quarta-feira, 29 de setembro de 2010


A história da banda irlandesa começou no final da década de 70. O baterista Larry Mullen Jr colocou um cartaz na escola onde estudava a fim de encontrar interessados em formar uma banda. Logo apareceram Adam Clayton, David Howell Evans (The Edge), Paul Hewson (Bono Vox) e Dick Evans, irmão de David, que deixou a banda em 1978.

Com estes integrantes, estava formada a banda Feedback, que mais parte passou a se chamar The Hype, para finalmente chegar ao nome conhecido mundialmente: U2. O primeiro compacto do grupo foi lançado em 1979, sob o título “U2-3”.
A banda de rock irlandesa U2 não se envolveu em questões políticas e religiosas “de uns tempos pra cá”. Bono, vocalista do U2, não é um oportunista em busca de um Prêmio Nobel da Paz. Se você pensa dessa maneira ou ouviu alguém dizer isso, seus problemas acabaram.

Paul Hewson, mais conhecido por Bono, que de facto se viria a tornar numa das personalidades mais relevantes do mundo da música e não só.
Seus pais, Iris era protestante e Bob, o seu marido, era católico. Numa Irlanda conservadora, isto representava uma anormalidade de grande escala, que marcou desde cedo a educação e a identificação pessoal do jovem Paul. Desde cedo, este revelou uma personalidade forte e curiosa, sempre a questionar tudo o que via.

Na sua adolescência, Bono já revelava uma certa aversão em relação a religiões organizadas, no entanto, encontrou o seu refúgio espiritual numa seita Cristã com base em Dublin, o Shalom. Desde os primeiros tempos da banda, sempre expressou o desejo de não se tornar numa típica “pop star” e trabalhou para se tornar um cantor cada vez melhor.

Larry Mullen Jr, em 1978, o jovem Larry sofreu uma perda trágica. A sua mãe faleceu num acidente de automóvel em 1978, mesmo antes de ele completar 17 anos. Depois disto, Larry quis deixar a banda, e era o que teria feito se Bono não o convencesse a ficar. De facto, o vocalista foi o seu grande apoio uma vez que tinha passado pelo mesmo.

O som da bateria de Larry pode ser ouvido distintamente logo nos primeiros álbuns dos U2.
Larry defende que o verdadeiro nome da mesma é “The Larry Mullen Band”.

David Howell Evans, o nome The Edge foi atribuído por Bono devido às suas feições e ao hábito de observar tudo a partir da periferia.

Foi durante o Outono de 1976 que o jovem viu o bilhete de Larry. Foi o primeiro a responder ao “anúncio” e apareceu na sua casa juntamente com o irmão Dick e o amigo Adam Clayton. Nesses encontros, Edge demonstrou o seu talento a tocar guitarra, e a química entre os membros tornou-se evidente desde o início.
O estilo que desenvolveu ainda muito jovem, nada devia aos blues ou ao hard rock.
“Sempre pensei que os solos de 15 minutos são uma perda de tempo, e o que eu gostava mesmo era de pessoas que tocavam as canções. É muito difícil a canção ser realmente boa com uma guitarra única e interessante.”

The Edge juntou-se a um grupo religioso Cristão, o Shalom, no início dos anos 80, juntamente com Bono e Larry. Estavam os três à procura de espiritualidade e da resposta à grande pergunta, no entanto, estes assuntos colocaram a banda em risco.

Adam Clayton, o baixista não sentia a necessidade desse tipo de suporte e não frequentava as reuniões do Shalom, mas apesar de tudo, sempre respeitou a posição dos outros três, mesmo quando sentiu que a tensão entre as crenças e os assuntos da banda poderiam acabar com os U2. No entanto, a sua posição na banda nunca esteve em risco, e para provar isso, Adam foi o padrinho de casamento de Bono em 1982. “Adam salvou a banda mais que uma vez, e essa foi uma delas” disse Barry Devlin, baixista dos Horslips “Na época de October eles queriam acabar e dedicar as suas vidas a Deus, mas Adam conversou com eles e convenceu-os a continuar.”

“Boy”,foi gravado numa época em que os membros da banda, exceto Adam Clayton, faziam parte deste grupo de estudos bíblicos.

