sábado, 25 de abril de 2009

DROGAS-CRIME ORGANIZADO



FARC a lógica viciada da narcoguerrilha - Exigir legitimidade em troca de reféns maltratados e ameaçados equivale a cobrar respeito por ser malvado.

Quando comecei a conhecer o conflito colombiano foi difícil acreditar que os chefes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, viajassem em veículos com ar condicionado e seus acampamentos contassem com muitas comodidades. Surpreendeu-me também o evidente excesso de peso de alguns dos seus comandantes. A guerra civil salvadorenha se explicava pelo excesso de poder do Estado, mas o conflito colombiano, ao contrário, se explica essencialmente pela debilidade do Estado no controle do próprio território. Na Colômbia há regiões que estão sem governo há mais de 40 anos. Esse vazio foi preenchido por paramilitares, guerrilheiros, narcotraficantes e bandidos, que automaticamente se tornaram autoridade diante da indiferença ou anuência dos governos.Como guerrilheiros salvadorenhos, disputamos em combate cada metro quadrado do nosso pequeno país com governos autoritários sustentados militarmente pelos Estados Unidos. Na Colômbia, ao contrário, as Farc têm sido uma guerrilha sedentária, que, sem lutar muito, controla extensas áreas de território onde não existia governo. Por isso estão há 43 anos na selva e alguns de seus chefes já morreram de velhice. Entretanto, na Colômbia, o M-19, Movimento 19 de Abril, foi a primeira guerrilha latino-americana que, às custas de muitos mortos, negociou reformas políticas democráticas. Hoje o M-19, como parte do pólo democrático, é a segunda força do país. Isso quer dizer que, na Colômbia, a esquerda poderia ganhar as próximas eleições, como já ocorreu no Chile, Argentina, Uruguai, Equador, Bolívia, Brasil, Peru, Panamá, República Dominicana, Venezuela, Guatemala e Nicarágua.Existem aqueles que ainda consideram a América Latina uma região formada por repúblicas de bananas, onde a violência política é legítima. O mapa, os tempos e o dinheiro da cocaína coincidiram com o crescimento da violência das Farc nos anos 90. Antes disso, elas constituíam uma insurgência indolente e por isso pouco relevante. Em 1990, com a morte de seu líder político Jacobo Arenas, as Farc ficaram sem um freio ideológico diante das plantações de coca que proliferavam em seus territórios. Começaram extorquindo dinheiro dos narcotraficantes e acabaram se tornando donos da maior produção de cocaína do mundo. Deixaram de ser a última guerrilha política latino-americana para se tornar o primeiro exército irregular do narcotráfico, convertendo-se numa real ameaça para o Estado colombiano. Nos últimos 20 anos, os governos tiveram que começar a reverter essa debilidade do Estado e corrigir abusos passados. Primeiro, firmaram um acordo de paz com a insurgência política; depois, desarticularam os grandes cartéis do narcotráfico dirigidos por Pablo Escobar; em seguida, um dos governos em Bogotá inventou uma maneira bem-sucedida de combater a cultura da violência; e, finalmente, iniciou-se a recuperação do campo. Propuseram negociações às Farc, que fracassaram após o seqüestro de 12 parlamentares, executados em junho de 2007. As forças do Exército e da polícia cresceram e se instalaram de modo permanente nos 1.120 municípios colombianos. Teve início então o combate e a desmobilização dos paramilitares. Os chefes guerrilheiros perderam seus veículos com ar condicionado e seus acampamentos com geladeira. Encurralados, partiram para o terrorismo: 117 colonos refugiados na igreja de Bellavista morreram quando a igreja foi destruída pelas Farc; um carro-bomba com 200 quilos de explosivos destruiu um clube em Bogotá repleto de famílias. Foram fatos que se tornaram quotidianos, com milhares de civis mortos e feridos. Hoje, contudo, diminuiu a violência das Farc e em 2007 elas não conseguiram capturar ou atacar povoados controlados pelo Estado. Seus combatentes vêm se desmobilizando maciça e voluntariamente, 2.400 só no ano passado, e há evidências de que alguns chefes guerrilheiros recuperaram as comodidades perdidas - no território venezuelano . As Farc não têm futuro como guerrilha, mas sim como narcotraficantes. A imensa selva colombiana lhes permite manter os reféns seqüestrados e usá-los como última cartada política. As duras condições em que os cativos são mantidos evidenciam a desmoralização e a perda de controle da guerrilha: ela nem sabia onde se encontrava o menino Emmanuel. As Farc fizeram do seqüestro, da extorsão e do narcotráfico suas principais atividades, e são os maiores seqüestradores do planeta. Uma insurgência negocia ou a partir da legitimidade política de suas demandas ou da força militar que detém. Contudo, exigir legitimidade em troca de reféns maltratados e ameaçados de morte equivale a exigir respeito por ser malvado. Ser contra o neoliberalismo não justifica explorar a dor das famílias dos cativos. Se Hugo Chávez estivesse apenas ajudando a salvar os reféns isso seria positivo, mas seu reconhecimento político das Farc ressuscita a violência colombiana, abre as portas do seu país à cocaína e o converte em protetor de alguns cruéis narcoterroristas.
* O AUTOR Joaquín Villalobos, o comandante Atilio, foi um dos principais estrategistas da guerrilha de esquerda salvadorenha durante as mais de duas décadas da guerra civil que terminou em 1992. Foi um dos fundadores da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, que se transformou em partido político. É hoje crítico da esquerda latino-americana e do chavismo.



