, já haviam estabelecido uma posição forte o bastante para serem capazes de derrotar seus atacantes, auxiliados por uma esmagadora superioridade aérea, a completa derrota dos ingleses na campanha norueguesa.
Para Hitler isso significou a certeza de fornecimento de minério de ferro e uma base para ataques aéreos à Inglaterra e, mais tarde, aos comboios com destino à Rússia. Mais uma vez as forças alemães se haviam movido rápido demais para seus oponentes.

Hitler lançou sua ofensiva para oeste, que deveria culminar com a evacuação da França Expedicionária Britânica (BEF) de Dunquerque e com a queda da França.

A ofensiva foi iniciada com assaltos bem-sucedidos na Holanda e na Bélgica. Desembarques de tropas aéreas em Haia e Roterdã foram cronometrados para coincidir com ataques na fronteira oriental da Holanda, e essa combinação revelou-se altamente eficaz ao criar a confusão de que os alemães precisavam. As forças blindadas alemães abriram uma brecha ao sul e atravessaram rapidamente o país para se juntar às forças lançadas do ar em Roterdã, enquanto a Luftwaffe mantinha uma pressão implacável. Cinco dias depois do assalto inicial, os holandeses capitularam

A Bélgica seria a próxima a sentir os efeitos do tratamento da Blitzkrieg de Hitler. Aqui, novamente, o ataque alemão veio de terra e ar.

Tornava-se claro, agora, que as tropas britânicas teriam que ser evacuadas por mar, e quando o Exército belga se rendeu, a disputa estava decidida. O único porto de embarque ainda desimpedido era Dunquerque, e, ainda assim, ameaçado pelas divisões Panzer que se encontravam a apenas 16 km.

A 14 de junho de 1940, apenas 10 dias depois que a última remessa de soldados havia deixado Dunquerque, e apenas 9 dias depois de ter começado a nova ofensiva, as tropas alemães entravam em Paris. O governo francês havia partido para Tours a 9 de junho, forças alemães estavam aprofundando-se cada vez mais em território da França, fragmentando o Exército francês em pequenas unidades, e a situação parecia sem esperanças. A 25 de junho, o Marechal Pétain assinava um armistício com Hitler no mesmo vagão ferroviário que testemunhara a assinatura do armistício de 1918 pela Alemanha.

Os fatos até aqui, culminando no repentino colapso da resistência francesa, haviam provado conclusivamente a eficácia da tática Blitzkrieg. Com forças móveis relativamente pequenas, e com apenas tanques leves e médios, Hitler havia, num espaço de tempo muito curto, tomado posse, ou colocado sob controle, a maior parte da Europa ocidental. Cada vez que se movia, fazia-o rapidamente demais para seus oponentes - na Noruega, Dinamarca, Holanda e Bélgica -, enquanto um brilhante desempenho pôs a França e a Inglaterra de joelhos com uma velocidade que nem ele próprio havia esperado. Para a Inglaterra, que agora devia lutar sozinha, as perspectivas eram negras.

Churchill,reexaminando a situação perigosamente fraca da Inglaterra, tentasse fazer negociações de paz. Os termos dessa paz, achava Hitler, seriam altamente favoráveis a ambas as partes: a Inglaterra se retiraria do conflito e permitiria a Hitler prosseguir sem ser molestado rumo à dominação da Europa; e a Alemanha, por sua vez, se comprometeria a deixar a Inglaterra e seu império ultramarino tranqüilos.

Churchill, porém, não tomou qualquer iniciativa para entrar em tais negociações, Goering foi instruído para lançar um vigoroso ataque aéreo contra Inglaterra,a fim de enfraquecer a possível resistência à invasão quando esta ocorresse. Os chefes do Exército e da Marinha de Hitler soltaram um suspiro de alívio. Tinham sido sempre cépticos quanto às chances de sucesso da invasão, visto que seria uma operação de extraordinária complexidade logística e tática, e estimularam animadamente, portanto, o desejo de Goering de agradar o Fuhrer demonstrando a supremacia do poder aéreo da Luftwaffe.

