quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ainda na Idade do Bronze, um conjunto de culturas da Europa Central possuía certos costumes semelhantes, características da região Reno-Danúbio. Essas culturas se estabeleceram na região chamada "Campo das Urnas", em referência às tradições funerárias.

Esses povos, por volta dos anos 1200 a.C. a 1000 a.C., começaram um processo de individualização: Os Celtas no ocidente, eslavos no norte, os povos de língua latina no sul e os ilírios no sudeste.

A Idade do Ferro é dividida em duas civilizações distintas, sendo que a primeira delas é a cultura Hallstatt (nome que provêm dos túmulos da cidade austríaca homônima). Esta fase inicial da Idade do Ferro, que vai de 800 a.C. a 450 a.C., foi caracterizada pela confecção de armas de bronze e grande armas de ferro.



Acredita-se que os celtas foram o primeiro povo da Europa a efetivamente usar e trabalhar o ferro. Foi neste período que após diversas excursões, os celtas concluíram a ocupação das Ilhas britânicas.

No século VI a.C. ainda, portanto, no período hallstattiano, os celtas atingiram a península Ibérica, onde formaram o povo celtibero.


A segunda fase da Idade do Ferro, chamada La Tène em alusão a uma cidade no norte suíço, marcou o afloramento da cultura e da expansão celta.
A cultura La Tène marcou o apogeu do povo celta. O chamado período Lateniano durou de 450 a.C., com o fim da cultura Hallstatt, até o século I d.C., quando Roma conquistou a Bretanha.

A arte celta nesta época viveu seu “Período de Ouro”, ao mesmo tempo em que se deu inicio a uma grande expansão territorial, mobilizada pelo crescimento demográfico e pela pressão de outros povos vizinhos. Os ataques ao mundo Greco-Romano, neste período, foram freqüentes: em 390 a.C. Roma é saqueada pelos celtas e, em 272 a.C., o mesmo acontece com o santuário de Apolo na cidade grega de Delfos.

O povo celta que provinha do sudeste alemão, no século IV a.C. já ocupavam toda a planície do Pó, e no século seguinte invadiram a região helênica e acabaram po

r atingir, em 276 a.C., a Ásia Menor onde se estabeleceram como os conhecidos gálatas das Epístolas de São Paulo. Desta forma, no início do primeiro século antes de Cristo o território celta se estendia da Espanha à Ásia Menor, das ilhas britânicas à planície do Pó.

É impressionante como tão grande território em nenhum momento constitui um Império com uma política consistente. Durante todo este período, o que uniu os celtas não foi um rei, ou qualquer outro laço de natureza política. A arte, a língua e a religião foram os únicos promotores de unidade.

No mesmo momento em que se vivia a grande expansão, começava, por assim dizer, o crepúsculo do povo celta, motivada essencialmente pela carência de uma organização entre a diversas tribos.

Os homens e as mulheres na sociedade Celta eram iguais; a igualdade de cargos e desempenhos eram considerados iguais em termos de sexos. As mulheres tinham uma condição social igual á dos homens sendo muitas vezes excelentes guerreiras, mercadoras e governantes.


As mulheres eram vistas como aspectos vivos da criação, porque vivenciavam todos os meses com o ciclo menstrual, o processo da vida, morte e renascimento, além do poder de gerar vidas.


A menstruação era considerada um período santo e sagrado, porque acreditava-se que pelo sangramento a mulher se tornava totalmente ancorada, enraizada, conectada a própria força ciradora da terra e da fertilidade.

Eram criadas tão livremente como os homens, a elas era dado o direito de escolherem seus parceiros e nunca poderiam ser forçadas a uma relação que não queriam.
Eram ensinadas a trabalhar para que pudessem garantir seu sustento

Dentro da sociedade celta, a mulher dominava a religião, podia ser uma guerreira e podia escolher o seu parceiro. Quando ela se casava, trazia para o casamento seus bens, e se eles fossem superiores aos do marido, ela se tornava chefe do casal. Há ainda uma coisa importante para se dizer com relação a concepção de união eterna e fidelidade,no casamento, previlegiava-se o amor, ao mesmo tempo em que o casamento era visto como um contrato que poderia ser rompido, pois existia o divórcio.

