domingo, 10 de maio de 2009


MÃES DA PRAÇA DE MAIO


As mulheres argentinas que ousaram exigir informação sobre seus filhos seqüestrados pela ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1983 a mais de 30 anos a manifestação que deu origem ao grupo Mães da Praça de Maio.
Os atos, que começaram como uma passeata teve seu epicentro na histórica Praça de Maio, em frente à Casa Rosada (sede do governo), onde em 30 de abril de 1977 quatorze mães tiveram a coragem de desafiar a ditadura.
Desde aquele dia, o número de mulheres que se reunia todas as quintas-feiras para exigir informação sobre os desaparecidos foi aumentando e, em 14 de maio de 1978, foi criada a
Associação das Mães da Praça de Maio.
Os dois grupos em que se dividiu a entidade, hoje sinônimo de dignidade e defesa dos direitos humanos no mundo todo, organizaram cerimônias separadas.
"Las Madres" sofreram uma cisão após a aprovação de uma lei de reparação econômica aos parentes dos assassinados e desaparecidos, bem como aos que haviam sofrido prisão e torturas por motivos políticos.
O setor de Hebe de Bonafini se nega a receber o ressarcimento. A chamada Linha Fundadora considera essa indenização um claro reconhecimento de que houve terrorismo de Estado entre 1976 e 1983, por isso deixa a decisão de receber o dinheiro ou não nas mãos de cada familiar.
A Linha Fundadora realiza todos os anos uma marcha com tochas em direção à Praça de Maio, que é precedida por um festival musical no qual já se apresentaram o cantor cubano Pablo Milanés e a argentina Teresa Parodi, entre outros artistas locais e estrangeiros.
"São mais de 30 anos de luta sem descanso. Estamos lembrando nossos filhos e tantas mães que ficaram no caminho. Fazemos um show porque não queremos que seja algo triste, apesar de que a ferida jamais cicatrizará", afirmou a presidente de Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, Nora Cortiñas.
A idéia de se reunir a metros do local onde a ditadura havia planejado a mais feroz máquina repressiva da história da Argentina foi de Azucena Villaflor, seqüestrada em dezembro de 1977 e depois assassinada.
"Individualmente não vamos conseguir nada. Por que não vamos todas à Praça de Maio? Quando formos muitas, (o então ditador Jorge) Videla terá que nos receber", propôs Azucena às mães que, como ela, perambulavam por igrejas, quartéis e tribunais sem encontrar nenhum dado sobre o paradeiro de seus filhos.

A reunião inicial aconteceu em um sábado, mas a quinta-feira se consolidou depois de serem descartadas as sextas-feiras, "dia de bruxas", e as segundas, "dia de lavar da roupa", segundo objetaram duas das mulheres e contou anos mais tarde Cortiñas.
Surpreendido com a atitude dessas mães, o regime militar primeiro as tachou de "as loucas da Praça de Maio", depois passou a persegui-las, como fazia com o resto das vítimas da repressão ilegal.
As voltas na praça nasceram devido à exigência policial de que as mulheres, que já cobriam a cabeça com lenços brancos para se identificar entre si, "circulassem" em vez de ficarem paradas em um mesmo lugar.
"Os desaparecidos; digam onde eles estão. Com vida os levaram, com vida os queremos", foi o grito que, após o retorno da democracia em 1983, continuou sendo ouvido todas as quinta-feira na Praça de Maio.
"Na praça éramos todas iguais. Todas tínhamos tido nossos filhos levados, o mesmo acontecia com todas. Por isso é que nos sentíamos bem. Por isso é que a Praça reuniu, consolidou", lembrou há duas décadas Hebe de Bonafini.
O grupo liderado por Bonafini entregou distinções a pessoas que colaboraram com sua luta, e também organizou um festival de música.
Mercedes Sosa também homenageou "las Madres" em apresentação que aconteceu dentro da 33ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires.
De acordo com cálculos oficiais, durante a ditadura desapareceram 18.000 pessoas.
Grupos de defesa dos direitos humanos, porém, falam em 30.000 desaparecidos naquele período sombrio da história Argentina.

Um comentário:

  1. Companheiro, no es preciso um papel que te qualifica, basta a vontade de perseguir nossas utopias é melhor morrer na praia lutando do que nunca ter visto o oceano.

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