Em 5 de agosto Goering recebeu a ordem de ir em frente, e a Batalha da Inglaterra começou.
Seguiu-se uma série de ataques noturnos a Londres, durando até 3 de novembro, conhecida como Blitz. Apesar do início vacilante, os ingleses logo passaram a dar um tratamento ainda mais violento à Luftwaffe. As defesas antiaéreas foram consideravelmente aumentadas e o Comando de Combate, aproveitando a folga concedida pelo relaxamento da pressão sobre suas bases, logo recuperou forças.
A 14 de novembro iniciou-se uma campanha de bombardeios noturnos sobre as cidades, centros industriais e portos ingleses. Coventry foi a primeira a sofrer, depois Birmingham, Southampton, Bristol, Plymouth e Liverpool. Londres foi alvo de um ataque pesado em 29 de dezembro, e depois a Luftwaffe abrandou, devido ao inverno. Em março os ataques recomeçaram e a 10 de maio Londres sofreu um assalto realmente violento, mas a 16 do mesmo mês a Luftwaffe desviou a atenção para a iminente invasão da Rússia e o pior havia passado.

Nessa famosa batalha, a Alemanha chegou muito mais perto da vitória do que a Inglaterra admitiu ou Hitler imaginou. Se os ingleses não tivessem bombardeado Berlim em 25 de agosto, Hitler não teria ordenado à Luftwaffe que concentrasse o ataque sobre Londres, e o ataque às bases avançadas do Comando de Combate poderia ter sido repelido num momento em que a RAF estava em seu ponto mais fraco. E se mais tarde a Luftwaffe tivesse persistido mais tempo em seus ataques contra centros industriais, a Inglaterra teria sido posta de joelhos. Dois erros táticos, análogos ao erro de não liquidar com a BEF em Dunquerque, afrouxaram o aperto de Hitler na Inglaterra e ela sobreviveu para lutar noutra ocasião.

Nutrindo fanática convicções anticomunistas, não é de admirar muito que, mais tarde, invadisse o território de sua antiga aliada. Seus motivos, porém, não foram puramente ideológicos. A longo prazo a Rússia oferecia um Lebensraum quase sem limites, os campos de trigos e os celeiros da Ucrânia, e o petróleo do Cáucaso. A curto prazo Hitler achou que ela estava ameaçando o seu fornecimento de petróleo da Romênia e conspirava para intervir no lado inglês da guerra da Alemanha contra a Inglaterra. “A Inglaterra”, insistia ele , “deve ser conquistada; portanto, a Rússia tem que ser eliminada.”

Hitler quisera garantir o controle dos Bálcãs por meio de diplomacia armada, antes de invadir a Rússia, prevenindo assim a intervenção britânica naquele setor. A Bulgária submeteu-se, mas a Grécia e a Iugoslávia resistiram,em questão de semanas a Grécia e a Iugoslávia estavam fora de combate, mas o início de Barbarossa teve que ser adiado para a segunda metade de junho, que mais tarde contribuiria para a derrota alemã no leste.

Em junho de 1941, em claro desrespeito ao pacto estabelecido com Stalin, Hitler ordenou a invasão da União Soviética. A expansão para o território soviético era uma antiga aspiração do líder nazista, que já a anunciara em seu livro Mein Kampf, escrito no início da década de 1920.

A 22 de junho, tropas alemães atravessaram a fronteira russa em três correntes separadas. Ao norte um exército comandado por Von Leeb avançou contra Leningrado através dos Estados Bálticos ocupados pela Rússia; ao centro, um exército sob o comando de Von Bock moveu-se da área de Varsóvia em direção a Smolensk e depois Moscou; ao sul Von Rundstedt comandou um exército dos pântanos do rio Pripet rumo a Kiev.

Hitler pretendia que esses exércitos avançassem tanto quanto possível em território russo, depois efetuassem um conversão e armassem uma armadilha para os russos com uma série de cercos maciços. Inicialmente o avanço foi quase tão rápido quanto na Polônia e na Franca, mas os alemães não haviam levado em conta a obstinação da resistência russa, que os deteve mais tempo que esperavam. Além disso, as estradas eram precárias e as distâncias a serem cobertas, muito maiores do que as percorridas nas campanhas polonesa e francesa, criaram consideráveis problemas logísticos.