A religião quase foi responsável pelo fim do U2.
“Enquanto a banda estava fazendo uma turnê, entre ‘Boy’ e a gravação de ‘October’, segundo álbum do da banda , um membro da comunidade da região norte de Dublin dizia ter recebido uma profecia de que Deus queria que a banda parasse de tocar.”

Encontravam-se divididos entre os ideais Cristãos e o estilo de vida do rock and roll. Enquanto que Larry e Bono escolheram a banda rapidamente, Edge encontrava-se mais dividido. Tinha muitas dúvidas e quase abandonou os U2 no período que antecedeu o álbum War. Mas no fim de contas, acabou por aceitar o conselho de Bono e seguir o seu coração e, depois de um período de procura, também escolheu a banda. O guitarrista apercebeu-se de que não havia nenhum problema entre as suas crenças e a sua música, as pessoas é que colocavam esse problema.

O U2 não parou, e aquele foi um momento decisivo para o grupo. E então eles sentiram na pele que, se seguida a ferro e fogo, a crença religiosa pode ser um grande problema. De certa forma, os integrantes do U2 romperam com uma religião específica em “October”, mas não romperam com a fé que os moviam – e os move até hoje. É nesse álbum que Bono canta “Somente em você eu me completo”, dirigindo-se a Deus.

“War”, terceiro disco da banda, é o mais rebelde dos álbuns do U2. Em 1983, Bono declarou “Eu penso que, no final das contas, o grupo é totalmente rebelde por causa de nossa postura contra aquilo que as pessoas entendem ser rebeldia. Aquela coisa toda de estrelas do rock jogando seus carros dentro da piscina, isso não é rebeldia... Rebeldia começa em casa, em seu coração, em sua recusa de comprometer suas crenças e seus valores...”. É em “War” que está “Sunday Bloody Sunday”, música inspirada em duas datas terríveis para a memória dos irlandeses, e uma das mais famosas músicas do U2.

“Walk On – A jornada espiritual do U2” (W4 Editora, 188 págs.) esclarece essas e outras questões. Escrito por Steve Stockman, ministro presbiteriano na Irlanda, o livro traça um paralelo entre a carreira do U2 e a relação de seus integrantes com religião e política.

Estava claro que as brigas entre católicos e protestantes na Irlanda tinham um outro campo tão fértil quanto a religião: a política. Mais importante do que qualquer partido político no país era o temido IRA, o Exército Republicano Irlandês, que lutava contra o domínio britânico, em uma Irlanda divida entre o Norte (de domínio inglês) e o Sul (também conhecido como Eire) e que não sofria intervenção britânica. Mais do que uma questão eterna, os atentados e mortes sempre foram uma realidade de qualquer irlandês desde seu nascimento.

Por isso quando o grupo começou a compor os primeiros esboços de “Sunday Bloody Sunday” era natural que as mortes causadas pela religião e pela incompreensão de um país fosse um tema a ser abordado.

Especula-se até hoje que a letra de “Sunday Bloody Sunday” sofreu mudanças por pressões do IRA e que o grupo teria até sido ameaçado pelos militantes. A letra começava com o verso “Não me fale dos direitos do IRA”, mas teria sido alterada para “Não posso acreditar nas notícias de hoje”. Bono ressalta que isso nunca foi verdade e explica que a canção nunca foi contra o Exército Republicano Irlandês. “Ela fala de um dia que os irlandeses nunca deve sem esquecer (o massacre em 1972, na cidade de Derry, quando trezes pessoas foram mortas), mas que não deveria mais acontecer. É exatamente isso que quero expressar quando digo ‘até quando deveremos cantar essa canção’. Quando nós a tocamos, sempre faço questão de ressaltar que não é uma canção de rebeldia com o intuito de causar polêmica. Eu gostaria de não cantar mais canções como ela, mas não posso fechar meus olhos perante os problemas.”

Uma das maneiras encontradas pelo grupo de mostrar sua reprovação aos conflitos era hastear uma bandeira branca no palco. “Eu nunca fui uma pessoa ‘territorial’ no sentido que ‘ah, como sou irlandês vou levar a bandeira de minha pátria ao palco’. Nós somos apenas um grupo de irlandeses e pronto! A escolha dela (bandeira branca) é exatamente essa, a de universalizar o nosso ideal, além de pedir uma trégua aos conflitos pelo mundo.”

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