Violência de direita é problema no leste
No leste da Saxônia, cresce o número de skinheads e com isso a agressão contra estrangeiros. Apesar das diversas organizações voltadas para a recuperação de jovens xenófobos, a região registra um crescimento do problema.
"Nós temos medo", afirmam em uma petição enviada ao prefeito de Kamenz 109 exilados políticos, que vivem em um alojamento provisório na cidade, onde nos últimos meses o número de delitos registrados contra estrangeiros cresceu assustadoramente. Departamentos de segurança estimam que o Estado da Saxônia abriga cerca de 3500 extremistas de direita, 1500 deles dispostos a praticar atos violentos.
Segundo organizações não-governamentais de ajuda a jovens que pretendem deixar os círculos neonazistas, a rede montada pelos extremistas na Saxônia "vem tomando proporções preocupantes". A participação em associações de skinheads ou a presença em encontros de extremistas de direita faz parte do universo de um bom número de jovens nas cidades de Niesky, Hoyerswerda, Kamenz ou Zittau.
"Tempo perdido" – O delegado para questões relativas aos estrangeiros da Saxônia, Heiner Sandig, vê em uma "aversão relativamente grande em relação a estranhos" a razão do fenômeno. Minimizando o problema como se falasse que a população prefere uma fruta a outra ou rejeita um tipo de esporte em função do outro, Sandig cita que a "imigração, da forma como ocorre hoje, só existe desde 1990", o que faz com que os alemães do leste queiram "recuperar o tempo perdido".
Na Saxônia, estão registrados hoje cerca de cem mil estrangeiros. Entre estes, estão 11 mil exilados políticos, vivendo em sua maioria em alojamentos de massa. Em algumas regiões do Estado, tendências neonazistas fazem parte "da cultura jovem dominante", observa Christian Liebchen, que coordena um grupo de trabalho da Igreja Luterana. Até mesmo entre os freqüentadores da comunidade religiosa, esconde-se uma certa "xenofobia disfarçada", completa Liebchen.
Tabu – Enquanto em grandes cidades, como Leipzig, o problema deixou de ser tabu, sendo debatido pela opinião pública, no leste da Saxônia são raras as discussões a respeito. O prefeito de Hoyerswerda, Horst-Dieter Brähmig, vê o crescimento dos delitos de extremistas de direita como uma "tendência geral na Saxônia". Em Hoyerswerda, houve apenas em dezembro último três encontros de skinheads, reunindo cada um deles cerca de cem neonazistas.
Aumenta propaganda neonazista na internet
A internet tem se tornado cada vez mais um instrumento de propaganda da extrema-direita alemã. Até o final de 2001, o número de sites neonazistas aumentou de 800 para 1.300, conforme divulgou o Departamento de Defesa da Constituição do estado da
Renânia do Norte-Vestfália. Em relação a 1999, isto representa um aumento de quatro vezes.
Fritz Behrens (SPD), secretário de Segurança do estado, estima que o crescimento é alarmente. Os sites neonazistas são cada vez mais profissionais e sofisticados, utilizando as mais avançadas tecnologias disponíveis. Com animações, rádio online e jogos de computador, os sites atraem grande número de jovens.
"A extrema-direita mudou sua forma de apresentar-se na internet", afirma o secretário. As idéias racistas estão dissimuladas numa embalagem de alta tecnologia e são irreconhecíveis num primeiro momento.
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