Jamais foi lançada operação militar do porte ciclópico da Barbarossa. E nenhuma foi desfechada com tanto otimismo. “Só temos que meter o pé na porta da frente”, proclamou Hitler, “e todo o podre edifício desabará!”. Centenas de divisões seguiram a toda pressa as esmagadoras formações blindadas que penetravam com rapidez vertiginosa o coração da Rússia. Milhões de prisioneiros foram feitos; sangue e destruição, em escala nunca vista, pareciam confirmar a “conquista antes do Natal”. Mas o sucesso, tal como o fracasso, traz também problemas.

O codinome -Barbarossa– o apelido de um imperador alemão que conduzira seus exércitos na Terceira Cruzada contra os eslavos pagãos, no século XII – deixa entrever a significação histórica que Hitler se atribuía, e opressiva e impiedosamente preparava o modo como se daria a sua revelação. Ele o transmitira a seus comandantes das forças armadas, num discurso pronunciado em março daquele ano:

“A guerra contra a Rússia se reveste de características que não podem permitir cavalheirismos: a luta é de ideologia e diferenças raciais e terá de ser conduzida de maneira implacável e inflexível. Todos os oficiais terão de se livrar de sentimentos obsoletos. Sei que a necessidade do emprego desses meios na guerra está além da compreensão dos senhores generais, mas... Insisto peremptoriamente para que minhas ordens sejam executadas sem oposição. Os comissários (russos) são portadores de ideologias diretamente contrárias ao nacional-socialismo, tendo por isso de ser liquidados. Os soldados alemães culpados de violação do direito internacional... serão desculpados. A Rússia não participou da Convenção de Haia, portanto não tem direitos, nos termos da mesma”.

Para os oficiais das SS, do partido e do Estado que estariam envolvidos na administração e exploração do território russo capturado, o discurso de Hitler simplesmente deixava explícitos os planos que há muito eles vinham preparando. Nas suas mãos a Rússia viria a sofrer a morte, provocada por milhares de “pequenas feridas”.

O destino dos soldados russos capturados fora de Kiev foi lamentável. Alemanha e Rússia não estavam obrigadas pela convenção de Genebra sobre o tratamento dos prisioneiros, embora seja normalmente aceito, em todas as guerras, que um inimigo capturado seja alimentado e agasalhado. O exército alemão, deliberadamente ou por omissão, não observou esses padrões durante os primeiros meses da “Operação Barbarossa”. Dos quatro milhões de russos aprisionados entre junho de 1941 e fevereiro de 1942, mais de meio milhão morreu só em novembro de 1941 e janeiro de 1942. Muitos já haviam sucumbido por negligência ou por ferimentos não tratados. Daí por diante, nenhum russo se entregava mais, preferindo resistir até a morte.

Inversamente, o soldado alemão, ciente do medo e do ódio que as notícias que esse tratamento de prisioneiros despertara entre os russos, muitas vezes também preferiam lutar até a morte, a correr o risco de ser capturado. A guerra sem quartel, que Hitler desejara, não demorara a tornar-se realidade.

Quase quatro milhões de soldados soviéticos caíram prisioneiros dos nazistas, metade dos quais sucumbiram antes mesmo de iniciada a Batalha de Moscou. O fato de terem os remanescentes do Exército Vermelho encontrado força, e fé, para fazer meia volta, deter e finalmente repelir os invasores alemães dá a medida da enorme resistência do russo, do seu profundo amor a seu país e do ódio que os alemães fizeram despertar em seu peito.

A Batalha de Moscou não seria, porém, nem mesmo o começo do caminho para a vitória. Os russos teriam ainda de amargar mais um ano de desastres e retiradas antes que pudessem dirigir-se para oeste, para retomar os pedaços calcinados da sua pátria e libertar os sobreviventes da ocupação alemã.