FARC - Treinamento

Salto del Guayrá — A presença do grupo guerrilheiro colombiano Forças Armadas Revoluncionárias da Colômbia (Farc) no Brasil não se restringe hoje apenas à montagem de bases estratégicas para o tráfico de drogas e armas na selva amazônica.


A escolha da região de Pindoty Porã pelas Farc não é aleatória. O local vem sendo usado, há pelo menos dois anos, como ponto estratégico para o tráfico de maconha, cocaína e armas, que prospera com a conivência de autoridades paraguaias e sob o beneplácito da frágil legislação daquele país.


Os levantamentos do Serviço de Inteligência Externa da Secretaria Nacional Antidrogas paraguaia revelam que um dos locais utilizados como centro de treinamento das Farc no Paraguai é a fazenda do brasileiro Dioclésio Festa, acusado de controlar o tráfico de cocaína no Sul do Brasil usando a rota de Salto del Guayrá. Sua propriedade está localizada no município de Itanarã e é equipada com pista de pouso para facilitar as ações.


Os relatórios trocados entre Brasil e Paraguai garantem existir um grande interesse das Farc em brasileiros, que nos últimos anos têm sido parceiros da guerrilha em atividades ilícitas como o tráfico de drogas e de armas. Eles confirmam também que os cursos ministrados pelas Farc são destinados a entidades civis organizadas e citam nominalmente o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Nos documentos, existem fartas informações sobre os instrutores dos treinamentos, que se escondem sob o manto dos codinomes.


A coordenação geral do MST informou, através de sua assessoria de imprensa, em São Paulo, que não tem conhecimento da participação de integrantes do movimento em treinamentos promovidos pelas Farc no Paraguai. Segundo a assessoria, não é a primeira vez que o movimento é alvo de acusações infundadas. A coordenação ressaltou que o MST mantém relações de intercâmbio apenas com organizações camponesas na América Latina.


PCC negociou com traficantes ligados às Farc

São Paulo - O primeiro encontro foi em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Vindos de São Paulo, os emissários foram hospedados na cidade e levados à fronteira com a Bolívia. Miguel, filho de Dom Eduardo, homem influente na região de Porto Quijaro, recebeu-os. Assim começou a viagem que tinha como objetivo fazer da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) uma organização internacional de tráfico de drogas, fechando um acordo com traficantes bolivianos ligados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Buscava-se garantir o fornecimento de 1 tonelada de cocaína por mês, além de fuzis e explosivos para atentados.


A guerrilha controla 12 mil km² da Amazônia colombiana. A região de San Vicente del Caguán, a pouco mais de 30 minutos de vôo da fronteira com o Brasil, transformou-se num santuário para mercenários vindos do Uruguai, Paraguai, Brasil, Irã e Vietnã, alistados na narcoguerrilha, que substituiu a ideologia marxista-leninista pela do poder e do dinheiro.


Efetivamente, a Colômbia continua sendo o maior exportador de cocaína do mundo. O Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC) vai tornar pública, dia 20, a medição das áreas de cultivo de coca em 2005. Acreditamos que essas áreas aumentaram cerca de 5 mil hectares em relação a 2004, quando havia 80 mil hectares. Isso porque, apesar das fumigações e da erradicação manual que fazemos, há ainda áreas importantes de replantio.


Farc controlam 70% da cocaína


Antes da desmobilização dos paramilitares, grupos criados para combater a guerrilha e que acabaram praticando os mesmos crimes, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ficavam com 60% da receita da cocaína colombiana. Com a saída de cena de 30 mil paramilitares , só restam mil, a partir de 2003, a participação das Farc aumentou para 70%.
Camisas de Che
A franco-colombiana Ingrid Betancourt agradeceu a Deus e aos soldados da Colômbia por sua libertação das Farc
"Obrigado ao meu Exército, à minha pátria Colômbia, obrigado pela impecável operação, a operação foi perfeita.
Ingrid, que chegou a chorar durante a entrevista, disse também que o resgate foi um "duro golpe" para a guerrilha.
Segundo Ingrid, os militares que se fizeram passar por guerrilheiros para fazer o resgate se camuflaram de tal maneira que vários usavam camisetas com imagem de Ernesto Che Guevara. "Eles falavam como guerrilheiros e se vestiam como eles".
De acordo com a ex-refém, a operação começou ao amanhecer, quando os reféns foram informados pelos guerrilheiros de que iriam ser transferidos. Ela disse que nenhum refém suspeitou da operação, e que só se deram conta de que foram resgatados quando um dos supostos guerrilheiros gritou: "somos o Exército da Colômbia, vocês estão livres."

Antes de Ingrid, o comandante do Exército da Colômbia, Mario Montoya, disse em Bogotá que o resgate foi um "xeque-mate" para as Farc, já debilitadas pela morte de vários líderes nos últimos meses.


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