Religião afasta jovens das drogas, diz pesquisa
Estudo mostra que 96% dos que nunca usaram freqüentam igrejas
Nas favelas da capital, a religiosidade é um dos principais fatores que têm afastado os jovens das drogas. Pesquisa realizada com moradores de 12 localidades onde há tráfico mostra que 96% dos jovens que nunca se envolveram com drogas afirmam ter religião e 81% participam de atividades em igrejas. O estudo, tese de mestrado da psicofarmacóloga Zila van der Meer Sanchez, de 25 anos, também conclui que as campanhas nas escolas não surtem muito efeito. No ranking de influências benéficas, a igreja só é superada pela família.
"A religião é um fator protetor no meio das pessoas carentes", resume. Os entrevistados que nunca usaram narcóticos demonstraram religiosidade maior.
"A religião é um fator protetor no meio das pessoas carentes", resume. Os entrevistados que nunca usaram narcóticos demonstraram religiosidade maior.
"Eles tinham um envolvimento grande com a igreja. Sabiam que, se usassem drogas, não teriam uma vida boa."
Durante dois anos, ela entrevistou 62 jovens, homens e mulheres, de 16 a 24 anos. Destes, 32 nunca haviam experimentado e 30 faziam uso pesado de maconha, cocaína e crack. A pergunta central da tese, defendida na Escola Paulista de Medicina (Unifesp), em outubro, é o que leva esses jovens a recusar drogas.
Zila afirma que o trabalho demonstrou ser possível "viver num ambiente permeado pela droga e, mesmo diante da curiosidade, oferta e permissividade do meio na aceitação do consumo, negar a experimentação".
Já nas primeiras entrevistas, os jovens falaram da religiosidade. Entre os usuários, os números foram baixos: 33,3% dizem ter religião e 13,3% vão a missas, cultos ou outras atividades.
Entre os que não se drogam há católicos (38%), evangélicos e protestantes (32,3%), espíritas (9,6%), umbandistas (6,5%) e sincréticos (12,9%). Já os dependentes são católicos (50%), evangélicos ou protestantes (10%), espíritas (20%), daime (10%) e sincréticos (10%). Segundo a pesquisadora, embora a maioria dos jovens se declare católica, as religiões protestantes são as mais praticadas.
Entre os que não se drogam há católicos (38%), evangélicos e protestantes (32,3%), espíritas (9,6%), umbandistas (6,5%) e sincréticos (12,9%). Já os dependentes são católicos (50%), evangélicos ou protestantes (10%), espíritas (20%), daime (10%) e sincréticos (10%). Segundo a pesquisadora, embora a maioria dos jovens se declare católica, as religiões protestantes são as mais praticadas.
Família e escola - O principal fator protetor contra as drogas é a família, mencionado por 78% dos não-usuários. Alguns afirmaram não tê-las usado porque nunca fariam isso com a mãe. Já as campanhas nas escolas não teriam muita influência.
"Eles deixam claro que recebem prevenção nas escolas, mas não acreditam naquilo. A informação de maior impacto vem da família."
Entre os motivos que levam ao consumo estão curiosidade (30%), fuga dos problemas (33%), "embalo" (23%) e influência do namorado (23%). "Os rapazes influenciaram as meninas. O inverso não ocorreu", diz Zila, que aprofunda o tema no doutorado, também na Unifesp. Por ter prometido sigilo, ela não revelou o nome das favelas abordadas.
Para a professora da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) Florence Kerr-Correa, titular do departamento de Neurologia e Psiquiatria, a ligação entre religião e a recusa às drogas é "um achado consistente". Segundo ela, a Unesp também já realizou levantamentos que apontavam essa conexão.
ANGÉLICA FREITAS
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