"Na batalha feroz e sangrenta por Moscou, todas as nossas subunidades e formações apresentaram extrema firmeza e obstinação. Os soldados soviéticos, desde a patente mais baixa até a mais elevada, cumpriram seu sagrado dever para com a Mãe-Pátria com honra, demonstrando heroísmo em massa, não pouparam forças ou a própria vida na defesa de Moscou. Ao lado deles, estavam nossos esplêndidos guerrilheiros, homens e mulheres, e com eles, os trabalhadores, que deram valiosa assistência aos soldados. Grande foi também o serviço do nosso Partido Comunista, porquanto conseguiu mobilizar a incalculável força nacional e inspirou o povo soviético a conquistar a vitória."

Na Batalha de Moscou lançaram-se bases firmes para a derrota subseqüente da Alemanha nazista.

O Japão na Primeira Guerra Mundial participou ao lado dos Aliados, de acordo com tratados assinados com a Inglaterra. Mas sua atuação restringiu-se apenas a lutas contra colônias alemãs no leste asiático.
Durante a Conferência de Paz de Paris, em 1919, o Japão obteve a posse de todas as ilhas do Pacífico, ao norte do Equador, antes pertencentes à Alemanha. A proposta japonesa de "igualdade racial" foi rejeitada pelos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. A discriminação racial sobre o povo japonês sempre existiu e foi o principal motivo para a deterioração das relações entre Ocidente e Japão.

Durante a década de trinta a população atingiu a marca dos 65 milhões, duplicando em menos de um século. Com o agravamento da crise econômica, boa parte da população japonesa foi condenada à fome e à miséria. Diante dessa situação, setores militares ultranacionalistas defenderam a idéia de que apenas uma expansão territorial poderia amparar o excedente demográfico.
Não demorou para que o Japão seguisse o exemplo das potências ocidentais e obrigasse a China a assinar tratados econômicos e políticos injustos. Em 1931 o exército japonês invade a Manchúria, tornando o país uma espécie de Estado fantoche. No mesmo ano, forças aéreas bombardeiam Shangai.
Em 1933, o Japão retira-se da Liga das Nações por ter sido muito criticado pelas suas ações na China. A Manchúria havia se tornado para o Japão a base para o império que pretendia firmar na Ásia.
Em Julho de 1937 explode a segunda Guerra Sino-Japonesa. As forças japonesas ocuparam quase todo o litoral da China, praticando severas atrocidades contra a população local. A China havia sido invadida pelo Japão dois anos antes de a Alemanha ocupar a Polônia.
O próximo passo da expansão japonesa era o sudeste asiático, o que incluía a libertação das colônias ocidentais. Em 1940 o Japão ocupou o Vietnã e firmou pactos com a Alemanha e Itália. Essas ações intensificaram o conflito com os Estados Unidos e a Inglaterra, que reagiram com um boicote no abastecimento de petróleo. Isso fez com que o Japão capturasse as refinarias da Indonésia e arriscasse entrar numa guerra contra essas duas potências
Nos seis meses seguintes as tropas japonesas conquistaram quase a totalidade do Sudeste Asiático e do Pacífico e a maior parte do Pacífico Ocidental, um enorme território que chegava até a fronteira da Índia e à Austrália.

A 7 de dezembro de 1941, uma força naval de seis porta-aviões desfechou um ataque devastador sobre Pearl Harbor, a base naval americana nas Ilhas Havaí. O ataque foi feito antes da declaração de guerra, seguindo o precedente de Porto Artur, em 1904, o primeiro ataque do Japão na guerra que sustentou contra a Rússia.
Num ataque que durou uma hora e cinqüenta minutos, os japoneses conseguiram explêndida vitória, ao aplicar um golpe demolidor à frota do Pacífico dos Estados Unidos. Ao meio-dia de 7 de dezembro de 1941, Pearl Harbor estava desarmada, sob densa nuvem de fumaça. Um exame dos danos mostrou que 8 couraçados, 3 destróieres e 8 navios auxiliares, totalizando 300.000 toneladas, haviam sido imobilizados. Além disso, muitas das instalações em Hickam, Wheeler e outros campos de aviação haviam sido destruídas; o mesmo acontecendo com 96 dos 321 aviões da força aérea do Havaí. Somente sete aparelhos podiam voar imediatamente. Mais de metade dos aviões da marinha que ali se encontravam também havia sido colocada fora de combate. As baixas, somente nos navios, totalizaram 1.763 oficiais e praças (sem contar as baixas de civis), e este número, registrado imediatamente após o ataque, foi elevado para 2.335 pelas perdas em terra; mas isto só em mortos.

