sexta-feira, 5 de junho de 2009

TOTALITARISMO

ESTADOS PONTIFÍCIOS
Territórios italianos que estiveram submetidos à soberania temporal do Papa que se formou a partir do ducado romano dos bizantinos, a que acresceram doações de lombardos e francos no século VIII.
Dissolvidos por Napoleão, foram restaurados em 1815.
Definitivamente eliminados com a ocupação por tropas italianas em 20 de Setembro de 1870; deixavam de existir os Estados Pontifícios e Pio IX não era mais rei de Roma ;a questão entre a Itália e a Santa Sé apenas foi resolvida pelo Tratado de Latrão de 1929,quando surgiu o Vaticano
756

Até o século VIII, os papas tinham apenas propriedades privadas, casas, palácios, campos aráveis. Mas, em 756, o rei franco Pepino transformou as regiões da Romagna, Emilia e Ravena em território da Santa Sé. Lá, o papa era rei. O Estado Pontifício incluía cidades importantes e ricas, como Bolonha, Orvieto e Roma.

Século XVI

Na Renascença, o Estado Pontifício atingiu seu tamanho máximo o papa Júlio II conquistou e anexou as regiões de Ferrara, Módena e Parma. Uma inteligente política cultural e financeira transformou o Estado Pontifício em um território rico, fazendo de Roma a capital intelectual, e não só religiosa, do Ocidente.

Século XIX

Após a Revolução Francesa, em 1789, os papas se tornaram governantes retrógrados. Condenavam tudo o que parecesse moderno e proibiram até a construção de ferrovias, pontes e a iluminação a gás no Estado Pontifício que acabou virando o mais atrasado da Europa.

No século XVIII, a Europa viu o florescimento do Iluminismo, movimento filosófico que colocava a razão e a ciência no centro do mundo e questionava o valor absoluto da fé e das tradições. Pensadores iluministas, como o francês Voltaire, defendiam que todos os homens nascem iguais e têm o direito de escolher a própria religião.

Esse novo jeito de pensar passou dos intelectuais para as massas: em 1789, a Revolução Francesa guilhotinou privilégios (e padres) e desapropriou terras da monarquia e da Igreja. Firmava-se o divórcio litigioso entre religião e Estado no Ocidente.

De patrono das artes, o papado virou inimigo do progresso, entrando numa fase de pânico apocalíptico em relação a tudo o que cheirasse a modernidade , condenava até ferrovias e iluminação a gás.

No século XIX, a moralidade rígida era de novo a norma do Vaticano. O papa, que antes acumulava funções de político e soldado, passou a ser visto pelos fiéis como um santo vivo, casto e distante.

Em 1870, um movimento nacionalista unificou a colcha de retalhos que era a Itália e transformou as terras papais em propriedades do novo Estado. A maior parte do reino papal acabou conquistada por Vitor Emanuel, o aristocrata que unificou a Itália. O último bastião, as terras ao redor de Roma, caiu em 1870.

No início do século XX, o sucessor de Pedro estava pobre e reduzido a uma nulidade política. Os palácios do Vaticano caíam aos pedaços, com esgotos entupidos e ratos.

Foi nesse aperto que Pio XI assinou o controverso Tratado de Latrão, que incluía não apenas um território soberano mas também uma doação de cerca de US$ 90 milhões , o suficiente para tirar as contas do vermelho. Foi uma bela virada. Hoje, o Vaticano divulga lucros anuais de mais de US$ 200 milhões, incluindo doações de dioceses e investimentos em empresas européias.

Era 11 de fevereiro de 1929 e faltava meia hora para o meio-dia quando um Cadillac preto estacionou na frente do Palácio de Latrão, em Roma. As portas do carro se abriram e o homem mais temido da Itália saiu. Era Benito Mussolini, chefe do regime fascista que governava o país. Dentro do palácio o quartel-general da Cúria Romana, rosto administrativo da Igreja Católica, o papa Pio XI e seus funcionários mais gabaritados receberam o ditador com apertos de mão.

A conversa teve início e Mussolini logo exibiu suas cartas: queria que a Igreja reconhecesse oficialmente o regime , era uma tentativa de neutralizar o adversário Partido Popular.

A Igreja também foi clara ao falar de seus objetivos. Pediu o que havia perdido, no século XIX, durante o processo de unificação italiana: um Estado soberano. Por volta da 1 da tarde, Mussolini assinou o Tratado de Latrão, que conferia ao papa um território independente dentro de Roma. Em troca, a Igreja reconhecia como legítimo o governo controlado pelo duce.

A rigor, foi nesse dia de inverno, na soturna companhia de um dos mais violentos tiranos do século XX, que nasceu o Estado do Vaticano como ele é hoje: o menor país independente do mundo e a última monarquia absolutista da Europa.

Mas o encontro em Latrão foi resultado de uma história muito mais longa, que se en­raíza 2 000 anos no passado, desde um tempo em que o papa era apenas o bispo de Roma, uma entre muitas lideranças de uma seita perseguida.

Em seu auge, pontífices se declaravam os “senhores do mundo” e desencadeavam guerras com um sinal-da-cruz.

Hoje, o papado é a mais longeva organização internacional da história.

O pacto com Mussolini foi terrível para a imagem do Vaticano. No fim da vida, Pio XI repensou suas alianças e escreveu uma encíclica condenando o anti-semitismo , na época, Hitler já tinha dado a largada para o Holocausto. Diz a história que faltavam dois dias para a publicação do texto quando ele morreu, em 1939.

Numa decisão desastrosa, o sucessor, Pio XII, arquivou a encíclica redentora: ele via no regime nazista um incômodo necessário na luta contra a maior das ameaças, o comunismo.

“Mesmo após o início da 2ª Guerra Mundial, Pio XII, um papa eloqüente, que fazia milhares de discursos sobre todos os assuntos possíveis, jamais denunciou os crimes nazistas. Adolf Hitler, que se dizia católico, nunca foi excomungado”, escreve o teólogo alemão Hans Kung em Igreja Católica.


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