quinta-feira, 16 de abril de 2009

As drogas em algumas profissões

Médicos e enfermeiros
Num contexto bem diferente, médicos também estão usando drogas por causa da profissão. Em razão disto, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) criou há cerca de dois anos a sua comissão de saúde para tratar o mal que aflige a categoria. Segundo o médico Marco Antonio Bessa, coordenador da comissão, vários fatores contribuem para o uso de drogas na profissão. Ele citou alguns exemplos. “O estilo de vida estressante, a carga horária muito alta, com muita responsabilidade e desgaste emocional. Há ainda a facilidade de acesso a calmantes e anfetaminas”. Ele diz que a maioria dos médicos dependentes químicos usa drogas lícitas (álcool, tabaco, calmantes e anfetaminas). Especialmente anestesistas, cirurgiões e profissionais que trabalham em UTI tendem a consumir os chamados opiáceos, como a morfina e a dolatina. Após duas ou três vezes de uso, a pessoa pode tornar-se dependente.
Caminhoneiros e motoristas de ônibus
As anfetaminas são as mais utilizadas por esses profissionais. Como, muitas vezes, são obrigados a se manter acordados a madrugada toda, recorrem à droga. Mas o efeito cessa abruptamente e, de uma hora para a outra, o usuário pode dormir ao volante, o que pode causar sérios acidentes. O ex-caminhoneiro Luizão, 51 anos, é um exemplo vivo de como uma profissão pode afetar a vida de uma pessoa e levá-la ao consumo de drogas. Luizão chegou a viajar durante oito dias sem encostar o caminhão para dormir, graças ao uso de rebite (estimulantes). A façanha, que se tornou rotina em seus 10 anos de estrada, lhe custou a saúde, o trabalho e acelerou a aposentadoria por invalidez, há cerca de 3 anos. Segundo Luizão, “o rebite é muito usado por motorista que trabalham com cargas que têm entrega com horário previsto e para transportar cargas vivas. Nesses casos, o mais importante é o horário”, afirma. Ele conta que o uso de estimulantes é muito comum e incentivado entre os caminhoneiros.
Policiais
No Rio Grande do Sul, os índices de estresse da atividade policial, apontados em uma pesquisa realizada por quatro capitães na Academia de Polícia da BM, em novembro de 2000, alarmam. Dos 983 policiais militares de batalhões operacionais (1º BPM, 9º BPM, 11º BPM, destacamentos especial do Sarandi, do Partenon e da Restinga, Batalhões de Operações Especiais e de Policia Rodoviária) que participaram da pesquisa, metade (50,85%) apresentava sintomas psicossomáticos de estresse. Ou seja, precisavam de acompanhamento psicológico ou médico.
Outra pesquisa, abrangendo 561 PMs – 10% do efetivo de praças da BM na Capital –, constatou que 25,13% eram alcoólatras e outros 7,66% tinham risco de se tornarem alcoolistas. O estudo foi feito pela socióloga Maria Caetana Pedroso Rodrigues em março de 2000.
Novo trabalho, desta vez entre os oficiais, constatou que 10,27% dos entrevistados eram alcoólatras, e 4,32% eram suspeitos de ter o vício. Os autores, Hélio Beck Leão Filho e Nélio Tedesco Sperling, testaram 185 policiais – 30% do efetivo de oficiais de Porto Alegre.
O alerta maior, porém, vem do relato emocionado dos próprios PMs. Protegidos pelo anonimato, eles chegam a admitir até o consumo de drogas ilícitas, como maconha, cocaína e crack por representantes da corporação. Um soldado alcoólatra, abstêmio há um ano e meio, assegura que policiais que trabalhavam com ele à noite, em um município da Região Metropolitana, “bebiam, cheiravam (cocaína) ou fumavam maconha”.
Operadores da Bolsa de Valores, advogados, publicitários e jornalistas
A pressão do tempo, o acúmulo de trabalho e a necessidade de produzir intensamente são razões que levam à escolha da cocaína, droga altamente estimulante, por parte desses profissionais; o álcool também é praxe, principalmente para relaxar após um dia todo de trabalho.
Marinheiros e estivadores
Não somente esses profissionais, como os demais que trabalham em espaços abertos encontram menos obstáculos para consumir maconha, crack ou drogas injetáveis.
Jovens profissionais
Ecstasy, ácido e "poppers": as drogas da moda são as que mais atraem o público jovem, que pode começar a semana de trabalho baqueado pelos abusos cometidos nas baladas de final de semana.
Como cada uma interfere na rotina do funcionário
Álcool- os efeitos físicos vão de sensação de moleza e cansaço e dificuldade para se concentrar a dor de cabeça e enjôo, entre outros. Além disso há desconforto também para quem trabalha ao lado. O álcool é responsável por grande parte dos acidentes de trabalho que acontecem após o almoço. Quem usa essa droga tende a ser inquieto, ansioso e, às vezes, agressivo quando quer beber e não pode. Os médicos alertam para o perigo da cultura do "happy hour": recorrer à bebida para relaxar após o expediente pode levar à dependência. O álcool é ainda um dos grandes responsáveis pelo absenteísmo na segunda-feira: a pessoa bebe muito no final de semana e não consegue encarar o trabalho por causa da ressaca.
Cigarro - aproximadamente a cada 30 minutos, o fumante começa a apresentar sintomas sutis de abstinência, como irritabilidade, inquietação, ansiedade e queda na concentração. É comum que ele conviva com esses sintomas o dia todo, livrando-se deles só ao acender um cigarro. Outra decorrência do vício é a queda na produtividade. A maioria das empresas hoje oferece os "fumódromos", que protegem os não-fumantes. Contudo, toda vez que vai fumar, o funcionário perde pelo menos dez minutos de trabalho, sem contar o tempo que leva para voltar a se concentrar. Quem fuma também tende a sentir menos disposição e faltar mais ao trabalho por doença, em consequência da queda de resistência, por exemplo.
Maconha - quando retoma suas atividades, quem usa maconha tende a ficar desatento, disperso e com dificuldade para realizar tarefas mais complexas ou para processar várias informações ao mesmo tempo. Esses efeitos podem acometer também o usuário de final de semana e ainda com mais intensidade quem consome um cigarro de maconha todo dia. Segundo os médicos, a capacidade de concentração fica comprometida durante dois ou três dias posteriores ao uso. Quem consome a droga três vezes por semana, pelo menos, pode apresentar menor motivação no dia-a-dia.
Cocaína - em geral, usuários de cocaína tendem a ficar instáveis mentalmente, apresentando comportamento mais impulsivo e irritadiço. O consumo no trabalho pode deixar o usuário muito eufórico em uma reunião, agressivo em outra e, não raro, deprimido após o efeito do entorpecente.


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