Durante dez anos, o Japão só tivera vitórias sobre inimigos fracos e as novas do ataque espantaram o povo japonês tanto quanto o americano. A emoção era forte quando o quartel-general imperial em Tóquio anunciou que o exército e a marinha japonesa haviam “entrado em estado de guerra com as forças americanas e britânicas” e o rádio transmitiu notícias da vitória em Pearl Harbor, misturadas com um desfile de marchas patrióticas. As ruas estavam apinhadas e a multidão cantava o hino nacional, Kimigayo; milhares dirigiam-se à praça do Palácio Imperial, para fazerem vênias e invocar a ajuda dos divinos ancestrais da nação. Jornaleiros percorriam as ruas agitando sinos e matracas para anunciar edições comemorativas dos jornais Asahi, Yomiuri e Nichi-nichi. “O Japão NÃO é mais um País Pobre!” gritavam as manchetes. “A História Está Agora do Lado do Eixo... 100 Milhões são Todos heróis.” “Chegou o dia da marcha dos nossos 100 milhões de compatriotas... O dia que aguardávamos com impaciência chegou...” escreveu o redator do Mainichi, e não há dúvida de que o redator do Nichi-nichi refletia o estado de espírito nacional ao dizer: “Nossa Senha hoje é ‘As Forças Imperiais são invencíveis!’”.

Assim nasceu o mal do excesso de confiança que posteriormente, nos anos negros do Japão, seria adequadamente chamado de o “Mal da Vitória”. A presunção e a subestimativa arrogante do que haviam conseguido eventualmente resultaram na ruína dos japoneses.

Nos Estados Unidos, o Presidente Roosevelt, comparecendo perante o Congresso no dia seguinte, falou-lhe do “ataque não provocado e covarde” ocorrido num dia “que viverá na infâmia”. Foi um feito desonroso e, devido à “distância entre o Havaí e o Japão, é evidente que o ataque foi demoradamente planejado. Enquanto isso, deliberadamente, iludir os Estados Unidos com falsas expressões de esperança pela continuação da paz”.
“Não importa o tempo que demoraremos para responder a esse ato premeditado”, prosseguiu o Presidente, “o povo americano, em nome da justiça desta causa, lançará todo o seu poderio até a vitória total. Não só nos defenderemos ao máximo como asseguraremos de que essa forma de traição nunca mais nos porá em perigo... Conquistaremos o triunfo inevitável - com a ajuda de Deus. Peço ao Congresso que declare... um estado de guerra.”

Em Londres, Winston Churchill falou à Câmara dos Comuns de modo idêntico: “Empregaram-se todas as circunstâncias da traição japonesa, calculada e característica...” declarou ele. Em Berlim, Adolf Hitler falava ao “Reichstag” que um Roosevelt “mentalmente enfermo” provocara o Japão a declarar guerra. “O aliado asiático da Alemanha”, disse ele, “desfechou um golpe no falsificador americano que violara as regras da decência.” E em Roma, Benito Mussolini falou à vociferante multidão na Piazza Venezia que “o bem sucedido assalto” no Pacífico “demonstrara o espírito dos soldados do Sol Nascente” e que a Itália estava agora unida ao “heróico Japão”.