A sexualidade não era algo de que os celtas se envergonhassem, pelo contrário
:"elas geralmente cedem sua virgindade a outros e isto não é visto como uma desgraça: pelo contrário, elas se sentem ofendidas quando seus favores são recusados".
Numa sociedade onde a mulher é senhora de seu próprio corpo, ela percebe em si os ciclos da natureza, ela dá à luz homens e mulheres e, sabe que o seu corpo é a fonte de seu prazer como a de seu companheiro.
Na sociedade Celta, são atribuídas à mulher três funções: ela é a Transformadora, a Iniciadora e a Finalizadora.
É pela liberdade de poder vivenciar a sua sexualidade que ela pode:
Transformar: a vida, dando à luz e dando prazer a si e ao seu companheiro;
Iniciar: nas artes divinatórias, nas práticas sexuais e por fim ser a


Finalizadora: a que faz chegar ao prazer e a que conduz ao outro mundo.


A consciência do próprio corpo, o conhecimento profundo de cada parte, de cada ciclo, de cada ponto onde se pode obter prazer, era comum entre as mulheres celtas que quando sentiam desejo por um homem, lhe ofereciam prazerosamente, o seu corpo.


Mas toda essa liberdade para amarem e viverem em plenitude a sua sexualidade advém de uma consciência e uma responsabilidade para consigo e para com os outros membros de sua comunidade,o que contrasta com a repressão vivida pelas mulheres ocidentais hoje.


Portanto neste contexto havia mulheres druidas, ou sacerdotisas, na cultura druídica, portanto, a mulher tinha um papel preponderante pois era visa como a imagem da Deusa.
Dentro da religioão os druidas eram sacerdotes e sacerdotisas dedicados ao aspecto feminino da divindade, a Deusa Mãe, embora cultuassem a Deusa Mãe mesmo assim admitiam que todos os aspectos expressos a respeito da Divindade eram ainda percepções imperfeitas do Divino.


Assim, todos os deuses e deusas do mundo nada mais eram do que aspectos de um só Ser- Supremo, qualquer que fosse a sua denominação visto sob a ótica humana.


A palavra druida é de origem céltica, e segundo o historiador romano Plínio, ela está relacionada com o carvalho, que na realidade era uma árvore sagrada para eles.
Os Druidas dominavam quase todas as áreas do conhecimento humano, cultivaram a música, a poesia, tinham notáveis conhecimentos de medicina natural, de fitoterapia, de agricultura e astronomia, e possuíam um avançado sistema filosófico muito semelhante ao dos neoplatônicos.



O povo celta tinha uma tradição eminentemente oral, não faziam uso da escrita para transmitir seus conhecimentos fundamentais, embora possuíssem uma f
orma de escrita mágica conhecida pelo nome de escrita rúnica. Mesmo não usando a escrita para gravar seus conhecimentos eles possuíram suficiente sabedoria a ponto de influenciarem outros povos e assim marcar profundamente a literatura da época, criando uma espécie de aura de mistério e misticismo.

A crença céltica e druídica diziam que o homem teria a ajuda dos espíritos protetores e sua libertação dos ciclos reencarnatórios seria mais rápida assim.
Cada pessoa tinha a responsabilidade de passar seus conhecimentos adiante, para as pessoas que estivessem igualmente aptas a entenderem a lei de causa e efeito, também conhecida atualmente como lei do carma.
Não admitiam que a Divindade pudesse ser cultuada dentro de templos constituídos por mãos humanas, assim, faziam dos campos e das florestas , principalmente onde houvesse antigos carvalhos (ligada à sabedoria e ao druidas), o freixo (ligado à proteção), o salgueiro (ligado às divindades da água), e etc. Alguns animais também tinham sua simbologia, o touro, por exemplo, representava a fertilidade e a serpente ligada à sabedoria.


Nestes locais construíam-se círculos de pedras, onde eram realizadas as cerimônias religiosas, o mais famoso deles é Stonehenge.

Acreditavam na figura suprema da Deusa-Mãe e em divindades“elementais” (do ar, da água, do fogo e da terra), a crença na alma e na vida após a morte está presente no druidismo. Os celtas acreditavam na existência do “Outro Mundo”, aonde residem os antepassados e demais espíritos. Acreditavam também que determinadas pessoas eram dotadas do poder de comunicação com este mundo.


Acredita-se que o fato de os guerreiros celtas serem bravos e destemidos venha da certeza que eles tinham de que a morte nada mais é que uma passagem.


Enquanto em alguns dos festivais célticos os participantes o faziam sem vestes os Druidas, por sua vez, usavam túnicas brancas, sempre formavam os círculos mágicos visando a canalização de suas forças.


Por não usarem roupas em alguns festivais e por desenvolverem ritos ligados à fecundidade da natureza, os Celtas foram terrivelmente acusados de praticarem rituais libidinosos, quando não realidade tratava-se de ritos sagrados.


Para os Celtas, o número três era o número mágico por excelência, o que expressava sua visão do mundo. Podemos encontra-lo repetido a exaustão em seus mitos. Era representado graficamente como um triskele, símbolo solar de três braços derivado da roda

A falta de um governo central entre as tribos celtas, fez da grande expansão o motivo de sua decadência.

Os celtas foram o primeiro povo a se submeter ao Império Romano, tanto que no final do século II a.C. a Gália Cisalpina e a Celtibéria já eram territórios conquistados. Sob o comando de Julio César, no século I a.C., a Gália Transalpina foi tomada e, no mesmo período, a Galácia tornava-se província subordinada a Roma. Com as Gálias já conquistadas, as legiões avançaram para as Ilhas britânicas, onde a dominação aconteceu de forma gradativa e foi concluída no fim século I d.C. Enquanto isso, neste mesmo período, as tribos celtas na Europa Central caiam no domínio dos povos germânicos.

Afora a região irlandesa, a tradição e as línguas de herança céltica ainda sobreviveram nas demais regiões habitadas pelos celtas nos últimos anos que antecederam a dominação, como na Cornualha, Ilha Manx e as Highlands escocesas (Reino Unido), na Bretanha (França), na Galícia (Espanha) e na Galácia (Turquia).

Em tese, era o fim da cultura La Tène e a arte celta, assim como concebida, acabou confinada na Ilha da Irlanda, para florescer novamente no início da Idade Média em um ambiente já cristão católico.

Cristianismo

Desde o domínio romano, instigado pelo catolicismo, a cultura druídica foi alvo de severa e injusta repressão, que fez com que fossem apagados quaisquer tipos de informação a respeito dela embora que na historia de Roma conste que Júlio César reconhecia a coragem que os druidas tinham em enfrentar a morte em defesa de seus princípios, não usavam armadura, apenas pintavam seus rostos de azul.

A Igreja Católica, inspirada pela Conjura, demonstrou grande ódio aos Druidas que foram consideradas pagãs, bruxos terríveis, magos negros que faziam sacrifícios humanos e outras coisas cruéis.A religião druídica na realidade era uma expressão mais mística da religião céltica. Esta era mais mágica, por isso mais popular, com formas de rituais mais rústicos, e muito mais ligado à natureza ambiental, à terra que era tratada com carinho bem especial. A mais popular das expressões religiosas, basicamente a doutrina céltica enfatizava a terra e a deusa mãe enquanto que os Druidas mencionavam diversos deuses ligados às formas de expressão da natureza; eles enfatizavam igualmente o mar e o céu e acreditavam na imortalidade da alma, que chegava ao aperfeiçoamento através das reencarnações.

A sexualidade, principalmente a feminina, era tratada com naturalidade, pois ela é inerente a natureza humana e não podia ser reprimida o que infelizmente, a partir do século V com a chegada do bispo Patrício e do cristianismo passou a receber a conotação pecaminosa, conceito imposto pelo cristianismo.

A circularidade e visibilidade da mulher na sociedade celta eram naturais o que provavelmente chocou os cristãos que trataram de impor os seus conceitos: virgindade indispensável e repressão dos desejos e instintos sexuais femininos.

Estas eram razões mais que suficientes para o catolicismo não aceitar a religião celta, pois sendo uma religião descendente do tronco Judaico colocava a mulher como algo inferior, responsabilizando-a pela queda do homem, pela perda do paraíso. Na realidade o lado esotérico da religião hebraica baniu o elemento feminino já desde a própria Trindade. Todas as Trindades das religiões antigas continham um lado feminino, à excepção da hebraica.

A Igreja Católica, derivada do hebraísmo ortodoxo, também mostrou ser uma religião essencialmente machista e como tal lhe era intolerável a admissão de uma Deusa Mãe, mesmo que esta simbolizasse a própria natureza, tanto que para Igreja Católica, “seu” Deus é uma figura masculina.

O "cristianismo celta" desenvolveu-se de modo extremamente distinto ao padrão romano, organizado em um claro sistema monástico, bispos estavam submetidos à autoridade abacial, a cruz celta, combina a cruz com um anel que lhe faz interseção por trás, é um símbolo que caracteriza os celtas, e suas origens são anteriores ao cristianismo, esta cruz representa uma das principais formas na arte deste povo.

Nos séculos IX - XII, o cristianismo celta foi perdendo força e o seu modo organizacional já não era compatível ao modelo romano, que agora preocupava-se com a centralização do poder.

Dos celtas constituiu-se a Wicca, que o Catolicismo fez empenho em descrever como um conjunto de rituais satânicos.

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