Em Tóquio, Tojo falou à nação japonesa pelo rádio pouco depois da publicação do decreto Imperial. Repetindo o tema geral deste, o primeiro ministro japonês afirmou que “o Japão fizera o máximo para impedir a guerra. O Japão nunca perdera uma guerra em 2.600 anos”, disse ele, “e eu lhes prometo a vitória final”. Havia algum tempo os japoneses estavam cientes de que uma crise com os Estados Unidos se aproximava rapidamente e, depois do primeiro choque, eles ficaram sincera e entusiasticamente a favor da guerra. Enquanto o rádio despejava boletins falando do irresistível progresso das armas japonesas no Sudeste Asiático, os jornais exultavam. “O futuro do Japão estava garantido”, diziam eles. O Japan Times afirmava que os Estados Unidos, reduzidos à posição de terceira potência naval, estavam agora “trêmulos”. Adotando o mesmo tema, um porta-voz do Estado-Maior Geral da Marinha previu, durante uma entrevista pelo rádio, que o “Tio Sam” seria obrigado a capitular nas escadarias da Casa Branca. A julgar pelo sucesso das operações por todo o Sudeste Asiático, essa possibilidade parecia ser válida. Aparentemente nada podia deter os guerreiros do Sol Nascente.


Churchill, Roosevelt e Stalin, se puseram de acordo, portanto os capitalistas que viram em Hitler a solução para conter o avanço do comunismo, se unem aos comunistas para conter os fascismos ditatoriais.

Chegando a conclusão de que alimentara o câncer, pois a Alemanha Nazista vai ser o terror da Europa.

No final de 1944, a linha de frente russa se estendia da fronteira oriental da Prússia Oriental, via Varsóvia e Budapeste, até o lago Balaton. Em janeiro de 1945 desferiram uma nova ofensiva que rompeu a linha em todos os setores, e no fim de fevereiro, os exércitos russos do centro haviam alcançado a linha Oder-Neisse, dentro da Alemanha, onde os alemães, à custa de suas defesas ocidentais, conseguiram detê-los. O fim não estava muito longe.

Depois da vitória final na África do Norte, os americanos insistiram para que o desembarque na Normandia ocorresse o mais depressa possível, mas Churchill estava convencido de que uma rápida investida contra o que chamava de “o ponto fraco” da Europa poderia ter um efeito decisivo, e os planos para a campanha na Itália foram avante.

Vários fatores contribuíram para a decisão aliada de invadir a Sicília e a península italiana. Quiseram garantir suas comunicações no Mediterrâneo; formar um segundo front, conforme Stalin solicitava, que desviasse as forças alemães do front russo; e fazer pressão sobre os italianos e alemães, de modo que os preparativos para os planejados desembarques na Normandia pudessem ser completados.

Dois dias após a entrada em Roma, em 6 de junho, começou a invasão da Normandia. A campanha italiana tivera um êxito limitado no seu objetivo de tornar Hitler incapaz de organizar sua resistência no norte da França, e em si mesma só produziu resultados desapontadores.

Para os aliados, igualmente, a invasão da França representava o coroamento dos esforços para esmagar a Alemanha de Hitler, para o que a campanha da Itália lhes dera tempo de fazer os planos, ao mesmo tempo em que desviava e consumia os recursos de Hitler.

Hitler, de seu lado, não deixara de antecipar a probabilidade de uma invasão da França, e havia destacado Rommel para defender a costa desde a Holanda até a Bretanha.

Armadilhas para tanques, casamatas e outras fortificações foram erguidas ao longo da costa, formando a “muralha do Atlântico”, mas os preparativos de Hitler foram obstruídos pela falta de informações quanto ao local onde ocorreria o impacto.

Na noite de 5 para 6 de junho, três divisões aliadas foram lançadas do ar sobre a Normandia, os alemães não opuseram nenhum contra-ataque real, tinham muito poucos homens na região, muito poucos tanques, superiores no Estado-Maior de Hitler persistiam na crença de que os desembarques na Normandia eram um engodo, e que a invasão principal deveria ser esperada em outro lugar qualquer.

Nessas condições, as forças invasoras logo estabeleceram um firme ponto de apoio, e homens e máquinas continuaram a serem despejados na área. Depois de vinte dias, mais de 1 milhão de homens estavam em terra firme, e construíram portos artificiais para facilitar o descarregamento das enormes quantidades de provisões.

Em 19 de agosto as forças francesas de resistência levantaram-se contra os alemães em Paris, e no dia 25, depois da rendição do comandante alemão, o General de Gaulle proclamava a libertação da cidade, desfilando pela Avenue des Champs Élysées. A primeira ala das forças aliadas a entrar na cidade fora a França Livre, comandada pelo General Leclerc, chegando para apoiar os combatentes clandestinos.Nesse meio tempo, os exércitos aliados estavam disparando através da França num vasto front.

Nos exércitos aliados havia um espírito de efervescente otimismo. A França e a Bélgica haviam sido libertadas com surpreendente facilidade. Para que a linha alemã se rompesse definitivamente, bastava apenas continuar mantendo a pressão.

O bombardeio aliado, de noite e de dia, estava tornando cada vez mais difícil manter os níveis necessários de produção, mas a máquina de guerra de Hitler não pararia até que as fábricas do Ruhr fossem postas fora de ação.

Embora os Aliados tivessem toda a superioridade agora, Hitler recusou-se a autorizar uma retirada. Pelo contrário, lançou novas tropas, desperdiçando suas magras reservas, apenas para vê-las rechaçadas dia após dia a um alto preço. Então, em janeiro, como a pressão na sua frente oriental se tornasse ameaçadora, ele retirou todas as forças disponíveis para lança-las contra os russos. A contra-ofensiva ganhara apenas uma prorrogação de poucas semanas, e custara a Hitler uma grande parte de suas forças remanescentes.

A última barreira caiu e, em 11 de abril de 1945, os exércitos aliados, atingiram o Elba, a apenas 96 km a oeste de Berlim.

Retomando sua ofensiva contra o Oder em 16 de abril, Zukov lançou seus exércitos através das defesas alemães, e uma semana depois os russos estavam combatendo, nas ruas de Berlim, os últimos e desesperados remanescentes das tropas de Hitler. Em 25 de abril Berlim estava cercada, e dois dias mais tarde os russos encontraram os Aliados no Elba.

Restavam as formalidades da capitulação. Hitler suicidou-se no dia 30, no seu bunker de Berlim, e coube aos seus generais concluir os arranjos. No dia 2 de maio as forças alemães na Itália se renderam, e no dia 4 o Almirante Doenitz assinou o documento de capitulação no QG de Montgomery em Lüneberg. Mais tarde ele e seus colegas seriam levados a julgamento em Nuremberg, a expressão da severa condenação do Terceiro Reich pelo mundo.

Enquanto as operações de limpeza da área prosseguiam em vários pontos, o Japão era submetido a um maciço bombardeio americano, que começou em outubro de 1944, das Marianas. Embora isolados de abastecimentos essenciais, e com sua produção de guerra dizimada, o país se recusou a capitular nos termos incondicionais dos Aliados. Finalmente, recorreu-se às novas bombas atômicas: uma foi lançada sobre Hiroxima em 6 de agosto, outra em Nagasáqui no dia 9. A 2 de setembro, a bordo do navio de guerra americano Missouri os japoneses capitularam.

A rendição do Império do Sol Nascente decretou o fim da Segunda Guerra Mundial. A luta, sem paralelos em extensão e intensidade, tinha envolvido dezenas de países. Milhões de homens tinham empunhado as armas e combatido em terra, mar e ar. Centenas de milhares de mulheres tinham envergado uniformes de todas as armas, atuando nos serviços auxiliares. Milhões de civis enfrentaram uma realidade para eles até então desconhecido: a da guerra trazida até às cidades, à retaguarda, aos campos e aldeias indefesas ou sem qualquer valor estratégico. Milhares de homens e mulheres deram suas vidas combatendo em movimentos de guerrilhas que atrapalharam, muitas vezes, os planos e movimentação dos exércitos regulares. Bombardeios aéreos maciços acrescentaram à guerra tradicional uma nota de horror, arrasando cidades abertas e matando indiscriminadamente homens, mulheres e crianças.

Jamais uma guerra fôra tão cruel e impiedosa. Jamais a luta tinha sido levada a tantas e tão distantes frentes de combate. E, finalmente, depois de seis anos de guerra, chegara a paz...


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